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Encerramento do Tríduo: “Se aqui estamos é por causa dessa rocha firme”, diz Frei Aldolino

02/07/2022

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Gaspar (SC) – Terminou nesta sexta-feira, 2 de julho, o Tríduo preparatório para a 172ª Festa de São Pedro Apóstolo, em Gaspar (SC), durante a Celebração Eucarística, às 19 horas, presidida por Frei Aldolino Bankhardt e concelebrada pelo pároco Frei Pedro da Silva e Frei Jhones Martins.

Segundo o pregador, a preparação para a Festa durou algumas semanas e se fez de maneira significativa, levando mais do que a imagem do Padroeiro São Pedro às 17 comunidades desta Paróquia. Um tema maior foi emoldurado pela espiritualidade de São Francisco e São Pedro: “Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz”. Hoje, o Tríduo se fecha com o tema: “Pedro funda a Igreja dos irmãos que partilhavam tudo entre si. Francisco deixa o legado da pobreza a todos os irmãos”.

“Queremos finalizar o nosso ocular sobre São Pedro e São Francisco, não porque esgotamos todos os assuntos, mas fechamos o calendário de preparação hoje. Amanhã, na solene festa, temos a Missa de Ação de Graças”, explicou.

“Queremos olhar para São Pedro, que funda a Igreja dos irmãos, e queremos recordar a rocha firme que foi a base de São Pedro. A sua profissão de fé diante da pergunta de Jesus: ‘Quem sou eu para ti’, ele, em nome da comunidade dos discípulos, diz: ‘Tu és o Filho de Deus’. E Jesus diz: ‘Essa tua profissão de fé, Pedro, é a rocha firme sob a qual eu edificarei toda a minha Igreja’. Então, se aqui estamos, é por causa dessa rocha firme que foi profissão de fé de Pedro. Esse foi o fundamento da Igreja”, ressaltou o celebrante.

 

Para o frade, depois da ascensão de Jesus aos céus, Pedro, coordenando os discípulos, liderando e animando a comunidade-mãe em Jerusalém, a faz sob quatro esteios, quatro vigas-mestras. “Quem nos conta é Lucas nos Atos dos Apóstolos, capítulo 2. Os cristãos da comunidade primitiva de Jerusalém eram um só coração, ficavam unidos em torno da doutrina de Jesus Cristo que veio através dos apóstolos. Foi o primeiro esteio da comunidade que Pedro animou, a unidade, a firmeza em torno dos ensinamentos de Jesus”, recordou.

O segundo esteio, conta Frei Aldolino, é a oração comunitária. “Os cristãos iam juntos ao templo rezar. Na época, isto foi uma grande novidade. Os judeus rezam individualmente no templo. Pedro anima a comunidade para rezar unidos”, enumera.

Depois, no terceiro esteio está a Eucaristia. “Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E é tão importante isso, quando o jornalista judeu leigo Flávio José, fazendo uma reportagem para o imperador César sobre os cristãos, escreve: ‘É um grupo que segue o Nazareno, que foi crucificado, que eles dizem que ressuscitou e levantam de madrugada, no primeiro dia da semana, domingo para judeus, e celebram o que chamam de Eucaristia’. Até um leigo judeu definia os cristãos pela Eucaristia”, observou o frade.

Em quarto e último esteio, o símbolo da comunidade: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Vida em comunidade. Este é Pedro, que funda sua comunidade, e partilha tudo, vive em comunhão”.

A beleza da liturgia nas vozes da Família de cantores

São Francisco, segundo o tema de hoje, nos deixa o legado da pobreza a todos os irmãos. A busca da pobreza visa a se despojar de si para estar mais aberto ao Pai. São Francisco vê a pobreza como uma virtude e serviço. “Para ele, tudo o que queria é imitar o Cristo Jesus, pobre e crucificado. São Francisco não quer ter nada de bens materiais, não faz o culto do ego, para estar livre para doar-se, partilhar-se, servir aos irmãos e a Deus nosso Pai”, explicou o frade.

“Celebrar o Padroeiro é imitar suas virtudes. Vamos pedir, então, a intercessão de São Pedro, que nos dê aquela firmeza de fé, que nos faça afirmar que Jesus é o Filho de Deus, nosso caminho, nossa verdade, nossa vida. E que esta profissão de nossa fé seja agora a rocha firme que Jesus nos fará seus discípulos. Peçamos a intercessão de São Pedro para que vivamos em nossa comunidade, em nossa família, esses quatro esteios da comunidade que ele animou”, concluiu.

Neste domingo, 3 de julho, às 9h, a tradicional Missa Solene com os Festeiros. No mesmo horário, a Festa inicia com completo serviço de bar e cozinha, roda da fortuna, pescaria, pinhão, bingo e churrasco. A partir das 11h, o leilão de gado e, finalizando a grandiosa festa, às 19h, acontece a última Missa em homenagem ao Padroeiro. A tradicional procissão náutica pelo rio Itajaí-Açu não será realizada este ano porque a comissão organizadora entendeu que o momento é inadequado diante dos cuidados com a pandemia, que ainda não acabou.

MISSA DA CATEQUESE

Pais, mães, catequistas e catequizandos lotaram a Matriz de Gaspar para a Missa da Catequese, às 16 horas. Muitas pessoas tiveram que ficar do lado de fora da igreja. O presidente da Celebração Eucarística, o pároco Frei Pedro da Silva, falou com emoção de ver a grande presença das crianças e jovens na Missa, que vieram das 17 comunidades da Paróquia.

“Um coração que está feliz, alegre, ele sempre tem desejo de externar sentimentos, sobretudo quando esses sentimentos são de louvor a Deus. Por isso, meu sentimento é de profunda gratidão, alegria e emoção. Quero falar deste sentimento de gratidão porque justamente estou completando meu quinto mês nesta Paróquia. Já tivemos momentos tão bonitos e significativos, mas este momento agora me parece que é um dos grandes momentos que leva o coração de um sacerdote, de um frade, bendizer e louvar a Deus. E desse louvor eu tenho certeza que não estou sozinho. Estamos todos juntos”, revelou o frade.

Outro momento de gratidão, Frei Pedro dirigiu-se, primeiramente, a Deus pelos catequistas. “Homens e mulheres que assumem a missão de evangelizar, de levar a Palavra de Deus. Catequista pela sua vida, pela sua missão, é aquele que continua a fazer a voz de Jesus ecoar ao longo dos tempos até chegar no coração de cada um. Jesus Cristo foi o primeiro grande catequista e depois Jesus confiou aos apóstolos, que foram os primeiros catequistas e como não destacar o grande catequista São Pedro? O grande catequista São Paulo? A tal ponto que a nossa fé é chamada apostólica”, lembrou.

Depois, dirigiu seu agradecimento aos pais e mães e toda família. “São os segundos catequistas. Como nós aprendemos as primeiras lições da catequese? Qual a primeira lição? Não é o sinal da cruz?  Mas, primeiramente, a catequese começa no coração da mãe, no ventre materno, no seio da família. Porque sabemos bem que a família é o berço da fé. Muito obrigado, pai e mãe, por poder continuar a missão da catequese de Jesus”, disse.

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Frei Pedro, então falou da gratidão à comunidade: “É na comunidade que nós encontramos Jesus. Nós somos responsáveis na educação da fé”.

“E o quarto muito obrigado é para você, querido catequizando, catequizanda. Esse é o gesto mais importante de toda a missão da Igreja porque a Igreja diz que a catequese é atividade fundamental da sua organização. É o rosto da Igreja, que hoje a vejo alegre, sorridente, promissora. Como é bonito ver essa igreja mais cheia. Acho que nem na sexta-feira Santa estava assim. Deus seja louvado!”, celebrou o frade.

Frei Pedro concluiu que importante é “que nós possamos ensinar com o nosso exemplo e do testemunho de vida”.

Terminada a Missa, as crianças saíram em procissão pelo caminho da via-sacra no entorno da Matriz.

Leilão do Gado é virtual na Festa de São Pedro

A Festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar movimenta quase todos os espaços do município. É com o Leilão do Gado que a Festa congrega gente de perto e longe da Paróquia, especialmente do meio rural, e até de outros municípios.

Segundo Beto Tonioli, que há 29 anos se juntou à equipe de leiloeiros da Festa de São Pedro, já é uma tradição e uma atração o leilão no encerramento do dia solene do Padroeiro. “Desde o ano passado começamos a fazer a roda de animais no sábado que antecede ao grande dia, diminuindo o trabalho no domingo. Isso tem dado bastante certo”, informa Beto.

Outra mudança que veio por necessidade devido à pandemia. Nos outros anos, os animais vinham até o espaço da Festa. “Mas no ano passado, fizemos uma experiência de muito sucesso: não trazer os animais para a festa. Com a pandemia, precisávamos evitar aglomerações e a gente fez um leilão virtual. O que aconteceu? Filmamos todos os animais e conseguimos vender para toda a região. O povo dava o lance de casa. Isso foi inédito para a região. Esse ano não vai ser 100% virtual, mas vamos continuar com o virtual. Ou seja, a pessoa de casa que se interessou por um animal, pode fazer um lance”, explicou.

“Não vamos fazer por telefone, mas quando a TV Gaspar estiver projetando na tela, alguns telefones podem receber o lance por WhatsApp, evitando delay”, acrescentou.

Segundo ele, para realizar o Leilão, o trabalho começa bem antes e é “árduo” como disse. Junto com Frei Aldolino Bankhardt, Beto visitou agricultores e empresários de Gaspar para pedir as doações de animais. “A gente tem um cuidado de sempre estar com o frade, que faz uma bênção em cada residência que visitamos”, diz o animador. O Leilão do Gado hoje representa uma das maiores receitas da Festa de São Pedro e, a cada ano, mais pessoas participam do arremate ou da doação dos animais.

Beto Tonioli, 29 anos de dedicação na Festa de São Pedro Apóstolo

Beto conta que assumiu a animação do leilão por acaso. “De certa forma eu já ajudava no CTG (Centro de Tradições Gaúchas), e minha participação começou porque o radialista que fazia esse leilão e que se chamava Carioca, não sei por que razão, não compareceu na Festa e me chamaram para pegar o microfone e fazer esse leilão”, contou. Segundo ele, na época trabalhava em São Paulo e vinha especialmente para animar o leilão no dia da Festa. Há dez anos, Beto já não mora mais em São Paulo.

Segundo Beto, para se ter ideia, podem contar com cerca de 100 doadores. E são doações que variam. “Tem uma senhora que doou 50 reais. Então, eu sempre digo: a doação é sempre bem-vinda, porque eu sei que ela vem de coração. Ela vem de uma situação de espontaneidade. Então, isso é sensacional. Tem pessoas que fazem doações que podem ultrapassar 10 mil”, adianta.

Para esta Festa, o grupo de leiloeiros conta com 23 bovinos e 14 animais de meio porte, como ovelhas, cabritos e porcos. “O nosso potencial é em torno de 40 rodadas no leilão. A gente, por acaso, ganhou alguns móveis que serão colocados nas rodas, mas via de regra são animais o foco”, adiantou. Uma equipe é dedicada à roda dos animais e outra ao leilão.

Neste sábado, 2 de junho, doadores e leiloeiros se encontraram para um almoço de confraternização.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição e João Guilherme Simon