Vocacional - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Artigos vocacionais

Artigos vocacionais

A Primeira Vocação é o chamado à Vida

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Se eu não existisse, Ninguém iria notar minha ausência; nem notaria a ausência de qualquer outro ou outra que existisse. Mas, antes de eu existir, Deus já me conhecia e amava; por isso me chamou à vida: sou criatura sua. Cada pessoa é criatura de Deus, amada e convidada por ele ao banquete da vida. A vida é, assim, o primeiro chamado de Deus, a primeira vocação.

Se a vida já é vocação, devo-lhe uma resposta. Qual será a resposta que Deus espera de mim? Certamente a vida tem um sentido a descobrir, uma obra a realizar. E ninguém o faz em meu lugar.

A primeira resposta ao chamado da vida é compromisso sagrado de quem a considera um dom de Deus confiado aos cuidados humanos. Colocar-se a serviço da vida já é responder a vocação.

São Francisco tinha imenso cuidado pela vida em todas suas manifestações. Cada pessoa e cada coisa era saudada por ele como irmã e irmão. O mundo, para ele, era a “casa” comum onde cada criatura tem seu lugar, sem exclusão.

É uma atitude bem franciscana acolher com gratidão a vida de cada ser, acolher a si mesmo e a cada irmão e irmã como presente que o Senhor nos dá.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
A vocação é como um diálogo entre Deus e o vocacionado; a iniciativa é de Deus; a resposta é do ser humano. Em clima de oração, acolher o próprio ser como um dom e presente que Deus me faz agora: corpo, espírito, saúde, energias, desejos, necessidade de amar e ser amado, impulso para o infinito, capacidade de relações…

Eu mesmo sou um dom de Deus: tudo em mim procede dele. E enquanto procedo dele, todo meu ser é bom

A vocação tem uma dimensão pessoal e uma dimensão comunitária: pessoal, porque ninguém pode responder em meu lugar; comunitária, porque ela precisa da comunidade para desabrochar. Quando Francisco de Assis rezava: “Senhor, que queres que eu faça?”, estava procurando como responder ao chamado de Deus. Você já falou alguma vez assim com Deus?
Leia o Salmo 138 (139) procurando entender como é que a vida é vocação.
No final de sua vida São Francisco compôs o Cântico das Criaturas, resumo do que ele viveu. Tente fazer você também uma oração de louvor a Deus, fonte de vida.
Leia Jeremias 1,5-6.

Vocação Cristã e Ministérios

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
O amor do Pai não só nos chama à vida, mas também nos chama à Fé: esta segunda vocação é a cristã. É uma caminhada que inicia no Batismo e perdura a vida toda. Cristo é que nos traz o convite do Pai para abraçar esse caminho, um caminho a ser feito em comunidade. Os Apóstolos foram a primeira comunidade de Jesus, Juntamente com outros seguidores, homens e mulheres. Você lembra o nome de algum deles?

Os que aceitam o convite de Jesus para entrar em seu grupo, formam comunidade e procuram viver como aprenderam do Mestre. Reúnem-se para a escuta da Palavra de Deus, para a comunhão eucarística, para o serviço fraterno, para o socorro dos podres, doentes e desamparados.

Nessa comunidade, animada pelo Espírito de Jesus, surgem diferentes serviços, também chamados ministérios: um é o serviço da Palavra, outro da Eucaristia, outro do socorro aos enfermos, outro da ajuda aos pobres, outro de instrução aos novos que ingressam na comunidade, etc. Cada um com sua função, uns ajudando os outros, e todos juntos formando a comunidade. Jesus mesmo disse que veio para servir, e para nos reunir numa família de irmãos e irmãs que têm a Deus por Pai. São Francisco de Assis foi um apaixonado da comunidade. Deixou suas riquezas para abraçar uma vida simples, com outros irmãos, servindo os leprosos, anunciando a paz, pregando o Evangelho e orando com grande fervor. Seu exemplo contagiou e contagia muita gente, até hoje.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
Procure descobrir o nome de alguns dos seguidores e seguidoras de Jesus, lendo o Evangelho nestas passagens: Lc 6,12-19 e Lc 8,1-3. Sugestão: Se você fizer a leitura junto com outra pessoa, será ainda melhor.

Nos Atos dos Apóstolos se percebe quanto os seguidores de Jesus levavam a sério a participação na comunidade. Um exemplo aparece em: At 2,42-47.

Procure descobrir quais são os serviços ou ministérios que existem em sua comunidade; informe-se sobre isso com alguma pessoa que atua na comunidade. Trata-se de serviços como estes: liturgia, catequese, pastoral da saúde, da criança, dos idosos, pastoral vocacional, pastoral familiar, pastoral da juventude, JUFRA, OFS, apostolado de oração, grupos de oração, de reflexão, etc. Tente ver quais os serviços que mais lhe chamam a atenção, procure conhecê-los mais de perto. Quem sabe, por si, comece despertar em você uma vocação cristã mais comprometida e cheia de calor.

São Francisco de Assis exorta seus companheiros assim: “os irmãos se esforcem para imitar a humildade e pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo…E procurem sentir-se à vontade quando se encontram entre gente simples e desprezada, pobres e fracos, enfermos e leprosos e mendigos de rua…E cada um ame e alimente seu irmão como a mãe ama e nutre seu filho” (RNB 9,1-3.14): Como é que você se sente ouvindo semelhante exortação?

Vocação da Igreja e sua Missão

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Falando sobre o que ela pensa de si mesma, a Igreja diz que se reconhece como uma Luz no meio do povo, a “Luz dos Povos”. Sua vocação é ser uma luz indicativa, mas também instrumento de salvação de Deus, sinal e sacramento da união de todos com Deus e da unidade da espécie humana.

A Igreja e o Povo de Deus, que Cristo reuniu, em nome do Pai, na força do Espírito Santo. Ela tem a missão de evangelizar e é fundada na palavra de Deus e seguidora de Cristo que diz: ”Vão pelo mundo e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos” (Mt 28,19).

É também missão da Igreja reunir o povo para celebrar a Eucaristia e os outros sacramentos, e alimentá-lo com a palavra de Deus.

A Igreja, todavia, não vive voltada para si mesma, mas é enviada a todos os povos para anunciar-lhes o Evangelho da salvação. Por isso ela é missionária. E todo batizado é missionário também. Há dois modos de realizar essa missão evangelizadora, diz São Francisco. Pela palavra e pelo testemunho de vida.

Sendo a Igreja, Povo de Deus, ela comporta diferentes funções: a função dos cristãos leigos, das pessoas consagradas, do padre, do bispo e do papa.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
Já pensou que a chama do Evangelho, partindo de Jesus, chagou até você passando por uma cadeia ininterrupta de evangelizadores? Muitos pela palavra, muitos pelo exemplo, contribuíram para que você pudesse crer. Você gostaria que, agora, essa chama passasse pela sua vida, sem iluminar ninguém?

Tente entender o que é a Igreja, lendo esta passagem da carta aos romanos: Rm 12, 4-13 (um corpo com muitos membros, uma Igreja com diferentes carismas).

No começo de sua conversão, Francisco rezava diante do Crucificado, quando este lhe falou: “Francisco, não vês que minha Igreja está em ruínas? Vai, pois, e restaura-a”. O jovem Francisco começou a restaurar a pequena igrejinha onde rezamos, mas depois percebeu, mas depois percebeu que se tratava da igreja viva que precisava ser renovada, e dedicou-se a ela com todo fervor (3Comp 5,13). Se, hoje, o Crucificado falasse assim a você: que atitude assumiria?

Vocação Profética

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
O que é um profeta? Antes de tudo, é alguém que tem uma profunda experiência de Deus em sua vida. Movida por essa experiência, o profeta, ou a profetiza, acaba mudando o seu modo de ver e de pensar, de sentir ou de julgar, de portar-se e de falar. Não fala em nome próprio, mas anuncia a palavra que Deus lhe Põe no coração e na boca, uma palavra por vezes nada fácil de ser anunciada.

Movido pelo Espírito, o profeta age como mensageiro de Deus, está afinado com Deus, vê a realidade com os olhos de Deus. Por isso ele anuncia o amor de Deus, sua ternura e misericórdia, e sua paixão pela vida humana.

O profeta, também, denuncia a injustiça, a exploração, o domínio dos fortes sobre os fracos e tudo que ofende o povo a quem Deus quer bem. O profeta sacode as consciências e aponta no meio dos conflitos a força da libertadora de Deus, pois são os profetas e profetizas homens e mulheres cheias de inspiração e vigor pela causa de Deus e do povo.

A Bíblia nos fala de muitos profetas e profetizas: João Batista, Isaias, Jeremias, Elias, Ana (1Sm 2,1-10), Débora (Jz 5,1-12) e tantos outros. A maior profetiza é Maria (Lc 1, 46-55) e o maior dos profetas é Jesus.

Mas também se encontram profetas ao longo dos séculos até hoje. Dom Hélder Câmara e Madre Tereza de Calcutá são figuras proféticas. São Francisco de Assis e Santa Clara de Assis são também profetas de grande vigor, mais pelos gestos de suas vidas do que por suas palavras, também fortes. Certamente você sabe mencionar outros nomes de profetas, atuais ou antigos.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
O livro de Samuel descreve belamente como aconteceu a vocação do profeta. Verifique, no texto que segue, qual é a atitude que você mais admira em Samuel e como poderia imita-la: I Sm 3,1-10.

A Vocação de Jeremias é uma ilustração exemplar do que seja um profeta. Será que essas palavras não se dirigem também a você? Deixe-as falar ao coração: Jer 1,4-10.
Indicamos a seguir dois textos de profetizas, o primeiro é de Ana, mãe de Samuel, e o segundo é de Maria, mãe de Jesus. Tente descobrir como aparecem aí as características proféticas descritas acima: I Sm 2,1-10 (cântico de Ana, mãe de Samuel); Lc 1, 46-55 (cântico de Maria, mãe de Jesus).

A Vocação Matrimonial

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Toda pessoa tem uma vocação, isto é, um chamado de Deus para se realizar e ser feliz, no conjunto dos viventes. E não uma vocação qualquer, mas vocação ao amor e à santidade. Deus não chama uns para a perfeição e outros para a mediocridade. O que Deus faz a sempre perfeito. Assim é que, por diferentes caminhos, ou diferentes estados de vida (casado, solteiro, consagrado ou sacerdote), todos são chamados à santidade e à plenitude da caridade.

Para quem tem fé, o matrimônio também é vocação: um chamado de Deus ao dom de si no amor recíproco e aberto à vida. Quem não tem fé, não tem como sentir-se chamado – pois desconhece o Interlocutor divino que o chama – nem tem a quem responder. Mas, na fé, sentimo-nos chamados por Deus a um caminho e a uma plenitude que só ele pode dar.

“Não é bom para o homem ficar só”, disse Deus, nem é bom para a mulher (Gn 2,18-25). “Façamos o homem nossa imagem e semelhança” – e os fez homem e mulher; em seguida os abençoou (Gn 1,26-28). O casal humano nasce dessa bênção original. E nasce com a vocação de formar uma comunhão de vida no amor, seja para amparo mútuo, seja para sobrevivência da espécie humana.

A serviço desse amor mútuo do casal está o sacramento do matrimônio. O amor do homem à sua esposa, e o amor da mulher ao seu marido deveriam ser tais que pudessem lembrar o amor imenso e gratuito que Deus oferece a cada pessoa e a humanidade inteira. Sobretudo deveria lembrar o amor de Cristo por sua Igreja. Igreja que tem sua dimensão doméstica em cada lar: a Igreja doméstica.

O casal humano torna-se o berço da vida e da família. E esta constitui a célula fundamental da sociedade. Deus confia ao casal o cuidado desse milagre que se chama Vida – a vida indefesa e nascente de cada pessoa. Nesse clima de amor e cuidado, a pessoa pode nascer, crescer, firmar-se.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
“Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma companheira que lhe seja semelhante” (Gn 2,18). E o homem exultou feliz reconhecendo-se nela: “Está é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2,23), Sob a luz deste texto, tente perceber como esta vocação vem acontecendo hoje na convivência entre homens e mulheres. Imagine como Deus se sente olhando para essa paisagem humana? Tente perceber também como é que você se sente diante de presente que Deus põe em sua vida através do sexo oposto.

Na linguagem de Francisco de Assis chama a atenção sua maneira respeitosa, positiva é nobre como se refere à mulher. Chega a comparar-se com uma mulher humilde que Deus assume como esposa fecunda (2Cel 16).

A Vocação de Maria

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
É surpreendente o modo de agir de Deus! Vale-se de pessoas simples para realizar seus misteriosos planos. Todo o povo de Deus esperava pela vinda do Messias.E qual a mulher que não gostaria de ser sua mãe? A escolhida foi uma jovem desconhecida, de uma cidade e região sem importância: é Maria de Nazaré na região da Galiléia. Ela será a mãe do Salvador, do Libertador, a mãe do filho de Deus.

A Bíblia não fala muito sobre Maria, mas nos diz tudo o que devemos saber. É uma virgem de Nazaré. Solicitada por Deus, ela se dispôs inteiramente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra!”. Ela deu o seu Sim. Sem conhecer todo o caminho de devia percorrer, sabia entretanto que Deus merece toda confiança. E entregou-se em suas mãos. E foi fiel até o fim.

Em Nazaré foi um Sim alegre; aos pés da cruz, um Sim na dor. Mas um Sim inteiramente fiel, dado com o amor mais generoso. Ela permanece firme na incompreensão, na perseguição, na incerteza, na dor.

Maria esteve presente nas Bodas de Caná, solícita e atenta, dando ocasião ao primeiro milagre de Jesus, e convidando-nos a fazer tudo o que ele nos disser. Esteve presente na vida pública de Jesus, deixando-se evangelizar por seu ministério. Esteve com os apóstolos no cenáculo, orando na espera do pentecostes. E continua presente até hoje na vida dos cristãos que a aceitam.

São Francisco alimentou uma devoção muito filial a Maria, que alimentou com seu leite materno o filho de Deus e “nos deu como irmão o Senhor da misericórdia”. Via, espelhada em cada pobre, a figura de Jesus e de Maria, sua pobre Mãe (2Cel 85).

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
Alguns textos bíblicos sobre Maria: Lc 1,26-38 (Vocação de Maria); Lc 1,29-56 (Visita a Isabel); Jô 2,1-10 (Presença de Caná). São Francisco saudava Maria assim: “Salve Filha do altíssimo Pai celestial! Salve Esposa do Espírito Santo! Salve Mãe de Jesus Cristo!”. E ele tinha razão, pois a grandeza de Maria está nas relações que ela tem com a Santíssima Trindade.

A Vocação de São Francisco

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Há mais de 800 anos, nasceu em Assis, na Itália, um jovem chamado Francisco. Nasceu em 1182 e morreu em 1226. Tornou-se muito importante pelo testemunho de sua vida. Francisco era filho de família rica. Seu pai, Bernardone, era comerciante, tinha uma loja de tecidos e freqüentava as feiras internacionais, para comprar e vender. Numa de suas viagens à França, conheceu Dona Pica com quem se casou. Tiveram pelo menos dois filhos, Francisco e Ângelo.

Francisco era muito popular entre os jovens de Assis. Moço rico, era amigo das festas e tinha fama de esbanjão, patrocinando com freqüência as diversões dos companheiros. Sonhava em conquistar honrarias e muita glória. Seu pai o incentivava a tornar-se cavaleiro. Francisco tinha vinte anos quando as cidades de Assis e de Perúgia entraram em guerra. Francisco combateu por sua cidade e se deu mal. Ferido e preso, só voltou para casa um ano depois, e bastante doente. Cuidado pela mãe durante a convalescência, teve tempo de pensar na vida, pois a glória que buscava já não lhe enchia o coração.

Deu-se conta que um outro senhor, infinitamente maior e mais valioso, lhe disputava o coração. A ele valia a pena consagrar sua vida. Sentiu despertar dentro de si um desejo intenso de seguir Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o caminho ainda não estava absolutamente claro.

Numa, ocasião, o jovem Francisco encontrava-se em oração numa pequena igrejinha, dedicada a São Damião. Rezava diante do Crucifixo, quando percebeu que o crucificado começou a falar-lhe claramente ao coração: “Francisco, vai e restaura a minha igreja”. Não foi preciso repetir duas vezes. Vestiu uma túnica pobre e começou a reconstruir as paredes da igrejinha. E esmolava as pedras de que necessitava.

Noutra ocasião, ficou muito impressionado a ouvir, na pequena igrejinha da porciúncula, a leitura do Evangelho do envio dos apóstolos em missão: “Não leveis bolsa, nem mochila, nem calçado… O Reino de Deus está próximo” (Lc 10,3-9). E exclamou consigo mesmo: “é isto que eu quero, é isto que eu procuro é isto que eu desejo fazer de todo o meu coração”.

Andava, um dia pelo caminho, quando deparou com um leproso. Estarreceu. Teve vontade de fugir. Mas resistindo ao impulso natural, aproximou-se, abraçou o leproso e o beijou. “o que me parecia amargo se tornou depois doce para mim”, dirá no testamento. Parece que lhe ficou a sensação de ter abraçado o Cristo, presente naquele infeliz. Pois dirá mais tarde: “Quando vês um pobre, tens à sua frente um espelho do Senhor e de sua pobre Mãe” (2Cel 85). Dedicou-se aos leprosos e tratou com amabilidade a quantos se aproximavam dele, pobres, doentes, ladrões e marginais, como os ricos e letrados.

Seu exemplo não tardou a cativar outras pessoas, de todas as idades e condições sociais pedindo para abraçar a mesma vida que ele. De todos eles Francisco dizia estes são: “os irmãos que o Senhor me dá” (Test.).

Francisco e seus companheiros viveram em forma simples, pobre, alegre e fraterna, garantindo com o trabalho o próprio sustento. Dedicavam longos tempos a oração e contemplação, na intimidade com o Senhor, e anunciavam com fervor o Evangelho.

2 – APROFUNDADO O ASSUSNTO
Ponha-se num lugar tranqüilo e reflita esta passagem do Evangelho: Mt 10,1-10. Que reações lhe desperta esta mensagem de Jesus? Francisco, ao ouvir esta passagem exclamou: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer de todo meu coração!” (1Cel 22).

Qual seria o “leproso” que pede hoje nosso abraço e ajuda?

A vocação de Jesus

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Jesus também teve uma vocação. Respondendo a um chamado do Pai, veio ao mundo com uma missão. Encarnou-se e viveu no meio de um povo simples, trabalhou com suas próprias mãos, amou com coração humano, participou da comunidade. Esteve presente em Caná, entrou na casa de Zaqueu, assentou-se á mesa dos publicanos e pecadores. Em seus gestos e palavras revelou o amor do Pai e a sublime vocação do ser humano.

A vocação e missa de Jesus foi revelar o Projeto do Pai. Viveu em íntima relação como o Pai, a ponto de dizer: “Meu alimento e fazer a vontade de meu Pai”. No seu estilo de vida simples e acolhedor, ele revelou um jeito novo de viver, aberto e ao serviço mútuo. “Um só é o vosso Pai e vós sois todos irmãos”, dizia.

Acolheu os pobres, doentes, pecadores e marginalizados. Apresentou sua mensagem direta e sem medo, com imagens simples e cheias de calor. Soube ir ao encontro das pessoas. Aos pastores apresentou-se: “Eu sou o Bom Pastor”; à Samaritana: “Sou eu, que falo contigo”; aos agricultores: “Eu sou o Pão da Vida”; e a todos nós: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Para nós Jesus é o Messias esperado, o Senhor e Salvador, Deus e homem verdadeiro, aquele que veio reunir os filhos e conduzi-los para Casa do Pai. Esse é o centro e o destino final da história humana. Mas, Jesus continua presente no meio de nós e paga a pena segui-lo e abrir-se à amizade com ele. Aliás o convite vem dele: “Fui eu que vos escolhi”.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
“Eu vos escolhi e vos chamei de amigos”. No começo da vida pública, em Nazaré, Jesus entra na sinagoga e lê uma passagem de Isaías, que resume a sua missão. Leia com atenção e peça ao Espírito Santo que o ajude a entender: Lc 4,14-22.

São Francisco de Assis é um bom guia no seguimento de Cristo. Eis com o Tomás de Celano seu primeiro biógrafo o apresenta: “Sua maior intenção, seu desejo principal e plano supremo era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor, os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, no seguimento de sua doutrina. Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outra coisa” (1Cel 84).

A Vocação de Santa Clara

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Em 1194 nasce na cidade Assis, Itália, uma criança cujo o nome parece seu luminoso futuro: é Clara. Filha de Mãe nobre, seus pais chamam-se Hortolana e Favarone. O pai é militar e tem propriedades em Assis e na região; a mãe, uma mulher piedosa, independente e ativa, gosta de fazer peregrinações (a Roma, a Jerusalém) e de ajudar aos pobres.

Tem influência positiva sobre a filha.

Clara é dotada de boa índole e notável inteligência. Também recebe boa instrução. Sua personalidade afável e piedosa favorece os relacionamentos positivos que a caracterizam. Socialmente é discreta e bastante reservada. Recusa as propostas de casamento que lhe são feitas, por sentir-se cativada a caminhar numa outra direção. Aos 16 anos – em 1212 – Clara, impulsionada pela graça e pelo testemunho de Francisco de Assis, doze anos mais velho que ela, decide abraçar o caminho de seguimento de Cristo pobre, humilde e crucificado, consagrando-se a Ele numa vida da mais austera pobreza. Sua fuga da casa materna, à noite, com a cumplicidade de Francisco, para ingressar na vida consagrada, é uma aventura que denota decisão e ousadia, ao lado de uma têmpera nada comum.

O impacto que ocasiona é surpreendente: logo, centenas de outras mulheres – a maior parte pertencentes a famílias nobres – deixam de lado sua vida cômoda para ingressar num estado de vida que imita de perto a radical humildade do Filho de Deus.

Clara de Assis torna-se fundadora da florescente Ordem das Irmãs Pobres, uma ordem contemplada, hoje conhecida como Ordem de Santa Clara, ou das Irmãs Clarissas. A influência de Clara foi tanta, que diversos papas e cardeais aconselharam-se com ela.

Pela sua decisão e fidelidade, Clara é a mulher que sabe dizer SIM. Mas também a mulher que sabe dizer NÃO: abraça com decisão o caminho que Deus lhe mostra; e recusa-se com obstinação qualquer desvio que lhe apontem.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
“A forma de vida da Ordem das Irmãs Pobres… é esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade” (ReCl 1, 1). Transpareceu aqui o amor de Clara pelo Evangelho. E você, como está o seu amor ao Evangelho?

Santa Clara incentivava as irmãs, por simples que fossem, a darem suas opiniões nas reuniões da comunidade, “porque muitas vezes o Senhor revela à menor o que é o melhor” (ReCl 4, 18). Não será esta uma razão para dar ouvidos às pessoas simples ou que não pensam como nós?
Mulher do SIM: “Olhe, considere, contemple o Esposo (Cristo), no desejo de imitá-lo” (2Ctln 20). “Ame totalmente Aquele que totalmente se entregou por nós” (3Ctln 15).
Mulher do NÃO: “Se alguém lhe disser ou sugerir algo que lhe parecer contrário ao chamado de Deus, não siga o seu conselho” (1Ctln 17).

A Vida Religiosa Consagrada

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
Com a expressão Vida Religiosa Consagrada nos referimos a certos cristãos – homens e mulheres – que vivem uma forma especial de seguimento a Jesus Cristo. Vivem em comunidade. Cultivam a oração. Meditam a Palavra de Deus. E participam na missão evangelizadora da Igreja, com especial atenção aos que foram os preteridos de Jesus; pobres, enfermos, pequenos…Os que abraçam essa forma de vida, não casam, vivem pobremente, e obedecem a regra e constituições próprias do Instituto a que pertencem.

Olhando mais de perto. A Vida Religiosa é uma forma de pertença a Deus e a Cristo, uma adesão amorosa ao Evangelho e ao Reino de Deus. Pode parecer estranho, mas a iniciativa dessa escolha não é da pessoa, mas de Deus. A pessoa sente-se chamada, atraída, envolvida pelo amor de Deus que a solicita. E a certa altura a pessoa se dá conta que esse amor é tudo, vale tudo, merece tudo, está acima de tudo. E então “se rende”. Entrega-se, deixa-se conduzir, coloca-se ao seu dispor: “Senhor, que queres que eu faça?”

Este processo – que tem sabor de enamoramento mas também de luta crucial – culmina na consagração. A consagração, mais do que gesto humano, e gesto de Deus, dom de sua graça, obra de seu amor. A ponto de o consagrado poder dizer como Jeremias: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu e me venceste no teu amor!” (Jer 20,7).

Vida Consagrada e, pois, vida no seguimento de Cristo, que implica partilha de sua vida, seus riscos e esperanças, suas preocupações, seu projeto existencial, suas atitudes vitais e totais, entre elas, a da castidade, pobreza e obediência.

São Francisco e Santa Clara apontam como centro de sua regra: observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo e seguir suas pegadas. E as pegadas de Jesus levam na direção do povo, exercitam na convivência fraterna, na missão apostólica, na prática da misericórdia.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
“A vida e regra dos irmãos é observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade” (RB 1). Assim começa a Regra de Vida de São Francisco de Assis. Veja se esta afirmação expressa algo do que foi dito acima.

Jesus disse a certo jovem: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue- me”. E um pouco mais adiante completa: “Todo aquele que, por minha causa, deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terra ou casa, receberá cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt 19, 21.29). Como lhe ressoam no coração estes textos do Evangelho?

A Família Franciscana

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
“E depois que o senhor me deu irmãos ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho” (Test. 4, 14)

A família franciscana é composta por frades, freiras, padres, leigos e leigas, solteiros e casados. É chamada a viver e conviver entre os pobres e os marginalizados, entre os que desconhecem o Evangelho, ser semeadora de Paz e Bem entre todas as criaturas, compartilhar as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias de toda humanidade.

O jeito simples e alegre de São Francisco e Santa Clara foi tão evangélico que atraiu e continua atraindo tanta gente e a cada um de nós, formando assim uma nova família dentro da Igreja.

Esta família se encontra presente em todo o Brasil. Em sua Diocese ou mesmo em sua Paróquia, você encontrará um grupo de irmãs (freiras), ou um grupo de frades, ou ainda, um grupo de leigos e leigas, solteiros ou casados (Ordem Franciscana Secular, Institutos Seculares e Simpatizantes) vivendo e testemunhando Jesus Cristo do jeito de São Francisco e Santa Clara.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
Desde 1500 a família franciscana se faz presente em terras brasileiras. E hoje ela lhe oferece um caminho no qual você pode servir a Deus: não lhe oferece um trabalho determinado, mas uma forma de vida, uma espiritualidade, um modo diferente de olhar o mundo, o ser humano e o próprio Deus.

A única coisa que Francisco e Clara pedem a você é que sirva aos outros, especialmente aos marginalizados, como irmão e irmã menor, humildemente sem oprimi-los, porque assim o fez Jesus.

Pertencer à família franciscana é:
Levar adiante com renovado ardor, o empenho de nos tornar cada vez mais uma só família.
Desenvolver com fraternidade, a missão no meio do povo em solidariedade com os pobres, ser instrumento de Paz e de justiça na defesa da integridade e da criação.
Como irmãos e irmãs de toda criação, promover com todo empenho uma nova criação com esperança e alegria.

A vocação sacerdotal

1 – DESENVOLVENDO O TEMA
O sacerdote ou padre – mais propriamente chamado de presbítero – é escolhido e ungido para ser pastor do rebanho de cristo, exemplo do Bom Pastor (Jô 10). Sinal da unidade eclesial, participa intimamente da missão de cristo que é animar a comunidade, anunciar a palavra de Deus, celebrar a Eucaristia e a reconciliação, e organizar os serviços da comunidade: catequese, liturgia, pastoral da saúde, pastorais sociais, etc.

Para exercer este ministério é necessário ser chamado por Deus e aceito pela Igreja. Trata-se de uma especial vocação a ser discernida e cultivada carinhosamente. Além de exigir a Ordenação presbiterial, que é um dos sacramentos da Igreja.

Existem os sacerdotes diocesanos, também chamados de seculares, que estão diretamente ligados a uma Diocese e prestam obediência ao Bispo. E existem os sacerdotes religiosos – melhor ditos regulares – que pertencem a uma Ordem, Congregação ou Instituto. Vivem em fraternidade inspirando-se no Carisma do Fundador. Como diocesanos, também os padres religiosos são pessoas a serviço do povo, podendo celebrar a Eucaristia e reconciliação, abençoar os casamentos, anunciar o Evangelho…

A exemplo de Cristo, assumem a castidade, obediência e pobreza, buscando o desapego dos bens deste mundo, o amor gratuito e sem exclusividade e a libertação de ambições de poder e domínio.

2 – APROFUNDANDO O ASSUNTO
Lendo o capítulo 10 do Evangelho de João, especialmente os versículos Jô 10,11-18, procure identificar as qualidades do pastor que deve ser todo sacerdote.

Veja a exortação que Francisco dirige aos Sacerdotes: “Rogo-vos, irmãos meus, beijando-vos os pés, e com toda a reverência e toda honra de que sou capaz, que manifesteis toda reverência e toda honra que puderdes ao santíssimo Corpo e ao santíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo” (CtOr 12). Diz ainda: “O Senhor vos mandou pelo mundo para dardes testemunho de sua voz, por palavras e obras, e fazerdes saber a todos que não há outro onipotente senão Ele […] Desejai, pois, agradar unicamente a Ele […] Vede, irmãos, a humildade de Deus! Derramai diante dele Vossos Corações. Humilhai-vos para que ele vos exalte. Nada retenhais para voz mesmos, a fim de que totalmente vos receba Aquele que totalmente se vos dá!” (CtOr 9.15.28-29).