São Pedro e São Francisco: fundação e reconstrução da Igreja
30/06/2022
Gaspar (SC) – Começou nesta quinta-feira, 30 de junho, o Tríduo em louvor ao Padroeiro de Gaspar. Esta é a 172ª edição da Festa de São Pedro Apóstolo que se confunde com a história da própria cidade edificada às margens do Rio Itajaí Açu. Com o tema “Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz”, a Paróquia quer destacar o amor de São Pedro pelo Mestre Jesus e a mensagem de paz do Pobrezinho de Assis, tão necessária e urgente em nossos dias.
O pároco Frei Pedro da Silva presidiu este primeiro dia do Tríduo Preparatório, às 19 horas, tendo como concelebrante Frei Jhones Lucas Martins. Na sua reflexão, falou do tema: “Pedro, a rocha que funda a Igreja Cristã. Francisco, a rocha que reconstrói a Igreja de Cristo”.
Depois de saudar o povo, as pastorais, movimentos e equipes que se dedicam incansavelmente pela Festa de São Pedro, o pároco comentou o Evangelho do dia. “Me parece muito significativo o Evangelho em que Jesus, entrando numa barca, foi para a outra margem do lago, referindo-se ao lago de Genesaré, palco de tantas atividades de Jesus. Historicamente, isso nos faz lembrar aquela pequenina igreja desta comunidade, aquela choupana como se diz, lá na margem esquerda onde tudo começou. Depois, mais tarde, foi transferida para este morro onde estamos, nesta majestosa igreja. Importante que o povo acompanhou esta travessia até este lugar. Estamos neste barco, e o barco sempre quer simbolizar a comunidade, a Igreja, pode simbolizar a família, qualquer um dos nossos empreendimentos. Importante que Jesus está conosco. E quando a travessia se tornar difícil e quando a noite for mais escura, nós sempre saberemos esperar por Jesus, que vai dar o rumo certo”, comentou. “E um dia chegaremos do outro lado da margem, que é o próprio Deus, que é o próprio céu, imagem da Igreja celeste. Enquanto isso, vamos caminhando, vamos atravessando esse mar da vida, que é o mundo, com turbulências e calmarias”, emendou.
Segundo ele, esse belíssimo tema de hoje fala da fundação da Igreja e da reconstrução da Igreja. “Fundação da Igreja, na qual Cristo, através de Simão Pedro, coloca o alicerce e a reconstrução através de Deus que chama São Francisco. Nós vamos considerar, ao longo da história, Deus sempre quis contar com pessoas para realizar os seus sonhos. Poderia ter feito tudo sozinho? Claro que sim. Mas Deus sempre quis precisar da colaboração humana para realizar sua vontade no mundo”, explicou.
“Desde o começo, Deus chamou e formou o seu povo. Primeiramente, os chamados individuais. Nós podemos dizer que, indo ao encontro do tema de hoje, Amós, no seu tempo, como tantos outros profetas e líderes do povo de Deuus, foram reconstrutores, usando essa imagem de São Francisco”, observou.
Já no Novo Testamento, Jesus também sempre quis contar com a colaboração da pessoa humana. “Desde o início de sua missão se preocupou em formar, preparar e ensinar o grupo dos apóstolos para a missão. O fundamento de outro povo de Deus, a Igreja”, disse Frei Pedro. “Nós também somos pedras vivas na construção do templo espiritual. Jesus constitui São Pedro como pedra fundamental, mas reserva para si a pedra angular. Sem a pedra angular, o edifício vem para o chão. Cristo é essa pedra angular e sustenta essa construção que é a Igreja. Jesus veio para reconstruir a imagem da pessoa humana”, acrescentou Frei Pedro.
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O celebrante lembrou que a Igreja passava por um momento de crise quando Deus suscitou – como suscitou profetas – um jovem chamado Francisco de Assis. Rico, afamado, com muito prestígio, pensava ser famoso, mas Deus pensa diferente e, tocado pela graça divina, ele encontrou a luz na Palavra de Deus e, sobretudo, quando o Crucifixo da pequena igreja de São Damião, toda destruída, falou: “Francisco, vai reconstrói a minha igreja, que, como vês, está toda destruída”. Francisco pensou: “Vou ser um pedreiro” e começou a reconstruir as igrejas. “Mas Deus foi mostrando o caminho e ele chegou à conclusão: eu fui feito para coisas maiores. Ele quer que eu seja o reconstrutor da face humana: A Igreja de Cristo. Aí ele foi descobrindo a Igreja nos pobres, nos sofredores, nos leprosos, mas sobretudo foi descobrindo que a estrutura hierárquica da Igreja, através deu seus pastores, precisava ser reconstruída. E começou sem deixar a Igreja, sem condená-la. Começou a reconstruí-la a partir dele, a partir de dentro, a partir da sua vida, da sua história, do Evangelho. Portanto, São Francisco é o reconstrutor da Igreja fundada por Cristo com os apóstolos”, ressaltou o celebrante.
“E se poderia se perguntar: Qual a Igreja que quero que seja reconstruída hoje? A primeira Igreja é a do nosso coração, da nossa fé, da nossa vida. A segunda Igreja que se quer reconstruir são os valores que devem nortear a vida na sociedade, na comunidade. A terceira Igreja que se quer reconstruir é realmente a Igreja humana”, concluiu Frei Pedro.
MISSA DOS IDOSOS E ENFERMOS
Às 17 horas, Frei Aldolino Bankhardt presidiu a Missa dos Idosos e Enfermos. “Temos várias celebrações nesta semana tão especial da Festa de São Pedro. Nossa intenção foi propiciar um momento todo especial para os idosos e os enfermos, numa hora mais confortável à tarde. De manhã ou à noite, certamente encontram mais dificuldades de estar aqui. Então, aqui estamos. Bem-vindos a todos, mas especialmente os idosos e enfermos. Para colocar a nossa a vida em celebração, em união com todos esses irmãos e irmãs da Paróquia que estarão nestas celebrações”, convidou Frei Aldolino.
Hoje, nos festejos populares, a Festa ofereceu um rodízio de sopas de vários sabores para aquecer a noite fria.
Nesta sexta-feira, 1º de junho, segundo dia do Tríduo, o tema será “Pedro, o homem simples que torna-se a base da Igreja; Francisco, o homem humilde que acolhe aos pobres e sofredores” na Missa às 19 horas. As tradicionais delícias da Festa de São Pedro já estarão disponíveis no período da manhã desta sexta. A partir das 9h, os gasparenses podem comprar o delicioso sonho, bolo, pastel e café. Mais tarde, a partir das 17h, haverá completo serviço de bar e cozinha, roda da fortuna, pescaria, pinhão, bingo e churrasco.
UMA FESTA PENSADA EM MENOS DE TRÊS MESES
Por trás da Festa de São Pedro está a coordenação do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC), que é presidido pelo pároco Frei Pedro da Silva e coordenado por Cuniberto Francisco Kuhnen, que assumiu oficialmente em 1º de março deste ano para um mandato de dois anos. No mandato anterior, ele foi vice. “Mas não fizemos muita coisa porque foram os dois anos da pandemia”, explica. Esta Festa de São Pedro é o seu primeiro grande desafio, embora esse trabalho não lhe tire o sono, já que tem na retaguarda 25 equipes dispostas a manter a tradição festeira em honra ao Padroeiro de Gaspar.
Cuniberto conta que esta Festa não teve muito tempo para ser pensada. “Há três meses começamos a pensar a Festa, mas a princípio imaginávamos um evento menor, tendo em vista esse recomeço e o pouco tempo para organizar tudo. Mas a animação das pessoas fez com que a Festa ficasse grande”, conta o coordenador, lembrando que ontem e hoje se limitou os festejos com um dia de macarronada e hoje o destaque são as sopas. “Em outras festas todas as barracas estavam em plena atividade”, observou.
Nesses três meses também foi preciso reunir as equipes que estavam “bem dispersas” depois desse tempo de pandemia. Hoje, um total de 200 voluntários trabalham diariamente e 300 estão à disposição de toda a Festa. “É muito importante esse trabalho conjunto. E todos acabam se envolvendo com a Festa”, elogia Cuniberto, lembrando que não se pode esquecer dos doadores e dos benfeitores.
“Fora da organização da festa, eu penso que o povo está com saudades de participar destas festividades, de reencontrar as pessoas e de ter aquela sensação que voltamos ao normal depois desse tempo todo vivendo uma pandemia”, acredita Cuniberto. Segundo ele, nesses dois anos foi feita uma experiência de delibery que deu muito certo. “Um aspecto positivo é que pessoas mais novas assumiram esse trabalho para que as pessoas idosas ficassem se cuidando em casa. Por necessidade, conseguimos essa renovação, importante para o futuro da Festa”, avalia o coordenador.
PASSEIO DE SÃO PEDRO
Nesta quinta-feira, o prédio do Passeio de São Pedro começou a abrigar pela primeira vez, em dois pavimentos, as barracas, como a de cachorro quente e de quentão. O Passeio de São Pedro começou a ser construído em março de 2019, mas em março de 2020, com a pandemia, os trabalhos foram paralisados e retomados ainda num ritmo mais lento e não há previsão para ser concluída a obra. “Falar em prazo é difícil, principalmente porque essa fase de acabamento costuma ser muito custosa”, explica o coordenador do CPP. Ele, porém, lembra que a parte do solo já pode ser locada, gerando uma receita nesse momento de dificuldades financeiras.
Cuniberto explica que o Passeio de São Pedro foi pensado para gerar recursos para a manutenção da estrutura sacra, cultural e patrimonial que envolve a Matriz de São Pedro Apóstolo. “Temos esse patrimônio histórico, religioso e cultural e não sabemos quanto tempo vamos ter as festas para garantir essa estrutura. Para o futuro, precisávamos pensar em alguma solução. A ideia é fazer desse espaço um centro comercial, mas não é nossa intenção concorrer com o comércio local, pelo contrário, queremos oferecer novas possibilidades que agreguem ao comércio local”, explica o coordenador do CPP. Segundo ele, enquanto as festas tiverem esse volume de pessoas a garagem e a parte térrea servirão como espaços para as festividades.
Além da conclusão do Passeio, a Paróquia tem reformas importantes para serem feitas, como a troca de toda a fiação elétrica da igreja, a reforma do Salão Paroquial Cristo Rei e a pintura da Igeja Matriz.
Comunicação da Província da Imaculada Conceição e João Guilherme Simon (transmissão)