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Santa Maria, Mãe de Deus
O Verbo de Deus veio para socorrer a descendência de Abraão, como afirma o Apóstolo, e por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos e assumir um corpo semelhante ao nosso.
É para isso que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi d’Ela que o Verbo assumiu como próprio aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura recorda este nascimento e diz: Envolveu-O em panos; além disso, proclama ditosos os peitos que amamentaram o Senhor e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito.
O anjo Gabriel tinha anunciado esta concepção com toda a precisão e prudência; não lhe disse: «O que há-de nascer em ti», como se tratasse de algo extrínseco, mas de ti, para indicar que o fruto deste nascimento procedia realmente de Maria.
O Verbo, ao tomar a nossa condição humana e ao oferecê-la em sacrifício, assumiu-a na sua totalidade, para nos revestir depois a nós da sua condição divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.
Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como disseram alguns. Longe de nós tal pensamento! O nosso Salvador foi verdadeiramente homem e assim alcançou a salvação do homem na sua totalidade. Não se trata de uma salvação fictícia, nem se limita a salvar o corpo: o Verbo de Deus realizou a salvação do homem todo, isto é, do corpo e da alma.
Portanto, era verdadeiramente humana a natureza do que nasceu de Maria, segundo as divinas escrituras; era verdadeiramente humano o corpo do Senhor. Verdadeiramente humano, quero dizer, um corpo igual ao nosso. Maria é, de fato, nossa irmã, porque todos descendemos de Adão.
O que João afirma ao dizer: O Verbo Se fez homem, tem um significado semelhante ao que se encontra numa expressão paralela de São Paulo quando diz: Cristo fez-Se maldição por nós. Pela união e comunhão com o Verbo, o corpo humano recebeu um enriquecimento admirável: era mortal e passou a ser imortal, era animal e converteu-se em espiritual, era terreno e transpôs as portas do Céu.
Por outro lado, a Trindade, mesmo depois da encarnação do Verbo em Maria, continua a ser a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição, permanecendo sempre na sua perfeição absoluta. E assim se proclama na Igreja: a Trindade numa única divindade; um só Deus, no Pai e no Verbo.
Fonte: Secretariado Nacional da Liturgia
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São Martinho da Ascensão
Mártir no Japão, sacerdote da Ordem Primeira (1567-1597). Canonizado por Pio IX a 08 de junho de 1862.
A 05 de fevereiro de 1597, em Nagasaki, morreram crucificados seis religiosos Frades Menores e dezessete terciários franciscanos. Era o final de um longo calvário, que se alastrou por cidades e regiões, entre suplícios de todo gênero, acolhimentos triunfais por parte dos cristãos e pagãos. Apesar da natureza da perseguição contra a Igreja, desencadeada pela instigação dos bonzos, não se fechou a época da assombrosa difusão do cristianismo no Japão.
Martinho da Ascensão nasceu da família Loinez de Beasáin, perto de Pamplona (Espanha) em 1567. Aos quinze anos foi enviado por sua família a Alcalá para estudar filosofia e teologia. Mas em 1585, pediu para ser admitido na Ordem dos Frades Menores no convento de Augnon. Feita a profissão solene, no ano seguinte foi enviado ao convento de São Bernardino de Madri, onde viveu exemplarmente entre penitências e mortificações. Ordenado sacerdote, solicitou ir para as missões e, do convento de S. Ângelo de Alcalá, foi enviado para o México (1590), onde ensinou filosofia e teologia no convento de Churubusco. Logo foi enviado para as Filipinas, lecionando em Luzón. Em 1595, Frei Martinho, junto com seu aluno Francisco Blanco, foi enviado para as missões no Japão.
Em Meaco, perto de Osaka, exerceu o ofício de guardião e desempenhou grande atividade apostólica. Ao fim do mesmo ano desencadeou grande atividade apostólica. Ao fim do mesmo desencadeou a perseguição e Martinho foi arrastado com três terciários franciscanos: Joaquim Saccakibara, Tomás e Antônio Kosaki, respectivamente de 15 e 13 anos.
Com os Jesuítas Santiago Kisai, Paulo Miki e João Soan de Goto foram levados a Meaco, onde outros cristãos já se encontravam presos. Cortaram-lhes a orelha esquerda e logo foram expostos às zombarias do povo das cidades por onde passavam a caminho de Nagasaki. Ali foram crucificados com outros 25 companheiros. Morreu rezando o salmo 116, “Louvai o Senhor todos os povos”.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Edição Porziuncola
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Santíssimo Nome de Jesus
O Santo Nome de Jesus sempre foi honrado e venerado na Igreja desde os primeiros tempos. Só no século XIV começou a propagar o culto litúrgico. Os franciscanos difundiram esta devoção com entusiasmo e fervor. Logo foi instituída a festa litúrgica e, em 1530, o Papa Clemente VII autorizou o culto litúrgico e o Ofício divino na Ordem Franciscana.
São Francisco alimentava muita ternura para com o nome de Jesus. Se encontrasse pedaços de papel com o nome de Jesus escrito, os recolhia com medo de serem pisoteados. De igual maneira deviam fazer os irmãos. Quando pronunciava este nome, não podia seguir falando por causa da íntima doçura que o envolvia.
O mais fervoroso propagador da devoção do Santíssimo Nome de Jesus foi São Bernardino de Sena. Para ele o nome de Jesus foi o meio eficaz para reconduzir os povos a uma vida evangélica, para despertar a fé e afugentar os vícios.
São João de Capistrano, à frente do exército cristão, invocando o nome de Jesus em Belegrado derrotou e pôs em fuga as tropas mulçumanas. São João de Marca, invocando este nome, curou enfermos, expulsou demônios, realizou milagres. São Leonardo de Porto Maurício, os beatos Alberto de Sarteano, Bernardino de Feltre, Mateus de Agrigento, Marcos Fantuzzi de Bolonha e muitos outros foram apóstolos e difusores desta devoção.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Santa Ângela de Foligno
Viúva, mística da Terceira Ordem (1248-1309). Clemente XI, no dia 7 de maio de 1701, concedeu em sua honra ofício e missa.
A história de Santa Ângela, considerada uma das primeiras místicas italianas, poderia ser o roteiro de um romance ou novela, com final feliz, é claro. Transformou-se de mulher fútil e despreocupada em mística e devota, depois literata, teóloga e, finalmente, santa. A data mais aceita para o nascimento de Ângela, em Foligno, perto de Assis e de Roma, é o ano 1248. Ela pertencia à uma família relativamente rica e bem situada socialmente. Ainda muito jovem casou-se com um nobre e passou a levar uma vida ainda mais confortável, voltada para as vaidades, festas e recreações mundanas. Assim viveu até os trinta e sete anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida.
Num curto espaço de tempo perdeu os pais, o marido e todos os numerosos filhos, um a um. Mas, ao invés de esmorecer, uma mulher forte e confiante nasceu daquela seqüência de mortes e sofrimento, cheia de fé em Deus e no seu conforto espiritual. Como conseqüência, em 1291 fez os votos religiosos, doando todos os seus bens para os pobres e entrando para a Ordem Terceira de São Francisco, trocando a futilidade por penitências e orações. O dom místico começou a se manifestar quando Santa Ângela recebeu em sonho a orientação de São Francisco para que fizesse uma peregrinação a Assis. Ela obedeceu, e a partir daí as manifestações não pararam mais.
Contam seus escritos que ela chegava a sentir todo o flagelo da paixão de Cristo, nos ossos e juntas do próprio corpo. Todas essas manifestações, acompanhadas e testemunhadas por seu diretor espiritual, Santo Arnaldo de Foligno, foram registradas em narrações que ela escrevia em dialeto úmbrio e que eram transcritas imediatamente para o latim ensinado nas escolas, para que pudessem ser aproveitados imediatamente por toda a cristandade. Trinta e cinco dessas passagens foram editadas com o título “Experiências espirituais, revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno”, livro que passou a ser básico para a formação de religiosos e trouxe para a Santa o título de “Mestra dos Teólogos”. Muitos dos quais a comparam como Santa Tereza d’Ávila e Santa Catarina de Sena.
Ângela terminou seus dias orientando espiritualmente, através de cartas, centenas de pessoas que pediam seus conselhos. Ao Santo Arnaldo, à quem ditou sua autobiografia, disse o seguinte: “Eu, Ângela de Foligno, tive que atravessar muitas etapas no caminho da penitencia e conversão. A primeira foi me convencer de como o pecado é grave e danoso. A segunda foi sentir arrependimento e vergonha por ter ofendido a bondade de Deus. A terceira me confessar de todos os meus pecados. A quarta me convencer da grande misericórdia que Deus tem para com os pecadores que desejam ser perdoados. A quinta adquirir um grande amor e reconhecimento por tudo o que Cristo sofreu por todos nós. A sexta sentir um profundo amor por Jesus Eucarístico. A sétima aprender a orar, especialmente rezar com amor e atenção o Pai Nosso. A oitava procurar e tratar de viver em contínua e afetuosa comunhão com Deus”. Na Santa Missa, ela muitas vezes via Jesus Cristo na Santa Hóstia. Morreu, em 04 de janeiro 1309, já sexagenária, sendo enterrada na Igreja de São Francisco, em Foligno, Itália.
Seu túmulo foi cenário de muitos prodígios e graças. Assim, a atribuição de sua santidade aconteceu naturalmente, àquela que os devotos consideram como a padroeira das viúvas e protetora da morte prematura das crianças. Foi o Papa Clemente XI que reconheceu seu culto, em 1707. Porém ela já tinha sido descrita como Santa por vários outros pontífices, à exemplo de Paulo III em 1547 e Inocente XII em 1693. Mais recentemente o Papa Pio XI a mencionou também como Santa em uma carta datada de 1927.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Edição Porziuncola
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Beato Rogério de Todi
Sacerdote. Discípulo de São Francisco, da Primeira Ordem (+1237). Bento XIV a 24 de abril de 1751 aprovou o seu culto.
A primeira Clarissa a ser honrada com culto público não foi Santa Clara, mas a Beata Felipa Mareri, morta em 1236, quando Santa Clara todavia, vivia em São Damião de Assis. Ao nome e à vida da Beata Felipa, está ligada a vida e a figura do Beato Rogério, de Todi, na Úmbria. Ele conheceu pessoalmente S. Francisco e foi um de seus primeiríssimos seguidores, junto com Bernardo de Quintavale, Gil, Leão, Silvestre.
São Francisco costumava dizer: “verdadeiro irmão menor é aquele que possui a fé de Frei Bernardo, a simplicidade e pureza de Frei Leão, a benignidade de Frei Ângelo, a presença agradável de Frei Masseo, a paciência de Frei Junípero, a solicitude de Frei Lúcido e a caridade de Frei Rogério”.
Por seu equilíbrio, associado ao mais fervoroso zelo missionário, foi enviado por Francisco à Espanha para implantar ali a Ordem Franciscana. Erigiu conventos, acolheu religiosos, que soube formar no espírito seráfico e os organizou como Província religiosa. Terminando a sua missão, regressou à Itália. S. Francisco, então, lhe confiou a direção espiritual do mosteiro das clarissas fundado pela Beata Felipa Mareri, depois que esta mulher de vida excepcional e quase desconcertante, contemplou na solidão de um eremitério rural a sua vocação de penitente e de guia de outras mulheres penitentes.
Com os sábios conselhos do franciscano Rogério, a comunidade de Felipa Mareri, que a princípio havia tido caráter um pouco irregular, ou melhor, não bem definido, se firmou exemplarmente na Regra da Segunda Ordem – a mesma que S. Francisco havia ditado para Santa Clara e suas irmãs, e que já possuía copiosos frutos espirituais. Felipa Mareri se ligou com afetuosa devoção com o franciscano de Todi, sob cuja direção a comunidade por ela querida, progredia tão claramente na perfeição. Quando a Beata de Rieti esteve próxima da morte, pedia a presença do Beato de Todi. Nos odes fúnebres a invocou como se faz aos santos.
Rogério sobreviveu pouco a sua filha espiritual. Viveu em Todi, onde fulgurou em novos exemplos de santidade. Meditava amiúdo no nascimento de Jesus, o qual muitas vezes lhe apareceu sob a forma de menino e teve a alegria de apertá-lo carinhosamente em seus braços. Uma mulher paralítica voltou a caminhar, depois de ter recebido sua bênção. Outra mulher afetada de loucura, que se descontrolava com gritos e ações descompostas, ao contato de sua mão, ficou completamente sã.
A 05 de janeiro de 1237 foi chamado por Deus ao prêmio eterno o servo fiel e bom. Gregório IX, que o conheceu pessoalmente, lhe outorgou o título de Beato.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Edição Porziuncola
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São Carlos de Sasso Romano
Religioso da Primeira Ordem (1613-1670). Canonizado por João XIII, em 12 de abril de 1959.
Chamava-se João Carlos Melchiori, nascido em Sezze, a 19 de outubro de 1613. Passou sua juventude num povoado de Lácio. Aos 22 anos se fez irmão menor, em Nazzano e emitiu os votos solenes em 19 de maio de 1636. Viveu em vários conventos de Lácio e preferiu permanecer como irmão converso desenvolvendo sua atividade como esmoler, hortelão, cozinheiro, sacristão. Desejou partir como missionário para Índia, mas não chegou a satisfazer o seu desejo. Permaneceu em Roma, último entre os irmãos de São Francisco, mas o primeiro na obediência, na castidade e na pobreza. Um verdadeiro franciscano, com a alma inundada de profunda alegria.
Para comunicar também aos demais esta seráfica alegria, desenvolveu o dom de poeta, escrevendo versos singelos e emocionantes, num estilo popular, com acentuado sabor de Lácio. Pelas suas poesias, São Carlos de Sezza o considerou herdeiro de Jacopone de Todi, pois sua poesia era fruto da plenitude de amor divino. Este “escritor sem letras”, como ele mesmo se chamava, escreveu muitas obras nem todas publicadas. Entre as publicadas estão: “As três vias”, “O Sagrado Septenário”, “Os Discursos sobre a vida de Jesus”, sua “Autobiografia”, escrita com seráfica candura por ordem de seu confessor.
Em outubro de 1648, enquanto rezava na Igreja de São José, o seu coração foi transpassado por um dardo de luz, que partiu da Hóstia consagrada, fazendo-o chagado por toda sua vida. A chama do amor de Deus e dos irmãos o levou a uma alta sabedoria.
O objetivo de sua vida foi oferecer-se a Deus em holocausto: puro e perfeito, na humildade, na penitência, na devoção ardente à Paixão de Cristo, à Eucaristia, à Virgem Imaculada. Deus lhe reservou grandes dons: visões e revelações, conhecimento das verdades teológicas e ascéticas, chaga de amor no coração. O segredo da sua santidade estava na oração, na austera penitência, no esforço contínuo para viver com Jesus sua paixão e morte redentora. Por muitos anos, na qualidade de esmoleiro de porta em porta em Roma, buscou as almas, levou a mensagem evangélica para trazer todos para Deus. Morreu em 6 de janeiro de 1670.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Edição Porziuncola
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Mateus de Agrigento
Bem-aventurado Mateus de Agrigento
Bispo da Primeira Ordem (1380-1451). Aprovou seu culto Clemente XIII, em 22 de fevereiro de 1767.
Mateus de Gallo Cimarra nasceu em Agrigento em 1380 de pais oriundos da Espanha, no mesmo ano em que nasceu São Bernardino de Sena. Sua mãe o educou no santo temor de Deus, na bondade, na pureza da fé mais fervorosa. O jovem correspondeu generosamente aos cuidados maternos. Aos 18 anos se fez franciscano; na Espanha se doutorou em filosofia e teologia, e ordenou-se sacerdote em 1403. Ensinou a seus co-irmãos na Espanha por espaço de quatro anos.
Quando São Bernardino de Sena começou seu apostolado por toda Itália, Mateus partiu da Espanha e foi a Sena, onde foi escolhido por São Bernardo, como companheiro de apostolado. Os dois trabalharam juntos durante 15 anos na difusão do culto ao Santíssimo Nome de Jesus e na devoção à Nossa Senhora, empenhando-se em volver o primitivo ideal da Ordem Franciscana. Edificou muitos novos conventos, centros de espiritualidade franciscana. Em 1443, foi eleito Provincial de Sicília, que contava com 50 conventos, dos quais, 38 tinham o nome de Santa Maria de Jesus.
Com o Santo Nome de Jesus, percorreu a Sicília, pregou o Evangelho, recordou aos sacerdotes sua dignidade, reavivou a fé do povo, converteu pecadores; sua pregação foi confirmada por milagres. Foi mestre e formador de futuros santos, o quais quis como colaboradores: Beato João de Palermo, Cristóvão Giudici, Gandolfo de Agrigento, Arcângelo de Calatafimi, Lourenço de Palermo e Santa Eustóquia de Messina.
São Bernardino de Sena havia sido acusado de herege diante de Martinho V por haver pregado o culto ao Nome de Jesus. O Beato Mateus e São João de Capistrano defenderam energicamente ao grande mestre. E o processo terminou com triunfo.
Eugênio V, o nomeou bispo de Agrigento, tendo sido consagrado em 30 de janeiro. Desenvolveu uma intensa atividade; transformou o seu rebanho, extirpou os abusos, restaurou a disciplina, destinou aos pobres as rendas de seu bispado e combateu a simonia. Foi injustamente acusado diante de Eugênio IV, quem o chamou a si e reconheceu sua inocência. Depois de três anos de episcopado, renunciou a diocese e obteve permissão do Papa para voltar ao convento de Santa Maria de Jesus de Palermo, onde viveu os últimos anos em oração e solidão, dando exemplo de admiráveis virtudes. Em 7 de janeiro de 1451, passou para o descanso eterno. Tinha 71 anos. Seu sepulcro se fez célebre por freqüentes milagres acontecidos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Edição Porziuncola
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São Francisco Blanco
Mártir no Japão, sacerdote da Primeira Ordem (1567-1597). Canonizado por Pio IV, em 8 de junho de 1862 (sua festa é em 5 de fevereiro).
Em 5 de fevereiro de 1597 em Nagasaki morreu crucificado junto com outros 22 companheiros. Francisco Blanco nasceu nos arredores de Monterrey, na Galícia (Espanha). Enviado por seus pais à Universidade de Salamanca, foi admirado por sua inteligência e sua pureza de coração.
Muito jovem abandonou tudo e se fez irmão menor na Província de São Tiago de Compostela. No convento aparecia a todos como um anjo de piedade e de inocência, chegando a um grau tão sublime de perfeição seráfica, que, quando seus coirmãos que o haviam conhecido e apreciado souberam da notícia de seu martírio, diziam que ele havia conquistado três coroas: a do martírio, a da santidade e a da inocência.
O Pe. Ortiz, quem havia encaminhado 16 religiosos franciscanos para a missão de Filipinas, lhe deu o consentimento, para associar-se a expedição, na qualidade de diácono. Foi ordenado sacerdote durante a permanência dos missionários no México. Terminados os estudos teológicos em Manila, sob a direção de São Martinho da Ascensão, viajou com ele ao Japão, onde o Senhor lhe reservava a palma do martírio.
Preso em 9 de dezembro de 1596 em Osaka, foi levado com seus companheiros a Meaco, em 2 de janeiro; lá cortaram a orelha esquerda de todos, foram levados em um carro, expostos à gozação do povo, até chegar a Nagasaki, onde foram crucificados, em 5 de fevereiro de 1597.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Felipe de Jesus
Mártir no Japão, clérigo da Primeira Ordem (1574-1597). Canonizado por Pio IX, em 08 de junho de 1862.
Felipe de Jesus nasceu no México, filho de Afonso Las Casas e Maria Martinez. De caráter vivaz, indisciplinado, indócil e brigão. Um bom dia disse à sua mãe: “Decidi fazer-me franciscano”. A mãe não acreditou. O filho lhe disse: “Tu te ris, porém, convence-te, tão logo, me verás vestido com o hábito franciscano.” Nesse mesmo ano realizou seu sonho, porém, durou pouco seu noviciado, e regressou à casa. Seus pais o enviaram à Manila, nas Filipinas, para se dedicar ao comércio. Porém, ali seguiu seu estilo de vida de diversões e esbanjamentos com seus amigos até ficar sem nada de dinheiro. Então, os amigos o abandonaram. Arrependido, pediu perdão a Deus e suplicou aos irmãos menores que o admitissem novamente na Ordem. Atendido em seu pedido, dedicou-se à oração e à penitência, vivendo na íntima união com Deus, com uma vontade edificante.
Seus pais, quem haviam obtido boas notícias sobre o filho, pediram aos superiores que permitissem a Felipe regressar ao México, para terminar seus estudos e ordenar-se sacerdote. Aceita a petição, ele embarcou de Manila para o México. Na viagem, viu-se perfilar no lado do Japão, uma grande cruz branca, rodeada de viva luz, que logo se transformou em uma cruz roxa, até que uma nuvem a ocultou. Então Felipe disse: “Esta é a cruz que o Senhor me reserva no Japão”. Pouco mais tarde se desencadeou uma furiosa tempestade, que obrigou o capitão a parar perto do Japão. Então, a nave foi capturada e os passageiros feitos prisioneiros pelos japoneses. Felipe foi enviado ao convento de Osaka. Dali, foi transferido por São Pedro Batista a Meaco, para preparar-se para o sacerdócio. Porém, o Senhor lhe preparava a cruz e a palma do martírio. Junto com seus coirmãos e os outros franciscanos da Ordem Terceira foi preso e condenado à morte de cruz, na colina de Nagasaki. Tinha 23 anos. O México o escolheu como seu patrono.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola
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Gil de Lorenzana
Bem-aventurado Gil de Lorenzana
Ermita religioso da Primeira Ordem (1443-1518). Seu culto foi aprovado por Leão XIII em 24 de junho de 1880.
Gil nasceu em Lorenzana em 1443. Seus pais lhe formaram piedosamente. Desde jovem, sentiu-se atraído pela vida eremítica. Com oferendas recolhidas de esmolas, construiu um oratório dedicado a Santo Antônio de Pádua, onde passava longas horas em fervorosa oração, absorvido em profunda contemplação. O povo admirava suas virtudes e o tinha como a um santo.
Para fugir da veneração, o piedoso ermitão fez sua morada um pouco mais longe de Lorenzana, junto ao pequeno santuário de “Santa Maria do Céu”, onde o silêncio da solidão era a mais agradável permanência para uma alma sedenta unicamente de Deus. Ali renovou a vida dos antigos anacoretas: silêncio, trabalho, oração. Contentava-se com poucas horas de repouso sobre um duro estrado de arame. Os sentidos eram refreados e a alma alcançava o mais alto auge da contemplação. Mas, também esse eremitério era o lugar de frequentes peregrinações que perturbavam sua solidão. Decidiu então deixar este santuário e trabalhar colaborando com um colono que vivia junto ao convento franciscano de Lorenzana. Mais tarde, pediu e obteve o hábito franciscano, na qualidade de irmão. Sua norma de vida foi austera: cilícios e flagelos martirizavam seu corpo e seu alimento era um pouco de pão. Sua alma tinha o ardente desejo do céu, tinha frequentes arrebatamentos. Por algum tempo foi enviado ao convento de Potenza, onde conservou a mesma norma de vida.
O conde Carlos de Guevara viu um dia uma pomba pousar em sua cabeça, enquanto estava em êxtase. A uma mulher, que chorava pela longa ausência do marido, Gil lhe predisse o regresso. Uma senhora Masella Blasi de Lorenzana se curou completamente com o sinal da cruz feito em sua fronte pelo servo de Deus.
Era atormentado por espíritos malignos que o jogavam contra o chão. Às vezes os confrades ouviam os ruídos dessa insídia. Uma grave enfermidade o fez decair em pouco tempo. No leito de morte deu edificante exemplo aos confrades. Com grande devoção recebeu os últimos sacramentos. Morreu em 10 de janeiro de 1518, com 75 anos de idade. Deus o glorificou com numerosos milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Tomás de Cori
Sacerdote da Primeira Ordem (1655-1729). Canonizado por João Paulo II no dia 21 de novembro de 1999.
Francisco Antonio Placidi, assim foi batizado ao nascer em 04 de junho de 1655, na cidade de Cori, Itália. Tornou-se órfão dos pais aos catorze anos de idade, e, assim jovem, responsável pela família. Aos vinte e dois, com as duas irmãs bem encaminhadas e casadas dentro dos preceitos cristãos, ele entrou para a Ordem dos Frades Menores, no convento de Orvieto em 1677, tomando o nome de Frei Tomás.
Após cinco anos foi consagrado sacerdote, logo assumindo a condição de pregador na diocese em Subiaco, onde exerceu seu apostolado. Considerado grande professor de santidade, exímio diretor espiritual e incansável confessor, iniciava essa tarefa pela manhã terminando só à noite.
Frei Tomás de Cori foi imagem viva do Bom Pastor. Como guia amoroso, soube conduzir para as pastagens da fé os irmãos confiados aos seus cuidados, animado sempre pelo ideal franciscano.
No convento demonstrava o seu espírito de caridade, fazendo-se disponível a qualquer exigência, mesmo a mais humilde, sendo especialmente solicitado para atender os que estavam enfermos nos leitos. Ele, que durante quarenta anos, conviveu com uma ferida na perna, sem que fizesse uma única queixa ou fosse um motivo de impedimento para o exercício de suas funções e apostolado.
Como autêntico discípulo do Pobrezinho de Assis, Tomás de Cori foi obediente a Cristo. Meditou e encarnou na sua existência a exigência evangélica da pobreza e do dom de si a Deus e ao próximo. Contemplado pelo Espírito Santo com muitos dons, como o do conselho, cura, graças e prodígios, foi durante sua vida religiosa, “visitado” muitas vezes na Santa Missa, pelo Menino Jesus, a Virgem Maria e por São Francisco de Assis.
Entretanto seu nome está ligado à grande obra dos “Retiros” da Ordem Franciscana. Seguindo o exemplo do beato Boaventura de Barcelona, fundou os “retiros” de sua Ordem em Civetela e Palombara Sabina, ambos na Itália. As rígidas regras para as orações e vida religiosa se estenderam para todos os “Retiros” da sua Ordem em 1756, e se mantém até hoje na íntegra com a sua assinatura. Eles também serviram de base para os “retiros” de outras Ordens religiosas.
Toda a vida de Tomas de Cori se mostrou assim como sinal do Evangelho, testemunho do amor do Pai celeste, revelado em Cristo e operante no Espírito Santo, para a salvação do mundo. Ele que morreu no dia 11 de janeiro de 1729, foi beatificado em 1786 e canonizado pelo papa João Paulo II em 1999.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Bernardo de Corleone
Religioso da Primeira Ordem (1605-1667). Beatificado por Clemente XII no dia 15 de março de 1768 e canonizado por São João Paulo II em 10 de junho de 2001.
Bernardo nasceu na pequena cidade de Corleone, na Sicília, Itália, aos 6 de fevereiro de 1605 e recebeu o nome de Filipe Latino ao ser batizado. Seus pais tinham cinco filhos, e eram bastante respeitados por todos, pelos princípios rígidos morais e de cristandade, com um dos filhos sacerdote. Consta que seu pai era um sapateiro e curtidor de peles, muito justo, bondoso e caridoso, que acolhia em sua casa os necessitados, dando-lhes condições de banharem-se para depois alimentá-los e vesti-los. Foi nesse ambiente que o jovem Filipe, alto forte e de caráter violento, amante das lutas e armas, se desenvolveu.
Certo dia, ele foi provocado por um rapaz e num momento de ira, bruscamente com a espada arrancou o braço do agressor. Nesse momento, nasceu um novo homem que arrependido pediu perdão ao rapaz, atitude que foi aceita. Depois disso, os dois se tornaram amigos. Desde então modificou sua personalidade encontrando na vida religiosa sua verdadeira vocação, conforme a vontade de Deus, como disse até o momento de sua morte.
Ele deixou sua cidade natal e ingressou para o noviciado no convento de Caltanissetta em Palermo. Alí abraçou plenamente seu novo caminho tornando-se irmão leigo da Ordem terceira dos frades menores capuchinhos, no dia 13 de dezembro de 1631, adotando o nome de frei Bernardo.
Trabalhando como cozinheiro, viveu no mosteiro uma existência simples e humilde. Mas além dessa função, Bernardo se dedicava aos doentes como enfermeiro e tratava inclusive dos animais enfermos, pois na sua época eles eram muito úteis para a sobrevivência das famílias. Bernardo enriquecia ainda mais sua vida espiritual, fazendo penitências, mortificações e longos períodos de orações para o bem da comunidade, demonstrando assim sua personalidade forte, agora impregnada de um profundo amor por toda a humanidade.
Ele desenvolveu, uma forte paixão pela Eucaristia, que recebia todos dias. Quando se encontrava diante do Sacrário, concentrado em oração, o tempo, para ele, deixava de existir e não raro as pessoas se comoviam com a pureza de sua atitude. Além disso, ajudava o sacristão em suas tarefas diárias, para ficar ainda mais perto de Jesus Eucarístico.
Bernardo era muito solidário com seus companheiros frades e com toda a comunidade. Assim, quando ocorria uma catástrofe na cidade, como um terremoto ou furacão, típicos da região, Bernardo ajoelhava-se orando em penitência diante do Sacrário dizendo essas palavras: “Senhor, desejo essa graça!”. O resultado sempre era favorável, pois as calamidades cessavam, poupando uma desgraça maior.
A sua simplicidade se assemelhava aos primeiros e genuínos capuchinhos, nostálgico das origens e fascinado pela experiência da vida de ermitão. Um grande júbilo acompanhava esta sua devoção mariana, cheia de calor, fantasia e festividade, de fato contagiante. O seu amor a Nossa Senhora era incontestável e sublime.
Bernardo, comovia não só por sua extraordinária penitência. Mas porque tinha grande delicadeza e doçura na atenção para com os outros, uma alegria e plenitude de vida que impressionava. Aos frades forasteiros fazia festa, para os pobres estava sempre disponível e para os doentes tinha um coração materno. Assistir-lhes e servir-lhes era a sua felicidade.
Após 35 anos de vida religiosa, faleceu no dia 12 de janeiro de 1667, em Palermo, onde seus restos mortais repousam na igreja dos Capuchinhos, dessa cidade na Sicília, Itália. Tinha 62 anos de idade. O Papa Clemente XIII o elevou ao altar da Igreja como Beato em 1768. Em 2001, o Papa São João Paulo II declarou Santo Frei Bernardo de Corleone.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Francisco de São Miguel
Mártir no Japão, religioso da Primeira Ordem (1543-1597). Canonizado por Pio IX em 8 de junho de 1862.
Nasceu na Diocese de Palência, na Espanha, em 1543, de uma família profundamente religiosa. Desde pequeno se distinguiu pela piedade, modéstia, pureza e amor à oração.
Em 1556 vestiu o hábito de São Francisco, na Ordem dos Frades Menores. Em sua humildade preferiu ser irmão, feliz de poder se dedicar aos serviços da casa, exercendo-os com alegria.
Desejoso de maior austeridade, pediu para ser admitido na Província de São José, fundado pelo asceta São Pedro de Alcântara. Teve uma grande sede do martírio e de dedicar sua vida à obra da evangelização. Foi designado como companheiro de São Pedro Batista para a viagem ao México e Filipinas. Na sua última missão, mesmo não sendo sacerdote, recebeu a tarefa de pregar o evangelho na Província das Ilhas Canárias, onde pela palavra, confirmou grandes prodígios, desencadeando inúmeras conversões.
No Japão, trabalhou muito pela conversão dos japoneses. Em 9 de dezembro de 1596 foi detido em Osaka e mudado para Meaco, onde teve a sua orelha esquerda cortada. Junto com os seus companheiros em Nagasaki, foi crucificado. Tinha 54 anos de idade. A execução do martírio foi presenciado por inúmeros cristãos e marinheiros portugueses.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Odorico de Pordenone
Bem-aventurado Odorico de Pordenone
Sacerdote missionário da Primeira Ordem (1265-1331). Seu culto foi aprovado por Bento XIV em 2 de julho de 1775.
Nascido em Villanova de Pordenone, Odorico foi um tipo de Marco Pólo, de hábito, viajando em benefício das almas. Antes de pedir permissão para ir ao Oriente como missionário, havia levado uma vida eremítica. Humilde e penitente, foi rigoroso e silencioso. Vestia uma túnica marrom, caminhava descalço e se alimentava de pão e água, preparado para a sua missão.
Sua viagem foi difícil e longa, durando 33 anos. Chegou na Armênia, atravessando a Pérsia e em Ormuz embarcou novamente para chegar na Índia. Ali conheceu as relíquias de quatro franciscanos martirizados. Finalmente chegou a Zaiton, no sul da China. Nesse lugar, Frei Odorico sentiu-se em casa. Fazia quase um século que os Irmãos Menores não tinham ido ao Oriente.
Odorico realizou mais de vinte mil batizados, porém, o velho arcebispo quis que o frade regressasse à Itália para contar ao Papa a situação do Oriente e para pedir novos missionários para a extensa diocese. Odorico se pôs a caminho por terra e em dois anos estava de regresso a Veneza, indo de imediato ao Papa am Avignon, mas em Pisa ficou doente gravemente.
No Convento de Pádua, falou ao seu confrade a respeito da sua viagem e as atividades dos missionários franciscanos no Extremo Oriente, que deveria ser dito ao Papa. Odorico veio a falecer no Convento de Udine, em 14 de janeiro de 1331, com 66 anos de idade. Outros franciscanos missionários partiram para Kambalik para prosseguir a obra apostólica iniciada e desenvolvida pelos invictos pioneiros do Evangelho.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Beato Marcelo Espínola
Cardeal-arcebispo de Sevilha, da Terceira Ordem (1835-1906). Foi co-fundador das Escravas do Divino Coração e beatificado por São João Paulo II em 29 de março de 1987.
“O arcebispo mendigo” era assim chamado pelo seu amor franciscano à pobreza e pela caridade inesgotável para com os pobres. Nasceu de nobre família, em São Fernando. Seguiu os ensinamentos de seu pai, doutorando-se em jurisprudência. Em Huelva abriu um escritório para atender gratuitamente os pobres. Deixando a profissão de advogado, entrou no Seminário de Sevilha e recebeu a ordenação sacerdotal em 1864.
Como capelão e logo depois como pároco, demonstrou um grande zelo pastoral, dedicando-se maior parte do tempo no ministério da reconciliação. Foi nomeado em 1879, cônego da Catedral de Sevilha e mais tarde bispo auxiliar da mesma arquidiocese. Promovido bispo de Coria-Cáceres em 1884, desenvolveu intenso apostolado, visitando as áreas mais pobres da Espanha.
Transferiu-se para a diocese de Málaga e dez anos mais tarde tornou-se arcebispo de Sevilha. Pio X o fez cardeal em 1905. Morreu em Sevilha aos 71 anos de idade. Distinguiu-se por seu zelo infatigável pela salvação das almas, espírito de oração, intensa mortificação e sua atitude paternal para com os sofredores e marginalizados.
De caráter sensível, humilde, alegre, foi um verdadeiro franciscano, profundo imitador de Cristo. Dele se pode dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu, me enviou a anunciar aos pobres a boa nova, curar os corações aflitos” (Lc 4,18).
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Mártires no Marrocos
Mártires no Marrocos (+1220). Canonizados por Sixto IV em 7 de agosto de 1481.
Berardo, sacerdote da Primeira Ordem, foi ótimo pregador e conhecedor da língua árabe, e seus companheiros Pedro e Oto foram sacerdotes, enquanto Acursio e Adjuto, clérigos. Todos deram a vida por Cristo em Marrakech, em 16 de janeiro de 1220.
O bem-aventurado Francisco, movido pela inspiração divina, escolheu seis de seus filhos e os enviou a pregar a fé católica entre os infiéis. Puseram-se a caminho pela Espanha e chegando ao reino de Aragão, Frei Vidal ficou doente, os cinco dispuseram a levar avante o trabalho. Foram a Coimbra e dali para Sevilha.
Um dia, confortados espiritualmente saíram com o propósito de visitar a mesquita principal, mas os sarracenos os impediram, empurrando-os com força, gritos e golpes. Foram depois conduzidos ao palácio do soberano, diante do qual disseram ser os mensageiros do Rei dos reis, Cristo Jesus. Fizeram uma exposição das principais verdades da fé católica e animaram os ouvintes a se batizarem. O rei, enfurecido por essa ousadia, mandou que fossem decapitados imediatamente. Mas o Conselho presente ali, sugeriu ao rei que suspendesse a sentença, mandando-os irem a Marrocos em conformidade com o desejo deles. Em Marrocos, sem perderem tempo, pregaram o evangelho. A notícia chegou até o Sultão que pediu a prisão deles.
Aí permaneceram vinte dias sem comida nem bebida, confortados apenas com a refeição espiritual. Acabado o tempo da reclusão, depois de interrogados, seguiram firmes na decisão de continuar na fidelidade à religião católica. Encolerizado, o Sultão mandou que fossem açoitados e separados uns dos outros em diversas prisões e submetidos às grandes torturas. Os policiais, após algemar os santos homens, ataram seus pés e com cordas ao redor do pescoço, arrastaram-nos com tanta violência, que quase saíram suas entranhas pelas feridas abertas em seus corpos; sobre as feridas derramaram óleo e vinagre quente. A noite toda durou esse tormento, sob a guarda de trinta sarracenos, que os flagelavam sem nenhuma consideração.
Chamados pelo Sultão, ficaram semidesnudados e descalços. O interrogatório foi repetido com as mesmas respostas, o soberano mudou de tática trazendo belas mulheres. Estas os convidavam a participar da religião maometana, as quais seriam suas próprias esposas e seriam honrados por todos no reino. A contestação foi unânime: “Não queremos, mulheres, nem dinheiro, nem honras; renunciamos a tudo isso por amor a Cristo”. Oto disse: “Não tentes mais os servos de Deus; crês que com tuas promessas vais fraquejar a nossa vontade? Não sabes que Deus vela continuamente sobre nós? Nós somos soldados intrépidos de Cristo! Nosso sangue derramado por uma causa santa e nobre, fará germinar novos cristãos”. O rei encolerizado empunhou a espada e um por um abriu uma brecha na cabeça, e logo, com sua própria mão cravou na garganta três flechadas.
Assim, morreram aos 16 de janeiro de 1220. Seus restos mortais foram transladados para Coimbra. Repousam num monumento e são venerados pelos fiéis, alcançando-lhes abundantes graças. A expedição iniciada por eles a Marrocos deu início à carreira missionária da Ordem ao longo dos séculos.
Foi por causa do martírio destes frades que Santo Antônio, ainda então agostiniano, ingressou na Ordem dos Frades Menores, com o desejo de ser martirizado assim como aqueles frades que ele próprio conhecera.
Em 1210, Fernando de Bulhões Taveira de Azevedo ingressa no Mosteiro de São Vicente, dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, nos arredores de Lisboa. Em 1220, já ordenado sacerdote e encarregado da hospedaria, ele recebe os cinco frades, que empreendiam a viagem ao Marrocos. Ele ficou admirado com o feito daqueles religiosos. Pouco tempo depois, os frades são martirizados em Marrakesh e seus restos mortais são sepultados na Igreja dos Cônegos de Santa Cruz.
O fato comoveu tanto aquele jovem religioso que ele decidiu deixar a Ordem Agostiniana para ingressar na Ordem Franciscana, mudando seu nome para Frei Antônio. Foi assim que Santo Antônio de Pádua e de Lisboa, como conhecemos, apaixonou-se pelo ideal de Francisco de Assis e tornou-se um dos santos mais conhecidos em todo o mundo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Bem-aventurado José Nascimbeni
Sacerdote da Terceira Ordem (1851-1922). Fundador das Irmãzinhas da Sagrada Família. Foi beatificado por João Paulo II em Verona, em 17 de abril de 1988.
José Nascimbeni nasceu em Torri del Benaco (diocese e província de Verona) em 22 de março de 1851. Seu pai era carpinteiro e sua mãe dona de casa. Família modesta economicamente, mas muito religiosa.
Fez os estudos elementares em sua terra natal e depois continuou no Seminário diocesano, tendo sido ordenado sacerdote em 9 de agosto de 1874. Foi mestre e vigário cooperador em São Pedro de Lavagno, em seguida em Castelletto, onde veio a ser pároco. Durante 37 anos exerceu essa função, desempenhando uma intensa atividade pastoral e social, sobretudo em favor dos jovens, dos doentes e pobres. Teve um especial cuidado para com os enfermos, aos quais levava os sacramentos.
Durante a primeira guerra mundial se pôs a serviço de assistência aos soldados. Para atender às necessidades do povo pelas obras de caridade espiritual e corporal, fundou em 4 de novembro de 1892 as Irmãzinhas da Sagrada Família com a colaboração da serva de Deus, Maria Dominga Mantovani.
Em 31 de dezembro sofreu uma hemiplegia esquerda enquanto celebrava a Eucaristia, enfermidade esta que aceitou com paciência e fé até 21 de janeiro de 1922, quando veio a falecer. Tinha 71 anos de idade. Suas últimas palavras foram: “Viva a morte, porque é o princípio da vida”!
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Bv. Manoel Domingos e Sol
Sacerdote da Ordem Franciscana Secular (1836-1909). Fundador dos Sacerdotes Operários do Sagrado Coração de Jesus. Foi beatificado por São João Paulo II em 29 de março de 1987.
Nascido em Tortosa (Tarragona, Espanha) em 1º de abril de 1836, em um período de intensas lutas políticas e anticlericais; de seus pais, aprendeu o amor à Eucaristia e aos pobres. Entrou no seminário aos 15 anos e foi ordenado sacerdote em 2 de junho de 1860. Pároco por 2 anos, dedicou-se à catequese e à pregação.
A pedido de seu bispo, doutorou-se em Teologia na Universidade de Valença. Trabalhou em prol da juventude e na educação religiosa nas escolas; foi diretor espiritual de inúmeras pessoas; fundou a Juventude Católica; promoveu o culto eucarístico, teve especial cuidado para com os pobres. Expressão de sua profunda humanidade e zelo sacerdotal são as 4630 cartas suas conservadas ainda hoje. Seu encontro com Ramon Velero deu impulso à sua atividade eucarística, as vocações eclesiásticas, para as quais viu a necessidade de providenciar uma sede adequada.
Fundou diversos colégios na Espanha e Portugal, um colégio espanhol em Roma. Para a direção dos seminários, movido pela inspiração sobrenatural, em 1881, fundou a Congregação dos Operários Diocesanos do Sagrado Coração. Foi especialmente amigo das clarissas. Morreu com a idade de 73 anos, cansado mais pelos trabalhos, que pela idade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Santa Eustáquia Calafato de Messina
Virgem da Segunda Ordem (1434-1486). Fundadora do Mosteiro de Montevergine, tendo sido canonizada por São João Paulo II em 11 de junho de 1988.
Nasceu em Messina em 25 de março de 1434. Aprendeu de sua mãe, fervorosa cristã e entusiasta do franciscanismo, as primeiras orações, o amor ao sacrifício, às boas obras e ao Crucificado. Foi discípula do Beato Mateus de Agrigento, de São Bernardino de Sena, de São João de Capistrano e de São Jaime da Marca, que se tornaram filhos de São Francisco, pela observância da Regra e foram artífices do “século de ouro do franciscanismo”.
Em 1444, seu pai lhe prometeu em matrimônio a um viúvo de idade avançada, que veio morrer logo antes de se realizar o projeto. Entretanto, o Esposo Celestial a atraía fortemente a si, e ela, fortalecida pela oração e penitência, decidiu deixar o mundo para consagrar-se inteiramente ao Senhor na vida religiosa. Em 1449, superadas as fortes resistências de seus familiares, foi admitida entre as clarissas de Santa Maria de Basicó, em Messina. Desde noviça, se distinguiu por grandes qualidades.
Para guiar a comunidade a uma autêntica observância da regra, decidiu fundar um novo mosteiro. Com a ajuda de seus familiares e de benfeitores de Montevergine, próximo à Messina, realizou a fundação acompanhada de um bom número de jovens decididas a ingressar na Vida Religiosa. Ao começar a nova fundação se pôs em sintonia com a reforma para o retorno às fontes do franciscanismo, iniciada por São Bernardino de Sena, depois por Santa Coleta, São Pedro de Alcântara e Santa Teresa d’Ávila.
Permaneceu abadessa e mãe de suas coirmãs até a sua morte, podendo dar uma fisionomia autêntica franciscana à nova fundação. Dirigiu a comunidade na perfeição da caridade, com prudência, solicitude e bondade. Com exemplo e exortações motivava a todas ao amor à cruz, à pobreza e à perfeição seráfica.
Messina estava entusiasmada com sua Santa e com o Mosteiro de Montevergine, jardim de santidade e perfeição, dos singulares carismas, das curas com que Jesus havia exaltado sua esposa fiel. Faleceu no dia 20 de janeiro de 1485.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Bem-aventurado Pedro Bonilli
Sacerdote Terciário Franciscano (1841-1935). Fundador das Irmãs da Sagrada Família. Beatificado por São João Paulo II em 24 de abril de 1988.
Nasceu em São Lourenço de Trevi (Perusa) em 15 de março de 1841 e morreu em Espoleto em 5 de janeiro de 1935. De família com pequenas propriedades, foi o primeiro dos quatro irmãos. De um ambiente familiar favorável, teve uma mãe piedosíssima e sentiu logo a influência de um santo sacerdote no Colégio Lucarini, que foi seu orientador espiritual, D. Ludovico Pieri, chamado também de o “D. Bosco” de Trevi.
Em 1857 sentiu o chamado para a vocação sacerdotal, sendo ordenado presbítero em Terni e em 19 de dezembro de 1863 foi enviado como pároco a Cannaiola, uma região pobre, onde esteve 35 anos exercendo uma pastoral renovadora, altamente frutuosa, que culminou com a fundação da Congregação das Irmãs da Sagrada Família. Em Cannaiola reinava muita pobreza material e espiritual, como: a libertinagem, o jogo, a embriaguez.
Pedro se empenhou em alimentar seu povo com catequese e formação religiosa, servindo-se dos meios de comunicação social existentes, levando os leigos a assumirem o seu papel na Igreja. Via na família o renascimento da sociedade e da vida eclesial. “Ser família, dar família e construir família”, foi o seu programa.
Em 1898 deixou Cannaiola ao ser nomeado Cônego da Catedral de Espoleto e Reitor do Seminário, colocando a serviço dos futuros sacerdotes a sua riqueza espiritual e a vasta experiência adquirida nos largos anos de seu ministério pastoral. Em sua espiritualidade se destaca a grande difusão do culto à Sagrada Família, a qual a imitou com verdadeiro espírito franciscano na humildade e pobreza.
Em 5 de janeiro de 1935 terminou a sua jornada na terra, vindo a falecer aos 95 anos de idade, cuja vida foi consagrada ao serviço da formação do clero e na ajuda aos pobres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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João Batista Triquerie
Bem-aventurado João Batista Triquerie
Sacerdote e mártir da Primeira Ordem (1747-1794). Beatificado por Pio XII em 19 de junho de 1955.
João Batista Triquerie, religioso e sacerdote da Ordem dos Frades Menores Conventuais, fez parte do glorioso grupo dos 19 mártires de Laval, assassinados em 21 de janeiro de 1794 por causa da fidelidade à Igreja e ao Pontífice Romano. Ele tinha se distinguido pelo seu zelo sacerdotal e pela sua fiel observância à Regra de São Francisco.
Tentado com adulações e ameaças a renegar a fé católica, declarou abertamente: “Sou cristão, católico, sacerdote e filho de São Francisco, manterei a minha fé em Cristo até à morte”. Tinha 57 anos quando sofreu o martírio. O ano de 1794 foi marcado para Laval e toda a França uma forte perseguição religiosa. As humilhações contra os sacerdotes, religiosos e fiéis foram de caráter repressivo.
Entre os catorze sacerdotes que compareceram perante a Comissão Revolucionária do Distrito estava João Batista, juntamente com ele subiram ao patíbulo 359 homens e 102 mulheres. Os mártires tombaram mortos ao cântico do Te Deum. Os cristãos iniciaram o seu culto às ocultas nas tumbas dos mártires.
Em 1861, em Laval, houve uma grande missão pregada pelos sacerdotes, a qual deu muitos frutos de conversão. Para os mártires foi erigido um monumento com essa inscrição: “Aqui, a 21 de janeiro de 1794, catorze sacerdotes heroicos, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida, foram convidados a escolher o juramento contra a Igreja e o Papa ou o martírio; preferiram selar com o seu sangue a pureza de sua fé. Eles, depois de haver nos ensinado o bem, também nos ensinaram a morrer bem para conseguir a vida eterna”.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Vicente Pallotti
Sacerdote da Terceira Ordem (1795-1850). Fundou a Congregação dos Padres Palotinos e das Irmãs Palotinas
Vicente Pallotti nasceu em Roma , dia 21 de abril de 1795, numa família de classe média. Com sua mãe aprendeu a amar os irmãos mais pobres, crescendo generoso e bondoso. Enquanto nos estudos mostrava grande esforço e dedicação, nas orações mostrava devoção extremada ao Espírito Santo. Passava as férias no campo, na casa do tio, onde distribuía aos empregados os doces que recebia, gesto que o pai lhe ensinara: nenhum pobre saía de sua mercearia de mãos vazias.
Às vezes sua generosidade preocupava, pois geralmente no inverno, voltava para casa sem os sapatos e o casaco. Pallotti admirava Francisco de Assis, pensou em ser capuchinho, mas não foi possível devido sua frágil saúde. Em 1818, se consagrou sacerdote pela diocese de Roma, onde ocupou cargos importantes na hierarquia da Igreja. Muito culto obteve o doutorado em Filosofia e Teologia.
Mas foi a sua atuação em obras sociais e religiosas que lhe trouxe a santidade. Teve uma vida de profunda espiritualidade, jamais se afastando das atividades apostólicas. É fruto do seu trabalho, a importância que o Concílio Vaticano II, cento e trinta anos após sua morte, decretou para o apostolado dos leigos, dando espaço para o trabalho deles junto às comunidades cristãs. Necessidade primeira deste novo milênio, onde a proliferação dos pobres e da miséria, infelizmente se faz cada vez mais presente.
Vicente defendia que todo cristão leigo, através do sacramento do batismo, tem o legítimo direito assim como a obrigação de trabalhar pela pregação da fé católica, da mesma forma que os sacerdotes. Esta ação de apostolado que os novos tempos exigiria de todos os católicos, foi sem dúvida seu carisma de inspiração visionária. Fundou, em 1835, a Obra do Apostolado Católico, que envolvia e preparava os leigos para promoverem as suas associações evangelizadoras e de caridade, orientados pelos religiosos das duas Congregações criadas por ele para esta finalidade, a dos Padres Palotinos e das Irmãs Palotinas.
Vicente Pallotti morreu em Roma, no dia 22 de janeiro 1850, aos cinquenta e cinco anos de idade. De saúde frágil, doou naquele inverno seu casaco a um pobre, adquirindo a doença que o vitimou. Assim sendo não pôde ver as duas famílias religiosas serem aprovadas pelo Vaticano, que devolvia as Regras indicando sempre algum erro. Com certeza um engano abençoado, pois a continuidade e a persistência destas Obras trouxeram o novo ânimo que a Igreja necessitava. Em 1904, foram reconhecidas pela Santa Sé, motivando o pedido de sua canonização.
O papa Pio XI o beatificou reconhecendo sua atuação de inspirado e “verdadeiro operário das missões”. Em 1963, as suas ideias e carisma espiritual foi plenamente reconhecido pelo papa João XXIII que proclamou Vicente Pallotti, Santo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Gonçalo Garcia
Mártir no Japão, religioso da Primeira Ordem (1557-1597). Canonizado por Pio IX em 8 de junho de 1862.
Gonçalo Garcia nasceu em Bazain (Índia Oriental) de pai português e mãe indiana. Fez seus estudos no Colégio dos jesuítas de sua cidade e aos vinte e cinco anos mudou-se para o Japão, na intenção de dedicar-se ao comércio.
Chegando ali, mudou de ideia, tornando-se catequista, para ajudar os padres jesuítas, serviço esse que prestou durante dez anos, no qual houve muitas conversões. Em seguida viajou para as Filipinas e ali motivado pela vida pobre e penitente dos franciscanos, pediu para ser aceito na Ordem dos Frades Menores como irmão religioso.
Neste mesmo lugar foi designado para ser o companheiro e intérprete do Comissário São Pedro Batista, quando este viajou para o Japão. Os cristãos que haviam conhecido Gonçalo antes de ingressar na Ordem, o acolheram com muita alegria o que facilitou seu trabalho nas diversas obras missionárias.
Um decreto de prisão contra os franciscanos, expedido pelo Imperador Taicosama na noite de 8 de dezembro de 1596, abriu também para Gonçalo o caminho do martírio. Detido com seus co-irmãos e levado a Meaco, cortaram-lhe a orelha esquerda, e em seguida, colocado em um carro junto com seus companheiros percorreu toda a cidade e várias regiões até chegar a Nagasaki. Ali, na colina dos mártires, foi crucificado, tendo suas costas transpassadas por duas lanças cruzadas, que atingiram seu coração. Tinha então, 40 anos de idade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Beata Paula Gambara Costa
Viúva da Terceira Ordem (1473-1515). Seu culto foi aprovado por Gregório IX em 14 de agosto de 1845.
Paula nasceu em Bréscia, em 5 de maio de 1473, filha de nobre família cristã. Por ocasião do seu nascimento, a família dividiu bens com famílias pobres e instituições beneficentes. Ela recebeu uma boa educação e foi orientada espiritualmente pelo franciscano Andrés de Quinzano. Casou-se em 1485 com o conde Ludovico Antonio Costa, e foram viver em Bene Vagienna.
Entre os anos de 1493 a 1503 houve uma grande fome no país, o que lhe deu ocasião de exercitar a generosidade com os mais necessitados, que vinham à sua porta. Em 1488, nasceu o filho, a quem deu o nome de João Francisco. Os primeiros anos de matrimônio tinham transcorridos sem problemas sérios. Mas, logo o conde começou a manifestar a soberba, avareza, a dureza de coração e a inclinação aos vícios. Levou à sua casa a amante, que ficou ali durante doze anos. Paula esteve como prisioneira, e muitas vezes era maltratada com bofetadas e pontapés pelo seu marido.
Em 1504, a amante ficou enferma e foi abandonada. Paula dedicou-se a ela, cuidou caridosamente e a preparou para morrer com Deus. Finalmente, o conde se converteu e lhe permitiu levar externamente o hábito franciscano. Ela, educou o filho, assistiu aos pobres e enfermos. Pela sua caridade, foi premiada com muitos prodígios. Morreu em 24 de janeiro de 1515, com a idade de 42 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Paulo Ibaraki
Mártir japonês da Terceira Ordem (+1597). Canonizado por Pio IX em 8 de junho de 1862.
Os missionários franciscanos na efervescência do cristianismo no Japão, difundiram amplamente a Terceira Ordem para melhor formar os colaboradores em seu apostolado. Muitos terciários prestaram generosamente sua colaboração como catequistas, enfermeiros, mestres nas escolas, colaboradores na evangelização.
Deus abençoou esses bravos ajudantes com muitas conversões dos pagãos. Quando aconteceu a perseguição contra os cristãos, eram 170 na Ordem Terceira. Eles declararam veementemente: “Somos todos cristãos, discípulos dos missionários franciscanos; com eles temos aprendido a fé em Cristo e com eles queremos morrer!” Os oficiais do império se limitaram a capturar doze terciários de Meaco, três de Osaka e logo em seguida se uniram a outros dois.
Assim, foram dezessete terciários que derramaram seu sangue pela causa de Cristo, entre eles estava Paulo Ibaraki, nascido no reino japonês e convertido ao cristianismo por São Leão Karasuma. Ele desenvolveu grande parte de suas atividades na região de Meaco, colaborando com os franciscanos na difusão do catolicismo, na assistência aos enfermos, como enfermeiro. Submeteu seu corpo a severas penitências. Em 1596, após um período de tolerância religiosa, Taicosama, imperador, ordenou que fossem presos os franciscanos e seus colaboradores.
Também Paulo foi capturado e condenado à morte. A sentença devia ser cumprida em Nagasaki, mas antes, porém, com seus irmãos, foi submetido a duras provas. Sua orelha esquerda foi cortada, exposto ao desprezo da população e depois conduzido pelas ruas da cidade. Morreu crucificado em 5 de fevereiro de 1597. Os enfermeiros dos hospitais e das clínicas deviam ver em São Paulo Ibaraki seu patrono e protetor na assistência aos enfermos para exercer com amor a profissão e missão junto aos doentes de corpo de alma.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São Gabriel de Duisco
Mártir japonês da Terceira Ordem (1578-1597). Foi canonizado por Pio IX em 8 de junho de 1862.
Gabriel, jovem criado do governador de Meaco veio de uma nobre e antiga família japonesa. Gentil no trato e no caráter, sua personalidade agradou a muitos.
Era amigo dos franciscanos de Meaco, sempre conversava com eles quando vinha à corte do governador. Iluminado pela graça de Deus, pediu o batismo e decidiu tornar-se franciscano da Ordem Terceira. Quis consagrar sua vida para o bem dos irmãos e foi acolhido no convento para iniciar os estudos e preparar-se para a vida franciscana e o sacerdócio.
Muitos amigos, instigados pelos budistas iam ao convento para persuadi-lo a voltar para casa. Seus pais também ficaram irritadíssimos com a sua decisão e quiseram trazê-lo à força para a casa. Gabriel, ajoelhado aos seus pés, implorou que o deixassem em paz. Eles foram exortados por ele a abraçar a religião católica. Sua mãe lhe dizia: “Filho, não compreendo o seu erro. Que pode conseguir, com esses estrangeiros tão pobres que para sobreviverem devem pedir esmolas?” Gabriel contestou: “Mãe, sigo esses pobres, porque eles seguem a Jesus Cristo. Eles têm indicado o caminho verdadeiro aos filhos das trevas. Eu desejo seguir o caminho deles para alcançar os bens eternos e peço-lhe, me deixe em paz; não poderás me convencer nem com promessas, nem com ameaças e nem mesmo com a morte!”
Essas palavras comoveram muito a seus pais, que o abraçaram ternamente. Gabriel ficou três anos no convento de Meaco. Com a idade de dezenove anos sua fronte foi coroada com a auréola dos mártires, na colina de Nagasaki, em 5 de fevereiro de 1597.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Santa Ângela de Mérici
Virgem da Ordem Terceira (1470-1540). Fundadora das Congregação das Irmãs de Santa Úrsula. Canonizada por Pio VII no dia 24 de maio de 1807
A glória de Santa Ângela de Merici está ligada à difusão da Congregação das Ursulinas com suas escolas para a juventude feminina espalhadas em todo o mundo. Nascida em 1474, em Desenzano, Garda, recebeu uma profunda formação religiosa. Passou sua infância trabalhando em casa. Com a morte de seus pais, aos quinze anos, foi acolhida junto com sua irmã na casa de um tio. Através de lutas e dolorosas provas, encontrou-se com Deus, recebendo grande consolo. Foi admitida na Terceira Ordem Franciscana no convento de Garda, tendo este programa: Renúncia a tudo para alcançar e possuir somente a Deus, Sumo e Eterno Bem; considerar-se nada para encontrar-se todo em Deus. Dedicou sua vida à piedade, às santas leituras, meditações e às obras de misericórdia.
Ângela pensou em melhorar a sociedade de seu tempo, atuando na família, na formação religiosa das mulheres cristãs. Depois de haver consagrado sua virgindade a Deus, buscou seu verdadeiro caminho. Realizou peregrinações por toda a Itália. Esteve na Terra Santa e no regresso teve uma aparição: viu uma longa escada que chegava aos céus sendo percorrida por muitas meninas, e uma voz a convidava para fundar uma comunidade religiosa. Ela se lembrou da célebre obra de Santa Úrsula, que foi martirizada pelos Hunos juntamente com onze moças. Tudo isso foram motivos para que Ângela iniciasse a nova instituição colocando o nome de Santa Úrsula.
Em 1525, foi à Roma para ganhar indulgência do jubileu e nessa ocasião teve a graça de contar ao Papa Clemente VII seu programa religioso e social para a instituição. O Papa a animou e abençoou seus propósitos. Ângela, junto com Catarina Patengla, mudou-se para Bréscia, onde pôde realizar o seu ideal. As ursulinas difundiram-se rapidamente. A regra de vida era moderna, ajustada às necessidades da sociedade de seu tempo. Viviam no mundo e não tinham nenhum sinal que as distinguisse das demais; observavam a pobreza e se ocupavam com jovens formandas. No mundo devastado pelos maus costumes, com a pureza de suas vidas, salvaram muitas jovens.
A morte de Ângela de Merici se deu no dia 27 de janeiro de 1540, tendo 66 anos de idade. Às ursulinas, ela deixou seu testamento espiritual com os primeiros esboços da Regra, que constituíram a herança da Santa.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São João Kisaka ou Kinoia
Mártir japonês, da Terceira Ordem. Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862.
Nasceu em Meaco, no Japão, em data não identificada por nós. Viveu sua infância observando e admirando o trabalho de assistência ao físico e espiritual praticado pelos Franciscanos. Casou-se e teve um filho. Mais tarde pede para fazer parte da Ordem Terceira e é aceito. Pediu para ser enfermeiro e assim prestar todo tipo de assistência aos doentes que eram acolhidos nos hospitais pelos Franciscanos. Era um enfermeiro dedicado, atencioso e solícito, não apenas na cura dos males físicos, mas também dos espirituais. Aos enfermos que não tinham mais esperança e também aos terminais sempre teve uma palavra para restaurar a esperança e de conforto.
Consegue convencer seu filho a se converter. Quando o governo inicia a perseguição aos Franciscanos e determina a prisão de todos, também é preso por ser um colaborador e como todos tem a sua orelha esquerda amputada, é colocado em cortejo aberto até a chegada a Nagasaki.
Faleceram, crucificados, em 08 de dezembro de 1596, em Nagasaki, Japão. Seu corpo foi transpassado por duas lanças para garantir a morte. Foi Canonizado pelo Papa Pio IX, em 08 de junho de 1862.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Bv Ludovica Albertoni
Viúva da Terceira Ordem (1473-1533). Clemente X aprovou seu culto no dia 28 de janeiro de 1671.
Nasceu em Roma de família nobre em 1473. Aos dois anos morreu seu pai e, ao casar-se novamente sua mãe, ela foi encomendada às tias paternas e à avó materna. Aos vinte anos se casou e teve três filhas. Suas características foram a fidelidade aos próprios deveres e o amor para com os pobres. Amou a seu esposo com santo afeto. Se dedicou à educação de suas filhas dirigindo sua oração e suas leituras.
Quando tinha trinta e três anos ficou viúva, duro golpe que finalmente soube aceitar com resignação. À morte de seu esposo se suscitaram problemas de herança que lhe causaram vexações de parte dos parentes. Viveu todo o drama do saque de Roma e se prodigalizou a favor dos necessitados. Dedicava parte da noite ao descanso, o resto à penitência.
Apenas repetia: «Como é possível viver sem sofrer, quando se contempla a nosso Deus pregado numa Cruz?». Pela manhã participava na eucaristia e recebia devotamente a comunhão. Logo distribuía o tempo do dia entre os trabalhos de casa e a assistência aos pobres e enfermos, a quem visitava em casa ou nos hospitais.
Dedicava todos seus cuidados às jovens abandonadas ou em perigo. Dizia para si: «Deus nos deu os bens da terra para que os compartilhemos com os que os necessitam». Distribuiu todos seus bens entre os pobres e passou os últimos anos de sua vida na maior pobreza. Morreu em 31 de Janeiro de 1533 aos 60 anos de idade. Toda a Roma chorou sua morte, julgando-a como a perda da mãe de todos. Seu corpo se venera na igreja de São Francisco a Ripa, em Roma.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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Santa Jacinta de Marescotti
Religiosa da Terceira Ordem Regular (1585 – 1640). Canonizada por Pio VII no dia 24 de maio de 1807.
Jacinta era uma das filhas da nobre família do príncipe Marco Antonio Marescotti e estava ligada, por parentesco, com os príncipes Orsini. Esses nobres, da alta aristocracia romana, possuíam fortes vínculos com a Igreja Católica e a educação cristã era a mais preciosa herança a ser deixada aos filhos. E, com certeza, foi para Jacinta e seus irmãos.
Jacinta foi batizada com o nome de Clarice, nasceu em Viterbo, perto de Roma, em 1585. Recebeu uma educação refinada, digna da nobreza, como todos os irmãos. Ainda menina, foi entregue pelos pais a religiosas franciscanas, onde sua irmã mais velha, Inocência, seguia a vida religiosa com o fervor de uma santa. Os pais desejavam que Jacinta tivesse esse mesmo futuro. Mas, ela não demonstrava o mesmo desejo.
Muito bonita, culta e independente, Jacinta levava uma vida fútil, cheia de luxo e vaidades. Sonhava com um matrimônio e não com a vida religiosa. Sua primeira decepção foi quando sua irmã mais nova se casou com um marquês, que ela pretendia conquistar. Logo depois, outro casamento não se realizou. Depois disso, Jacinta assumiu uma atitude mais altiva, insuportável e fútil, frequentando todas as diversões que a alta sociedade oferecia. Nessa ocasião, seu pai a enviou para o convento das Irmãs da Ordem Franciscana Secular, junto de sua irmã Inocência, em Viterbo.
Embora à contra gosto, vestiu o hábito, trocou o nome de Clarice por Jacinta, iniciando sua experiência religiosa. Infelizmente levou para o convento muitas de suas vaidades e durante dez anos não deu bom exemplo às suas irmãs de hábito. Não respeitou o voto de pobreza, vivendo num quarto decorado com luxo e usando roupas de seda. Mas Deus havia reservado o momento certo para a conversão definitiva de Jacinta.
A notícia do assassinato de seu pai foi o início da sua transformação interior, começando a questionar o valor dos títulos de nobreza e da riqueza. Depois, adoecendo gravemente, o capelão do convento não atendeu seu pedido de confissão, se recusando entrar no seu quarto luxuoso. Percebendo o escândalo que causara durante tantos anos, Jacinta sinceramente se arrepende pedindo perdão a toda a comunidade, publicamente. Nesse momento se converteu verdadeiramente, passando a partir daí a ser exemplo heroico de mortificação e pobreza, atingindo os cumes da mais alta santidade.
Mesmo contra sua vontade foi eleita mais tarde mestra das noviças e superiora do convento. Suas prolongadas orações e severas penitências eram em favor dos pecadores. Com sua orientação muitos, depois de convertidos, chegaram a fundar instituições religiosas, asilos e orfanatos. Faleceu em 30 de janeiro de 1640 e foi enterrada na igreja do convento onde se converteu, em Viterbo. Foi declarada Santa pelo papa Pio VII em 1807.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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São João Bosco
Sacerdote da Terceira Ordem (1815-1888). Fundador da Congregação dos Padres Salesianos e o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e os Cooperadores Salesianos. Foi canonizado por Pio XI no dia 1º de abril de 1934.
João Melquior Bosco nasceu no dia 16 de agosto de 1815, numa família católica de humildes camponeses em Castelnuovo d’Asti, no norte da Itália, perto de Turim. Órfão de pai aos dois de idade, cresceu cercado do carinho da mãe, Margarida, e amparo dos irmãos. Recebeu uma sólida formação humana e religiosa, mas a instrução básica ficou prejudicada, pois a família precisava de sua ajuda na lida do campo.
Aos nove anos, teve um sonho que marcou a sua vida. Nossa Senhora o conduzia junto a um grupo de rapazes desordeiros que o destratava. João queria reagir, mas a Senhora lhe disse: “Não com pancadas e sim com amor. Torna-te forte, humilde e robusto. À seu tempo tudo compreenderás”. Nesta ocasião decidiu dedicar sua vida a Cristo e a Mãe Maria; quis se tornar padre. Com sacrifício, ajudado pelos vizinhos e orientado pela família, entrou no seminário de Chieri, daquela diocese.
Inteligente e dedicado, João trabalhou como aprendiz de alfaiate, ferreiro, garçom, tipógrafo e assim, pôde se ordenar sacerdote, em 1841. Em meio à revolução industrial, aconselhado pelo seu diretor espiritual, padre Cafasso, desistiu de ser missionário na Índia. Ficou em Turim, dando início ao seu apostolado da educação de crianças e jovens carentes. Este “produto da era da industrialização”, se tornou a matéria prima de sua Obra e vida.
Neste mesmo ano, criou o Oratório de Dom Bosco, onde os jovens recebiam instrução, formação religiosa, alimentação, tendo apoio e acompanhamento até a colocação em um emprego digno. Depois, sentiu necessidade de recolher os meninos em internatos-escola, em seguida implantou em toda a Obra as escolas profissionais, com as oficinas de alfaiate, encadernação, marcenaria, tipografia e mecânica, repostas às necessidades da época. Para mestres das oficinas, inventou um novo tipo de religioso: o coadjutor salesiano.
Em 1859, ele reuniu esse primeiro grupo de jovens educadores no Oratório, fundando a Congregação dos Salesianos. Nos anos seguintes, Dom Bosco criou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e os Cooperadores Salesianos. Construiu, em Turim, a basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, e fundou sessenta casas salesianas em seis países. Abriu as missões na América Latina. Publicou as Leituras Católicas para o povo mais simples.
Dom Bosco agia rápido, acompanhou a ação do seu tempo e viveu o modo de educar, que passou à humanidade como referência de ensino chamando-o de “Sistema Preventivo de Formação”. Não esqueceu do seu sonho de menino, mas, sobretudo compreendeu a missão que lhe investiu Nossa Senhora. Quando lhe recordavam tudo o que fizera, respondia com um sorriso sereno: “Eu não fiz nada. Foi Nossa Senhora quem tudo fez”.
Morreu no dia 31 de janeiro de 1888. Foi beatificado em 1929 e canonizado por Pio XI em 1934. São João Bosco, foi proclamado “modelo por excelência” para sacerdotes e educadores. Ecumênico, era amigo de todos os povos, estimado em todas as religiões, amado por pobres e ricos; escreveu: “Reprovemos os erros, mas respeitemos as pessoas” e se fez , ele próprio, o exemplo perfeito desta máxima.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.