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“Que o futuro se apresente cheio de paz e cheio de bem”, diz D. Angelo na celebração dos 80 anos da Paróquia da Vila

27/06/2021

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São Paulo (SP) – A Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, celebrou os 80 anos de sua criação durante a Missa de Ação de Graças neste domingo (27/6), às 9 horas, presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para a Região Ipiranga. “Sabemos que o presente e o futuro dependem da nossa história de vida, da história respeitada, da história amada. Temos que preservar essa memória para que as futuras gerações possam conhecer mais profundamente essa força da fé, essa força da Igreja, esse testemunho de vivência da sociedade, do que era e do que hoje é e do que continuará nesta Paróquia construída com amor”, disse D. Angelo, ao saudar a todos com “Paz e Bem!”

O pároco Frei Valdecir Schwambach fez a acolhida e falou da alegria pela presença de Dom Ângelo, dos sacerdotes Pe. Samuel A. Cruz, administrador paroquial da Paróquia N. Sra. Aparecida de Moema; de Pe. Paulo Suess, da Paróquia Santa Rita de Cássia de Mirandópolis; de Frei Marx Rodrigues dos Reis, da Paróquia Santo Antônio do Pari; e dos frades da Fraternidade da Vila: Frei Raimundo de Oliveira Castro, Frei Robson Scudela e Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa.

O bispo explicou que se alegrava porque estava celebrando esta Eucaristia pela primeira vez, já que tinha visitado apenas a Comunidade religiosa quando foi acolhido na Região Ipiranga no ano passado, em outubro. “Então, hoje, estou muito feliz de celebrar numa data especial. Até porque sou de uma paróquia franciscana. Eu nasci em Forquilhinha, Santa Catarina, e cresci com os frades. Não me tornei franciscano não sei por quê.  Sou rogacionista, mas sempre fui muito ligado à Família Franciscana. Então, me sinto em casa também. Desde pequeno aprendi a dizer com meu pai e minha mãe ‘Paz e bem!’, porque todas as famílias diziam em todos os momentos”, revelou D. Angelo. Ele contou que o Cardeal D. Odilo Scherer mandou uma saudação especial ao pároco e à Fraternidade Franciscana pela presença franciscana nesses 80 anos desta “querida Paróquia”. “Que esta liturgia eleve a Deus a nossa gratidão e, sobretudo, o nosso compromisso para continuar adiante nossa missão, tão bem vivida nesses anos e que o futuro se apresente também cheio de paz, cheio de bem”, disse.

Antes do Ato Penitencial, em procissão os paroquianos trouxeram os símbolos que marcam este jubileu: o hábito franciscano e o jaleco do médico, simbolizando a proximidade com o Hospital São Paulo; a primeira imagem de São Francisco acompanhada por vasos de flores representando as pastorais e os movimentos da Paróquia. “Essa imagem será sempre um sinal permanente dessa história”, lembrou D. Angelo.

Para D. Angelo, nada melhor do que agradecer essa história de 80 anos, elevar a  gratidão a Deus nesse templo tão bonito, construído com tanto amor e com a participação de tantos: “Quanta colaboração, quanta generosidade, quanta partilha!”

“Então, hoje vamos exaltar porque Deus preservou e exaltou a vida a tantos que aqui se encontraram e viveram a sua fé, o seu amor e sua esperança, animados por essa espiritualidade franciscana, que tem uma tradição de mais de 800 anos e que hoje é tomada pelo testemunho do Papa Francisco, que adotou esse nome. Então, temos aí muita riqueza da espiritualidade que permitiu renovar, revitalizar a Igreja, essa espiritualidade franciscana da simplicidade, da fraternidade, do cuidado com a vida, do cuidado com a criação, do cuidado com os bens, que mais do que nunca é muito atual. Que essa presença dos frades, das comunidades animadas por eles, possa manter viva essa espiritualidade. Como Paróquia São Francisco de Assis possa ajudar a nossa Igreja, a nossa Arquidiocese, a nossa sociedade paulistana a viver esse espírito que nos deixou São Francisco e que hoje continua tão necessário: o cuidado com a vida, o cuidado com a criação, como nos ensina a Laudato si’. Deus seja louvado por todas as suas criaturas”, disse o bispo.

Esse cuidado pela vida foi enfatizado na segunda parte da homilia, tendo como base a Palavra de Deus da liturgia deste domingo. “A missão da Igreja é anunciar a dignidade de toda a vida humana. Se Deus nos deu a vida, se somos a sua imagem, não temos o direito de destruir a vida. A ninguém é dado o direito de tirar a vida. Deus é o Senhor da vida”, destacou.

Falando da pandemia, lamentou que o último domingo foi marcado pelo triste número de 500 mil vidas perdidas, das quais uma parte poderia ter sido salva. “Dizia o slogan: ‘toda vida importa’. Cada vida é importante, porque nascemos para a imortalidade”, observou.

“Sejamos cuidadores, promotores da vida. Mas deixemos nossa vida ser alimentada por essa fé, por essa presença de Deus, essa presença de Jesus. Em Jesus Cristo, todo mal pode ser vencido. Em Jesus Cristo, toda morte pode ser vencida”, exortou. Fazendo referência ao Evangelho deste domingo, lembrou que toda a missão da Igreja é misericordiosa e vai ao encontro dos sofredores. “O Evangelho de hoje é um olhar de esperança. Onde Deus se faz presente, a vida é cuidada, a vida é salva, a vida é eternizada”, frisou.

Dom Angelo terminou perguntando “qual seria o caminho para que a vida seja dignificada?”. Segundo ele, Paulo dá o exemplo de Jesus Cristo, que de rico se fez pobre. “E Paulo insiste numa palavra que nos assusta: a igualdade. O que deveria ferir o coração de um cristão quando faltar a quem precisa, onde a vida é substituída pela ganância, onde a vida não é cuidada como deveria ser cuidada, onde há desprezo, indiferença, insensibilidade. Paulo dá a receita: a partilha”, completou o bispo.

Depois da comunhão, a paroquiana Wilma Deléo Pessoa falou em nome da comunidade e fez uma síntese histórica da Paróquia. “Neste momento, em 2021, a comunidade agradece e celebra com carinho a caminhada corajosa e a missão acolhedora dos 80 anos da Paróquia. Nosso Padroeiro e o carisma franciscano preenchem com afeto, esperança e fé o coração da comunidade. E quando o sol perpassa os belos vitrais, é possível pensar nos versos de Adélia Prado: ‘Igreja é o melhor lugar. Lá estou em casa. Me guardo. Lá tudo lá fica seguro e doce'”, homenageou. Frei Valdecir e D. Angelo foram homenageados com presentes.

O pároco agradeceu a Dom Angelo pela presença neste domingo: “O sr. ajudou a celebrar e a vivenciar melhor esse momento. Obrigado aos confrades, que ao longo de todos os dias e todos os anos estão conosco. Aos sacerdotes que representam o setor da Vila Mariana da Região Episcopal Ipiranga”, disse, agradecendo também a equipe que preparou esta celebração e todas as pastorais e movimentos.

“E também quero agradecer a cada paroquiano, a cada paroquiana, que de um jeito ou de outro, compõe e forma a riqueza de nossa Paróquia. Lembro que o Papa Francisco disse que a Igreja não é uma estrutura, mas a família de Jesus Cristo, lugar que os sedentos vêm saciar a sua sede. Desejo de coração que nossa Paróquia seja cada vez mais um lugar de encontro, lugar da comunhão, um lugar em que cada um se sinta filho e filha amados por Deus”, destacou.

Dom Angelo ressaltou que “os oitenta anos é de cada um de vocês” e lembrou que estamos num ano especial porque em breve, no dia 14 de setembro, terá início o ano jubilar do nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns, “o franciscano que deve ter vindo muitas vezes aqui visitar sua Fraternidade. Em setembro iniciaremos essa memória tão bonita da presença de Dom Paulo aqui na Arquidiocese, na Igreja do Mundo, mas também será o momento de reavivar aquele espírito franciscano que iluminou e transformou essa cidade”, encerrou Dom Angelo.


Moacir Beggo