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Segundo dia do Tríduo: O convite de Frei Jhones para se encantar por Deus

01/07/2022

Notícias

Gaspar (SC) – Com o tema “Pedro, o homem simples que se torna a base da Igreja. Francisco, o homem humilde que acolhe os pobres e sofredores”, a 172ª Festa de São Pedro Apóstolo, na cidade de Gaspar (SC), chegou, nesta sexta-feira (1/7), ao segundo dia do Tríduo preparatório para a grande solenidade neste domingo.  Frei Jhones Lucas Martins presidiu a Celebração Eucarística, às 19 horas, tendo como concelebrantes seus confrades Frei Pedro da Silva e Frei Aldolino Bankhardt.

Frei Jhones, referindo-se ao convite de Jesus a Mateus e Pedro para segui-Lo, destaca que o evangelista João, no capítulo 1º, versículo 42, diz que Jesus olhou bem para Pedro e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer Pedra). “Assim como Jesus chamou Mateus, chamou a Pedro. E, quando Jesus fixa o olhar em Pedro, ele diz: ‘Tu és Cefas, tu és a pedra’.  Porque quando Jesus fixa o olhar em nós e nos deixamos fixar por ele, não tem como sermos atraídos por outra coisa a não ser o olhar de Deus”, observou o frade.

Segundo o celebrante, Pedro e Mateus, imediatamente deixam tudo para seguir a Jesus. “Este convite de Jesus a Pedro e a Mateus é um chamado arrebatador. É um encantamento, porque não tem como olhar para a beleza que é Deus e não ser atraído por essa beleza, por esse amor. Da mesma maneira que esse chamado foi feito a Pedro, que foi feito hoje a Mateus no Evangelho, um dia também foi feito a Francisco, quando ele, na contemplação do Crucificado, ouviu bem assim: ‘Vai, Francisco, reconstrói a minha Igreja que, como vês, está em ruínas’. Francisco, prontamente, deixa tudo e começa a reconstruir a Igreja de Cristo. Não tem como olharmos para Deus e não sermos atraídos por sua beleza, não sermos atraídos pelo Evangelho, não sermos atraídos por esse amor que nos invade”, enfatizou.

Mas, segundo o celebrante, esse chamado não fica só no encantamento, mas a partir dele nasce a missão. “Pedro recebe a missão ao ser chamado de Cefas. Ou seja, de se tornar essa pedra, esta base como acabamos de ouvir no tema de hoje. Esta base da Igreja, que tem como autor Jesus Cristo, mas que está alicerçada pelos Apóstolos”, explicou Frei Jhones.

“Quando nós deixamos nos encantar por Deus, recebemos uma missão. E qual é a missão que recebemos? Hoje nós vimos várias missões aqui nas escadas, que são os cartazes simbolizando as pastorais e os movimentos, que nada mais são do que uma missão da Igreja. Primeiramente, somos apaixonados por Deus e depois queremos dar curso de noivos, ser do movimento de casais, ser da OFS, ser uma irmã consagrada. Esta é a missão. Primeiro somos encantados por Deus. Ele fixa o olhar em nós. Depois nós nos deixamos atrair por ele e respondemos sendo um missionário da Igreja de Cristo”, disse o pregador.

Como nós podemos nos encantar por Deus? E como nós podemos deixar Deus fixar o olhar em nós?, pergunta Frei Jhones.  “Nós podemos ter vários exemplos, mas eu gostaria de trazer um exemplo de nossa Festa. Ao passar ali vendo aquelas senhoras trabalhando, tinha uma de quase 90 anos cortando o chuchu para a sopa de ontem. Como não se deixar encantar por isso? Quem a fez, com 90 anos, sair da sua casa e ficar ali durante horas cortando chuchu. Se não é o encantamento de Deus, é o quê? Não tem outra explicação. Horas fazendo a bolinha de sonho… Se não é o encantamento de Deus, é o quê? Então, são nesses pequenos detalhes que nós deixamos nos encantar por Deus. E aí a gente se sente atraído a fazer algo. Eu também posso ajudar, não só aqui na Festa, mas na nossa vida”, ressaltou.

Segundo o celebrante, tem pessoas nessa vida que a gente sente a presença de Deus, a presença de Jesus Cristo, como se ouviu na segunda leitura de hoje. “Cornélio se prostra em adoração a Pedro, justamente não porque é Pedro, mas porque ele via em Pedro Jesus Cristo. Ele se encantou por Deus por meio de Jesus Cristo”, recordou.

Falando sobre o tema que cita Francisco, lembrou que o Pobrezinho de Assis também se encantou por Deus e pelos pobres e sofredores. “Tem aquela famosa frase quando ele beija um leproso: ‘Antes, o que era amargo se converteu em doçura’, porque ali estava beijando o próprio rosto de Cristo”, disse o frade.

“Este é São Francisco. E quem são os pobres e sofredores de hoje? Podemos dar vários exemplos, mas talvez o exemplo mais forte está na primeira leitura. Amós diz bem assim: ‘Eis que virão dias, diz o Senhor, em que enviarei fome sobre a terra. Não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra do Senhor. Os homens vaguearão do Norte para o Oriente em busca da Palavra do Senhor, mas não a encontrarão’. Hoje, a pior fome é a fome de Deus, porque quem morre com fome de Deus não encontra a vida eterna. Tantas pessoas neste mundo estão desorientadas porque estão passando fome de Deus”, destacou.

Segundo o frade, acolher os pobres e sofredores é acolher essas pessoas que têm fome de Deus, que estão totalmente desorientadas e perdidas. “Neste gesto que Francisco fez de acolher o pobre e o sofredor, também hoje somos convidados a olhar para esses famintos e sedentos de Deus”, disse.

“Que possamos, a partir das leituras que ouvimos e deste belo tema do dia, fazer umas perguntas: O que nos encanta na Igreja? Porque só a partir desse encantamento saberemos qual é a nossa missão dentro dela. Ao olhar para esta Festa, para este tríduo, para esta celebração tão bem preparada, o que me encanta? O que me faz caminhar com a Igreja? Ao olhar para esta cidade de Gaspar, tão bonita, quando a gente sai e vê esse rio maravilhoso, a gente fica encantado com esse cartão postal da cidade. O que me encanta e que me faz ser missionário desta beleza que me encantou? Esta é a experiência de Deus, esta foi a experiência de Mateus, esta foi a experiência de Pedro, foi a experiência de Francisco e pode ser a experiência de todos nós. O que me encanta e o que me leva a ser missionário a partir deste encantamento com a beleza de Deus?”, concluiu Frei Jhones, deixando esses questionamentos.

Neste sábado, dia 2 de julho, a programação religiosa começa às 16h com a Santa Missa da Catequese Paroquial e, às 19h, o encerramento do Tríduo de São Pedro, com o tema “Pedro funda a igreja dos irmãos que partilhavam tudo entre si. Francisco deixa o legado da pobreza a todos os irmãos”.

Na festa popular, a programação começa cedo. Quem quiser tomar o café da manhã saboreando as delícias da festa, pode comparecer ao Salão Cristo Rei a partir das 8h. Haverá venda de sonho, bolo, pastel e café. Já às 11h, o tradicional churrasco e o completo serviço de bar e cozinha começam a ser vendidos. Às 17h, junta-se  ao churrasco a roda da fortuna, pescaria, pinhão e bingo. E às 20h, começa a roda dos animais.

UM DIA DE MUITO SABOR

                                                                 (toque nas imagens para ampliá-las)

O povo estava com saudades de saborear os “queridinhos” da Festa de São Pedro Apóstolo: pastel, bolo e sonho. O resultado foram as filas: Fila para comprar os tickets, fila para o pastel, fila para bolo, cuca e fila para o sonho. Mas tinha muito quentão e vinho quente para compensar o frio e o cachorro quente não faltou.

Um aspecto muito importante desta festa é a dedicação e a qualidade com que os produtos são preparados. Por exemplo, o cachorro-quente. Por aqui, não basta milho verde, batata palha ou purê de batata como é comum na maioria das cidades brasileiras. Só tem saída o verdadeiro cachorro-quente alemão.

A teoria mais comum é que o sanduíche nasceu no século XIX, na Alemanha, quando um açougueiro e produtor de linguiças, Johann Georghehner, batizou a receita em homenagem a seu cãozinho da raça Basset. Mas esse lanche ganhou notoriedade nos Estados Unidos. No sul do Brasil, contudo, diz-se que o verdadeiro cachorro-quente alemão é aquele que é acompanhado com chucrute e molho de tomate.

Da esq. par direita: D. Olga, D. Alma e D. Ema, o trio do cachorro quente.

Nesta festa, contudo, esse prático, rápido e delicioso lanche é feito por uma família de italianos, naturais da vizinha Rodeio. As irmãs Ema e Alma Marchi, 80 e 77 anos respectivamente, têm a ajuda do sobrinho Valtair Marchi para prepararem o verdadeiro chucrute. Na bagagem dessa dupla, uma experiência de 30 anos de dedicação à festa. Ema fala com saudade da irmã Ignez que faleceu há 5 anos e durante mais de 20 anos formaram um trio. “Ela faleceu durante a consagração da Missa. Morreu feliz”, recorda.

Hoje, as irmãs têm a ajuda de Olga Schramm para manter a originalidade do cachorro quente da Festa.  “Tudo tem que ser original. Tudo é preparado, como o molho de tomate, o  chucrute. Já me disseram para usar o molho de tomate pronto, mas prezamos pela qualidade e pela originalidade”, explicou.  Elas não se cansam e atravessam o dia até o último cliente. “Depois da festa temos tempo para descansar”, garante Emma.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição e João Guilherme Simon