Convento São Francisco completa 374 anos e ganha Ano Jubilar
17/09/2021
Na região central de São Paulo, o Convento São Francisco é parte da história viva da maior cidade do país. Neste dia 17 de setembro, festa das Chagas de São Francisco de Assis, é festa também neste histórico monumento de São Paulo e da Província Franciscana da Imaculada Conceição, que completa 374 anos de fundação. O conjunto igreja e convento, contudo, chegam a esta idade reformados e renovados. Em 1647, quando foi fundado, após quatro anos de obras, era o maior prédio construído de São Paulo e, por isso, escolhido para sediar um dos cursos jurídicos instituídos por decreto, por Dom Pedro I, em 1827.
O Santuário São Francisco de Assis, antes uma igreja conventual, tornou-se paróquia em 1940 e santuário em 1997, e faz parte de um complexo localizado no Largo São Francisco. O Convento também foi especial para duas grandes persgonalidades do Brasil: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão e Dom Paulo Evaristo Arns.
Frei Galvão, canonizado pelo Papa Bento XVI em 2007, morou durante 60 anos no Convento. Dali, o Santo acompanhou a construção do Mosteiro da Luz, onde morou nos três últimos anos da sua vida, e onde veio a falecer, em 1822.
No dia 6 de junho de 1997, o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, ilustre frade franciscano que passava um dia por semana no Convento quando se tornou emérito, declarou que o Convento passaria a ser também Santuário São Francisco, já que recebe fiéis de toda a Grande São Paulo que aqui chegam para fazer suas orações, pedidos e agradecimentos ao nosso Patrono. Por ser um Santuário, a Igreja fica aberta todos os dias.
Para celebrar os 375 anos, em 2022, o guardião da Fraternidade do Largo São Francisco, Frei Mário Tagliari, anunciou neste dia a criação de um Ano Jubilar, que terá início no dia 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição e Padroeira da Ordem Franciscana e da Província. “Será um tempo especial para revivermos uma grande história da presença franciscana no coração de São Paulo”, explicou Frei Mário.
Na época que foi inaugurado, era o maior já construído em São Paulo, com dois andares em taipa, o único na cidade. Ocupava todo o espaço que atualmente é da Faculdade de Direito. As fundações chegavam a 3 metros de profundidade e sua construção era em taipas, atingindo até 2 metros de espessura em certos pontos. Destacava-se o imponente claustro, com seus cinco arcos sobre pilastras.
Até meados do século XVII, o frontispício das igrejas da Província era construído em estilo jesuítico, com torre baixa. Desde então, adotou-se o barroco como estilo decorativo. Em 1884, após um incêndio em 1880, a fachada da Igreja foi modificada e aberta a entrada central como hoje é utilizada. No seu interior, adotou-se o estilo rococó. Pinturas na nave e azulejos no altar que representam passagens da vida de São Francisco, foram feitos na década de 1950. Em sua torre encontramos um sino do século XVIII.
O incêndio de 1880 destruiu a antiga capela-mor. Foram salvas as paredes, a imagem de São Francisco, considerada a mais bela das que se encontram nos conventos antigos, e a imagem da Imaculada Conceição, além de mobiliários como as estalas do coro dos frades. O Santuário é tombado como Patrimônio Histórico desde 1982.
A estrutura atual do Convento São Francisco, na parte dos fundos da secular igreja, foi construída em 1941 pelo então guardião Frei Damaso Venker.
Até 2004 foi a sede da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que abrange os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ela foi fundada em 15 de julho de 1675.
Concluída a reforma, o Convento é hoje um lugar para encontros e retiros para Ordem Franciscana, por outros institutos e também pela Arquidiocese. Com essa restauração, o novo espaço tem condições de abrigar uma média de 50 pessoas.
O Convento sempre manteve também sua missão social. Desde o início, era conhecido como “Porta dos Pobres”. E, ainda hoje, existe o ‘pão dos pobres’. Na parte térrea do Convento, com saída para a Rua Riachuelo, funciona a Associação Franciscana de Solidariedade (Sefras), que presta auxílio a cerca de 800 pessoas ininterruptamente. “Nesta pandemia, oferecendo café da manhã, almoço e jantar, além de um chá da tarde, que ficou conhecido como ‘Chá do Padre’”, explica Frei Mário.