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Festa de São Pedro Apóstolo: É tempo de celebrar a vida

29/06/2022

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Gaspar (SC) – A majestosa Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, cartão-postal da cidade de Gaspar (SC), voltou a receber presencialmente os fiéis devotos do Apóstolo de Cristo depois de dois anos com limitações sanitárias devido à pandemia da Covid-19. Segundo o pároco Frei Pedro da Silva, esta 172ª edição define o que é uma festa: um momento de alegria, de confraternização, de partilha, de celebrar a vida, de encontro e de serviço.

Frei Elzeário Schmitt, no seu livro comemorativo dos 158 anos da Paróquia, descreve a festa como o maior evento da cidade. “Constitui hoje, e de longe, a festa mais popular e aglutinante de toda esta região do Vale do Itajaí”.

Antigamente, o evento mobilizava a cidade. Passados mais de 172 anos, a festa se perpetua ao sabor de cada época, desde a primeira festinha na selvagem margem esquerda do rio Itajaí, quando no dia 29 de junho de 1850, o Patrono de Gaspar recebia sua pequena e fiel comunidade, assim como a partir da primeira festa na margem direita, no dia 29 de junho de 1867 (155 anos), onde se encontra hoje a atual Matriz.

Neste dia que a Igreja celebra os Apóstolos São Pedro e São Paulo, Frei Pedro presidiu a Celebração Eucarística às 19 horas, tendo como concelebrante Frei Jhones Lucas Martins,  marcando mais uma vez as festividades em honra ao Padroeiro. Como lembrou o celebrante, o Apóstolo é celebrado hoje mundialmente, mas no Brasil a festa foi transferida para domingo. “Mas é o nosso grande Padroeiro e queremos, então, elevar nossa devoção, nossa homenagem, juntamente com São Paulo, que desde os primórdios da Igreja são sempre celebrados juntos para expressar a unidade que deve haver na Igreja”, disse Frei Pedro.

Ele lembrou o tema da Festa deste ano: “Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz”. Segundo ele, todos sabemos que uma festa sempre acontece de uma dedicada preparação. “Os santos sempre são a grande inspiração, e neles concentram toda a fé, toda a devoção do povo que se reúne para rezar ao Padroeiro”, disse o pároco.

“Nós queremos, assim, ao sinalizar o amor do Apóstolo Pedro e a paz de Francisco trazendo toda a presença, mais que centenária e franciscana, nesta Paróquia, celebrar a fé agradecida a estes santos que marcaram profundamente a religiosidade e a espiritualidade do nosso povo”, observou.

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Segundo o celebrante, eles dedicaram-se profundamente ao espírito: São Pedro pela cruz, São Francisco pelos cinco sinais de sua paixão. “É nesse espírito que estamos iniciando esta grande festa, movidos pela espiritualidade. Neste sentido, a barca de São Pedro percorreu as 16 comunidades, levando o amor e a paz”, anunciou.

“Assim, num gesto de profunda comunhão, e realmente presenciamos os mais diversos gestos de acolhida, de hospitalidade, de gratidão, de alegria, que proporcionaram essas visitas em cada uma dessas comunidades, mostrando assim esse espírito de comunhão que a Paróquia quer ter com todas as suas comunidades de fé. E hoje, destacando a figura de São Pedro e de São Paulo, dois grandes símbolos da nossa fé e do amor a Cristo”, acrescentou.

Para Frei Pedro nós sempre lembramos com carinho das pessoas que passaram por nós e que permanecem no bem que praticaram. “Hoje, recordamos São Pedro e São Paulo, como diz a liturgia da Igreja, venerados com carinho por toda a Igreja. Eles sempre aparecem juntos e assim são celebrados. Mas são muitos diferentes um do outro. Até tiveram divergências na maneira de ver, pensar, de entender e anunciar a pessoa e o Evangelho de Cristo. Mas jamais se separaram. Sempre estiveram unidos para anunciar a Cristo e, por ele, se uniram na coroa do martírio, dando o máximo testemunho. Nós sabemos pela tradição cristã que São Pedro morreu pela cruz e São Paulo morreu pela espada. Ambos se tornaram para nós exemplos de fé, modelos de conversão e de como servir a Igreja e a Jesus Cristo”, completou o frade, que no final da Missa não poupou de agradecimentos o povo pelo trabalho para tonar realidade uma festa como esta de Gaspar.

Nesta quinta-feira começa o Tríduo preparatório para a Festa de São Pedro Apóstolo. Às 16 horas, Frei Aldolino Bankhardt celebra a Missa da Saúde/Enfermos  e, às 19 horas, o pároco Frei Pedro da Silva vai abordar o tema “Pedro, a rocha que funda a Igreja Cristã. Francisco, a rocha que reconstrói a Igreja de Cristo”. Esta noite foi reservada para o delicioso buffet de sopas, que será servido a partir das 18h.

GASTRONOMIA DE PRIMEIRA

A gastronomia da Festa de São Pedro Apóstolo é de fazer inveja a qualquer chef de cozinha. Até domingo, sabor e qualidade dos alimentos serão ingredientes da macarronada, da sopa e do churrasco, assim como dos procurados pastéis e sonho na padaria da Festa.

Nesta quarta-feira, isso pôde ser visto com a tradicional macarronada, que foi preparada pelo grupo de 40 voluntários do bairro Alto Gasparinho, integrantes do Circolo Trentino di Gasparin, entre eles Matildes Santina Bertoldi, ou simplesmente Dona Santina, de 82 anos. Depois de dois anos de pandemia, Lovídio Bertoldi, filho de Dona Matildes e que chegou a ser noviço na Ordem Franciscana, explica que estava esperando pela volta desta tradição na Festa São Pedro. Segundo ele, já são mais de 20 anos nas festividades do Padroeiro de Gaspar. “Me lembro que o grupo fez a primeira macarronada no Gasparinho em 98 e, dois ou três anos depois, fez a de Gaspar”, recordou o coordenador do grupo.

A equipe da Macarronada parou para a foto oficial do dia

Segundo ele, neste ano, além dos molhos Bolonhoesa, al pesto e carbonara, a Festa terá a novidade do molho de alho poró com linguiça alemã. “Fizemos na Festa de Santo Antônio e foi muito procurado”, conta. O grupo de voluntários de Gasparinho fica responsável pelo molho e finalização do prato. A massa é feita antes pela equipe coordenada por Dª Lídia Mônica Nagel. Cabe aos jovens desta Comunidade do Gasparinho a tarefa de servir o buffet.

Matildes Santina Bertoldi: sempre presente!

Para Lovídio, já é uma tradição preparar a macarronada nas festas da região. “Agora, vamos preparar a primeira macarronada para a Igreja Nossa Senhora da Glória de Blumenau”, adiantou Lovídio, que, com essa experiência ficou tranquilo para servir 1.200 pratos neste primeiro dia dos festejos populares. Por apenas 30 reais, o público pôde saborear todos os sabores da macarronada.

Além da Festa de São Pedro e outras, a comunidade trentina de Gaspar tem a Festa Italiana, que é organizada pelo Circolo Trentino di Gasparin, para resgatar e manter vivos os costumes italianos. Lovídio destaca a importância de resgatar e preservar os usos, costumes e herança cultural trazidos pelos imigrantes italianos. Tanto que na Villa D’Itália, onde reside sua mãe no bairro Alto Gasparinho, a cultura e tradição italianas estão muito vivas. “Temos sete ou oito restaurantes italianos, trutas, doces e um mural ‘Le Nonne’. Essa integração é muito bacana”, diz.

 

Em 172 anos, a Festa de São Pedro tem procurado acompanhar as mudanças da sociedade. Neste ano, a novidade será a compra de tickets ou o prato desejado pelo aplicativo “Pedidos 10” para receber em casa.

FEITO COM AMOR

Dedicação não falta para os mais de 300 voluntários que “põem a mão na massa” quando se trata de preparar o melhor da gastronomia da Festa.

D. Lídia (à dir) e D. Neusa (à esq.): dois exemplos na Festa

Aos 70 anos, Neusa Isensen não perde uma festa há 43 anos. Nos dias mais movimentados, de sexta a domingo, só deixa o Salão Cristo Rei depois das 20 horas. “Gosto de trabalhar e depois também é uma tradição que vem de família. Minha mãe e minha avó já trabalhavam na Festa. Minha mãe vinha trabalhar e meu pai cuidava da ‘piazada'”, conta, recordando uma vez em que Frei Benjamim perguntou a ela o que tinha colocado no pão que estava tão bom. “Disse que era amor. E o frei deu o título de ‘Pão do Amor’. Tudo que fazemos com amor fica mais gostoso”, disse.

Lídia Mônica Nagel, aos 80 anos, é incansável também no trabalho voluntário da Festa. São 55 anos de dedicação. “Só não são ininterruptos porque eu fiquei cinco anos trabalhando no bispado de Lages”, conta ela, que também trabalha em uma Gráfica de Blumenau, onde ali plantou 800 antúrios. “No ano que vem eles darão flores para ornamentar por muito tempo a igreja”, espera.

A massa artesanal preparada para esta quarta-feira, o Dia da Macarronada, teve a sua mão e de sua equipe de cinco voluntários. Amanhã, quando começa o Tríduo Preparatório para a Festa, ela será a responsável pelo rodízio de sopas. “Enquanto tiver saúde, vou continuar trabalhando pela minha Paróquia”, espera Lídia, garantindo que o combustível para isso tem de sobra: fé. Lídia é professa na Ordem Franciscana Secular (OFS) de Gaspar há 47 anos.

Para ela, foi um desafio muito difícil ficar durante um ano sem sair de casa por causa da pandemia. “Senti muita falta de participar das Missas. Ainda bem que tinha as transmissões digitais”, avalia. No ano passado, ela perdeu cinco pessoas da família. Segundo ela, foi muito difícil passar por esse momento, mas ela não abala. “Se eu parasse, estaria no outro morro”, diz, referindo-se ao cemitério.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição e João Guilherme Simon