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“Um dia de graça abundante de Deus”, diz Frei César na grande festa do Noviciado de Quibala

10/01/2021

Notícias

Angola – “Hoje é um dia de graça abundante de Deus, dentro deste período chamado “Ano da Graça”, disse o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, na manhã deste domingo, 10 de janeiro de 2021, quando a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil/Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola acolheu vinte e três jovens que, depois de terem concluído o ano de Noviciado, foram aprovados para a profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores com a celebração da Missa que teve lugar na Capela da Fraternidade Santo Antônio, o Noviciado São José de Quibala.

A Santa Missa teve início por volta das 10 horas e foi presidida pelo Ministro Provincial e concelebrada pelo Mestre dos Noviços, Frei Marco Antônio dos Santos, o presidente da Fundação, Frei António Boaventura Zovo Baza e Frei Laerte de Farias dos Santos, tendo a diaconia de Frei Canga Manuel Mazoa.

Após a proclamação do Santo Evangelho, deu-se início ao rito da profissão com a chamada dos noviços, feita pelo guardião da mesma Fraternidade, Frei Ivair Bueno de Carvalho. Em seguida, na sua homilia, Frei César começou por expressar a graça abundante de Deus que nos chama, através do ano de noviciado, ao seguimento de Cristo a exemplo de nosso Pai Seráfico. “Nós o fazemos assumindo e integrando os valores que o Santo de Assis nos deixou e também nos deixaram a história e a tradição da nossa Ordem, juntamente com os valores e dons que cada um traz consigo, herdados de sua família, de sua comunidade de origem e das próprias convicções e experiências da fé cristã”, disse o Ministro Provincial (VEJA A HOMÍLIA NA ÍNTEGRA ABAIXO). E como exemplo de perseverança, Frei César lembrou e partilhou um pouco da vida Frei Olavo Seifert, que partiu para a casa do Pai no dia de ontem (9/01).

Após a homilia, o presidente da celebração pediu que os professandos se levantassem para um diálogo breve e a invocação da graça Divina e, depois deste, prosseguiu-se com o momento da profissão, onde os professandos, diante do Ministro Provincial, fizeram votos de obediência, sem nada de próprio e em castidade, segundo a Regra de São Francisco confirmada pelo Papa Honório. Em seguida, Frei César Külkamp entregou um exemplar da Regra de Vida a cada neoprofesso. Terminado o rito de profissão, os neoprofessos foram acolhidos com abraço dos frades que se fizeram presente.

O Ministro Provincial com os novos professos temporários de Angola

Agora, são professos temporários e terão de renovar os votos até a Profissão Solene, Frei Abel Ernesto Nene, Frei Alberto Joaquim Manuel Gamba, Frei Borracha Raimundo Eduardo, Frei Dionísio Kapitango Uyombo Muhele, Frei Escovalo Domingos, Frei Fernando Camaxilo Victor, Frei Gualter Filipe João Pascoal, Frei Hilário Kaleka Gonçalves Barros, Frei Januário Mendonça Barreto de Carvalho, Frei José Kapindi, Frei Luis José Fernandes, Frei Manuel Coloi Armando Camongua, Frei Manuel Katchingangu Singue, Frei Mário Catimba Dumbo Baptista, Frei Paulino Salamba Candondo, Frei Paulo Camuanguina Alexandre, Frei Paulo Kapindali, Frei Paulo Ngungu Ngumbe Gabriel, Frei Silva Kawia Ngueve Tchimo, Frei Simão Albino Katenha Kaquinta, Frie Simeão Kapingala Jamba, Frei Tomás Gaspar Joaquim e Frei Vicente Chocolate Barros.

O momento foi de grande alegria porque marcou um momento histórico pelo fato de ser a primeira turma da Fundação Mãe de Deus de Angola (FIMDA) com o número de neoprofessos superior a vinte. No final da Celebração, os noviços expressaram sua gratidão à Província, na pessoa do Ministro provincial Frei César Külkamp, à Fundação de Angola, na pessoa do presidente Frei António Boaventura Zovo Baza, aos familiares e amigos e às comunidades que os acolheram durantes as etapas do Aspirantado, Postulantado e Noviciado. A celebração da Missa terminou as 12h50 e foi sucedida pelo momento fraterno juntamente com aqueles que participaram da celebração.

A celebração da Primeira Profissão, contudo, começou no dia anterior (9/01), com a bênção dos hábitos dos professandos, às 19h30, numa celebração dirigida pelo guardião da mesma Fraternidade, Frei Ivair Bueno de Carvalho.

JUBILEUS E ADMISSÃO DOS NOVIÇOS DESTE ANO

Durante esta celebração, Frei Laerte de Farias dos Santos, 25 anos de vida religiosa franciscana; Frei Marco Antônio dos Santos e Frei César Külkamp, 25 anos de vida sacerdotal; e Frei Valdemiro Wastchuk celebraram seus jubileus.

Frei César, Frei Laerte e Frei Marcos celebram os seus jubileus neste ano.

Primeiro Frei Laerte, diante do Ministro Provincial, renovou os votos que recebera há 25 anos. Em suas mãos, como símbolo de luz, havia uma vela acesa que lhe foi entregue por Frei Anfonso K. Quissongo. Em seguida, Frei Marco Antônio dos Santos e Frei César Külkamp fizeram a mesma renovação com a suas respectivas velas que lhes foram entregues por Frei António Boaventura Zovo Baza. Valdemiro Wastchuk, por motivos pastorais e em função da restrição que se tem observado devido à Covid-19, não se fez presente, porém foi lembrado várias vezes dentro da celebração.

Na verdade, a grande festa deste dia em Quibala começou cedo, às 6h30, com o rito de Admissão ao ano de Noviciado dentro da Oração das Laudes, dirigida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp.

O rito teve início após a recitação do salmodia e do Santo Evangelho proclamado por Frei Canga Manuel Mazoa, onde foram admitidos os seguintes candidatos: Benedito Cassoma, Benjamim Njele Songa, Bernardino Quessongo, Castro Domingos Gaspar, Dâmaso Tchembeka Muhepe, David Avelino Damião Vicente, Francisco Fernando Kanhanga Tchingandu, Francisco Mulimba Lino Tomás, José Cambanda Catimba, José Gregório Severino, Levi Lubaki Joaquim Afonso, Manuel Mbuta Chicunho, Manuel Sabino Anapaz Kassindula, Miguel Armindo Caquarta, Pio Cutopa Chongolola e Valter Muhongo Quimbundo.

Frei César acolhe a turma de noviços deste ano na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola


Texto de Frei Eduardo José Cavita Camunha

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ÍNTEGRA DA HOMILIA DO MINISTRO PROVINCIAL

Caros confrades aqui presentes, especialmente os da fraternidade formadora do Noviciado; Caro Padre Reis, superior da Missão da Quibala e Equipa Missionária;

Queridas religiosas, familiares e o povo amado de Deus; queridosconfrades professandos na Ordem dos Frades Menores, a todos vocês, Paz e Bem!

Hoje é um dia de graça abundante de Deus, dentro deste período chamado “Ano da Graça”, este tempo privilegiado em que todos nós, os frades menores, somos iniciados no seguimento de Cristo, do jeito que o seguiu o nosso pai, São Francisco de Assis. Nós o fazemos assumindo e integrando os valores que o Santo de Assis nos deixou e também nos deixaram a história e a tradição da nossa Ordem, juntamente com os valores e dons que cada um traz consigo, herdados de sua família, de sua comunidade de origem e das próprias convicções e experiências da fé cristã. Esta integração é o grande trabalho do ano do Noviciado.

Hoje vocês, caros confrades professandos, vivem conosco e com toda a Província, a Província também aqui na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, mas também com os quatro irmãos que professaram no Brasil, no fim deste privilegiado tempo do Noviciado Franciscano!

Nossa Província hoje devolveu a Deus o seu filho mais antigo, Frei Olavo Seifert. Caminhava para celebrar 80 anos de vida franciscana e 75 de sacerdócio. Recebeu o privilégio de viver por 101 anos. Tornou-se modelo de fidelidade com humildade do bem viver a vocação e o serviço. Foi mais uma das vítimas da atual pandemia que assola a humanidade, com quase duas milhões de vítimas fatais, além das quase 90 milhões de pessoas que contraíram este vírus. Rezemos e nos solidarizemos com os que mais sofrem neste momento, os pobres, os doentes, e com os que mais se dedicam, principalmente os profissionais de saúde. Deus acolha a alma do nosso irmão, Frei Olavo, com também de todos que perderam a vida.

Hoje, com a toda a Igreja celebramos o Batismo do Senhor. “Jesus foi ao Rio Jordão até João, para ser batizado por ele”. João oferecia o batismo aos que decidiam mudar de vida. A condição era aceitar-se como pecador, necessitado de conversão. As águas eram um sinal, como se a correnteza lavasse os seus pecados. Por que Jesus quis este rito para si? Ele assumiu a condição humana em tudo, menos no pecado. Não precisava, portanto, da purificação do batismo. No entanto, Ele assume este gesto e o transforma em sacramento, por profunda comunhão com o ser humano. O seu ministério, desde o início, está do lado dos pecadores, mergulha na condição daqueles que precisam da salvação para emergir trazendo-os consigo à vida nova, à liberdade dos filhos amados, de quem o Pai se agrada! Este é também o sentido do batismo cristão. Ele recorda nossa filiação divina e nos prepara para o seguimento de Cristo. Resgatados por tamanho amor, tornemo-nos instrumentos de salvação para nossos irmãos e irmãs!

E na celebração litúrgica, o Batismo é sinal de conversão. É a conversão que leva os apóstolos a mudar de vida e a dar testemunho diante do mundo da razão do seu seguimento a Cristo. Ele veio para nos salvar. Com esse acento encerramos o ciclo do Natal. Com sua encarnação, Jesus também aponta para o sentido da missão cristã. O Profeta Isaías já anunciava que este Senhor vem como servo, mas também como luz das nações, para abrir os olhos dos cegos e libertar da prisão os que vivem nas trevas.

Por isso, todos precisamos de conversão, o que é um caminho difícil, mas o único verdadeiro.

E foi este o caminho vivido e proposto por São Francisco e que nos deixou em sua Regra de Vida: “seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.” (RNB 1)

Estimados confrades, hoje vocês terminam o ano de provação e pedem para ser recebidos na Obediência. O ano do Noviciado, com seus erros e acertos, com a pessoa de cada confrade, ajudou a lhes mostrar o verdadeiro sentido de nossa forma de vida. Mas, principalmente, a pessoa de cada um de vocês foi importante neste protagonismo de abraçar o “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”. Para abraçar este verdadeiro espírito de penitência e conversão.

Francisco descobre os valores que nos deixou como herança ao contemplar os mistérios da vida de Jesus, especialmente na sua Encarnação, na Eucaristia e nos sofrimentos de sua Paixão. Ele fala alto em cada um destes mistérios. Ele mesmo se dá a nós generosamente e de forma tão simples, pequena. Se Deus assim age, que razões temos nós para resistirmos ao abaixamento, à humildade para construirmos verdadeiras e fraternas comunidades.

Uma atitude de mais humildade, fundada na fé e no amor, é o caminho para melhor seguir os passos do Cristo.

A Igreja e a Ordem pedem de cada um de nós frades franciscanos, este testemunho diante de outras direções propostas pelo mundo.

É isto que vocês pediram para professar agora, entregando-se nas mãos desta pequena porção da Ordem chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição.

O que nos une, os quase 400 frades, é a nossa forma de vida, deixada por São Francisco. E ele nos diz que a nossa vida é o Evangelho, ou seja, a vida mesma de Jesus. Ele é a revelação amorosa do Pai.

Para enxergar esta revelação, é preciso se converter, transformar nossa vida numa obediência à vontade do Pai.

Francisco se fez discípulo do verdadeiro Mestre. Procurou interpretar Sua vontade em todos e em tudo. Com sua vida e suas atitudes, ele nos ensinou o que significa transbordar de generosidade. E faz isso porque Deus é assim: amou-nos por primeiro e até o fim!

O Noviciado terá sido fundamento para vocês se ajudou neste exercício do silenciar para poder escutar e para poder ver. Ouvir o que não tem som e ver o que não tem forma.

E hoje também celebramos, em fraternidade, a graça do jubileu de prata de vida franciscana do Frei Laerte e de vida sacerdotal do Frei Marco Antônio, do Frei Valdemiro Wastchuk e minha também.

Na tradição bíblica, do Livro do Levítico, cap. 25, a vivência do jubileu traz elementos inspiradores? As dívidas eram perdoadas, as penas esquecidas e os escravos eram libertados.

Hoje, com vocês jubilandos, me incluo também, queremos pedir o perdão jubilar de todas as nossas faltas. Queremos confirmar e reiniciar a nossa consagração e o nosso serviço ministerial, fundados no primeiro amor, e isto profundamente reconciliados naquele que nos chama a segui-lo. Somos convidados a manter a fidelidade na resposta generosa que um dia já demos a Deus.

Celebrar o jubileu é também festejar a alegria do bem vivido. É dia de gratidão a Deus que nos deu o dom da vocação e o dom de servir em Seu nome.

Em nome de todos os frades da Província e de todos os irmãos e irmãs que participam da nossa vida e da nossa missão, quero agradecer a vocês por terem compartilhado sua vida e sua missão em fraternidade conosco. Mais ainda por terem vindo para longe de suas famílias, de sua terra Natal, para a Missão em Angola, aceitando o convite de Jesus para deixar tudo e seguir para onde Ele for.

Convido todos vocês, professandos e jubilandos, a se voltarem para Maria, modelo de discipulado, de consagração, de humildade e de serviço, a mulher que soube dizer sim à vontade de Deus e “faça-se em mim segundo a Vossa vontade”. Renovemos o nosso sim no Sim ousado e generoso de Maria. Que a Rainha da Ordem dos Menores ajude a cada um de nós a permanecermos firmes na fidelidade, para conhecermos melhor a vontade e a vida daquele que nos convida a seguir os seus passos de verdadeira humildade!