Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Teia de dons e histórias de vida marca o segundo dia do Retiro dos Benfeitores do PVF

27/05/2023

Notícias

Agudos (SP) – Os primeiros raios de sol no belo cenário verde do Seminário Santo Antônio foram um convite aos benfeitores e benfeitoras a se levantarem para o segundo dia do Retiro Franciscano.

Os benfeitores estão em Agudos para um momento de confraternização, partilha e formação franciscana. Este encontro é também uma oportunidade única de se retirarem da vida agitada nas grandes cidades e repetirem uma experiência que acontece desde 1999, quando foi realizado o primeiro encontro.

Este dia teve como inspiração o tema “A espiritualidade de Pentecostes em São Francisco de Assis e no Franciscanismo”, levando em conta a solenidade de Pentecostes neste domingo.

Antes, de refletir sobre este tema, Frei Gabriel Dellandrea presidiu na Capela do Seminário a Celebração Eucarística, pela quarta vez desde que foi ordenado presbítero no último sábado, tendo como concelebrante Frei Robson Luiz Scudela. No final da Missa, ele abençoou as Pílulas de Frei Galvão.

“A nossa existência é permeada de começos e fins. Parece que foi ontem que começamos o tempo pascal e eis que agora já vislumbramos o seu término. Chegamos ao fim deste tempo litúrgico, mas não ao fim da Páscoa. Essa é a nossa eterna certeza! E por isso a liturgia de hoje nos evidencia o testemunho do discípulo amado. Ora, é o fim do texto de João no fim do Tempo Pascal. Para entendermos bem este texto é preciso apenas contextualizar o que o antecede. No anterior Jesus pede a Pedro que ele apascente as suas ovelhas. Mas, acompanhado deste pedido, Jesus diz que quando era jovem, Pedro fazia o que queria, ia aonde queria. Mas alerta que na sua velhice ele será levado para onde não quer ir. Com isso o Mestre indicava como o discípulo haveria de morrer”, disse Frei Gabriel.

E continuou: “Mas Pedro fica curioso para saber mais sobre a morte dos demais discípulos, e pergunta a Jesus sobre o discípulo amado: e com este, como será? Jesus então lhe responde que não se preocupe com isso. Tal afirmação diz respeito à dinâmica do discípulo amado: ele está sempre com o Mestre, aguardando a sua vinda. Alguns estudiosos dizem que este discípulo é João, que escreveu o Evangelho em questão. Outros atribuem a uma comunidade. Fato é que podemos ser cada um de nós um pouco deste discípulo amado. Diferentemente de Pedro, que sabia que antes de morrer seria levado para um lugar onde não queria ir, nós não sabemos como se dará o dia em que nós concluiremos a nossa jornada nesta terra. Pode ser daqui uns dias, um mês, um ano, uma década… Mas o que nós temos certeza é que queremos permanecer com o Senhor até que ele venha. Estar em sintonia com aquilo que o Senhor nos convida a ser”, explicou.

“Não queremos perder nossa vida, nossos dons, nossos dias. Por isso, viemos a este retiro, por conformar a nossa vida com a dele. Para nos aproximar dos gestos e palavras de Jesus e tentar fazer delas as nossas. A tarefa não é fácil, mas clamemos ao Espírito para que nos ajude, e estejamos abertos para ouvir o que o Senhor tem sempre a nos dizer!”, concluiu o neopresbítero.

No Salão São Francisco, Frei Jeâ Paulo Andrade lembrou que o Espírito Santo sempre fez parte da vida apostólica de São Francisco. Como no encontro com o leproso, durante a sua conversão. “É o Espírito que impulsiona São Francisco a fazer esse processo de conversão. ‘O Senhor, assim, deu a mim começar a fazer penitência’. E aqui, atualizando essa experiência de São Francisco, a gente deveria pensar também nas coisas que para nós sejam talvez muito amargas, talvez muito difíceis”, propôs.

“Seria interessante a gente se observar mais, refletir mais. Que amargo deveria se converter em doçura? Ou o que é tão doce que me causa tanta satisfação, me faz ficar tentado, e precisa ser convertido no Espírito do Senhor?”, acrescentou.

Frei Jeâ, a partir de documentos da Vida de São Francisco, mostrou a relação do Poverello com o Espírito Santo. “São Francisco usa imagens simples para ilustrar como deve ser a relação com o Espírito Santo”, disse.

Animação contra cochilo pós-almoço!

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“Trouxemos alguns textos para compreender essa relação de São Francisco com o Espírito Santo. E talvez tenham percebido que a história, a caminhada que São Francisco faz, em nada se difere de sua relação com o Espírito do Senhor. Todo bem e toda graça vêm de Deus e São Francisco ensina isso para nós muito fortemente”, acrescentou. O texto com este tem,a de Frei Everton Leandro Piotto, OFM, foi distribuído aos benfeitores.

Para o frade, esse Retiro quer ser mais um momento de aprofundamento da fé. “A gente pretende sair daqui mais aquecido pela força do Espírito”, acrescentou.

Tecendo as teias nos grupos, chamados neste Retiro de Fraternidades

Na sequência, Frei Gabriel apresentou a “Dinâmica da Teia”, dividindo o grupo de benfeitores em 3 fraternidades. “Em um grupo grande, ocuparia muito tempo, principalmente ao passar o microfone tantas vezes. Isso não aconteceria com grupos menores”, explicou.

Cada Fraternidade se reuniu em uma sala e recebeu um rolo de barbante, tendo a mediação de um frade. Então, cada participante falou seu nome, seu apelido e um pouco de sua vida. Terminada a apresentação, a pessoa segurou o rolo e o jogou para qualquer outra pessoa do grupo. No final, havia em cada sala uma teia. Mas ainda não tinha acabado. Frei Gabriel pediu que, à tarde, no “deserto”, as pessoas escrevessem sobre seus dons numa cartolina em forma de chama do Espírito Santo.

Ainda no final da manhã, Frei Gabriel falou sobre a valorização dos próprios dons e dos dons do outro, preparando para o “deserto”.

“Ao celebrarmos a Solenidade de Pentecostes, lembramos a presença do Espírito Santo na Igreja desde sempre. Assim celebramos a liturgia todo dia. Celebramos Pentecostes para lembrarmos a importância da solenidade para nossa fé. E uma das coisas que estão ligadas a esta solenidade são palavras que sempre ouvimos: dons e talentos. O Espírito Santo nos concede os seus dons e nós, através do Espírito Santo, recebemos os talentos de Deus”, explicou o frade. Ele fez o seguinte questionamento: “Como que nós, cristãos, devemos trabalhar a importância da valorização dos próprios dons e dos dons do outro?”

Frei Gabriel também lembrou a Parábola dos Talentos, onde o Reino de Deus cresce quando usamos os dons recebidos para servir. “Nem todo mundo tem o mesmo dom, mas temos algo que sabemos fazer. Nós somos importantes aos olhos de Deus e recebemos talentos que vamos colocar à disposição. Por isso, aquilo que tenho não é meu, mas Deus me deu o que tenho”.

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E também pediu que cantassem a Oração de São Francisco: “Essa música não está dizendo que ela seja melhor, que ela compreenda mais, que ela ame mais. Mas que eu faça isso, pois é dando algo que recebemos algo. Dentro dessa dinâmica que está a lógica de Deus. Os talentos que multiplicamos vamos oferecer, porque é assim que recebemos ainda mais. Somos agraciados por Deus e devemos partilhá-los. Você está dentro de uma grande família humana”.

Frei Gabriel falou da diversidade de dons na Igreja: “Perceber o dom do outro é perceber o dom daquele que pensa totalmente diferente de mim”. Citou São Paulo para deixar mais claro: “De fato, o corpo é um só, mas tem muitos membros; e no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo. Assim acontece também com Cristo. Pois todos fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo, quer sejamos judeus ou gregos, quer escravos ou livres. E todos bebemos de um só Espírito”.

À tarde, os participantes voltaram para as salas, continuando a dinâmica da Teia. Desta vez, partilhando a reflexão que fizeram sobre os dons durante o “deserto”. No final, o frade mediador de cada sala leu texto “Espelho da Perfeição 85”, em que Francisco de Assis descreveu o frade perfeito, revelando os dons dos primeiros frades que seguiram ele. O grande objetivo dessa dinâmica, além de apresentar as pessoas umas para as outras, foi mostrar a importância dos dons de cada pessoa.

MOMENTO MARIANO

Frei Jeâ e Frei Robson conduziram o Momento Mariano com a recitação do Terço Vocacional ao lado da Capela. Isso porque está escurecendo cedo em Agudos e os frades preferiram não fazer o Oração na Gruta de Nossa Senhora, tendo em vista as dificuldades de muitos idosos para se locomover até a localidade.

Frei Jeâ lembrou a importância de Maria no plano de salvação e ofereceu este terço a todos os benfeitores. “Todos aqueles que participam da nossa vida, da nossa Família Franciscana. Vamos oferecer a Deus também a caminhada, a história, daqueles que já partiram para junto de Deus, mas que por tantos anos estiveram presentes conosco, caminhando e incentivando a nossa Província Franciscana”, disse Frei Jeâ, deixando a palavra livre para as pessoas fazerem suas intenções. E completou: “Vamos oferecer por aqueles que estão enfermos e passam por necessidades em suas casas”. As pessoas recitaram o Terço com as velas acesas.


Moacir Beggo