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Papa Francisco deixa mensagem de paz aos armênios

26/06/2016

Papa Francisco

 

                                                                                                                                 Imagem: captura de tela do Youtube

O Papa encerrou sua Viagem Apostólica à Armênia na tarde de domingo, 26 de junho. Uma peregrinação marcada pelo ecumenismo e pelo esforço de Roma e Armênia em caminharem juntas. Desejo expresso pelo Papa mais de uma vez durante a permanência nas terras do primeiro país do mundo a acolher o Evangelho. “No caminho rumo à unidade, somos chamados a ter a coragem de deixar as nossas convicções rígidas e os interesses próprios, em nome do amor de Cristo”, disse Francisco.

Mas a unidade entre Católicos e Apostólicos não é “‘submissão de um ao outro’, – sublinhou o Papa – nem absorção, mas um acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um”. Francisco convidou o povo armênio a perdoar o genocídio perpetrado no início do século passado.

“Prestemos atenção aos anseios das gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que, deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiante! Que à luz da fé, que desde São Gregório Narek iluminou estas terras, se una a luz do amor, que perdoa e reconcilia”.

Depois da visita ao Mosteiro, o Santo Padre se dirigiu ao aeroporto internacional de Yerevan, onde se realizou a cerimônia de despedida. O Papa e o Catholicos foram acolhidos pelo Presidente da Armênia, Serzh Sargsyan, acompanhado de sua esposa, com o qual Francisco manteve um breve colóquio privado.

Símbolo da Paz
Ao término da visita, Francisco e Karekin II subiram ao terraço do Mosteiro de onde soltaram duas pombas em direção ao Monte Ararat.
O Monte Ararat, de 5.137 metros de altura, é um símbolo nacional do povo armênio. Ali, segundo a tradição, pousou a Arca de Noé pousou, descrita no livro de Gênesis. Um pedaço da Arca de Noé pode ser visto no museu de Etchmiadzin. A planície do Ararat tem sido o coração da história armênia, lugar de muitas capitais armênias e de numerosas batalhas.

Enfim, após os hinos nacionais e as despedidas das respectivas Delegações, o Pontífice tomou o avião e partiu para Roma, onde sua chegada ao aeroporto romano de Ciampino está prevista pelas 20h40, hora local (15h40 de Brasília). Desta forma, Francisco conclui a 14ª Viagem Apostólica do seu Pontificado.

Na conclusão da viagem do Santo Padre à Armênia foi assinada na Santa Etchmiadzin uma Declaração Comum entre Sua Santidade o Papa Francisco e Sua Santidade Karekin II: “Temos o prazer de confirmar que, apesar das divisões que subsistem entre os cristãos, percebemos mais claramente que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide. Esta é a base sólida sobre a qual será manifestada a unidade da Igreja de Cristo, de acordo com as palavras do Senhor: «que todos sejam um só» (João 17, 21). Na últimas décadas, a relação entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica entrou com êxito numa nova fase, fortalecida pelas nossas orações comuns e mútuos esforços a fim de superar os desafios contemporâneos”.

 

ECUMENISMO E PAZ
Na tarde deste sábado (25/06) o Papa Francisco participou na Praça da República em Yerevan de um Encontro Ecumênico e Oração pela paz.

Ao final do encontro, o Papa Francisco e o Catholicos Karekin II regaram – cada um com uma pequena ânfora – uma muda plantada em um vaso em forma de Arca de Noé e com terra colocada por jovens armênios, quer residentes no país como da diáspora. O significado é que a água a faça crescer e frutificar como símbolo de uma nova vida.

Ecumenismo e paz foi o tema do encontro de sábado à tarde. No final de seu discurso, convidou a todo o povo armênio, mesmo o da diáspora, a ser mensageiro da paz, a conseguir levar a riqueza de sua experiência também de sofrimento, mas vivida na perspectiva cristã, a dar uma grande densidade e profundidade a um comportamento que se torne de reconciliação, de diálogo, de dignidade para todas as pessoas do mundo.

Portanto, que o povo armênio consiga ser apóstolo de paz e não se deixe levar pela tentação da recriminação pelo seu passado extremamente doloroso.

TERRA BÍBLICA

A Armênia é povoada desde os tempos pré-históricos. É uma terra bíblica citada em alguns livros do Antigo Testamento com o nome do monte que é o símbolo desta terra: o Ararat. O Livro do Gênesis 8, 4 diz que após o dilúvio, a Arca de Noé “encalhou sobre os montes de Ararat”.

Foi para “o país de Ararat” que Adramelec e Sarasar fugiram depois de matarem seu pai Senaquerib, rei da Assíria, contam o 2Rs 19, 37 e Is 37, 38.

O Profeta Jeremias predisse que Ararat estaria entre os “reinos” que viriam contra Babilônia no tempo de sua destruição (Jr 51, 27).

Este monte de 5.162 metros de altitude domina o horizonte de Yerevan, capital da Armênia, mas pertence à Turquia que como país com a configuração atual surgiu, em 1920, com o fim do Império Otomano.

O território habitado pelos armênios era imenso. Mas, em 1915, o Império Otomano iniciou o genocídio que resultou no massacre de um milhão e quinhentos mil armênios dentro de sua pátria histórica, que constitui a atual República da Turquia.

A capital Yerevan é uma das cidades mais antigas do mundo, fundada em 782 a.C pelo Rei Argistis I no Reino de Urartu que corresponde ao Reino de Ararat.
Esse povo que passou por várias vicissitudes ao longo de sua história, uma delas, recente, o ateísmo forçado até 1991, pois a Armênia fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sempre se manteve fiel às suas raízes cristãs, ao Evangelho proclamado aqui pelos Apóstolos Bartolomeu e Tadeu.

Seguiu os passos de São Gregório, o Iluminador, fundador da Igreja Armênia, que em 301 curou o Rei Tirídates III que se converteu ao cristianismo e tornou a Armênia oficialmente cristã.


Fonte: Rádio Vaticano