Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa na Hungria: como Jesus, sejamos portas abertas

30/04/2023

Papa Francisco

    Imagem: Vatican Media

“É isto o que faz um bom pastor: dá a vida pelas suas ovelhas.” Com estas palavras inspiradas pelo evangelho de São João, neste quarto domingo do tempo pascal que o Papa iniciou sua homilia durante a Santa Missa presidida na Hungria para uma multidão de fiéis.

A imagem do bom Pastor guiou a reflexão do Santo Padre que ressaltou duas ações que Jesus, segundo o evangelho, realiza por suas ovelhas: chama-as e depois fá-las sair.

“Irmãos e irmãs, estando aqui esta manhã, sintamos a alegria de ser povo santo de Deus: todos nascemos da sua chamada; foi Ele que nos convocou e, por isso, somos o seu povo, o seu rebanho, a sua Igreja. Reuniu-nos aqui para que, embora sendo diversos entre nós e pertencendo a comunidades diferentes, a grandeza do seu amor nos reúna a todos num único abraço.” Deste modo, em primeiro lugar o Senhor chama as suas ovelhas, disse Francisco, convidando o povo a recordar o sentido da catolicidade e a fazer memória agradecida, do amor de Jesus por nós.

“Todos nascemos da Sua chamada”

A segunda ação então seria, segundo o Pontífice, o movimento de saída. E o ilustra com a imagem da porta: “Este movimento – entrar e sair –, podemos captá-lo a partir doutra imagem que Jesus utiliza: a da porta. Diz Ele: «Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, estará salvo; há de entrar e sair e achará pastagem» (Jo 10, 9). Ouçamos com atenção isto: há de entrar e sair. Por um lado, Jesus é a porta que se abriu de par em par a fim de nos fazer entrar na comunhão do Pai e experimentar a sua misericórdia; mas, como todos sabem, uma porta aberta serve não só para entrar, mas também para sair do lugar onde nos encontramos”.

“Jesus é a porta que nos faz sair para o mundo”

Assim, ao final de sua homilia, o Santo Padre mais uma vez destacou que o movimento de viver “em saída” significa tornar-se como Jesus, uma porta aberta. E exortou:

“Por favor, abramos as portas! Procuremos ser também nós – com as palavras, os gestos, as atividades quotidianas como Jesus: uma porta aberta, uma porta que nunca se fecha na cara de ninguém, uma porta que a todos permite entrar para experimentar a beleza do amor e do perdão do Senhor.”


Não virtualizem a vida, que é concreta, diz Papa aos jovens

Após o encontro com os pobres e refugiados, e a visita à comunidade greco-católica para um breve momento de oração pela manhã, Francisco encontrou os jovens no estádio de esportes da capital, que leva o nome do famoso pugilista húngaro László Papp.

O Papa foi recebido com muita alegria manifestada através do discurso de acolhida de Dom Ferenc Palánki, responsável pela Pastoral Juvenil, ao som cantos, e através do testemunhos de alguns jovens.

O Pontífice iniciou seu discurso destacando a importância de haver alguém que provoque e ouça as perguntas da juventude e não dê respostas fáceis e pré-fabricadas, mas ajude a enfrentar sem medo a aventura da vida à procura de respostas grandes. “Era assim que fazia Jesus”, disse Francisco. Na sequência o Pontífice fez a pergunta que Jesus fez aos discípulos: “O que procurais?”, pedindo que em um breve momento de silêncio cada um respondesse em seu coração.

Quem ousa, vence
Depois disso, frisou a necessidade de buscar metas altas, aproveitando o ambiente esportivo onde se encontravam, na certeza de que Deus que escuta as necessidades e está sempre atento aos seus sonhos:

“Vede, amigos! Jesus fica feliz, se alcançarmos metas altas. Não nos quer preguiçosos e inativos, não nos quer calados e tímidos; quer-nos vivos, ativos, protagonistas. E nunca desvaloriza as nossas expetativas; mas, ao contrário, eleva o nível dos nossos anseios. Jesus estaria de acordo com um provérbio vosso (espero pronunciá-lo bem!): Aki mer az nyer [quem ousa, vence].”

O Papa ainda indicou caminhos para vencer na vida, a partir de duas coisas fundamentais, apostar alto e treinar, mas sempre em equipe, nunca sozinhos: “Mas como se faz para vencer na vida? Há duas coisas fundamentais, como no desporto: primeira, apostar alto; segunda, treinar-se. Apostar alto. Possuis um talento? De certeza que o tens! Não o ponhas de lado, pensando que, para ser feliz, basta o mínimo indispensável: um diploma, um emprego para ganhar dinheiro, divertir-se um pouco… Não basta! Põe em campo aquilo que tens.” “Não penses que são desejos irrealizáveis, mas investe sobre os grandes objetivos da vida! E, depois, treinar-se. Como? Em diálogo com Jesus, que é o melhor treinador possível: ouve-te, motiva-te, acredita em ti, sabe como tirar o melhor de ti. E sempre nos convida a fazer equipe: nunca sozinhos, mas com os outros; na Igreja, na comunidade, juntos, vivendo experiências comuns.”

Francisco aproveitou o momento para lembrar os jovens da próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Lisboa em agosto deste ano, como um exemplo de como o Senhor os convida a trabalhar em equipe, e estar juntos uns com os outros.

O silêncio é a porta da oração
Um dos pontos fortes do discurso do Santo Padre foi também a valorização do silêncio como momento propício de encontro com Deus. Exortou a não terem “medo de ir contracorrente, encontrando diariamente um tempo de silêncio a fim de parar e rezar.” Segundo o Papa, silêncio o é o terreno onde se pode cultivar relações benéficas; dá-nos a possibilidade de ler uma página do Evangelho que fala à nossa vida ou permite-nos pegar num livro que não somos obrigados a ler, mas que nos ajuda a conhecer o espírito humano, e ainda permite-nos observar a natureza “para não viver apenas em contato com coisas feitas pelos homens mas descobrir também a beleza que nos rodeia.”

“Contudo o silêncio não é para se ficar preso ao celular e às redes sociais. Isso não, por favor! A vida é real, não virtual; não acontece num visor, mas no mundo! Por favor, não virtualizem a vida! Eu repito, não virtualizem a vida que é concreta.”

A oração é diálogo, é vida, destacou Francisco, frisando neste contexto a importância da coragem de serem verdadeiros: “Como vemos narrado em cada página do Evangelho, o Senhor faz coisas grandes, não com pessoas extraordinárias, mas com pessoas verdadeiras. Pelo contrário, quem se apoia nas próprias capacidades e vive de aparências para ser bem visto, mantem Deus longe do coração. Jesus, com as suas perguntas, o seu amor, o seu Espírito, escava dentro de nós para nos tornar pessoas verdadeiras. E hoje há tanta necessidade de pessoas verdadeiras!”

Não guardar nada para si
Por fim, o Papa citou uma passagem do evangelho que, segundo ele, resume seu discurso: a multiplicação dos pães, no evangelho de João, sublinhando a figura do rapaz que partilhou do que tinha com a multidão famita confiando, dando tudo, não guardando nada para si.

“O pouco daquele rapaz nas mãos de Jesus torna-se muito. É aqui que conduz a fé: à liberdade de dar, ao entusiasmo do dom, à superação dos medos, a pôr-se em jogo! Amigos, cada um de vós é precioso para Jesus, e também para mim! Lembra-te que ninguém pode ocupar o teu lugar na história da Igreja e do mundo: ninguém pode fazer aquilo que só tu podes fazer. Ajudemo-nos, então, a crer que somos amados e preciosos, que fomos feitos para grandes coisas. Rezemos por isso e encorajemo-nos a isso! E recordai-vos também de fazer bem a mim com a vossa oração. Köszönöm [obrigado]!”


Fonte: Vatican News (texto de Irmã Grazielle Rigotti, ascj)