Romaria dos Homens: A multidão volta a caminhar com a Mãe da Penha
24/04/2022
Depois de dois anos sem caminhar com a Mãe da Penha, o povo pôde finalmente matar a saudade de uma das demonstrações mais esperadas da Festa da Penha: a Romaria dos Homens. Durante sete dias, a Virgem das Alegrias ganhou homenagens no alto do Morro da Penha, mas neste sábado, 23 de abril, ela reuniu todo o povo capixaba da Região Metropolitana de Vitória e do Estado do Espírito Santo para caminhar, na planície, com uma multidão de cerca de 800 mil pessoas, num percurso de 14 quilômetros, da Catedral de Vitória até o Convento da Penha. Inicialmente, a Romaria dos Homens foi criada para estimular a participação masculina na Festa da Penha, hoje se tornou a maior ‘romaria de homens’ do Brasil. Na verdade, todo o povo quer caminhar com a Mãe dos Caminhantes: homens, mulheres, jovens, idosos e crianças. Por isso, Dom Dario Campos informou que o novo título é Romaria das Famílias. É a maior demonstração de fé de uma festa essencialmente devocional.
Esta gigante procissão com a Padroeira do Espírito Santo teve início no final da Missa de Envio celebrada na Catedral, quando os sinos da Catedral avisaram que a Romaria iria começar às 19h10. As velas foram se acendendo e tomaram conta da praça da Catedral. Um grupo de homens, que formam a “Corrente da Penha”, abriu caminho para o ‘Penhamóvel’ passar, especialmente nas ruas mais estreitas do Centro da capital, a partir da praça Dom Luiz Scortegagna, ruas José Marcelino, São Francisco, Caramuru, Cais de São Francisco, Cleto Nunes, Marcus de Azevedo, Duarte Lemos e Nair Azevedo Silva.
Foi emocionante ver a força dessa manifestação de fé em todo o percurso da romaria. Velas acesas, cantos e orações acompanharam a imagem de Nossa Senhora das Alegrias, que parecia deslizar nos braços da multidão dentro de uma berlinda, uma espécie de andor ornado de flores naturais. A emoção tomou conta de todo o trajeto e, certamente, mesmo aqueles que não têm fé foram pegos de surpresa por essa gigantesca demonstração de fé. E não poderia ser diferente. O cenário era místico e frenético (alguns peregrinos caminhavam rapidamente). Milhares de pessoas rezando nas ruas, nos prédios, nas casas; fogos de artifício estourando no céu durante o percurso, e muita, muita, devoção.
A música não poderia expressar melhor esse momento: “Maria, Mãe dos caminhantes,/ Ensina-nos a caminhar./ Nós somos todos viandantes, /Mas não é fácil sempre andar”.
Foi o momento de epifania, de manifestação divina, que durou algumas horas mas ficará para sempre iluminando a alma desse fervoroso povo.
Na longa avenida Carlos Lindenberg, a romaria cresce assustadoramente quando recebe novos peregrinos, como os de Guarapari e dos bairros da capital e Vila Velha. A procissão de Guarapari acontece há mais de 30 anos e os romeiros caminham aproximadamente 11 horas, sendo assistidos por uma equipe de apoio com socorristas e ambulâncias.
Depois de completar o longo percurso com as grandes avenidas Carlos Lindenberg e Luciano das Neves, a imagem chegou à Prainha por volta das 23h00. A Eucaristia teve início e a multidão ainda continuava a chegar na Prainha, no pé do Morro da Penha. A Santa Missa foi presidida pelo Arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos, e concelebrada pelo bispo auxiliar Dom Andherson Franklin, o guardião do Convento da Penha, Djalmo Fuck, e sacerdotes da Arquidiocese e da Província da Imaculada Conceição.
Segundo D. Dario, a Romaria dos Homens recebe um novo título: Romaria das Famílias. “Todos os passos que demos até aqui, saindo de diversos lugares, próximos ou até mesmo muito distantes, foi realizado na companhia da Virgem da Penha, a Nossa Senhora das Alegrias. Ao chegarmos aqui fomos iluminados pela Palavra de Deus, que deseja aquecer os nossos corações e confirmar os nossos caminhos como discípulos, como filhos e filhas, missionários de Jesus”, disse o Arcebispo.
“Também aqueles homens e mulheres apresentados na multidão, que a mesa da Palavra nos apresentou na primeira leitura, foram atraídos por Jesus Cristo.
Nesta noite, todos nós fomos atraídos pelo amor de Deus, que a todos deseja comunicar a sua Palavra, deseja comunicar a sua graça, deseja dar o seu consolo, deseja buscar a sua bênção, afim de que possamos retornar para nossas casas, para nossas Comunidades Eclesiais de Base, para o nosso trabalho, fortificados na fé, mas cheios de esperança e animados na caridade”, ressaltou Dom Dario.
“Com a multidão que acorria aos apóstolos, também nós deixamos nossas casas e nos propusemos a fazer esta Romaria, na certeza de que seremos acompanhados ao longo de todo o caminho pelo Senhor e que também nos acolheu aqui nesta noite, na Casa da nossa Mãe”, acrescentou.
“De fato, meus irmãos, ao longo de toda a Romaria cada um de nós apresentou ao Senhor a própria vida, apresentou a família, apresentou ao Senhor o trabalho, as dificuldades cotidianas, apresentou as dores, o sofrimento. Eu escutei alguém dizer: Nossa Senhora, arrume emprego para mim! Apresentemos nossas alegrias e esperanças, nossos sonhos e nossas conquistas, e, sobretudo neste tempo Pascal, seja um recomeço para todos nós. Foi o Senhor que nos acompanhou até aqui. Foi a sua graça e sua graça nunca faltou. E a sua proteção que nos foi oferecida, ou seja, fomos amparados pelas mãos bondosas Daquele que nos amou e salvou em Jesus Cristo”, disse o Arcebispo, contando que ouviu um repórter na televisão dizendo: são mais de 800 mil pessoas nesta Romaria. “Que bonito!”
“”Que todos que vieram, os que ficaram em casa, percebam que fomos tocados pela Palavra de Deus e dela nos tornamos testemunhas vivas como verdadeiros sinais do Reino. Que a Virgem da Penha, Senhora das Alegrias e da Ressurreição, Senhora da Saúde, Senhora dos Enfermos, interceda a seu Filho Jesus de Nazaré por todas as famílias”, desejou.
Na Prainha, muitos peregrinos descansavam os pés, os joelhos e as mãos, deitados ou sentados no chão. Mas um grande número de romeiros só conclui a peregrinação no alto do Morro, aos pés da Virgem da Penha, com muitas velas acesas pelo caminho.
O apelo do Papa Francisco para uma Igreja de saída, itinerante e missionária deu uma mostra de como pode crescer na fé. A igreja do caminho valoriza a comunhão, como diz os Atos dos Apóstolos (2,42-47).
Comunicação da Província da Imaculada Conceição