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Frei Daniel deixa a pergunta na Festa de São Pedro: “Quem é Jesus para nós?”

02/07/2023

Notícias

Gaspar (SC) – O solene dia do Padroeiro de Gaspar (SC), São Pedro Apóstolo, foi celebrado neste domingo (2 de julho) com a Missa festiva, às 9h, presidida pelo Definidor Provincial, Frei Daniel Dellandrea, tendo como concelebrantes o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, o pároco Frei Pedro da Silva, Frei Aldolino Bankhardt e Frei Jhones Martins. No serviço do altar, os diáconos André, João e Pedro.

A Igreja Matriz, completamente lotada, ficou ainda mais bela com os fiéis da cidade e região. Antes da procissão de entrada, os casais festeiros entraram com velas acesas, enquanto o povo aplaudia reconhecendo a dedicação e a doação para que esta Festa pudesse se realizar novamente. Em seguida, casais das Comunidades trouxeram barquinhos com a imagem de seus Padroeiros. Na procissão de entrada, um trompete anunciou a imagem de São Pedro num andor em forma de barca, junto com os celebrantes, a equipe de ministros, coroinhas e acólitos.

“As alegrias da Festa de São Pedro transbordam muito além de Gaspar, em toda a Igreja, especialmente a Nossa Província Franciscana”, saudou o pároco Frei Pedro, ao acolher o povo e os celebrantes, especialmente o presidente da Celebração e o Vigário Provincial, que foi homenageado por estar celebrando 12 anos, hoje, de sua ordenação presbiteral.

“Quero agradecer o convite do Frei Pedro e desta Fraternidade. Nós somos chamados a sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo”, retribuiu Frei Daniel. A 173ª Festa de São Pedro Apóstolo se inspirou no Ano Vocacional deste ano com o tema: “Com São Pedro inspirando vocações”.

O Coral Santa Cecília e a Banda de Música São Pedro contribuíram para aumentar o tom solene da celebração. O coral foi fundado por iniciativa dos franciscanos em 1898 quando estes ainda residiam em Blumenau (SC).

Frei Daniel também saudou a todos, sem esquecer os voluntários que trabalham para “que esta Festa aconteça de uma forma sempre bela e esplendorosa”.

“Que alegria hoje celebrarmos juntos, com toda a Igreja, a solenidade de São Pedro e São Paulo. Nos unimos com cada cristão, que louva e bendize a Deus por esses dois grandes apóstolos, missionários, mas vocacionados do Senhor. Com eles, também nós nos sentimos inspirados a viver a nossa vocação. A vocação de batizados, a vocação de discípulos missionários, a vocação que nos leva a testemunhar, a anunciar, a vivenciar Jesus Cristo”, saudou o celebrante.

A partir da pergunta de Jesus no Evangelho, “quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”, Frei Daniel fez a sua reflexão. “Jesus sempre foi uma pessoa inquietante, um enigma, para todas as pessoas: quem é ele? Ninguém, por mais indiferente que seja, ou desinteressado que seja pela fé, poderá escapar dessa questão enquanto existir. Todos, um dia ouviram falar de Jesus, aqueles que creem, aqueles que não creem. Mas todos se questionam: Quem é Ele?”, situou.

Segundo Frei Daniel, os próprios discípulos relatam uma certa diversidade de opiniões, uma grande confusão de interpretação, de compreensão diante desta pergunta. Para alguns, era João Batista, um profeta, Moisés, e tantas outras opiniões. “Pela boca de Pedro, a Igreja professa uma verdade, que apesar de tantos séculos, ela continua a ser verdadeira. Uma resposta que nos traz a real compreensão de quem é Jesus: ‘Tu és um Messias, o filho do Deus vivo’.

O Messias é aquele a quem muitos esperavam, mas é aquele a quem hoje muitas pessoas ainda desejam encontrar. O ser humano espera em Deus, deseja encontrar Deus, deseja realizar-se na plenitude de Deus”, explicou.

E continuou: “O Messias é aquele enviado por Deus. Jesus é o dom do Pai, o enviado do Pai a este mundo, é o vocacionado do Pai com esta missão de revelar o amor do Pai, mas também de conduzir a humanidade de volta ao Pai. Por isso, ele é o redentor, por nós doa a sua vocação, a sua vida, para nos resgatar, nos conduzir novamente à comunhão e à plenitude em Deus”.

Esta resposta de Pedro vem de um questionamento: “E vós quem dizeis que eu sou?”, a pergunta de Jesus aos seus discípulos. “Uma pergunta que não será respondida de qualquer forma, como nós respondemos a tantas perguntas diariamente. Não é uma palavra qualquer, não é daquilo que se fala da boca para fora. Quem é Jesus para cada um de nós é uma resposta que mexe por dentro, uma resposta que sai do profundo do ser humano, por isso não é fácil respondê-la. Por isso requer de nós uma reflexão e muito mais: uma experiência de proximidade, de intimidade com Ele”, ressaltou. Segundo o frade, essa resposta nos leva a olhar a Jesus, mas também a refletir em nós quem somos junto Dele.

Frei Daniel disse que a pergunta de Jesus é uma provocação e lembrou que a palavra provocar vem do latim, da mesma raiz de vocação, que significa “vocare”. “A provocação de nós darmos esse passo em direção a Deus e ao mesmo tempo em direção ao interior de nós mesmos. Quem é Jesus e quem nós somos?

“Pedro e Paulo sentiram-se provocados. Pedro junto da barca e Paulo junto do cavalo no caminho de Damasco. Pessoas que, em suas vidas, procuraram compreender quem é este que me chama e o que espera de mim. Por isso, Pedro e Paulo, fazem um caminho vocacional bastante provocativo de discernimento, de horas de escuridão, de incompreensão, de horas de clareza da fé e mostram que isso é comum. Sempre vamos estar em busca de uma melhor compreensão de Deus”, disse.

“Pedro e Paulo nos inspiram a responder a nós e também a responder: Quem é Jesus? E assim também expressarmos nesta mesma verdade: ‘Tu és o Messias, o filho do Deus vivo'”, acrescentou. Para o frade, Pedro e Paulo foram aqueles que conseguiram ajudar a Igreja de Cristo, desde a sua origem, a fundamentar-se nesta verdade da fé.

“A palavra Igreja, do grego ‘ecclesia’, quer dizer assembleia. Assembleia de quem? De pessoas chamadas, vocacionadas, pessoas convocadas para formar comunidade dos discípulos e missionários de Jesus”, assinalou. “Pedro e Paulo nos inspiram também a fazer a comunidade acontecer, a Igreja se realizar. E como é importante a Igreja hoje! Como é importante a comunidade no meio de nós”.

“Como é belíssima essa Igreja. Desde pequeno passava com minha família pela BR e chamava a atenção pela sua grandiosidade”, contou o frade, mas lembrando que a Igreja não vive de estrutura, por tão bela que seja, mas de pessoas. “Hoje, vemos como essa Paróquia é dinâmica, viva, de tantas comunidades, de tantas pastorais. Comunidade de Comunidades aqui representadas pelos barcos dos seus padroeiros, formando esta sinodalidade, esta mesma comunhão. Discípulos missionários de pessoas vocacionadas a Deus”, ressaltou.

Segundo Frei Daniel, a Igreja é lugar do convívio, lugar da comunhão. “São poucas instituições que ainda valorizam o encontro das pessoas, para viver de uma forma de igualdade, de respeito, de fraternidade”, ensinou, acrescentando que a Igreja é local para viver a caridade e para viver a santidade.

O celebrante frisou a importância da Igreja na comunidade, na Paróquia de Gaspar, “pois ali é a presença de Jesus Cristo, através dos seus vocacionados, aqueles chamados para serem discípulos e missionários dele”.

“Que possamos dar o melhor de nós, nos inspirar em Pedro e Paulo, para também responder da melhor forma com a nossa vocação e, por fim, dizer como Paulo, no final de nossa vida, com gratidão a Deus: ‘Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé'”, animou a todos Frei Daniel.

AGRADECIMENTOS

O coordenador do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC), Cuniberto Francisco Kuhnen, ao lado de sua esposa Madalena, falou em nome da comunidade e da organização da Festa. Segundo ele, nos últimos noventa dias, se alguém lesse os seus pensamentos veria: Festa de São Pedro, Festa de São Pedro, Festa de São Pedro….”Porém, tenho certeza, esses pensamentos também foram dos frades, das equipes litúrgicas, dos serviços, das comunidades, das equipes de apoio, dos benfeitores, dos doadores, festeiros e voluntários. Todos se preparando com a mente e coração para executar da melhor forma o trabalho. Temos muito a agradecer a Deus. E tudo aconteceu da melhor forma possível.  Vamos festejar São Pedro retribuindo gestos de gratidão. A todos, nosso muito, muito obrigado”, disse. Cerca de 300 voluntários trabalham para que a Festa possa acontecer.

O pároco Frei Pedro também não economizou nos elogios e agradecimentos. “Hoje, Frei Medella celebra 12 anos de sua ordenação sacerdotal. Também tive a graça de preparar todo o processo da sua ordenação em Petrópolis”, contou. Frei Medella ganhou “Parabéns” nas vozes do Coral Santa Cecília.

Frei Medella agradeceu pela homenagem e, em nome da Província Franciscana agradeceu ao povo “nessa querida terra de Gaspar, povo querido, dedicado com que sempre nos acolheu, e, de modo generoso, cuida da nossa Fraternidade, Frei Pedro, Frei Aldo e Frei Jhones. Obrigado Frei Pedro, Frei Aldo e Frei Jhones por serem a presença de fraternidade aqui”, disse, agradecendo a Frei Daniel Dellandrea, que é Definidor e assiste ao Regional onde está a Fraternidade de Gaspar.

Segundo Medella, três símbolos lhe chamaram a atenção nesta Celebração. “O primeiro é só olhar para cima e perceber esses panos vermelhos e brancos que lembram uma tenda armada sobre nós. São Paulo foi um fabricante de tendas e aí, olhar para cima, nos recorda que Deus é o início e a finaliade de toda a nossa missão. É Nele que devemos armar a nossa tenda, a nossa moradia. A dimensão vertical da nossa fé”, refletiu.

“O segundo símbolo está ali, é a rede. É a dimensão horizontal da nossa fé, a nossa relação. Cada trama da rede é importante para que ela possa ser completa e bem-sucedida na sua missão de pescar. A rede deve ser aberta e deve ter seus fios bem tramados. Assim, nós também precisamos estar unidos, fundados em Deus e unidos entre nós”, ensinou.

Por último, Frei Medella pediu para olhar para trás. “Não vão ver o símbolo, mas ele está ali. É o nosso rio Itajaí, o rio onde nós navegamos, o rio da nossa vida. E ao navegar também não devemos olhar só para frente, mas olhar para trás para resgatarmos aqueles que estão às margens que vêm depois de nós. Essa comunhão com os últimos também deve ser marca da nossa fé e da nossa missão. São Pedro e São Paulo nos ajudem a seguirmos com fidelidade a nossa vocação e missão”, concluiu, pedindo um viva a São Pedro.

A Missa terminou com a foto oficial dos festeiros em frente a bela Matriz de Gaspar. Em procissão, a Sinfônica de São Pedro conduziu os festeiros, os frades e os representantes das 17 comunidades da Paróquia até o Passeio São Pedro, onde estava a imagem de São Pedro e todos os cartazes e imagens das pastorais, movimentos e comunidades. Durante toda a tarde e noite, os festejos populares aconteceram como é a grandiosidade da Festa. A Santa Missa das 19h encerrou a parte litúrgica.


Pascom da Paróquia São Pedro Apóstolo (Romário Alves (fotos) e Moacir Beggo)