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Venerável Luís Amigó e Ferrer
Bispo da Primeira Ordem, Fundador das Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família e dos Terciários Capuchinhos de Nossa Senhora das Dores (1854-1934)
Frei Luis de Massamagrell é o nome de religião do capuchinho José Maria Amigó e Ferrer, fundador das Irmãs Terciárias Capuchinhas de Nossa Mãe das Dores, que nasceu em Massamagrell – Valencia (Espanha) dia 17 de outubro de 1854.
Sua infância e juventude passam em Valência onde começa seus estudos até o sacerdócio no Seminário Conciliar da cidade. Era membro de distintas associações católicas que promoviam um serviço de voluntariado para os mais marginalizados. Em 1874, sentindo o chamado do Senhor à vida consagrada na família religiosa dos Capuchinhos e como na Espanha foram expulsas todas as ordens religiosas, José Maria procurou o convento capuchinho de Bayona (França) e ali vestiu o hábito franciscano dia 12 de abril daquele mesmo ano.
Três anos mais tarde, Frei Luís de Massamagrell (este era o nome que ficou conhecido na Ordem), pode regressar à Espanha. No dia 29 de março de 1879 recebeu a ordenação sacerdotal e iniciou o seu ministério, sobretudo na penitenciária de Dueso, onde recebeu um forte impacto pelo grande número de jovens presos numa cela e às péssimas condições que estavam.
Talvez foi esta impressão, a que orientou parte do seu apostolado levando-o a ser, com o tempo e também pelo trabalho das duas congregações que fundou, um verdadeiro apóstolo da juventude em situação de risco e extraviados. Na Ordem Capuchinha, Padre Luís foi chamado a prestar serviços de grande responsabilidade como o de guardião e Ministro Provincial.
Frei Luís deu um grande impulso à Terceira Ordem Franciscana (hoje chamada Ordem Franciscana Secular) e dentro dela, do contato com os jovens, nasceu nele a inspiração da fundação das Irmãs Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família, que fundou em 1885.
Em 1889, fundou também a fundação de um instituto masculino, os Irmãos Terciários Capuchinhos de Nossa Senhora das Dores, cuja finalidade apostólica era educar cristãmente os jovens extraviados do caminho reto.
Em 1907, Frei Luís foi chamado a guiar pastoralmente a diocese de Solsona (Catalunha) e alguns anos mais tarde a de Segorbe (Valência). Ele aceitou prestar este serviço que a Igreja lhe pedia, permanecendo fiel ao seu espírito humilde e obediente e ao lema episcopal que escolheu: “Dou minha vida pelas minhas ovelhas”. O fez com amor e seguindo o exemplo do Bom Pastor que sempre animou todo seu apostolado.
Durante seu serviço pastoral, ou seja, como capuchinho ou como bispo, se distinguiu pelo seu profundo amor a Deus e por sua confiança na Divina Providência: isto o levou a colocar em suas mãos todo projeto, na certeza que a obra respondia a vontade de Deus e seria realizada. E disso teve muitas provas, sobretudo no âmbito de suas duas congregações que, a pesar de tantas dificuldades que tiveram que enfrentar, cresceram e se afirmaram.
Outra dimensão da vida do Padre Luís que merece ser destacada é seu amor pelos pobres, a defesa de sua dignidade humana como filhos de Deus e sua preocupação em dar-lhes a conhecer a Deus e seu amor para com eles.
O Padre Luís morreu no dia 1º de outubro de 1934 em Godella, (Valência), na casa mãe dos Irmãos Terciários Capuchinhos e seu corpo foi sepultado em Massamagrell, na capela da casa mãe das Irmãs Terciárias Capuchinhas. Sua tumba é lugar de peregrinação e veneração por parte de muitos devotos. O dia 13 de junho de 1992 marcou una etapa importante no processo canônico de beatificação: o santo Padre João Paulo II lhe declarou venerável e a Igreja se pronunciou definindo-o como “Gigante da santidade, modelo e protótipo de religioso, sacerdote, fundador e bispo”.
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Miguel e Lourenço Yamada
Bem-aventurados Miguel e Lourenço Yamada
Mártires japoneses da Terceira Ordem. Beatificados por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
No início do século XVII uma grande perseguição a todos os missionários se deu no Japão. Foram mais de duas décadas de crueldade e mortes. Cerca de quinhentos mártires deram suas vidas nesse período, dos quais 205 foram beatificados e canonizados por Pio IX, sendo que quarenta e cinco eram franciscanos.
A este número pertencem esses dois franciscanos catequistas que eram pai e filho e que possuíam um barco, no qual conduziam os missionários para as regiões de difícil acesso no Japão. Por causa da proximidade com os missionários foram presos e torturados, permanecendo firmes na fé.
O primeiro a morrer foi o filho Lourenço. Decapitado na frente do pai que, por sua vez, foi condenado a morrer em fogo lento e, por fim, decapitado também.
Essas foram as palavras do pai no momento do martírio de Lourenço: “Lourenço, meu filho, tem coragem! Sê forte! A tua mãe e os teus irmãos já estão no céu, e com Jesus, Maria e todos os santos, esperam por ti no Paraíso. Olha para o céu, que em breve será a nossa pátria. Depois da dor teremos uma alegria sem fim. Tu vais à minha frente, mas eu não tardarei a seguir-te; e assim toda a nossa família será transferida para a pátria onde seremos felizes para sempre!”
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Trânsito de São Francisco de Assis
Ao cair da tarde de 3 de outubro de 1226, a febre aumentou e as forças reduziram-se como uma chamazinha que sai e não sai do pavio quase seco de óleo. Então Francisco quis ser colocado sobre a terra e pediu que cantassem. E ele também cantou, com os seus, o salmo 141, que fala do desejo de ir para Deus:
“Em voz alta ao Senhor eu imploro,
em voz alta suplico ao Senhor!
Eu derramo na sua presença
o lamento da minha aflição,
diante dele coloco minha dor!
Quando em mim desfalece a minh’alma,
conheceis, ó Senhor, meus caminhos!
Na estrada por onde eu andava
contra mim ocultaram ciladas.
Se me volto à direita e procuro,
não encontro quem cuide de mim
e nem tenho aonde fugir;
não importa a ninguém a minha vida!
A vós grito, Senhor, a vós clamo
e vos digo: ‘Sois vós meu abrigo,
minha herança na terra dos vivos’,
Escutai meu clamor, minha prece,
porque fui por demais humilhado!”Quando, levados pela melodia, os frades começaram a cantar:
“Arrancai-me, Senhor, da prisão,
e em louvor bendirei vosso nome!
Muitos justos virão rodear-me
pelo bem que fizestes por mim”.Francisco havia deixado seu corpo sobre a terra.
O Canto enfraqueceu e se apagou na boca dos frades, que recitaram o Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como conclusão do salmo entre lágrimas e emocionados.
Fez-se silêncio na cabana. Parecia que a natureza ao redor tivesse emudecido.
Carta Encíclica de Frei Elias sobre o Trânsito de São Francisco, pág. 1453, das Fontes Franciscanas:
“Era luz verdadeira a presença de nosso irmão e Pai Francisco, não só para nós que compartilhávamos da mesma profissão de vida, mas também para os que estavam longe. Era, pois, luz, enviada pela luz que iluminava os que estavam nas trevas e na sombra da morte, para dirigir seus passos no caminho da paz. Isto ele fez, como verdadeira luz do meio-dia, que nascendo do alto, iluminava o seu coração e acendia a sua vontade com o fogo de seu amor… Seu nome é celebrado até os confins mais longínquos e todo o universo admira as maravilhas de sua obra.
(…) Alegremo-nos porque antes de ser arrebatado de nós, qual outro Jacó, abençoou todos os seus filhos e perdoou a todos por qualquer erro que tivesse cometido ou pensado contra ele…
(…) Enquanto era vivo, tinha um aspecto descuidado, não havia beleza em seu rosto; nenhum membro havia restado nele que não estivesse dolorido. Devido à contração dos nervos, seus membros estavam rígidos como os de um cadáver. Mas depois de sua morte, seu semblante ficou belíssimo, brilhando com admirável candura, alegrando a visão. Portanto, irmãos, bendizei o Deus do céu e dai-lhe glória diante de todo o ser vivente, porque Ele usou de misericórdia para conosco. Guardai a lembrança de nosso Pai e Irmão Francisco para louvor e glória daquele que o engrandeceu entre os homens e o glorificou perante os anjos. Rezai por ele, conforme ele mesmo pediu antes de morrer e invocai-o para que Deus nos faça participantes com ele de sua santa Graça. Amém.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Francisco de Assis
Diácono, fundador das Três Ordens, Patrono da Itália (1182-1226). Canonizado por Gregório IX no dia 16 de julho de 1228.
“Nasceu para o mundo um sol”: com estas palavras, na “Divina Comédia” (Paraíso, Canto XI), o máximo poeta italiano Dante Alighieri alude ao nascimento de Francisco, no final de 1181 ou início de 1182, em Assis. Pertencente a uma família rica – seu pai era comerciante de tecidos –, Francisco transcorreu uma adolescência e uma juventude despreocupadas, cultivando os ideais de cavalaria da época. Aos 20 anos, fez parte de uma campanha militar e foi preso. Ficou doente e foi libertado. Após sua volta a Assis, começou nele um lento processo de conversão espiritual, que o levou a abandonar gradualmente o estilo de vida mundano que havia levado até então. A este período correspondem os célebres episódios do encontro com o leproso, a quem Francisco, descendo do cavalo, deu o beijo da paz, e da mensagem do Crucificado na pequena igreja de São Damião. Em três ocasiões, o Cristo na cruz adquiriu vida e lhe disse: “Vai, Francisco, e repara minha Igreja, que está em ruínas”. Este simples acontecimento da palavra do Senhor ouvida na igreja de São Damião esconde um simbolismo profundo. Imediatamente, São Francisco foi chamado a reparar esta pequena igreja, mas o estado ruinoso deste edifício era o símbolo da situação dramática e inquietante da própria Igreja nessa época, com uma fé superficial que não forma e não transforma a vida, com um clero pouco zeloso, com o esfriamento do amor; uma destruição interior da Igreja que comportou também uma decomposição da unidade, com o nascimento de movimentos hereges. Contudo, nessa Igreja em ruínas, o Crucifixo está no centro e fala: convida à renovação, chama Francisco a um trabalho manual para reparar concretamente a pequena igreja de São Damião, símbolo do chamado mais profundo a renovar a própria Igreja de Cristo, com sua radicalidade de fé e com seu entusiasmo de amor por Cristo.
Este acontecimento, ocorrido provavelmente em 1205, faz pensar em outro acontecimento similar, ocorrido em 1207: o sonho do Papa Inocêncio III. Este viu em sonhos que a Basílica de São João de Latrão, a igreja mãe de todas as igrejas, estava desmoronando e que um religioso pequeno e insignificante a escorava com os ombros, para que não caísse. É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem ajuda para que a Igreja não caia, mas um religioso pequeno e insignificante, que o Papa reconhece em Francisco quando este o visita. Inocêncio III era um papa poderoso, de grande cultura teológica, como também de grande poder político e, no entanto, não é ele quem renova a Igreja, e sim um pequeno e insignificante religioso: é São Francisco, chamado por Deus. Por outro lado, no entanto, é importante observar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas em comunhão com ele. As duas realidades estão juntas: o Sucessor de Pedro, os bispos, a Igreja fundada sobre a sucessão dos apóstolos e o carisma novo que o Espírito Santo cria nesse momento para renovar a Igreja. Na comunhão se dá a verdadeira renovação.
Voltemos à vida de São Francisco. Dado que seu pai, Bernardone, reprovava sua grande generosidade com os pobres, Francisco, na frente do bispo de Assis, com um gesto simbólico, despojou-se de todas as suas roupas, pretendendo, assim, renunciar à herança paterna: como no momento da criação, Francisco não tinha nada, a não ser a vida dada por Deus, em cujas mãos se entregou. Depois, viveu como um eremita, até que, em 1208, houve outro acontecimento fundamental no itinerário da sua conversão. Escutando uma passagem do Evangelho de Mateus – o discurso de Jesus aos apóstolos enviados à missão –, Francisco se sentiu chamado a viver na pobreza e a dedicar-se à pregação. Outros companheiros se uniram a ele e, em 1209, ele se dirigiu a Roma, para submeter ao Papa Inocêncio III o projeto de uma nova forma de vida cristã. Recebeu um acolhimento paternal por parte daquele grande pontífice que, iluminado pelo Senhor, intuiu a origem divina do movimento suscitado por Francisco. O Pobrezinho de Assis havia compreendido que todo carisma dado pelo Espírito Santo deve ser colocado ao serviço do Corpo de Cristo, que é a Igreja; portanto, agiu sempre em comunhão plena com a autoridade eclesiástica. Na vida dos santos não há contraposição entre carisma profético e carisma de governo e, se houver alguma tensão, estes sabem esperar com paciência os tempos do Espírito Santo.
Na realidade, alguns historiadores do século XIX e também do século passado tentaram criar atrás do Francisco da tradição um “Francisco histórico”, assim como se tenta criar atrás do Jesus dos evangelhos um “Jesus histórico”. Este Francisco histórico não teria sido um homem de Igreja, mas um homem unido imediatamente só a Cristo, um homem que pretendia criar uma renovação do povo de Deus, sem formas canônicas e sem hierarquia. A verdade é que São Francisco teve realmente uma relação imediatíssima com Jesus e com a Palavra de Deus, à qual queria seguir sine glossa, assim como ela é, em toda a sua radicalidade e verdade. É verdade também que, inicialmente, ele não tinha a intenção de criar uma ordem com as formas canônicas necessárias, mas simplesmente, com a Palavra de Deus e com a presença do Senhor, queria renovar o povo de Deus, convocá-lo novamente à escuta da Palavra e à obediência a Cristo. Além disso, sabia que Cristo nunca é “meu”, e sim sempre “nosso”, que não posso ter Cristo sozinho e construir “eu”, contra a Igreja, contra sua vontade e seu ensinamento, mas somente na comunhão da Igreja constituída sobre a sucessão dos apóstolos se renova também a obediência à Palavra de Deus.
Também é verdade que ele não tinha a intenção de criar uma nova ordem, mas somente renovar o povo de Deus para o Senhor que vem. Porém, compreendeu, com sofrimento e com dor, que tudo deve ter sua ordem, que também o direito da Igreja é necessário para dar forma à renovação e, assim, realmente se inseriu de forma total, com o coração, na comunhão da Igreja, com o Papa e com os bispos. Ele sempre soube que o centro da Igreja é a Eucaristia, na qual o Corpo de Cristo e seu Sangue estão presentes. Através do sacerdócio, a Eucaristia é a Igreja. Onde o sacerdócio, Cristo e a comunhão da Igreja caminham juntos, somente aí habita também a Palavra de Deus. O verdadeiro Francisco histórico é o Francisco da Igreja e, precisamente dessa maneira, ele fala também a nós, os crentes, e aos crentes de outras confissões e religiões.
Francisco e seus frades, cada vez mais numerosos, estabeleceram-se na Porciúncula – ou igreja de Santa Maria dos Anjos –, lugar sagrado por excelência da espiritualidade franciscana. Também Clara, uma jovem mulher de Assis, de família nobre, entrou na escola de Francisco. Teve origem, assim, a Segunda Ordem Franciscana, a das Clarissas, outra experiência destinada a produzir frutos insignes de santidade na Igreja.
Também o sucessor de Inocêncio III, o Papa Honório III, com sua bula Cum dilecti, de 1218, apoiou o singular desenvolvimento dos primeiros Frades Menores, que iam abrindo suas missões em diversos países da Europa, inclusive em Marrocos. Em 1219, Francisco obteve autorização para dirigir-se ao Egito e falar com o sultão muçulmano Melek-el-Kâmel, para pregar também lá o Evangelho de Jesus. Eu gostaria de sublinhar este episódio da vida de São Francisco, que tem uma grande atualidade. Em uma época em que estava em curso um enfrentamento entre o cristianismo e o islã, Francisco, armado voluntariamente só com sua fé e sua mansidão pessoais, percorreu com eficácia o caminho do diálogo. As crônicas nos falam de um acolhimento benevolente e de uma cordial recepção do sultão. Este é um modelo que deve inspirar, ainda hoje, as relações entre cristãos e muçulmanos, para promover um diálogo na verdade, no respeito e na compreensão mútuos (cf. Nostra Aetate, 3). Parece então que Francisco esteve na Terra Santa em 1220, lançando assim uma semente, que deu muitos frutos: seus filhos espirituais, de fato, fizeram dos Lugares Santos onde Jesus viveu um âmbito privilegiado de sua missão. Penso, com gratidão, nos grandes méritos da Custódia Franciscana da Terra Santa.
Ao voltar à Itália, Francisco entregou o governo da Ordem ao seu vigário, Frei Pedro Cattani, enquanto o Papa confiou à proteção do cardeal Ugolino, o futuro Sumo Pontífice Gregório IX, a Ordem, que reunia cada vez mais adesões. Por sua vez, o fundador, dedicado completamente à pregação – que levava a cabo com grande êxito –, redigiu uma Regra, depois aprovada pelo Papa.
Em 1224, no eremitério de Verna, Francisco viu o Crucifixo em forma de um serafim e, do encontro com o serafim crucificado, recebeu os estigmas; converteu-se, assim, em um com Cristo: um dom, portanto, que exprime sua identificação com o Senhor.
A morte de Francisco – seu transitus – ocorreu na noite de 3 de outubro de 1226, na Porciúncula. Após ter abençoado seus filhos espirituais, morreu, deitado sobre a terra nua. Dois anos mais tarde, o Papa Gregório IX o inscreveu no elenco dos santos. Pouco tempo depois, erigiu-se em Assis uma grande basílica em sua honra, meta, ainda hoje, de muitíssimos peregrinos, que podem venerar o túmulo do santo e desfrutar da visão dos afrescos de Giotto, pintor que ilustrou de forma magnífica a vida de Francisco.
Já foi dito que Francisco representa um alter Christus; era verdadeiramente um ícone vivo de Cristo. Ele também foi chamado de “irmão de Jesus”. De fato, este era o seu ideal: ser como Jesus, contemplar o Cristo do Evangelho, amá-lo intensamente, imitar suas virtudes. Em particular, ele quis dar um valor fundamental à pobreza interior e exterior, ensinando-a também aos seus filhos espirituais. A primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha – “Felizes os pobres, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 3) – encontrou uma luminosa realização na vida e nas palavras de São Francisco. Verdadeiramente, queridos amigos, os santos são os melhores intérpretes da Bíblia; estes, encarnando em sua vida a Palavra de Deus, tornam-na mais atraente que nunca, de forma que ela fala realmente conosco. O testemunho de Francisco, que amou a pobreza para seguir Cristo com dedicação e liberdade totais, continua sendo, também para nós, um convite a cultivar a pobreza interior para crescer na confiança em Deus, unindo também um estilo de vida sóbrio e um desapego dos bens materiais.
Em Francisco, o amor a Cristo se expressou de maneira especial na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Nas Fontes Franciscanas, lemos expressões comoventes, como esta: “Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão” (Francisco de Assis, Escritos).
Neste Ano Sacerdotal, quero também recordar a recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: “Ao celebrar a Missa, ofereçam o verdadeiro sacrifico do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoalmente puros, com disposição sincera, com reverência e com santa e pura intenção” (Francisco de Assis, Escritos). Francisco mostrava sempre um grande respeito pelos sacerdotes e recomendava respeitá-los sempre, inclusive no caso de que pessoalmente fossem pouco dignos. A motivação do seu profundo respeito era o fato de que eles receberam o dom de consagrar a Eucaristia. Queridos irmãos no sacerdócio, não nos esqueçamos jamais deste ensinamento: a santidade da Eucaristia nos pede que sejamos puros, que vivamos de maneira coerente com o Mistério que celebramos.
Do amor a Cristo nasce o amor às pessoas e também a todas as criaturas de Deus. Este é outro traço característico da espiritualidade de Francisco: o senso de fraternidade universal e de amor pela criação, que lhe inspirou o célebre “Cântico das criaturas”. É uma mensagem muito atual. Como recordei em minha recente encíclica, Caritas in veritate, só é sustentável um desenvolvimento que respeite a criação e que não danifique o meio ambiente (cf. N. 48-52), e na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, sublinhei que também a constituição de uma paz sólida está unida ao respeito pela criação. Francisco nos recorda que na criação se manifesta a sabedoria e a benevolência do Criador. A natureza é entendida por ele precisamente como uma linguagem com a qual Deus fala conosco, através da qual a realidade divina se torna transparente e podemos falar de Deus e com Deus.
Queridos amigos: Francisco foi um grande santo e um homem alegre. Sua simplicidade, sua humildade, sua fé, seu amor a Cristo, sua bondade com cada homem e cada mulher o tornaram alegre em toda situação. De fato, entre a santidade e a alegria subsiste uma relação íntima e indissolúvel. Um escritor francês disse que no mundo só existe uma tristeza: a de não ser santos, isto é, a de não estar perto de Deus. Vendo o testemunho de Francisco, compreendemos que este é o segredo da verdadeira felicidade: ser santos, estar perto de Deus!
Que Nossa Senhora, ternamente amada por Francisco, obtenha esse dom para nós. Confiamo-nos a Ela com as palavras do próprio Pobrezinho de Assis: “Ó Maria, Virgem Santíssima, não há outra semelhante, nascida neste mundo, entre as mulheres; filha e serva do Rei altíssimo, o Pai celeste. Mãe de Jesus Cristo, nosso Senhor; esposa do Espírito Santo, rogai por nós (…) junto ao vosso santíssimo e dileto Filho, nosso Senhor e Mestre” (Francisco de Assis, Escritos).
Papa Bento XVI
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Luís e João Maki
Bem-aventurados Luís e João Maki
Mártires japoneses da Terceira Ordem († 1627). Beatificados por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Luís Maki e seu filho João, mártires japoneses, são lembrados especialmente por seu espírito cordial e fraterna hospitalidade. No período da perseguição, sua casa estava aberta aos cristãos perseguidos, pois se preocupavam em encontrar um lugar para escondê-los ou facilitar a fuga, colocando-os a salvo.
No dia 22 de julho de 1626, o Pe. Tomás Tzugi foi surpreendido em Nagasaki, na casa dos Maki, depois da celebração da Santa Missa. Não somente o sacerdote jesuíta foi preso, mas também os que o haviam dado valorosa hospitalidade. As leis das perseguições vigentes, que vigoravam há anos, proibiam acolher na própria casa ou ajudar, de qualquer modo, os sacerdotes cristãos.
Por isso, o governador Feizò, cristão apóstata, prendeu Luís Maki e seu filho adotivo João, de 27 anos. Ele os enviou ao cárcere de Omura, onde permaneceram mais de 13 meses. Levados de novo à cidade foram julgados e condenados à morte. Então se viu em toda a extensão do império, os cristãos, a exemplo dos seus mestres da fé, enfrentar a morte com um valor como não se tinha visto senão nos tempos primitivos da Igreja.
O número dos mártires sacrificados na perseguição japonesa é incalculável. Há de todas as condições: príncipes, mulheres ricas e pobres, jovens, anciãos, adolescentes e até crianças.
Alguns foram amarrados em postes e queimados lentamente, outros foram decapitados e depois esquartejados. Outros foram suspensos sobre uma cratera de vulcão para que tivessem uma morte lenta, depois de terem sido largamente torturados em águas sulfurosas. Outros, em pleno inverno, foram submersos em tanques completamente gelados. Outros foram crucificados com a cabeça para baixo ou consumidos pela fome e miséria, encontrando a morte na prisão. Enfim, todos foram mortos cruelmente. Mas todos se mostraram fortes no combate e dignos como discípulos de Jesus Crucificado.
Luís Maki e seu filho adotivo João foram levados a Nagasaki, na Santa Colina, onde muitos cristãos haviam sido martirizados, e morreram queimados vivos no dia 7 de setembro de 1627. Seu companheiro de martírio, o Pe. Tomás, os confortou até os últimos instantes para que suportassem a prova com valor e fé.
- No Santoral da Igreja no Brasil é celebrado também São Benedito
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Maria Francisca das 5 Chagas
6Virgem da Terceira Ordem (1715-1791). Canonizada no dia 29 de junho de 1867 por Pio IX.
Ana Maria nasceu no dia da Anunciação, 25 de março de 1715, em Nápoles, filha de Francisco Gallo e de Bárbara Basini, ambos de condição modesta. Aos quatro anos pediu à mãe que a levasse à igreja para participar do Santo Sacrifício da Missa. Obteve também, nessa idade, o privilégio de poder confessar-se, embora tivesse que esperar até os sete anos para fazer a Primeira Comunhão. Depois disso, sua surpreendente maturidade levou o confessor a permitir-lhe comungar diariamente, privilégio muito raro na época.
Quando chegou à adolescência, o pai colocou-a em sua pequena fábrica, onde já trabalhavam sua mãe e suas irmãs. Ana Maria soube conciliar o trabalho com a vida de piedade.
Quando completou 16 anos, seu pai quis casá-la com um rico cavalheiro, que lhe pedira a mão. Mas ela recusou-se, dizendo-lhe: “Meu pai, não posso fazer a sua vontade, porque estou resolvida a deixar o mundo e a tomar o hábito religioso na Ordem Terceira de São Francisco, para o que desde já lhe peço autorização”.
Essa determinação foi um rude golpe para o avarento pai, que julgava tal união ocasião de melhora da situação econômica da família. Por isso empregou todos os meios para convencer a filha a ceder, inclusive agressão física. Trancou-a depois, por vários dias, em um quarto da casa, não lhe fornecendo senão pão e água para alimentar-se. Finalmente, a intervenção de um religioso muito respeitável levou Francisco a conceder a autorização pedida.
Ana Maria foi admitida na Ordem Terceira de São Francisco, na reforma de São Pedro de Alcântara, em 1731, escolhendo os nomes de “Maria”, por devoção a Nossa Senhora, “Francisca”, por devoção a São Francisco, e “das Cinco Chagas”, por devoção à sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tendo sua mãe falecido, o pai, desejoso de casar-se novamente, quis pôr sobre seus ombros o sustento e o cuidado da família, que constava então de quatro pessoas para alimentar e vestir. Com dificuldade, a santa livrou-se desse encargo, alegando sua má saúde. No entanto, o avarento pai passou a cobrar-lhe o aluguel do pequeno cômodo que ocupava na casa, sendo ela obrigada a recorrer a seus benfeitores para pagá-lo e assim atender a sua família.
Êxtases e profecias eram-lhe familiares. Vivia já das coisas sobrenaturais, incompreendida, perseguida, tratada como visionária foi submetida a exames por parte das autoridades eclesiásticas. Em 7 anos de duro martírio suportou tudo com inalterada mansidão.
Em 1763, Santa Maria Francisca conheceu, por revelação divina, que o reino de Nápoles seria desolado por uma grande fome seguida por terrível epidemia. Ela mesma foi atingida pela enfermidade chegando às portas da morte, tendo recebido os últimos Sacramentos.
Assistida por muitos religiosos fiéis, fortalecida pela Eucaristia, morreu serenamente no seu quarto no dia 6 de outubro de 1791, aos 76 anos. Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Lucia do Monte, onde é venerada ao lado do túmulo de São João José da Cruz.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Nossa Senhora do Rosário
O Rosário é a devoção mariana por excelência, a mais popular e a mais querida ao coração de Maria.
O Rosário é a devoção mariana por excelência, a mais popular e a mais querida ao coração de Maria. Ela mesma a recomendou a Santo Domingo de Guzmán, apresentando-a como meio eficaz para conservar e aumentar a fé, para dissipar os erros, para uma vida mais evangélica.
Esta festa foi instituída pelo Papa Pio V em 1571, quando se celebrou a vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto. Nesta batalha, os cristãos católicos, em meio à recitação do Rosário, resistiram aos ataques dos turcos otomanos vencendo-os em combate. A celebração de hoje convida-nos à meditação dos Mistérios de Cristo, os quais nos guiam à Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.
A origem do Rosário é muito antiga, pois conta-se que os monges anacoretas usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Desta forma, nos conventos medievais, os irmãos leigos dispensados da recitação do Saltério (pela pouca familiaridade com o latim), completavam suas práticas de piedade com a recitação de Pai-Nossos e, para a contagem, o Doutor da Igreja São Beda, o Venerável (séc. VII-VIII), havia sugerido a adoção de vários grãos enfiados em um barbante.
Em recentes aparições em Fátima, Lourdes e Salete e outros lugares, a Virgem se mostrou com o rosário nas mãos, recomendando a sua recitação frequente. Em 1917, em Fátima, apareceu seis vezes a Lúcia, Jacinta e Francisco, prometendo-lhes muitas graças se recitassem todos os dias o Rosário. Na última aparição, no dia 13 de outubro, exclamou: “Eu sou a Virgem do Rosário”.
Ir. Lucia, contudo, lembra no seu livro “Os apelos da mensagem de Fátima”: “Para ir para o céu, não é condição indispensável recitar muitos Rosários no sentido estreito da palavra, mas sim, rezar muito; naturalmente para aquelas pobres crianças recitar o rosário todos os dias era a forma de oração mais acessível, assim como é ainda hoje para a maior parte das pessoas, e não há dúvida de que dificilmente alguém se salva se não rezar” (Irmã Lúcia, em Os apelos de Fátima, Libreria Editrice Vaticana, 2001, pág. 116-117).
Nesta Província, as Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Concórdia (SC) e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Vila Velha (ES) estão em festa.
A COROA FRANCISCANA
Outra bela devoção mariana que se desenvolveu no seio da Ordem Franciscana é a Coroa Franciscana das Sete Alegrias da Santíssima Virgem.
Em 1442, no tempo de São Bernardino de Siena, se difundiu a notícia de uma aparição da Virgem a um noviço franciscano. Este, desde pequeno, tinha o costume de oferecer à bem-aventurada Virgem uma coroa de rosas. Quando ingressou entre os Irmãos Menores, sua maior dor foi a de não poder seguir oferecendo à Santíssima Virgem esta oferenda de flores. Sua angústia chegou a tal ponto que decidiu abandonar a Ordem Seráfica. A Virgem apareceu para consolá-lo e lhe indicou outra oferenda diária que lhe seria mais agradável. Sugeriu-lhe recitar a cada dia sete dezenas de Ave Marias intercaladas com a meditação de sete mistérios gozosos que ela viveu em sua existência. Desta maneira teve origem a coroa franciscana, Rosário das sete alegrias.
São Bernardino de Sena foi um dos primeiros a praticar e difundir esta devoção, que para ele era fonte de grandes favores. Um dia enquanto recitava esta coroa apareceu-lhe a Santíssima Virgem e com inefável doçura lhe disse que gostava muito desta devoção e o recompensava com milagres para converter os pecadores: “Te prometo fazer-te partícipe de minha felicidade no paraíso”. A coroa franciscana medita os sete gozos de Maria: a anunciação, a visita a Santa Isabel, o nascimento de Jesus em Belém, a adoração dos Magos, a apresentação de Jesus no templo e a manifestação de sua divindade entre os doutores do templo, a ressurreição de Jesus e sua aparição à Virgem, a vinda do Espírito Santo, a Assunção de Maria em corpo e alma ao céu, e a coroação de Maria como rainha do céu e da terra, medianeira de graças, mãe da Igreja e soberana do Universo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Martim Gomes
Bem-aventurado Martim Gomes
Mártir no Japão, da Terceira Ordem (+1627). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Martim Gomes, filho de pai português e mãe japonesa, era natural do Japão. Inscrevera-se na Ordem Terceira de São Francisco, e dava hospedagem a missionários cristãos. Sendo isso considerado crime absolutamente proibido por disposições governamentais, foi preso. Convidado a renegar a fé, recusou-se energicamente, afirmando que nem a morte o poderia apartar daquela fé que tinha tão profundamente arraigada no coração.
A 17 de agosto de 1627, Martim Gomes foi levado do cárcere para a Colina Santa dos Mártires, onde mais uma vez lhe foi proposto renegar a fé, e mais uma vez ele se recusou terminantemente. Foi decapitado, e a sua alma, coroada pela auréola do martírio, voou para a glória do céu. Foi beatificado por Pio IX, em conjunto com os 205 mártires do Japão, no dia 07 de julho de 1867.
Depois da perseguição de 1597 que deu ao Japão o seleto grupo de 23 mártires guiados por São Pedro Batista, a Igreja pode desfrutar de um período de grande fervor durante o governo do imperador Cubosama e pôde difundir-se amplamente.
A obra dos franciscanos e dos jesuítas se ampliou com a abertura desta missão também a outras ordens religiosas entre elas os agostinianos e dominicanos. A fúria dos “monges” (no oriente, espécie de conselheiro, psicólogo, curandeiro de males físicos e espirituais) conseguiu, contudo, influenciar com ameaças e motivos políticos e econômicos enganosos o imperador, que em 1614 publicou um edito no qual prescrevia a religião católica, expulsava a todos os missionários e ordenava derrubar as igrejas e condenava à morte todos que persistissem na fé cristã.
Fogo e sangue se abateram sobre a florescente Igreja, que contava então com mais de dois milhões de fiéis. Durante 18 anos foram usados todos os tipos de sacrifícios, sem respeitar idade ou classe social.
Entre os inumeráveis heróis da fé estão os 205 mártires que foram beatificados por Pio IX em 1867, pertencentes às Ordens de Santo Domingo, Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola. A À Ordem de São Francisco pertenciam 45, dos quais 18 pertenciam à Primeira Ordem, 15 da Terceira e os demais familiares e amigos deles. Martim Gomes foi um deles.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Gaspar Vaz, Maria Vaz e João Romano
Bem-aventurados Gaspar Vaz, Maria Vaz e João Romano
Mártires japoneses da Terceira Ordem (+1627-1628). Beatificados por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
O casal Gaspar e María Vaz tinha consagrado a vida à maior glória de Deus e à evangelização de infiéis. A sua casa fazia lembrar a casa de Betânia, onde os três irmãos, Lázaro, Marta e Maria deram muitas vezes cordial acolhimento a Jesus e aos apóstolos. Também a casa de Gaspar e Maria Vaz acolhia, com frequência, acolhia missionários e cristãos para alojamento, alimentação, reuniões etc. Denunciados por um traidor perante as autoridades, foram presos, em conjunto com sacerdotes e cristãos a quem hospedavam, e condenados à morte. Subiram a Colina Santa, como Cristo ao Calvário da sua imolação, e por Cristo deram a vida: Gaspar foi queimado vivo e Maria decapitada.
João Romano, também japonês e membro da Ordem Franciscana Secular, era fervoroso colaborador dos missionários franciscanos. Acompanhava-os nas suas viagens como catequista e assistente em obras de caridade. Dava-lhes hospedagem em sua casa e transportava-os no próprio barco quando eles precisavam se deslocar às diversas ilhas. Também ele foi detido com outros fiéis, algemado e levado para a prisão de Omura, onde permaneceu vários meses até ser decapitado na Colina Santa, no dia 8 de setembro de 1628, após recusar-se a negar a sua fé cristã.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Beata Maria Truszkowska
Bem-aventurada Maria Angela Truszkowska
(1825-1899) da Terceira Ordem Franciscana Regular. Faleceu no dia 10 de outubro e foi beatificada por São João Paulo II no dia 18 de abril de 1993.
Sofia Camila Truszkowska nasceu no dia 16 de maio de 1825 em uma família abastada de Kalisz (Polônia). Veio ao mundo prematuramente e com a saúde muito frágil, foi batizada só em 1° de janeiro de 1826.
Recebeu em casa a primeira instrução, dada por uma senhora dotada de excelentes qualidades intelectuais e morais. A menina logo se tornou vivaz e de bom coração; desde pequena tinha um olhar especial para os pobres. A mãe, atenta e zelosa, dedicava a ela, que era a primogênita, e aos irmãos todo o seu dia.
A família transferiu-se para Varsóvia, onde Sofia frequentou a prestigiosa Academia de Madame Guerin; seu professor foi o poeta Estanislau Jachowicz que infundiu nela sentimentos bons e altruístas. Foi obrigada a interromper os estudos quando, aos 16 anos, contraiu a tuberculose. Para curar-se, permaneceu um ano na Suíça.
Nesse período, Sofia amadureceu a inclinação pela solidão e, contemplando o majestoso cenário dos Alpes, sentiu o desejo de consagrar-se ao Senhor. No futuro afirmaria que ali aprendeu a rezar. De volta para Varsóvia, iniciou uma atividade caridosa em favor dos pobres, enquanto enriquecia sua cultura graças à vasta biblioteca paterna, e frequentava assiduamente os Sacramentos. Pensou entrar no Mosteiro das Visitandinas, mas, seguindo a sugestão do confessor, dedicou-se no cuidado do pai doente.
Retornando das termas de Salzbrunn, onde estivera acompanhando o pai, permaneceu em Colônia. Entre as ogivas silenciosas da Catedral de Colônia compreendeu que o Senhor a queria por esposa, embora não soubesse ainda como. Em 1854, fundou um asilo para dar assistência a algumas crianças órfãs dos bairros pobres de Varsóvia e aos idosos sem casa. Esta obra ficou conhecida como Instituto da Senhora Truszkowska. Sua habilidade e dedicação atraíram muitas voluntárias e devotos amigos influentes, de modo que a obra do Instituto floresceu. Inscreveu-se na Ordem Terceira Franciscana tomando o nome de Ângela. Seu pai espiritual era o capuchinho Padre Honorato Kozminski (1829–1916), ele também declarado beato posteriormente. Ele tornou-se seu confessor até a sua morte.
Depois de algum tempo, com a prima Clotilde, transferiu a própria residência para o Instituto, a fim de estar noite e dia mais presente junto aos pequenos hóspedes. Em 21 de novembro de 1855, com a prima, se consagrou ao Senhor, com a finalidade de servir os pobres. Nascia assim a futura Congregação das Irmãs de São Felix de Cantalício.
Ângela muitas vezes levava os órfãos à igreja dos Capuchinhos de Cracóvia. Ali rezava diante do quadro que representava São Felix abraçando o Menino Jesus. No Divino Redentor feito homem meditava o amor misericordioso de Deus que chama para Si a humanidade. Como o santo capuchinho, ela também desejava abraçar e ajudar, em nome do Senhor, todos que encontrasse no caminho.
O número dos órfãos aumentou em pouco tempo e o Beato Honorato foi nomeado Diretor do Instituto. Em 10 de abril de 1857, com nove companheiras, Ângela vestiu o hábito religioso, tomando o nome de Irmã Ângela Maria. A comunidade agregou-se a Ordem Terceira Franciscana. Era um tempo difícil para a Polônia, que estava sob a ocupação russa. O Instituto foi reconhecido somente como uma obra de caridade, pois as Congregações religiosas estavam proibidas.
Contudo, Madre Ângela mantinha sua Congregação em segredo, e o desenvolvimento da obra foi grande: em apenas sete anos 34 casas foram abertas. Além disso, um ramo contemplativo nasceu para atrair todas aquelas que aspiravam pela clausura. Hoje este ramo tem o nome de Irmãs Capuchinhas de Santa Clara. A Madre, como era chamada a Irmã Ângela Maria, embora mantivesse o governo dos dois institutos, se retirou no ramo contemplativo. Foi eleita Superiora em 1860 e confirmada em 1864.
Em 1863, o povo polonês se insurgira contra o invasor: as Irmãs Felicianas transformaram suas casas em hospital para tratar dos feridos, indistintamente poloneses e russos. Em 16 de dezembro de 1864, suspeitando que as Irmãs apoiavam os insurgentes, os russos suprimiram o Instituto. A Beata, com o ramo claustral, se retirou junto às Irmãs Bernardinas – as outras voltaram para suas casas.
Um ano depois, quando a Polônia ficou sob o jugo da Áustria, o Imperador Francisco José concordou com a restauração da Congregação, mas, devido a uma enfermidade, Madre Ângela só pode reunir-se às suas Irmãs na Cracóvia em 17 de maio de 1866. Dois anos depois, ela foi eleita Superiora Geral, professando publicamente os votos perpétuos. No ano seguinte, porém, renunciou ao cargo por causa do agravamento das condições de saúde, incluindo uma grave surdez. Viveu os 30 anos restantes (de 1869 a 1899) em seu retiro, dando um grande exemplo de virtude às Irmãs.
Naqueles anos, intensa foi a sua atividade epistolar. Passava os dias rezando, frequentemente com o Santo Rosário, preocupando-se com o decoro da igreja. Para tanto, cultivava pessoalmente as flores para adorná-la, e cosia os hábitos sacerdotais.
Em 1872, foi atingida por um câncer do estomago. Os sofrimentos foram tais, que se pensou, a um certo ponto, que ela tivesse perdido as faculdades mentais. Ela, no silêncio, oferecia as suas provações ao Senhor para o bem da obra. Em 1874, o Instituto obteve do Beato Pio IX o “decretum laudis”. No mesmo ano, as primeiras missionárias partiram para as Américas, abençoadas pessoalmente pela Beata. Três meses antes de sua morte, em julho de 1899, as Constituições foram aprovadas definitivamente.
O câncer havia devastado o seu corpo, golpeando também a coluna vertebral. À sua cabeceira estavam presentes muitas Irmãs, que abençoou impondo suas mãos. Madre Maria Ângela Truszkowska faleceu no dia 10 de outubro de 1899. Os seus despojos são hoje venerados na igreja da Casa Mãe de Cracóvia. Ela foi elevada às honras dos altares em 18 de abril de 1993.
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São João XXIII
Terceiro franciscano (1881-1963). Beatificado em 1º de outubro de 2000, por São João Paulo II e canonizado por Papa Francisco em 27 de abril de 2014. Sua memória é celebrada no dia 11 de outubro.
Nasceu no dia 25 de novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi batizado com o nome de Ângelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no “Diário da alma”. No dia 1 de Março de 1896, o seu diretor espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja regra professou a 23 de Maio de 1897.
De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas apostólicas: sínodo, redação do boletim diocesano, peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi também Assistente da Ação Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela sua eloquência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os membros das associações católicas.
Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate. No fim da guerra abriu a “Casa do estudante” e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado diretor espiritual do Seminário.
Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento XV como presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em 1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs. Atuou com grande solicitude e caridade, aliviando os sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em 1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia: era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença ativa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a “permissão de trânsito” fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. Visitou os grandes santuários franceses e participou nas festas populares e nas manifestações religiosas mais significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas as situações, animado por uma piedade sincera, que se transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a meditar.
Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca, realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas “Pacem in terris” e “Mater et magistra”.
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o “o Papa da bondade”. Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de junho de 1963.
Foi canonizado pelo Papa Francisco em 27 de abril de 2014, mesma data da canonização de São João Paulo II. Sua memória é celebrada no dia 11 de outubro.
A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Santo Alexandre Sauli, Zenaide e Jaime.
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São Serafim de Montegranaro
Religioso da Primeira Ordem (1540-1604). Canonizado por Clemente XIII no dia 16 de julho de 1767.
Serafim nasceu em 1540, em Montegranaro, nas Marcas, Itália. Foram seus pais Jerónimo Rapagnano e Teodora Giovannuzzi. Eram de humilde condição e cristãos fervorosos. Dada a pobreza da sua família, trabalhou, durante algum tempo, como criado na casa de um lavrador, que lhe encomendou a guarda dos seus rebanhos.
Como sucedeu com outros irmãos franciscanos seus contemporâneos, São Pascoal Bailão e São Félix de Cantalício, na solidão dos campos, sendo analfabeto, aprendeu a ler o grande livro da natureza e a levantar o espírito para Deus. Quando tinha 18 anos, bateu à porta do Convento dos Capuchinhos de Tolentino. Depois de algumas dificuldades, foi recebido na Ordem como religioso e fez o noviciado em Jesi. Percorreu quase todos os conventos das Marcas, porque, apesar da sua boa vontade e a maior diligência que punha no cumprimento de tudo o que lhe confiavam, não conseguia agradar nem aos superiores nem aos irmãos da fraternidade, que não lhe poupavam repreensões e castigos. Porém, mostrava sempre uma extraordinária bondade, pobreza, humildade, pureza e mortificação.
Exerceu os ofícios de porteiro e esmoler, em contato com os mais variados grupos de pessoas. Encontrava sempre a palavra oportuna e demonstrava fina delicadeza de sentimentos no sentido de conduzir as almas para Deus. A exemplo de São Francisco, amou a natureza, que lhe falava ao coração e o elevava para Deus. Em muitos casos da sua vida, parece-nos reviver algumas páginas mais características dos “Fioretti” de São Francisco.
Em 1590, estabeleceu-se definitivamente em Áscoli Piceno. A cidade o amou de tal maneira que, em 1602, tendo-se difundido a notícia de que iria ser transferido, as autoridades escreveram aos superiores pedindo sua permanência.
Verdadeiro mensageiro da paz e do bem, exercia enorme influxo em todos os grupos de pessoas e a sua palavra conseguia serenar situações verdadeiramente alarmantes e extinguir ódios acirrados, promover o amor fervoroso pela virtude, suavizar os costumes, levando assim à prática a reforma, no espírito do Concílio de Trento.
Viveu em oração, humildade, penitência, trabalho e, sobretudo paciência, pois não lhe faltaram constantes repreensões. Deus se encarregou de o ajudar, suprindo-o nas suas capacidades, na cozinha, na portaria, na horta, no ofício de esmoler, com milagres, leitura dos corações e com o dom de confortar a todos. Estava sempre contente por amar a Deus, conhecendo e estudando os seus dois livros: o crucifixo e o rosário.
Tinha 64 anos de idade e sua fama de santidade se espalhava por toda a região de Áscoli. Pediu o Viático quando ninguém imaginava que estivesse próxima sua morte. Faleceu aos 12 de Outubro de 1604. Depois de ter expirado, com a maior simplicidade, o povo logo começou a chamá-lo de santo. Essa voz chegou aos ouvidos do Papa Paulo V, que autorizou a acender uma lâmpada junto da sua sepultura.
Foi canonizado por Clemente XIII, a 16 de Julho de 1767.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Mártires japoneses
Bem-aventurados mártires japoneses
João, Domingos, Miguel, Tomás e Paulo Tomaki, mártires japoneses da Terceira Ordem (+1628). Beatificados por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Hoje, mais uma vez, queremos recordar alguns dos mártires do Japão do século XVII. Trata-se de uma família inteira que, fiel à sua fé, não tiveram medo de testemunhar o Evangelho até a morte.
João Tomáki e seus filhos Domingos, Miguel, Tomás e Paulo. Todos inscritos na Ordem Terceira de São Francisco. Viúvo, recebera da esposa a incumbência de educar os filhos na fé cristã. Sempre apoio os missionários franciscanos e dominicanos em sua missão. Pego em flagrante, foi preso juntamente com seus quatro filhos.
Condenados à morte, João assistiu à degola de seus quatro filhos, atado a um poste. O juiz fez várias tentativas de levar os filhos à negação da fé, mas nenhum fracassou. Domingos tinha 16 anos, Miguel, 13; Tomás, 10; e Paulo, 7. O pequeno Paulo respondeu ao juiz: “Meu papai e os meus irmãos disseram-me que me ias dar a morte, e é o que eu quero, porque vou para o céu, onde a mamãe está à minha espera com uma bela coroa. E no céu também vou encontrar Jesus, que gosta muito de crianças e lhes dará um reino maior do que o Japão. Também eu quero ir para lá!”
A espada feriu as quatro vítimas, e esses anjos voaram da terra ao céu. João, consolado pela coragem dos filhos, deu graças a Deus, e não tardou a seguir no encalço dos filhos. Pai e filhos foram beatificados por Pio IX a 07 de julho de 1867.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Miguel Carcano
Bem-aventurado Miguel Carcano
Sacerdote da Primeira Ordem (1427-1484). Aprovou seu culto São Pio X no dia 9 de outubro de 1909.
Nascido em Milão, Itália, no ano de 1427, ainda bem jovem ingressou na Ordem dos Frades Menores no convento de Santo Ângelo. Logo que professou aderiu ao movimento da Observância, impulsionado por São Bernardino de Sena.
De boa formação humanística, filosófica e teológica, foi um grande pregador. Empenhando na difusão do Evangelho, pregava na defesa dos pobres, contra a usura e outras formas de injustiça.
O seu campo de evangelização foi principalmente a Itália do Norte e do centro. Em 1471, o duque Galeazzo Sforza expulsou-o de seus domínios por causa de uma controvérsia motivada pelo dinheiro angariado para a cruzada contra os turcos. E cinco anos mais tarde, tornou a expulsá-lo por sentir-se explicitamente visado por ele numa de suas pregações que falava do relaxamento dos costumes.
Conhecido como pessoa de profunda piedade, era procurado para direções espirituais, inclusive por bispos, padres e pessoas da alta sociedade.
Fundou muitos hospitais para os pobres.
Enquanto pregava em Lodi a quaresma gravemente enfermo, veio a falecer no dia 20 de março de 1484. Seus restos mortais se conservam na Basílica de Santo Antônio, em Milão.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Francisco de São Boaventura
Bem-aventurado Francisco de São Boaventura
Clérigo e mártir japonês, da Primeira Ordem (+1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Muito jovem ainda foi recebido no seminário dos franciscanos no Japão. Certo dia, o governador de Omura mandou prender os frades do seminário. Francisco não estava em casa. Quando voltou, ao saber do ocorrido, foi até o imperador e professou sua fé. Também foi preso.
No cárcere, juntamente com o Frei Apolinário Franco, provincial e formador, suplicou que fosse admitido à Ordem dos Frades Menores. Seu desejo foi realizado. Dentro mesmo do cárcere, recebeu o hábito e mudou seu nome.
Começou assim, para ele, o mais singular e estranho ano de noviciado, cheio de fervor e sacrifícios. A masmorra transformara-se em comunidade religiosa com horários apropriados de oração em comum e recitação do ofício e do rosário. No fim do ano de noviciado, Francisco professou a regra como frade menor.
Começava-se a preparar para o sacerdócio, porém seu martírio chegou primeiro, a 12 de setembro de 1622. Queimado vivo, tornou-se oferta antes de ser sacerdote.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Tomás Tzugi
Bem-aventurado Tomás Tzugi
Sacerdote e mártir da Terceira Ordem (1570-1627). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867
Tomás Tzugi nasceu em 1570 de uma família nobre de Sonongai, na Província japonesa de Omura. Recebeu educação e formação cristã no seminário dos Jesuítas e, em 1589, tornou-se terceiro franciscano.
Consagrado sacerdote, distinguiu-se como pregador excelente na cidade de Nagasaki, empregando em suas homilias uma linguagem dura ao denunciar escândalos e vícios. Por isso foi forçado a emigrar de Ficata a Chicuyen, onde continuou o seu apostolado com muito zelo.
Em 1614 estabeleceu no Japão uma violenta perseguição contra o cristianismo e grande parte dos missionários e sacerdotes foi expulsa. Tomás se mudou, então, para Macau, onde permaneceu por quatro anos. Em 1618, regressou ao Japão fingindo exercer o ofício de mercador. De imediato prosseguiu o ministério sacerdotal, disfarçando-se frequentemente e exercendo outras ocupações, especialmente as de faquir.
A extenuante perseguição, os contínuos e dolorosos contrastes, a ameaça dos espiões provocaram em Tomás uma crise de desconfiança e desespero, mas que de imediato superou com uma saudável reflexão e com trabalhos demonstrou ter conseguido um sereno equilíbrio interior.
Neste período voltou a exercer novamente seu apostolado em Nagasaki, quando a perseguição se fazia cada vez mais cruel. Um dia foi surpreendido pelos guardas do governador Feizo na casa de um cristão, Luis Maki, depois da celebração da Missa. Levado ante ao governador apóstata, confessou sua fé cristã valentemente.
Foi logo levado à prisão de Omura, onde permaneceu por 13 meses. As pressões insistentes dos familiares para tirá-lo da prisão foram em vão e o governador mandou que o sacerdote fosse transferido para Nagasaki e queimado vivo. Durante o suplício demonstrou extrema serenidade, confortando os seus companheiros de martírio, Luis e Juan Maki. Morreu recitando o salmo “Laudate Dominum omnes gentes”, no dia 7 de setembro de 1627.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Baltazar de Quiavári
Bem-aventurado Baltazar de Quiavári
Sacerdote da Primeira Ordem (1420-1492). Pio XI confirmou seu culto no dia 8 de janeiro de 1930.
Baltasar Ravasquiéri é filho de uma devota família, educado em um ambiente e inocência, bondade e piedade; cedo se sentiu atraído pelos Frades Menores, e entre eles estudou até se formar em teologia e ser ordenado. Dedicou-se muito à pregação; foi guardião e ministro provincial em Gênova.
Uma forma de gota extremamente aguda se manifestou em seu corpo, tolhendo os seus movimentos e tornando-o tetraplégico. No convento em que viveu em Milão, era transportado nos braços do irmão para a Igreja a fim de celebrar a Eucaristia, recitar o ofício e onde permanecia longas horas a rezar e meditar.
Ou então, pedia que o levassem para o bosque, onde atendia os fiéis em confissão, aconselhando-os ou consolando-os. Tantas pessoas acorriam a ele com suas necessidades espirituais e corporais que ele era capaz de passar um dia inteiro atendendo-as. Desde a planície de Pádua acudiam a ele muitos devotos transportando doentes para Deus os curar por sua intercessão, e muitas mães levavam os filhos a fim de ele os abençoar.
Na sua imobilidade, Baltazar intensificou a vida de íntima união com Deus, e ofereceu os sofrimentos físicos e morais ao amor misericordiosos de Jesus pela conversão dos pecadores, que em grande número conseguiu trazer para perto de Deus.
Consumido pela doença que lhe martirizava os membros, expirou em paz no dia 17 de outubro de 1492, com 72 anos de idade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Bartolomeu Laurel
Bem-aventurado Bartolomeu Laurel
Religioso da Ordem dos Frades Menores, mártir no Japão (+1627), beatificado por Pio IX no dia 07 de julho de 1867.
Bartolomeu Laurel era natural do México. Era ainda jovem quando vestiu o hábito religioso na Ordem dos Frades Menores e professou a Regra de São Francisco como irmão leigo. Tornou-se companheiro e amigo inseparável do bem-aventurado Francisco de Santa Maria, com quem, em 1609, chegou a Manila, nas Filipinas, e dali partiu em 1622 para as costas do Japão, onde trabalhou intensamente como catequista.
Prestava assistência a doentes nos hospitais, tendo por vezes de fazer-se de médico, e preparava fiéis para receberem os sacramentos dos enfermos, e instruía os pagãos para poderem aderir à fé cristã. A sua vida era um exemplo de humildade, mortificação, modéstia e zelo apostólico.
Certo dia, em Nagasaki, estando hospedado em casa de família de Gaspar Vaz juntamente com o Beato Francisco de Santa Maria e outros Terceiros, a polícia rompeu pela casa adentro e prendeu os dois religiosos, seis Terceiros, Gaspar Vaz e sua esposa Maria; foram todos algemados e levados para a prisão.
Bartolomeu Laurel, depois de suportar, pela fé cristã e pelo amor a Cristo, indizíveis sofrimentos, foi queimado vivo a 16 de agosto de 1627, na Colina dos Mártires de Nagasaki.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Pedro de Alcântara
Sacerdote da Primeira Ordem (1499-1562). Canonizado por Clemente IX no dia 28 de abril de 1669.
Frei Pedro nasceu em Alcântara (Cáceres, Espanha) em 1499. Filho de Alonso Garabito e de Maria Vilela, recebeu no batismo o nome de Juan de Sanabria. Depois de três anos de estudos em Salamanca (1511-1515), entrou na Ordem Franciscana, na Custódia do Santo Evangelho (1516), que mais tarde, em 1520, se converteria em Província de São Gabriel. Em Majarretes (Badajoz), lugar de seu noviciado, nasceu um novo homem: Juan de Sanabria se transformou em Pedro de Alcântara.
Pouco depois, em 1519, um pouco antes de ser ordenado sacerdote, foi enviado como superior para fundar o Convento de Badajoz. Completados os estudos de filosofia, teologia, direito canônico, moral e homilética, conforme as determinações da época, foi ordenado sacerdote em 1524. Tornou-se superior em Robledillo, depois em Placencia e novamente em Badajoz, até que em 1532 obteve permissão para recolher-se a uma vida mais contemplativa no convento de Santo Onofre da Lapa. Em 1538 foi eleito Ministro Provincial da Província de São Gabriel.
Durante o período em que foi ministro provincial redigiu para seus religiosos estatutos muito severos, aprovados no Capítulo de Placencia, em 1540. Mas o começo de sua reforma teve lugar em 1544 quando, com o consentimento de Julio III, retirou-se para a pequena igreja de Santa Cruz de Cebollas, próximo de Coira. Em 1555 construiu o célebre convento de Pedroso, seguido de outros. A partir deste momento, a reforma prosperou amplamente e, em 8 de maio de 1559, obteve a aprovação de Paulo IV, que permitiu sua difusão também no exterior.
Pedro de Alcântara, com sua reforma, queria trazer de volta a Ordem Franciscana à genuína observância da Regra. Mediante a suma pobreza, a rígida penitência e um sublime espírito de oração alcançou os mais altos graus de contemplação e pode atrair numerosos franciscanos por aquele caminho de reforma que se propunha fazer reviver em seu século o franciscanismo dos primeiros tempos.
Foi confessor e diretor espiritual de Santa Teresa de Ávila e ajudou na reforma da Ordem Carmelita. Santa Teresa escreveu sobre ele: “Modelo de virtudes era Frei Pedro de Alcântara! O mundo de hoje já não é capaz de uma tal perfeição. Este homem santo é de nosso tempo, mas seu fervor é forte como de outros tempos. Tem o mundo a seus pés. Que valor deu o Senhor a este santo para fazer durante 47 anos tão rígida penitência!”.
Depois de uma grande atividade eremítica e apostólica, morreu em Arenas de San Pedro (Ávila), no dia 18 de outubro de 1562, aos 63 anos. Em 1622 foi beatificado por Gregório XV e, em 1669, foi canonizado por Clemente IX. Em 1826 foi declarado Padroeiro do Brasil.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Contardo Ferrini
Bem-aventurado Contardo Ferrini
Professor da Terceira Ordem (1859-1902). Beatificado por Pio XII no dia 13 de abril de 1947.
Contardo Ferrini, chamado “astro de santidade e de ciência”, nasceu em Milão, no norte da Itália, a 5 de abril de 1859.
Contardo Ferrini tinha extrema inteligência. Filho de Rinaldo e Luiza, ambos, desde cedo, cuidaram para o integral desenvolvimento de sua potencialidade. Seu pai, um professor e engenheiro, incutiu-lhe o desejo de buscar o conhecimento nas fontes verdadeiras e uni-lo à fé. Esta última parte sempre foi muito desprezada pela maioria dos intelectuais.
Porém Contardo foi um dos juristas mais apreciados e um dos grandes romancistas do seu tempo. Um grande professor e intelectual, mas muito diferente e especial também. O que o tornava realmente destacado era sua dedicação religiosa, num tempo em que a Igreja atravessava profunda crise de fé e enfrentava grande oposição. Já era assim quando nasceu, no dia 5 de abril de 1859, em Milão, Itália. E continuaria sendo nas décadas seguintes.
No plano intelectual, foi brilhante. Com dezessete anos, já havia estudado hebraico, siríaco, sânscrito, copta e iniciava o curso de Direito na Universidade de Pávia. Especializou-se em direito romano e para isso, além de estudar latim, grego e alemão, paralelamente aprendeu espanhol, inglês e francês. Laureado em 1880, como prêmio a universidade deu-lhe uma bolsa de estudos, o que proporcionou-lhe a oportunidade de estudar na Universidade de Berlim. Com vinte e quatro anos, já lecionava direito criminal e direito romano, viajando pelo exterior e realizando conferências e palestras.
No plano espiritual, foi exemplar. Mesmo depois de aguentar e sofrer com as gozações dos companheiros de universidade por causa da religiosidade, foi crescendo na fé. Fez voto de castidade em 1881, e assistia à missa diariamente. Humilde, seu amor aos mais pobres o fez participar das obras da Sociedade de São Vicente de Paulo. Simples, seu amor à natureza – praticava alpinismo – o fez tornar-se terciário franciscano em 1886.
Juntando os dois planos, foi um homem completo, amigo, solidário, lutador das causas contra o divórcio, dos excessos de materialismo e em defesa da infância abandonada. Especialmente, quando foi eleito conselheiro municipal de Milão. Vivia para os estudos, as aulas, a igreja e as orações solitárias em casa, mas estava sempre à disposição de todos os que o procuravam para pedir ajuda, conselhos e orientações pessoais.
Nas férias, sempre viajava para Suna, uma região montanhosa destinada à pratica do alpinismo. Lá, conheceu um religioso apreciador e praticante desse esporte, Achille Ratti, mais tarde Pio XI, promotor de sua beatificação. Foi lá que contraiu a doença que o levou à morte em 17 de outubro de 1902, o tifo.
Deixou um legado literário importante: os escritos jurídicos de Ferrini resultam nos cinco volumes conhecidos como “Obras de Contardo Ferrini”, os estudos espirituais chamados de “Escritos religiosos de Contardo Ferrini” e “A vida”.
O papa Pio XII beatificou-o em 1947. No mesmo ano, o bem-aventurado Contardo Ferrini foi proclamado patrono da Faculdade Paulista de Direito, da Pontifícia Universidade Católica, e a Sala de Reuniões da mesma homenageia o seu nome. A celebração litúrgica em sua memória ocorre no dia de sua morte.
Tinha apenas quarenta e três anos de idade quando, aos 17 de outubro de 1902, descansou na paz do Senhor.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Maria Angela Truszkowska
Bem-aventurada Maria Angela Truszkowska
(1825-1899) da Terceira Ordem Franciscana Regular. Beatificada por São João Paulo II no dia 18 de abril de 1993.
Sofia Camila Truszkowska nasceu no dia 16 de maio de 1825 em uma família abastada de Kalisz (Polônia). Veio ao mundo prematuramente e com a saúde muito frágil, foi batizada só em 1° de janeiro de 1826.
Recebeu em casa a primeira instrução, dada por uma senhora dotada de excelentes qualidades intelectuais e morais. A menina logo se tornou vivaz e de bom coração; desde pequena tinha um olhar especial para os pobres. A mãe, atenta e zelosa, dedicava a ela, que era a primogênita, e aos irmãos todo o seu dia.
A família transferiu-se para Varsóvia, onde Sofia frequentou a prestigiosa Academia de Madame Guerin; seu professor foi o poeta Estanislau Jachowicz que infundiu nela sentimentos bons e altruístas. Foi obrigada a interromper os estudos quando, aos 16 anos, contraiu a tuberculose. Para curar-se, permaneceu um ano na Suíça.
Nesse período, Sofia amadureceu a inclinação pela solidão e, contemplando o majestoso cenário dos Alpes, sentiu o desejo de consagrar-se ao Senhor. No futuro afirmaria que ali aprendeu a rezar. De volta para Varsóvia, iniciou uma atividade caridosa em favor dos pobres, enquanto enriquecia sua cultura graças à vasta biblioteca paterna, e frequentava assiduamente os Sacramentos. Pensou entrar no Mosteiro das Visitandinas, mas, seguindo a sugestão do confessor, dedicou-se no cuidado do pai doente.
Retornando das termas de Salzbrunn, onde estivera acompanhando o pai, permaneceu em Colônia. Entre as ogivas silenciosas da Catedral de Colônia compreendeu que o Senhor a queria por esposa, embora não soubesse ainda como. Em 1854, fundou um asilo para dar assistência a algumas crianças órfãs dos bairros pobres de Varsóvia e aos idosos sem casa. Esta obra ficou conhecida como Instituto da Senhora Truszkowska. Sua habilidade e dedicação atraíram muitas voluntárias e devotos amigos influentes, de modo que a obra do Instituto floresceu. Inscreveu-se na Ordem Terceira Franciscana tomando o nome de Ângela. Seu pai espiritual era o capuchinho Padre Honorato Kozminski (1829–1916), ele também declarado beato posteriormente. Ele tornou-se seu confessor até a sua morte.
Depois de algum tempo, com a prima Clotilde, transferiu a própria residência para o Instituto, a fim de estar noite e dia mais presente junto aos pequenos hóspedes. Em 21 de novembro de 1855, com a prima, se consagrou ao Senhor, com a finalidade de servir os pobres. Nascia assim a futura Congregação das Irmãs de São Felix de Cantalício.
Ângela muitas vezes levava os órfãos à igreja dos Capuchinhos de Cracóvia. Ali rezava diante do quadro que representava São Felix abraçando o Menino Jesus. No Divino Redentor feito homem meditava o amor misericordioso de Deus que chama para Si a humanidade. Como o santo capuchinho, ela também desejava abraçar e ajudar, em nome do Senhor, todos que encontrasse no caminho.
O número dos órfãos aumentou em pouco tempo e o Beato Honorato foi nomeado Diretor do Instituto. Em 10 de abril de 1857, com nove companheiras, Ângela vestiu o hábito religioso, tomando o nome de Irmã Ângela Maria. A comunidade agregou-se a Ordem Terceira Franciscana. Era um tempo difícil para a Polônia, que estava sob a ocupação russa. O Instituto foi reconhecido somente como uma obra de caridade, pois as Congregações religiosas estavam proibidas.
Contudo, Madre Ângela mantinha sua Congregação em segredo, e o desenvolvimento da obra foi grande: em apenas sete anos 34 casas foram abertas. Além disso, um ramo contemplativo nasceu para atrair todas aquelas que aspiravam pela clausura. Hoje este ramo tem o nome de Irmãs Capuchinhas de Santa Clara. A Madre, como era chamada a Irmã Ângela Maria, embora mantivesse o governo dos dois institutos, se retirou no ramo contemplativo. Foi eleita Superiora em 1860 e confirmada em 1864.
Em 1863, o povo polonês se insurgira contra o invasor: as Irmãs Felicianas transformaram suas casas em hospital para tratar dos feridos, indistintamente poloneses e russos. Em 16 de dezembro de 1864, suspeitando que as Irmãs apoiavam os insurgentes, os russos suprimiram o Instituto. A Beata, com o ramo claustral, se retirou junto às Irmãs Bernardinas – as outras voltaram para suas casas.
Um ano depois, quando a Polônia ficou sob o jugo da Áustria, o Imperador Francisco José concordou com a restauração da Congregação, mas, devido a uma enfermidade, Madre Ângela só pode reunir-se às suas Irmãs na Cracóvia em 17 de maio de 1866. Dois anos depois, ela foi eleita Superiora Geral, professando publicamente os votos perpétuos. No ano seguinte, porém, renunciou ao cargo por causa do agravamento das condições de saúde, incluindo uma grave surdez. Viveu os 30 anos restantes (de 1869 a 1899) em seu retiro, dando um grande exemplo de virtude às Irmãs.
Naqueles anos, intensa foi a sua atividade epistolar. Passava os dias rezando, frequentemente com o Santo Rosário, preocupando-se com o decoro da igreja. Para tanto, cultivava pessoalmente as flores para adorná-la, e cosia os hábitos sacerdotais.
Em 1872, foi atingida por um câncer do estomago. Os sofrimentos foram tais, que se pensou, a um certo ponto, que ela tivesse perdido as faculdades mentais. Ela, no silêncio, oferecia as suas provações ao Senhor para o bem da obra. Em 1874, o Instituto obteve do Beato Pio IX o “decretum laudis”. No mesmo ano, as primeiras missionárias partiram para as Américas, abençoadas pessoalmente pela Beata. Três meses antes de sua morte, em julho de 1899, as Constituições foram aprovadas definitivamente.
O câncer havia devastado o seu corpo, golpeando também a coluna vertebral. À sua cabeceira estavam presentes muitas Irmãs, que abençoou impondo suas mãos. Madre Maria Ângela Truszkowska faleceu no dia 10 de outubro de 1899. Os seus despojos são hoje venerados na igreja da Casa Mãe de Cracóvia. Ela foi elevada às honras dos altares em 18 de abril de 1993.
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Beato Jacobo de Strepa
Bispo da Primeira Ordem (1340-1409). Teve o culto aprovado por Pio Vi em 11 de setembro de 1790.
Jacobo de Strepa, de nobre família polaca, nasceu em 1340. Muito jovem ingressou na Ordem dos Irmãos Menores. Por muitos anos, exerceu o ministério na Rússia, foi vigário geral daquela missão e trabalhou ativamente pela unidade dos cristãos. Eleito bispo de Halicz, cuja sede metropolitana foi logo mudada para Leópoli.
Como bispo e pastor de almas, Jacobo de Strepa se consagrou por inteiro às necessidades da diocese e se mostrou modelo perfeito de pastor de almas. Em muitos distritos o número de igrejas era insuficiente para as necessidades da população, para remediá-lo, fez construir novas igrejas, erigiu novas paróquias e colocou ali sacerdotes zelosos. Fundou também casas religiosas para multiplicar os meios de santificação, edificou hospitais, proveio os pobres com generosidade. O dinheiro de seu bispado era dividido inteiramente para os lugares de culto e de caridade para com os empobrecidos.
O zeloso pastor se esforçou por infundir a fé nos fiéis com práticas de devoção que produziram frutos abundantes de santidade. Percorreu sua extensa diocese a pé, vestido com o hábito franciscano, pregando no caminho a Palavra de Deus, unindo a seu apostolado ativo uma vida de austeridade e penitência.
Depois de 19 anos de dinâmico episcopado, o beato Jaime foi receber o prêmio por seus trabalhos. Morreu no dia 20 de outubro de 1409. Foi sepultado na igreja dos franciscanos de Leópoli, vestido com o hábito religioso e com as insígnias pontificais. Em sua tumba se produziram milagres. Seu culto se difundiu na Polônia, Lituânia e Rússia, de onde em seu tempo vinham numerosos peregrinos para invocar a sua proteção. Em sua exumação realizada em 1419, seu corpo foi encontrado incorrupto.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São João de Capistrano
Sacerdote da Primeira Ordem (1386-1456). Canonizado por Alexandre VIII no dia 16 de outubro de 1690.
João nasceu no dia 24 de junho de 1386, na cidade de Capistrano, próximo a Áquila, no então reino de Nápoles, atual Itália. Era filho de um conde alemão e uma jovem italiana. Tornou-se um cidadão de grande influência em Perugia, cidade onde estudou Direito Civil e Canônico, formando-se com honra ao mérito. Lá se casou com a filha de outro importante membro da comunidade e foi governador da cidade, quando iniciava a revolta contra a dominação do rei de Nápoles. Como João de Capistrano era muito respeitado e julgava ter amigos entre adversários, aceitou a tarefa de tentar um diálogo com o rei. Mas estava enganado, pois, além de não acreditarem nas suas propostas, de paz eles o prenderam. Ao mesmo tempo, recebeu a notícia da morte de sua esposa. João tinha trinta e nove anos de idade.
Nessa ocasião tomou a decisão mais importante de sua vida. Abriu mão de todos os cargos, vendeu todos os bens e propriedades, pagou o resgate de sua liberdade e pediu ingresso num convento franciscano. Mas também ali encontrou a desconfiança do seu propósito. O superior, antes de permitir que ele vestisse o hábito, o submeteu a muitas humilhações, para provar sua determinação. Aprovado, apenas um ano depois era considerado um dos mais respeitados religiosos do convento. Aliás, Ordem que ele próprio colaborou para reformar.
Desde então sua vida foi somente dedicada ao espírito. Durante trinta anos fez rigoroso jejum, duras penitências e se dedicou às orações. Trabalhou com energia, evangelizando na Itália, França, Alemanha, Áustria, Hungria, Polônia e Rússia. Tornou-se grande pregador e os registros mostram, que, após sua pregação, muitos jovens decidiam entrar na Ordem de São Francisco de Assis. Foi conselheiro de quatro papas. Idoso, defendeu a Itália numa guerra que ajudou a vencer. A famosa batalha de Belgrado, contra os invasores turcos muçulmanos.
João de Capistrano contava setenta anos de idade, quando um enorme exército ameaçava tomar toda a Europa, pois já dominava mais de duzentas cidades. O papa Calisto III o designou como pregador de uma cruzada, que defenderia o continente. Com ele à frente, os cristãos tiveram de combater um exército dez vezes maior. A guerra já estava quase perdida e os soldados estavam a ponto de desfalecer, quando surgiu João animando a todos, percorrendo as fileiras e mantendo-os estimulados na fé em Cristo. Agiu assim durante onze dias e onze noites sem cessar. Espantados com a atitude de João, os guerreiros muçulmanos apavoraram-se, o exército se desorganizou e os soldados cristãos dominaram o campo de batalha até a vitória final.
Vitória que, embora preferisse manter o anonimato, foi atribuída a João de Capistrano. Depois disso, retirou-se para o Convento de Villach, na Áustria, onde morreu aos 71 anos de idade, a 23 de outubro de 1456. Foi beatificado pelo Papa Leão X e solenemente canonizado pelo Papa Alexandre VIII no ano de 1690. João de Capistrano é o padroeiro dos juízes.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Josefina Leroux
Bem-aventurada Josefina Leroux
Virgem e mártir da Segunda Ordem (1747-1794). Beatificada por Bento XV no dia 13 de junho de 1920.
Josefina Leroux nasceu em Cambrai, França, a 23 de Janeiro de 1747; foi santamente educada pelos pais bondosos e religiosos.
A 10 de maio de 1779, aos vinte e dois anos abandonou a casa paterna e foi recebida entre as filhas de Santa Clara no mosteiro das clarissas de Valência. No ano seguinte pronunciou os votos. Sua irmã Maria Escolástica, ingressou nas religiosas ursulinas da mesma cidade. Na paz silenciosa do claustro, Josefina ocupou-se em servir ao Senhor com crescente amor, fidelidade e perfeita alegria franciscana.
Porém, bem cedo a pobre terra da França deveria ser golpeada pelo furioso furacão da revolução. Milhares de vítimas foram colocadas na prisão e sacrificadas. Os tribunais revolucionários somente interrogavam os acusados, não lhes permitindo a possibilidade de se defenderem. Em 1791, as monjas clarissas foram expulsas de seu mosteiro, Josefina foi hospedada por seus parentes em Cambrai. As irmãs ursulinas, com o desejo ardente de continuar sua vida religiosa, atravessaram a fronteira e se uniram a suas irmãs de Mons. Este exílio durou de 17 de Setembro de 1792 a 1º de novembro de 1793, quando as irmãs ursulinas puderam regressar a seu convento.
Josefina, vendo que não lhe era possível regressar ao seu convento, desejosa de voltar à vida de comunidade, pediu para ser acolhida entre as irmãs ursulinas junto a sua irmã Escolástica. O gozo da recuperação da vida conventual foi breve. Valenciennes caiu novamente nas mãos dos franceses e a fúria tudo derrubou. Na noite entre os dias 2 e 3 de setembro, os emissários revolucionários, percorrendo a cidade, aprisionaram Josefina que se distinguiu por uma grande tranquilidade de ânimo que jamais a abandonou. Ao comissário disse que não havia necessidade de tanta gente para apoderar-se de uma pobre mulher. Nessa mesma noite, junto com sua irmã Maria Escolástica, foi recolhida na prisão e ali esperaram o momento solene.
A 23 de outubro de 1794, subiram ao patíbulo recitando o “Te Deum” e as ladainhas da Virgem. No cadafalso tiveram palavras de agradecimento para os verdugos, cujas mãos elas beijaram. A Bem-aventurada Josefina Leroux e dez irmãs ursulinas foram assassinadas por ódio à fé, à Igreja e à religião de Cristo. Quando foi guilhotinada tinha 47 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Santo Antônio de Sant’Ana Galvão
Sacerdote da Primeira Ordem, primeiro santo brasileiro. (1739-1822). Canonizado por Bento XVI no dia 11 de maio de 2007.
O brasileiro Antônio de Sant’Ana Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Seu pai era Antônio Galvão de França, capitão-mor da província e terciário franciscano. Sua mãe era Isabel Leite de Barros, filha de fazendeiros de Pindamonhangaba. O casal teve onze filhos. Eram cristãos caridosos, exemplares e transmitiram esse legado ao filho.
Quando tinha treze anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Desse modo, na sua alma estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos vinte e um anos, Antônio decidiu ingressar na Ordem franciscana, no Rio de Janeiro. Sua educação no seminário tinha sido tão esmerada que, após um ano, recebeu as ordens sacerdotais, em 1762. Uma deferência especial do papa, porque ele ainda não tinha completado a idade exigida.
Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa, ouvindo e aconselhando a todos. Entre suas penitentes encontrou irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra posterior.
Irmã Helena era uma mulher de muita oração e de virtudes notáveis. Ela relatava suas visões ao frei Galvão. Nelas, Jesus lhe pedia que fundasse um novo Recolhimento para jovens religiosas, o que era uma tarefa difícil devido à proibição imposta pelo marquês de Pombal em sua perseguição à Ordem dos jesuítas. Apesar disso, contrariando essa lei, frei Galvão, auxiliado pela irmã Helena, fundou, em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência.
No ano seguinte, morreu irmã Helena. E os problemas com a lei de Pombal não tardaram a aparecer. O convento foi fechado, mas frei Galvão manteve-se firme na decisão, mesmo desafiando a autoridade do marquês. Finalmente, devido à pressão popular, o convento foi reaberto e o frei ficou livre para continuar sua obra. Os seguintes catorze anos foram dedicados à construção e ampliação do convento e também de sua igreja, inaugurada em 1802. Quase um século depois, essa obra tornar-se-ia um “patrimônio cultural da humanidade”, por decisão da UNESCO.
Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara, em Sorocaba. Lá permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos da construção da Casa. Nesse meio tempo, ele recebeu diversas nomeações, até a de guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo.
Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Luz. Durante sua última enfermidade, frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de santidade em 23 de dezembro de 1822. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra.
Depois, o Recolhimento do frei Galvão tornou-se o conhecido Mosteiro da Luz, local de constantes peregrinações dos fiéis, que pedem e agradecem graças por sua intercessão. Frei Galvão foi beatificado pelo papa São João Paulo II em 25 de outubro de 1998 e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, Brasil.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Boaventura de Potenza
Bem-aventurado Boaventura de Potenza
Sacerdote da Primeira Ordem (1651-1711). Beatificado por Pio VI no dia 26 de novembro de 1775.
Boaventura nasceu em Potenza, Basilicata em 4 de Janeiro de 1651, filho de Lelio Lavagna e Catalina Pica. Passou os primeiros 15 anos de sua vida em grande pureza de costumes e fervor religioso: refletia a pureza no rosto e em seus olhos. Em 4 de Outubro de 1666 tomou o hábito religioso entre os Irmãos Menores Conventuais em Nocera dei Pagani.
Depois do noviciado fez os estudos humanísticos e teológicos em Aversa, Madaloni, Benevento e Amalfi, onde foi ordenado sacerdote. Por 8 anos teve como diretor espiritual o venerável Domingo Giurardelli de Muro Lucano.
Apesar de sua resistência a ocupar postos de responsabilidade, Boaventura em outubro de 1703 foi nomeado mestre de noviços e transferido para Nocera dei Pagani, onde se ocupou por quatro anos da formação espiritual dos jovens.
Em junho de 1707, enquanto estava no convento do Santo Espírito de Nápoles, por razões de saúde, ele se prodigalizou na assistência aos enfermos de cólera, epidemia que assolou Vomero. Em 4 de janeiro de 1710 foi destinado ao convento de Ravello, onde assumiu a direção espiritual dos mosteiros de Santa Clara e de São Cataldo.
Fiel imitador de São Francisco, Boaventura guardava com zeloso cuidado o precioso tesouro da pobreza que brilhava em seu hábito, cheio de remendos, em sua cela e em toda a sua vida. Por natureza tinha um temperamento intempestivo, propenso à ira, mas com a força de seu caráter e com a ajuda de Deus soube adquirir uma paciência e uma doçura inalteráveis. Frente às censuras, às injustiças e às injúrias, ainda que sentisse o sangue ferver nas veias e o coração palpitar violentamente, conseguia conservar um absoluto domínio de si mesmo.
Sua austeridade era inaudita, chegando mesmo a se flagelar até derramar sangue, às sextas-feiras, em recordação à Paixão de Cristo. Para com os pobres, os enfermos e os aflitos era compassivo e lhes prestava assistência. Como autêntico sacerdote de Cristo seu magistério era evangélico. Normalmente, com uma só pregação chegava a converter os pecadores e, às vezes, como o bom pastor, ia às suas casas para buscá-los como “ovelhas perdidas”. Seu confessionário se mantinha assediado de penitentes, onde, por vezes, passava dias inteiros.
Era fervoroso e zeloso devoto da Virgem. Nas pregações convidava os fiéis à confiança e ao amor para com a divina Mãe. Não empreendia nenhuma iniciativa sem se colocar sob sua proteção maternal. A Imaculada Conceição de Maria, que ainda não era dogma definido, para ele era uma verdade da qual não se podia duvidar.
Sua vida foi marcada por carismas singulares e prodígios. Depois de oito dias de enfermidade, aos 60 anos, em 26 de Outubro de 1711, com o nome de Maria em seus lábios, expirou serenamente em Ravello. Foi beatificado pelo Papa Pio VI em 26 de Novembro de 1775.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Luís Baba
Bem-aventurado Luís Baba
Mártir no Japão, da Terceira Ordem (+ 1624). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Luís Baba, mártir no Japão, nasceu de uma família japonesa de antiga tradição católica e foi catequista de Frei Luís Sotelo, franciscano. Por seu zelo e suas capacidades de catequizar foi escolhido por ele como companheiro de missão em muitas e longas viagens, uma experiência que o confirmou sempre mais em seu propósito de trabalhar no serviço da fé.
De regresso da Espanha, visitou o México e logo chegou às ilhas Filipinas. A última parte da viagem de Manilha a Nagasaki se realizou num barco de japoneses, que temendo se comprometerem por estarem transportando ao seu país os missionários (era o tempo de dura perseguição), acabaram entregando os missionários às autoridades, que os enviaram a Omura, onde o catequista viu se realizar seu antigo desejo de ser admitido à Ordem Terceira de São Francisco e vestir seu hábito.
Na manhã de 25 de agosto de 1624, o governador de Omura notificou Luís Baba e outros quatro prisioneiros com a sentença que os condenava ao suplício do fogo. Diante da notícia, deram graças a Deus. Antes de serem conduzidos ao suplício, o governador os submeteu a interrogatório perguntando-os seus nomes e sua especialidade. Os santos confessores da fé foram conduzidos ao lugar da execução próximo de Omura, onde foram mortos os mártires e bem-aventurados Apolinário Franco e seus companheiros. No local, foram amarrados nos postes e queimados vivos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Rainiero do Santo Sepulcro
Bem-aventurado Rainiero do Santo Sepulcro
Religioso da Primeira Ordem (+1304). Teve seu culto aprovado por Pio VII no dia 18 de dezembro de 1802.
Rainiero Sinigardi nasceu em Arezzo, Toscana. Ainda jovem abandonou os bens da terra e se consagrou a Deus para assegurar os bens do céu. Se fez Irmão Menor decidido a viver a vida oculta com Cristo em Deus, seguindo as pegadas de São Francisco. Foi recebido no noviciado de Arezzo e escolheu para si o estado religioso não clérigo.
De imediato se propôs a imitação de Jesus Cristo na medida em que o permitia a natureza humana, propósito que renovou durante toda sua vida, chegando a ser modelo de humildade, de pobreza, de obediência e de paciência.
Quanto mais se esforçava por ocultar-se aos olhos dos homens, tanto mais glorificava Deus na sua humildade e com o esplendor dos milagres.
Rainiero Sinigardi parece ter sido amigo de Frei Masseu, um dos discípulos prediletos de São Francisco, de quem recebeu notícias detalhadas a respeito da célebre indulgência do “Perdão de Assis” ou “da Porciúncula”, recolhendo diligentemente os testemunhos e os transmitindo por escrito para a história.
Viveu a última parte de sua vida no Santo Sepulcro, na cidade que surgiu ao redor das relíquias do Santo Sepulcro de Jerusalém. Sobre a paixão de Jesus moldou sua própria vida, subindo misticamente à cruz e permanecendo nela até a morte, numa espécie de grande e afetuoso abraço.
No dia 1º de novembro de 1304, no convento de Santo Sepulcro, sua alma se reuniu com os Santos no Paraíso. A partir dali, a fama de seus milagres se espalhou por outras regiões.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Tomás de Florência
Bem-aventurado Tomás de Florência
Religioso da Primeira Ordem (1370-1447). Aprovou seu culto Clemente XIV no dia 24 de agosto de 1771
Tomás nasceu em Florência em 1370. Na juventude, ficou conhecido por suas más companhias. Mas depois, edificado pela piedade e mortificação de Angel Paz e de seus confrades de uma pia união, decidiu-se converter.
Depois de uma boa confissão, abandonou suas más companhias e os lugares de vício e decidiu abandonar o mundo para entrar no vizinho convento de Fiesole. Dirigiu-se ao célebre pregador João de Stroncone rogando para aceitá-lo. Por sua vida escandalosa teve um pouco de dúvida, mas logo quando notaram sinais evidentes de sua conversão sincera, em 1400 foi aceito entre os Irmãos Menores. Tinha então 30 anos.
Prontamente se distinguiu pelas virtudes da penitência e mortificação. Depois do noviciado, foi nomeado mestre de noviços. Os muito discípulos formados em sua escola testemunharam o zelo, a disciplina e a competência com que atendeu a este delicado ofício. Em 1420, ao voltar da Calábria, onde havia estado com João de Strocone, foi autorizado por Martin V a dirigir uma luta contra os hereges da república de Siena e do território de Piombino. Dois anos depois, São Bernardino de Sena, com a morte de Juan de Stroncone ocorrida em 1418, nomeou Tomás comissário provincial dos conventos por ele fundados em Scarlino, Radicondoli e outros lugares.
Em Scarlino, Tomás estabeleceu sua residência e ali permaneceu até 1439. Ali instituiu o noviciado designando mestre de noviços ao Bem-aventurado Antônio de Stroncone, sobrinho de João. Em 1439, o bem-aventurado Alberto de Sarteano, nomeado por Eugênio IV esteve com os Jacobitas de Síria, Egito e Etiópia, junto com outros confrades escolhidos como colaboradores, entre eles, Tomás. Acolhidos favoravelmente pelo Sultão do Egito, os enviados do Papa desenvolveram sua missão. O bem-aventurado Alberto se adoentou e se viu forçado a regressar à Itália em 1441, pelo que delegou ao bem-aventurado Tomás a fazer suas vezes. Em seguida, com três companheiros viajou à Etiópia. Duas vezes foram presos pelos muçulmanos. Submetidos aos tormentos da fome e da flagelação, estavam a ponto de ser assassinados. Foram liberados por mercadores florentinos, por gestão do bem-aventurado Alberto, que conseguiu fazer chegar a tempo o dinheiro necessário para o resgate. Em 1445 regressou à Itália. Próximo de Rieti se adoentou, sendo levado ao Convento de São Francisco, onde morreu no dia 31 de outubro de 1447.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Angelo de Acri
Bem-aventurado Angelo de Acri
Sacerdote da Primeira Ordem (1669-1739). Beatificado por Leão XII em 1825.
Angelo nasceu em Acri, Calábria, no dia 19 de outubro de 1669, filho de Francisco Falcone e Diana Enrico. Ingressou no noviciado entre os Irmãos Menores Capuchinhos de Acri (Cosenza) e depois de um período de perplexidade devido ao temor de não poder realizar em si os ideais da Ordem, em 1691 emitiu os votos. Terminados os estudos e ordenado sacerdote, se consagrou à pregação: uma pregação simples e ardente, despojada de retórica e acompanhada de milagres, que teve um grande e benéfico impulso, especialmente entre o povo do campo da Itália meridional.
No começo de seu apostolado foi desalentador. Por isso, depois de um primeiro fracasso, rogou ao Senhor que lhe desse o dom da palavra e o Senhor lhe abençoou.
Foi eleito ministro provincial e várias vezes superior dos conventos. Quando estava no púlpito, as idéias surgiam em abundância como por inspiração divina. As primeiras dioceses por ele evangelizadas foram: Cosenza, Rossano, Bisignano, San Marco, Nicastro e Oppodo Lucano. Enquanto pregava nesta última cidade, apareceu sobre sua cabeça uma estrela luminosa, que foi admirada por todos os presentes. As conversões foram muitas.
Frequentes foram em sua vida os êxtases; muitas vezes foi visto se elevando da terra.
Seis meses antes de sua morte foi atacado de cegueira. No dia 30 de outubro de 1739, com a idade de 70 anos, com os Nomes Santíssimos de Jesus e de Maria em seus lábios, expirou serenamente. Seu túmulo se tornou um lugar de peregrinação por seus milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Cristóvão da Romanha
Bem-aventurado Cristóvão da Romanha
Sacerdote companheiro de São Francisco, da Primeira Ordem (1172-1272). Aprovou seu culto São Pio X no dia 12 de abril de 1905.
Não se sabe ao certo o lugar exato do seu nascimento. O que sabemos sobre a sua origem foi transmitido por Bernardo de Bessa, seu companheiro no convento de Cahors, em 1304, 32 anos depois de sua morte. Nesse relato pode se ler: “Cristóvão era natural das regiões da Romanha (Itália do Norte). Já era sacerdote e encarregado em uma paróquia quando decidiu renunciar aos bens terrenos e seguir o Bem-aventurado Francisco, então ainda vivo, tomando o hábito e a forma de vida da Ordem dos Frades Menores. Tendo recebido do Santo Fundador uma bênção especial, foi para a região da Aquitânia, onde se consagrou ao serviço de Cristo buscando a perfeição”.
A juventude foi emoldurada pela piedade cristã que o preparou para o estado sacerdotal e para a vida religiosa franciscana, na qual ingressou nos primeiros meses de 1216, quando contava já 45 anos de idade, depois de ter sido durante bastante tempo pároco em Santa Maria de Valverde. Foi no Capítulo Geral reunido em Santa Maria dos Anjos, no Pentecostes de 1216, que ele se encontrou com São Francisco, de quem se tornou afetuoso discípulo.
Destinado à França, com mais uns 30 irmãos, para lá partiu sem mais delongas, mas o acolhimento na França não foi muito lisonjeiro. Durante bastante tempo tiveram de passar fome e frio. Até que por fim o povo simples reconheceu naqueles filhos de São Francisco verdadeiros servos de Deus, cujo teor de vida era a oração, o desprezo das coisas terrenas e a caridade generosa, sobretudo nos hospitais. A desconfiança inicial transformara-se em profunda veneração, e começaram rapidamente a surgir conventos para os quais não faltavam numerosas vocações.
Em 1219, Cristóvão regressou a Assis para novo capítulo geral. Nessa altura, a Aquitânia já tinha sido elevada à categoria de província franciscana, e o primeiro ministro provincial para ela nomeado foi precisamente Frei Cristóvão. De regresso à França, reassumiu também o apostolado da pregação, em especial contra os hereges albigenses que infestavam aquelas regiões.
Fundou novos conventos em várias localidades, e em Cahors um mosteiro de clarissas, de que foi diretor espiritual durante muitos anos. Em 1224 celebrou em Arles o capítulo provincial em que esteve presente Santo Antônio de Lisboa, que também fora para a França em missão contra os albigenses. O encontro dos dois santos foi motivo de grande alegria para ambos. Enquanto Santo Antônio pregava aos religiosos reunidos em capítulo, apareceu no meio deles o Seráfico Pai com os braços abertos em forma de cruz, e foi visto por todos, que se sentiram felizes por essa graça do Santo Fundador.
Frei Cristóvão também esteve presente em Assis no dia 3 de outubro de 1226, no Trânsito de São Francisco. Foi chamado pela irmã morte corporal quando contava 100 anos de idade, a 31 de outubro de 1272, com 56 anos de ativa e exemplar vida religiosa.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.