Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Obediências franciscanas celebram São Francisco de Assis

01/10/2022

Notícias

São Paulo (SP) – Os filhos de São Francisco de Assis, representando os três ramos da Ordem Franciscana – os Frades Menores Conventuais (FMConv), os Frades Menores Capuchinhos (OFMCap) e os Frades Menores (OFM) -, reuniram-se neste sábado (1º/10), na bela Igreja do Convento São Francisco, no centro de São Paulo, para celebrar o seu Fundador e Padroeiro.

A celebração já é tradicional no programa da Novena do Convento franciscano mais antigo da capital paulista e teve a presença do Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira (OFM); do Ministro Provincial, Frei José Hugo da Silva Santos, da Província São Francisco de Assis (OFMConv); e de Frei Frei Alonso Aparecido, Vigário Provincial, representando o Ministro Provincial dos Frades Capuchinhos de São Paulo, Frei Arcanjo Soares.

No sétimo dia da Novena, a Santa Missa foi presidida por Frei Hugo e coube a Frei Paulo fazer a homilia. A animação litúrgica ficou sob a responsabilidade da Fraternidade do Convento.

 

Antes de iniciar a reflexão propriamente, Frei Paulo agradeceu com muita ênfase a Frei Mário Tagliari, o guardião desta casa e pároco desta Paróquia e responsável pela iniciativa de reunir a Família Franciscana neste sábado. “Ao saudar Frei Mario, saúdo a todos os confrades que aqui moram nesta casa de 375 anos celebrados neste ano. Ela é testemunha do Evangelho de matiz franciscano nesta cidade. Este convento viu São Paulo crescer. Os frades aqui são testemunhas do gigantismo que foi adquirindo esta cidade e que gerou muita riqueza, mas uma riqueza que não é distribuída, uma riqueza que é concentrada”, lamentou Frei Paulo. Segundo ele, tristemente se pode ver esse empobrecimento que toma as ruas centrais desta cidade. “É uma contradição. Os frades são testemunhas da possibilidade do crescimento e da urgência da transformação desta realidade. Há 375 anos, São Francisco não é mais só de Assis. São Francisco é do centro de São Paulo”, decretou o Ministro Provincial.

“E todos nós, frades que aqui vivemos e todas as pessoas que aqui vêm, devem cultivar esse olhar. É possível sair de uma tapera, é possível sair de um aglomerado de casas para se transformar numa megalópole, com criatividade, com empenho, com investimento. É possível também que esse crescimento seja gerador de fraternidade. É esta missão desta casa há 375 anos. Nos cremos nisso e queremos pregar isso, queremos viver isso. É possível transformar as nossas relações transformando a nossa forma de organizar o mundo”, animou.

OBEDIÊNCIA: OUVIR A VOZ DO SENHOR

Segundo Frei Paulo, “é bom estarmos aqui nas obediências”. Para ele, todos os três representantes dos ramos da Ordem Franciscana, vivem a obediência. “A gente se identifica. Também o ramo da Ordem Terceira Regular (TOR). São a mesma família com obediências diferentes. Obediência é um dos votos que nós fazemos, junto com castidade e pobreza. Entre os votos, não há aqueles que são melhores ou maiores, não! Todos os votos falam da mesma coisa e têm o mesmo vigor. Mas a obediência é aquele voto que a gente vive com os ouvidos. Obedecer é levar o nosso ouvido para bem perto dos lábios do Senhor. Então, nós três, representamos as obediências franciscanas e queremos deixar esta mensagem: Ouvir a voz do Senhor”, enfatizou.

Frei Paulo lembrou, no dia de Santa Terezinha e no dia das obediências, o carinho de São Francisco por Maria, e ele reconhece que quem melhor viveu a obediência ao Senhor foi Nossa Senhora. “Então, Nossa Senhora, no total esvaziamento de si e de seu Filho, pobre, totalmente esvaziado de si mesmo, são sinais e caminhos para que a gente possa viver a vocação de menor em fraternidade”, ensinou.

 

ZELADOR DO EVANGELHO

“Quero saudar os freis e os devotos que fazem aqui a Novena com o tema muito interessante: ‘São Francisco, zelador do Evangelho’. Evidentemente que tem aí uma conotação já preocupada em celebrar os 800 anos da Regra Franciscana”, disse Frei Paulo, lembrando que para São Francisco a Regra é a medula do Evangelho. “É aquela parte do Evangelho que não pode faltar. Aliás, nenhuma parte do Evangelho pode faltar, mas é preciso que a gente zele por isso. Então, ao professar a Regra franciscana, nós professamos a nossa disposição de zelar pelo Evangelho. E aqui quero lembrar do nosso dia a dia, dos zeladores e zeladoras. Normalmente, a gente não dá muita atenção para eles, infelizmente. Mas quando eles faltam, a gente logo percebe. Aí que está! Muito intuitivo esse nome”, disse.

Segundo Frei Paulo, São Francisco também cultivava esse jeito que se chama de minoridade. “É uma característica da forma de vida franciscana a minoridade. Não é preciso aparecer, mas se falta, faz falta mesmo. Então é um jeito escondido. Não é um jeito panfletário, não é jeito glamoroso, não é um jeito showman para nós guardamos o Evangelho. É de um jeito escondido, de um jeito simples”, insistiu.

 (toque nas imagens para ampliá-las)

Para Frei Paulo, devemos nos empenhar para sermos zeladores a partir daquelas duas características fundamentais que inspiram a Ordem e os Ministros e que são a dupla identificação da Ordem, os dois pulmões do movimento franciscano: a fraternidade e a minoridade. “Então, quando a gente reza nove dias lembrando que São Francisco é o zelador do Evangelho, que a gente, mais uma vez, empenhe-se para viver o Evangelho naquilo que ele tem de mais essencial: a minoridade. Escondidinho, como o grão de mostarda do tamanho da fé que o Evangelho mandou a gente ter hoje. Não precisamos ter muita fé. Fé guardada nos cofres dos bancos, fé acumulada nos armários e nas geladeiras das casas abastadas, não! Jesus diz: ‘basta a fé do tamanho do grão de mostarda’”, refletiu, referindo-se ao Evangelho deste final de semana.

“Os discípulos, quando pedem: ‘aumenta-nos nossa fé’, eles sabem que a fé é um elemento essencial para o seguimento de Jesus Cristo. E na pregação de Jesus, nos seus milagres, nos seus atos, ele mesmo destacava que é importante ter fé. Então, para ser discípulo de Jesus é necessário ter fé. Eles pedem: ‘aumenta-nos nossa fé’. Ele diz: ‘basta aquela que Deus já nos deu'”, acrescentou.

Segundo o frade, esse é um jeito bem franciscano também. “As virtudes, todas as virtudes – a bondade, a amizade, a solidariedade, a justiça -, todas são virtudes e elas vêm de Deus. Elas são um jeito de a gente revelar que a sua vivência é uma forma de a gente crer. Nós apresentamos Deus a partir das virtudes. Todo ato virtuoso revela nossa intimidade com o Senhor. E quanto mais íntimos do Senhor nós nos fazemos, mais virtuosos vamos viver. Mas São Francisco diz assim: a gente só tem aquela virtude que a gente usar. Não adianta eu dizer eu sou muito paciente, mas na primeira situação de impaciência se irrita. Às vezes, a gente se equivoca. ‘Ah, eu sou muito amigo, mas na hora de exercitar a amizade, a gente se fecha’. Então, a virtude a gente só tem aquela que usa. Fé nós já temos suficiente. O tamanho da nossa fé vai ser do tamanho que nós nos exercitarmos nela. Jesus nos ensina isso. E quando a gente tem o exercício da fé escancarado, somos capazes de grandes coisas, de coisas inimagináveis. E é preciso que a gente creia nisso. O Evangelho de hoje desafia nesta direção. Importante cultivar este desejo”, exortou Frei Paulo.

No final da homilia, Frei Paulo lembrou que estamos iniciando o mês de outubro, o Mês Missionário, no dia que a Igreja celebra Santa Terezinha do Menino Jesus. “E ela é Padroeira das Missões. É interessante e até instigante, porque normalmente nós imaginamos que o missionário é aquele que sai pelo mundo e Santa Terezinha não saiu. Mas assumiu ser amor na Igreja. A coisa que queremos ser é o amor. Porque o missionário, aquele que sai de sua terra e vai adiante, como tantos franciscanos, mas aquele também que é missionário no seu prédio, na sua rua, na sua família, ele é missionário e se reveste daquela tarefa de ser sinal do amor. E com muita simplicidade”, disse.

O grupo de vocacionados do Convento São Francisco tem a orientação do Serviço de Animação Vocacional (SAV)

Frei Paulo também lembrou que no dia 25 de outubro vamos celebrar Frei Galvão, um grande missionário, que é uma das dimensões da vida franciscana. “Toda família franciscana tem dentro de si esse espírito de sair, de anunciar, no silêncio, na minoridade e em fraternidade.  Que São Francisco, o zelador do Evangelho, nos acompanha nesta aventura”, completou.

Amanhã, 2/10, às 10h, no oitavo dia da Novena, o bispo diocesano de Osasco e frade da Província da Imaculada, Dom Frei João Bosco Barbosa de Sousa, OFM, preside a Santa Missa no Convento e Santuário São Francisco.


Comunicação da Província da Imaculada