Solenidade de Todos os Santos
01/11/2024
Nesta sexta-feira, 1 de novembro, a Igreja celebra O Dia de Todos os Santos, mas, no Brasil, a data foi transferida para o domingo, dia 3.
“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ “(Mt 5,48) (Catecismo da Igreja Católica 2013).
Quem são os santos?
Santos são todos os que foram canonizados pela Igreja ao longo dos séculos e também aqueles que a Igreja não conhece, mas nos precederam em vida na terra perseverando na fé em Cristo. Todos viveram na terra uma vida semelhante à nossa: Batizados, marcados com o sinal da fé, fiéis aos ensinamentos de Cristo.
Em 1999, na na celebração de encerramento da II Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Europa, São João Paulo II, disse que “fruto da conversão realizada pelo Evangelho é a santidade de muitos homens e mulheres do nosso tempo. Segundo ele, essa condição não é somente daqueles que foram proclamados oficialmente santos pela Igreja, mas também dos que, com simplicidade e no dia a dia da existência, deram testemunho da sua fidelidade a Cristo.
No Angelus desta sexta-feira, 1 de novembro, na Praça São Pedro, em Roma, o Papa Francisco disse que o caminho da santidade é um dom de Deus porque, é para Ele “que pedimos que nos faça santos, que torne o nosso coração semelhante ao seu”, de modo que em nós, como dizia o Beato Carlo Acutis, “tenha sempre ‘menos de mim para dar lugar a Deus'”.
“O Pai do céu, de fato, nos oferece a sua santidade, mas não a impõe a nós. Ele a semeia em nós, nos faz sentir o gosto e ver a beleza, mas depois espera a nossa resposta. Deixa a nós a liberdade de seguir as suas boas inspirações, de nos deixarmos envolver por seus projetos, de fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), colocando-nos, como Ele nos ensinou, a serviço dos outros, com uma caridade como sempre mais universal, aberta e dirigida a todos, aberta e dirigida ao mundo inteiro”, disse o Pontífice.
O Santo Padre ainda citou o caminho da santidade feito por “São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; Santa Teresa de Calcutá, que passou sua existência a serviço dos mais pobres entre os pobres; São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos dos últimos contra os abusos dos prepotentes”.
Segundo ele, esses são santos “moldados pelas Bem-aventuranças”, venerados nos altares. Papa Francisco também lembrou daqueles homens e mulheres santos que sempre ficam “na porta ao lado”, “aqueles de todos os dias, escondidos que levam adiante a sua vida cristã quotidiana”, “pessoas ‘cheias de Deus’, incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós”.
Recentemente, o Papa canonizou oito Frades Menores e três leigos maronitas, que foram martirizados em 1860 em Damasco durante a perseguição aos cristãos pelos drusos xiitas.
Os novos santos franciscanos são: Manuel Ruiz López, Carmelo Bolta Bañuls, Engelbert Kolland, Nicanor Ascanio Soria, Nicolás María Alberca Torres, Pedro Nolasco Soler Méndez, Francisco Pinazo Peñalver e Juan Jacob Fernández; os três santos maronitas são: Francesco Massabki, Mooti Massabki, Raffaele Massabki. Giuseppe Allamano, Marie-Léonie Paradis e Elena Guerra também foram canonizados na mesma celebração.
Na sua homilia do dia 20 de outubro, o Santo Padre, referiu-se a eles como fiéis e fervorosos servidores da paixão missionária, acrescentando: “Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e desejos de poder, mas, pelo contrário, tornaram-se servos dos irmãos, criativos na prática do bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim”.
No dia 25 de outubro, a Igreja celebrou o primeiro Santo brasileiro e franciscano, Santo Antônio de Sant`Anna Galvão, nascido em 1739, na cidade de Guaratinguetá (SP). Foi religioso e sacerdote da Ordem dos Frades Menores. Viveu por quase 60 anos na cidade de São Paulo, no Convento São Francisco. Faleceu no dia 23 de dezembro de 1822, no Mosteiro da Luz, na capital paulista. Foi canonizado em 2007, pelo Papa Bento XVI. Frei Galvão recebe os seguintes atributos: Padroeiro dos construtores civis, arquitetos, engenheiros, pedreiros, pintores, além de auxiliador das parturientes. “Homem da Paz e da Caridade”.
História e santidade
Durante o ano, a Igreja celebra ou faz memória de um santo diariamente. Mas, no dia 1º de novembro, ela reúne-os todos numa festa comum. Isso porque, mesmo entre os canonizados, muitos santos não têm um dia exclusivo para sua homenagem.
Essa celebração começou no século III, na Igreja do Oriente. Já em Roma, a festa de Todos os Santos ocorreu pela primeira vez no dia 13 de maio de 609, quando o papa Bonifácio IV transformou o Panteão, templo dedicado a todos os deuses pagãos do Olimpo, em uma igreja em honra à Virgem Maria e a Todos os Santos.
Próximo do ano 800, houve a mudança do dia graças à intervenção do abade inglês Alcuíno de York, professor de Carlos Magno. Os pagãos celtas entendiam o dia 1º de novembro como um dia de comemoração que anunciava o início do inverno. Quando eles se convertiam, queriam continuar com a tradição da festa. Assim, a veneração de Todos os Santos, lembrando os cristãos que morreram em estado de graça, foi instituída no dia 1º de novembro.
O papa Gregório IV, em 835, fixou e estendeu para toda a Igreja a comemoração em 1º de novembro. Oficialmente, a mudança do dia da festa de Todos os Santos, de 13 de maio para 1º de novembro, só foi decretada em 1475, pelo Papa Xisto IV.
Caminho da santidade a exemplo de São Francisco
O encontro de São Francisco Assis com Deus e sua trajetória no caminho da santidade foi conduzido pelo Evangelho, os exemplos, gestos e atitudes de Jesus Cristo. O Santo Seráfico despiu-se não só de suas vestes nobres, mas, principalmente da forma como o mundo na época impunha a visão às diferentes realidades. Ele passou a olhar com os olhos de amor, caridade, compaixão e fé.
George Duby no livro Les temps des cathédrales, diz que: “De parceria com Cristo, Francisco foi o grande herói da história cristã. Pode-se afirmar, sem exagero, que o que hoje resta de cristianismo vivo, provém diretamente dele”.
O caminho da santidade é uma jornada pessoal e pode estar nos pequenos gestos de acolhida e amor ao próximo, sempre sem perder o foco nos ensinamentos de Jesus Cristo e à fidelidade à Igreja. A espiritualidade, o encontro da vocação e o diálogo com Deus são experiências únicas para cada pessoa. O essencial, acima de tudo, é buscar e se comprometer com uma evolução contínua e eterna, inspirada no exemplo de Cristo. “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor” (Ef 5-1,2).
A Igreja também tem seu papel na caminhada da santidade dos filhos e filhas de Deus, como diz o sacerdote José Antonio Pagola. “Voltar a Jesus é muito mais do que introduzir algumas mudanças ou inovações de caráter pastoral ou de governo. A renovação que a Igreja precisa hoje está exigindo uma conversão em nível mais profundo, para que essas mudanças sejam feitas com o Espirito de Jesus e num clima mais evangélico. Precisamos voltar às raízes, converter-nos ao essencial, atualizar hoje de alguma forma a experiência fundante que foi vivida no início com Jesus. Não basta por ordem na Igreja nem introduzir algumas melhoras no funcionamento eclesiástico. Neste momento em que está ocorrendo uma mudança sociocultural sem precedentes, precisamos na Igreja também uma conversão sem precedentes para reproduzir hoje o essencial do Evangelho como algo sempre “novo” e “bom” no mundo” (Pagola, Voltar a Jesus, p. 46).
Seguindo o exemplo de Jesus, que atuou em favor da justiça e do amor, podemos nos inspirar em suas ações para trilhar um caminho semelhante. Quanto mais nos aproximamos do coração de Cristo, mais avançamos em santidade. Para nos guiar nesse percurso, Ele nos deu seu Espírito de Amor, que nos inspira, fortalece e sustenta em nossa jornada rumo à santidade.
Que possamos, com sabedoria, aperfeiçoar o lado humano que existe em nós e, nesse processo, aproximar-nos cada vez mais de Deus, das pessoas e de toda a criação.
Adriana Rabelo
Fontes: https://franciscanos.org.br/carisma/francisco-de-assis-simplesmente.html#gsc.tab=0