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“Precisamos cultivar a abertura de coração e o olhar atento do bom Samaritano”, pede Frei Medella na abertura da Festa da Penha

17/04/2022

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Vila Velha (ES) – Os fiéis e devotos de Nossa Senhora da Penha puderam, enfim, voltar ao Campinho do Convento da Penha neste domingo de Páscoa, 17 de abril, para celebrar o início da 452ª edição da Festa da Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha. Além desta liberação presencial pelo Governo do Estado do Espírito Santo, os fiéis puderam participar da primeira Missa do Oitavário sem máscara.

“A Mãe das Alegrias, certamente, alegra-se com as belas e sinceras homenagens que a Ela serão dirigidas nos próximos dias. Mais alegre e grata ainda ela ficará se cada demonstração que fizermos de carinho e devoção nos transformarem em pessoas melhores capazes de dar o seu melhor a fim de vivermos num mundo melhor”, pediu o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, como presidente da Santa Missa de abertura da Festa da Penha, representando o Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira e todos os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição.

Ele teve como concelebrantes sacerdotes da Área Pastoral de Vila Velha, entre eles os frades do Santuário do Divino Espírito Santo e do Convento da Penha, as duas Fraternidades na cidade de Vila Velha. A Festa também é a primeira sobre a liderança do guardião Frei Djalmo Fuck. Entre as autoridades civis, o Governador do Estado, José Renato Casagrande, e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. O povo que estava com saudades desta grande homenagem à Mãe da Penha, lotou o Campinho. Segundo o celebrante, a Festa da Penha 2022 está começando e, com certeza, já é uma edição histórica.

O belo dia de sol (depois da chuva parece que o outono chegou levemente) garantiu um cenário belíssimo no alto do Morro para iniciar o Oitavário da Penha, como fez o devoto Frei Pedro Palácios há 452 anos, quando instituiu esta festividade em 1571, um pouco antes de falecer.

O tema deste ano da Festa é “Saúde dos enfermos, rogai por nós”, trecho da Ladainha de Nossa Senhora que foi escolhido devido ao momento pandêmico. Nos dois anos anteriores, a Festa ocorreu com restrições. No primeiro ano da pandemia, quando se celebrava 450 anos das festividades, a decisão de cancelar todos os eventos presenciais ocorreu alguns dias antes. No ano passado, ainda com o agravamento da pandemia, as transmissões foram virtuais.

Frei Medella abriu sua reflexão com a canção “Laços”, gravada por Nando Reis e Ana Vilela. “Escolhi-a para abrir esta breve reflexão por acreditar que ela sintetiza o espírito Pascal que tem nos conduzido até aqui, especialmente nos dois últimos anos para cá. Com todas as circunstâncias duras e difíceis que temos vivido e experimentado, não temo em dizer que a Semana Santa de 2022 traz consigo um sabor profundamente pascal”, explicou o celebrante, que foi interrompido várias vezes com aplausos.

Segundo ele, a possibilidade de celebramos juntos em nossas comunidades, a alegria do reencontro e da proximidade, o fato de podermos ver este Campinho do Convento da Penha novamente cheio de pessoas, mas também de fé e devoção à Mãe do Senhor, representam verdadeiro bálsamo, remédio que cura as feridas e amarguras do nosso coração.

“Ressurreição é cura, é saúde! ‘Saúde para todos’, conforme propõe o tema de hoje do nosso Oitavário”, situou o frade. “A ressurreição de Cristo é sinal da garantia do amor incondicional que Deus nutre pela humanidade, sem distinção. Deus não criou ninguém para passar fome, morar na rua, ser agredido física ou psicologicamente ou sucumbir sem nenhuma espécie de cuidado diante das enfermidades. A saúde integral é, portanto, direito universal e imprescindível que pode ser fundamentado também pela fé em Jesus Cristo”, ressaltou o Vigário Provincial.

“E justamente por isso não precisamos ter medo de declarar: o Sistema Único de Saúde do Brasil, em sua proposta e concepção, é profundamente Pascal e Cristão, pois tem como meta levar saúde e cuidados para todos, sem nenhuma espécie de distinção”, disse, recebendo aplausos. “Se na prática ele nem sempre funciona como deveria, não devemos menosprezar o sistema, mas trabalhar para que suas operações sejam sempre mais aprimoradas e cheguem aonde devem chegar. A Igreja, que é mãe e deseja ver seus filhos com saúde, apela, a todas as esferas de governo, à sociedade, e também se compromete a fazer o que está a seu alcance para que tenhamos um sistema de saúde universal: público, gratuito e de qualidade”, avaliou Frei Medella.

“Estamos felizes e somos gratos a Deus por todos os que se empenharam para que esta pandemia estivesse sob controle e também àqueles que se desdobraram para que os serviços essenciais fossem garantidos. O cuidado que devemos agora é o de não cairmos na tentação do comodismo, de imaginarmos que o controle da pandemia seja nosso ponto de chegada, de que hora de descansarmos em berço esplêndido. Ao contrário: o trabalho de reconstrução está apenas começando”, alertou o frade.

Segundo Frei Medella, assim como o túmulo vazio foi apenas o início de uma história vitoriosa de esperança e amor, ao modo de Maria Madalena, Pedro e João, estamos ainda tentando compreender os acontecimentos tumultuosos que nos deixaram fragilizados e confusos. “Temos um caminho muito exigente diante de nós, com diversos obstáculos a serem vencidos, dentre eles a guerra, a violência, a fome, o desemprego, a exclusão, fora a avalanche de ódio e mentira que dia após dia invade as redes sociais. Sobre este fenômeno nos alerta o Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti: ‘Os movimentos digitais de ódio e destruição favorecem o efervescimento de formas insólitas de agressividade, com insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais que chegam a destroçar a figura do outro, em um desregramento tal que, se existisse no contato pessoal, acabaríamos por nos destruir mutuamente. A agressividade social encontra um espaço de ampliação incomparável nos dispositivos móveis e nos computadores’, escreve o Santo Padre. Como discípulos e discípulas do Ressuscitado, tenho certeza de que este não é o caminho pelo qual desejamos seguir. Que nossos celulares e computadores e nossas redes eletrônicas sejam espaços de vida, de saúde, de ressurreição”, pediu o celebrante.

“Se, como Cristo nos sentimos ressuscitados, amados e curados, mesmo com as dores e angústias que sofremos, nossa reação natural é a de nos sentirmos chamados a promover, entre nossos irmãos e irmãs, a ressurreição, o amor e a cura. Trabalho certamente não vai nos faltar. O que precisamos é cultivar a abertura de coração e o olhar atento do bom Samaritano para enxergamos os que jazem caídos à beira do caminho, fazendo o que está a nosso alcance para reerguê-los, a fim de que sigam conosco esta bela caminhada em companhia de Jesus, o Vivente!”, exortou Frei Medella.

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No final da homilia, Frei Medella pediu que colocasse a bela canção de Nando Reis que o inspirou nesta reflexão:

“Quem cuida com carinho de outra pessoa / Se importa com alguém que nem conheceria / Quem abre o coração e ama de verdade / Se doa simplesmente por humanidade / Se coloca no lugar do outro, sente empatia.

Você que vai à luta e segue sempre em frente/ Enfrenta os desafios que o destino traz/ A vida é preciosa, todo mundo sente / Afeto e compaixão, a gente sempre entende. / Máximo respeito a você que faz / Laços de ternura e aliança / Hão de ser a diferença / O impossível pode acontecer / Só o amor é capaz de dar a vida / E encontrar uma saída pra esperança vir de novo a cada novo amanhecer”.

MOMENTO DEVOCIONAL

O Oitavário é o momento de oração e meditação mais tradicional da Festa e foi aberto pelo guardião Frei Djalmo Fuck. Neste ano, a cada dia do Oitavário, os frades farão uma reflexão sobre o tema da saúde. O de hoje foi “Saúde para todos”.

Destaque sempre para a equipe de músicos e cantores, que animam a liturgia do Oitavário e da Missa com beleza e harmonia, sempre com a presença de Frei Paulo Ferreira, a voz da Penha.

Na abertura, um momento sempre emocionante e belo é a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha ao altar do Campinho. Às 15h30, a imagem, vestida com seu manto azul e rosa, deixou a Capela de São Francisco – onde Frei Pedro Palácios, que faleceu no dia 2 de maio de 1570 – e foi levada num andor até o altar central do Campinho, enquanto o povo cantava e dava “vivas”. É sempre um momento emocionante da Festa. Até o encerramento, esta imagem ficará no altar do Campinho, palco de todas as celebrações do Oitavário. À frente da imagem, seguiu o cortejo de anjinhos e os frades vieram em seguida. “Irmãos e irmãs, se hoje temos a alegria de estar aqui, para orar, agradecer e estar tão perto de Nossa Senhora das Alegrias, a Senhora da Penha, só o fazemos graças à enorme fé de um frei espanhol, chamado Frei Pedro Palácios, da Ordem dos Frades Menores, de São Francisco de Assis”, explicou o leitor.

Esse momento é composto de cantos a Nossa Senhora; súplicas pelos mistérios realizados a Maria, Mãe de Jesus na devoção que Frei Pedro Palácios trazia consigo; ladainha de Nossa Senhora, orações e bênção. No final, duas crianças ofereceram flores a Nossa Senhora, enquanto o povo cantou “Virgem da Penha”.

PROGRAMAÇÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA – 18/4 – 2º Dia Oitavário

Tema do dia: Saúde do corpo

7h, 9h, 11h – Missas (Fraternidade Franciscana), presenciais no Campinho

14h00 – Programa “Salve Mãe das Alegrias” – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet)

15h30 – Devocional Oitavário – Fraternidade Franciscana – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho

16h00 – Missa 2º Dia Oitavário – Área pastoral Serrana – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet) – presencial no Campinho

19h30 – Bênção para os casais e show musical com Padre Renato Criste e Comunidade Água Viva – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho


Comunicação da Província da Imaculada Conceição