No mês de agosto Frei Fernando Truppia e Frei Marcelo Badalamenti, da Província do Santíssimo Nome de Jesus,  localizada na Sicília,  Itália, estiveram no Brasil conduzindo a relíquia de São Benedito de Palermo, em visita às Irmandades do Rosário e de São Benedito nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A peregrinação pela América do Sul  marcou as celebrações dos 500 anos de nascimento do santo negro franciscano. Os guardiões passaram pela Venezuela,  pelo Peru e concluíram a peregrinação em terras brasileiras, onde permaneceram de 8 a 23 de agosto. Aqui visitaram diferentes localidades, especialmente as fraternidades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, onde é forte a devoção ao santo. Frei Alvaci Mendes da Silva, diretor da USF (Universidade São Francisco), em Bragança Paulista (SP), que desenvolveu uma pesquisa acadêmica sobre a vida de São Benedito,  foi o coordenador  a visita da relíquia no país.  Assim que retornaram à Italia, os frades peregrinos enviaram uma carta de agradecimento, que pode ser  lida na íntegra nesta publicação:

“Abristes-nos as portas dos vossos conventos, das vossas casas e dos vossos corações num dinamismo confiante de reciprocidade”

Nosso agradecimento a todos!

Carta de agradecimento a quantos encontramos durante a peregrinação das relíquias de São Benedito na América do Sul, por ocasião do V Centenário do seu nascimento.

 Reverendíssimas Excelências, queridos irmãos e amigos,

Pensamos em escrever esta carta a todos para expressar o que está em nossos corações ao final da maravilhosa experiência que vocês nos permitiram viver de 7 de julho a 23 de agosto de 2024.

Como bem sabeis, entre as atividades previstas durante o V Centenário de nascimento de São Benedito, os Frades Menores da Sicília incluíram o encontro com algumas das numerosas comunidades da América do Sul que vivem uma relação especial com ele. Nosso Ministro Provincial, Frei Antonino Catalfamo, confiou esta missão a mim e ao Frei Marcello Badalamenti. Confiando no Senhor e no apoio do nosso Santo, bem como dos irmãos da Província do Santíssimo Nome de Jesus da Sicília e de todos os irmãos que encontraríamos, depois de uma longa preparação, chegamos até vocês.

Hoje escrevemos esta carta para agradecer ao Senhor por nos ter concedido um tempo tão intenso, rico em conteúdo e duradouro, foram 45 dias.

Não é fácil, em poucas linhas, reler o caminho percorrido juntos, contudo, tentaremos relembrar alguns momentos que marcaram esta peregrinação.

Em vocês encontramos uma família que nos acolheu, nos amou e nos cuidou desde o início. Referimo-nos, em primeiro lugar, ao Cardeal Baldassar Porras e aos excelentes Bispos que confiaram plenamente em nós e muitos deles estiveram fisicamente presentes e plenamente envolvidos nas diversas celebrações propostas para a entrega e veneração das relíquias. Obrigado.

Que maravilhoso foi o encontro com os numerosos irmãos das Províncias Franciscanas dos XII Apóstolos do Peru e da Imaculada Conceição do Brasil. Todos que encontramos, a começar pelos seus dois Ministros Provinciais, Frei Ernesto Chambi e Frei Paulo Roberto Pereira, nos acolheram calorosamente e ofereceram um testemunho autêntico da vida franciscana. Sentindo-nos tão gentilmente acolhidos por vocês, irmãos, vocês contribuíram muito para nos fazer viver os dias passados ​​entre vocês e com vocês como um tempo de graça e de crescimento humano e espiritual para nos dedicarmos com particular alegria e abnegação à tentativa de tornar visível em nós a mensagem que São Benedito quer comunicar hoje a todos os homens e mulheres de boa vontade. Obrigado.

Quanta generosidade encontramos em todos vocês, povo de Deus, que assim fizeram para conosco, tratando-nos como peregrinos, membros da sua família, e precisamente porque peregrinos vocês cuidaram de nós com maior zelo, colocando ao nosso lado muitas vezes, a sua casa, a sua comida e tudo o que fosse necessário para facilitar nossa missão.

O que podemos dizer dos irmãos e irmãs que colaboraram conosco, que confiaram em nós, que nos acolheram pacientemente? Não mencionamos ninguém em particular, mas o nosso agradecimento estende-se a muitas pessoas que nos demonstraram tanta generosidade e autêntico espírito de serviço no planejamento, execução do programa e na tradução das nossas intervenções para português. Não vos esconderei que iniciamos o nosso serviço de amor com apreensão, embora estivéssemos ansiosos por dar a conhecer a mensagem que São Benedito quer comunicar hoje também na Venezuela, no Peru e no Brasil. Mas, com o passar dos dias, percebemos que as três nações mencionadas se tornaram o nosso lar. Todos, sem exceção, nos deixaram à vontade. Um sinal claro disso não é apenas a requintada hospitalidade que nos ofereceram, mas também o urgente pedido das fotos que quisestes tirar conosco, porque em nós vistes a presença daquele de quem falavamos longamente. Obrigado.

Quando tentamos reler o tempo passado convosco, muitas imagens nos lembram os vários momentos da peregrinação. Para nós, todos foram importantes e lindos. Vamos apenas relembrar o que vivemos no Corcovado. Aquela imagem pretendia expressar a síntese da mensagem que São Benedito dirige ao homem de hoje: “Lembra-te, irmão, que és um peregrino e que a tua meta é o encontro definitivo com Cristo Redentor, que deseja abraçar-te, como ele já fez comigo. Através da minha humilde pessoa quer mostrar-te o caminho para chegar lá.”

Preservamos a memória viva das liturgias celebradas juntos, dos momentos comoventes da entrega das relíquias, particularmente a vivida na Universidade de los Andes, dos encontros catequéticos e de escuta mútua, das festivas boas-vindas com bandas musicais e danças, das procissões com a participação de numerosos grupos de Vassallos, Irmandades, entre outros.

Algum esforço era inevitável, mas o que abundava era a graça. Por esta razão, hoje queremos expressar ao Senhor o nosso agradecimento por todo o bem que recebemos. Pedimos desculpas àqueles que não estiveram envolvidos como gostariam, àqueles a quem não conseguimos abordar como gostariam. Certamente teremos cometido alguns erros. Pedimos ao Senhor que o remédio da misericórdia possa curar quaisquer feridas por nós causadas. Acredite, não é fácil para nós dizer como nos sentimos: queremos agradecer a todos!

Todos os dias da peregrinação foram intensos, vividos na escuta da Palavra do Senhor e na celebração da Eucaristia. A partir deste centro, coração pulsante da fé cristã, as restantes iniciativas encontraram e deverão encontrar sempre impulso. São Benedito é nosso mestre nisso.

Abristes-nos as portas dos vossos conventos, das vossas casas e dos vossos corações num dinamismo confiante de reciprocidade. O Senhor permitiu-nos concluir a peregrinação prevista. Agora o trabalho mais importante e mais bonito é cumprir as resoluções que o Espírito Santo nos sugeriu durante as nossas reuniões (lembre-se do motivo pelo qual tiramos a foto no final das nossas celebrações) para construir a comunhão entre nós.

Isto será possível na medida em que, como São Benedito, formos apenas a transparência de Jesus (lembre-se do significado da túnica), acolhedores e atentos para com todos, especialmente para com os últimos e os mais pequenos, sem diferença de raça ou de cultura. Que ninguém se sinta excluído, que ninguém experimente a indiferença. Nesta jornada deixamos o campo livre à ação materna da “Divina Pastora”, que desde o início da peregrinação pedimos no seu santuário que fosse a nossa bússola.

Talvez não tenhamos dito tudo o que você esperava, talvez tenhamos esquecido alguém ou alguma coisa. No entanto, espero que você possa sentir nosso profundo sentimento de gratidão e reconhecimento.

Com o coração cheio de emoção pedimos que continuem a rezar por nós, assim como continuaremos a rezar por cada um de vocês. Sempre sublinhamos isso no momento da entrega do pergaminho. Permaneçamos unidos no amor do Senhor e em frequentes relações mútuas. Pela intercessão de São Benedito invocamos a bênção do Senhor sobre todos, pedindo a sua sobre nós.

Com profundo carinho;

Palermo, 26/08/2024.

Frei Fernando Trupia

Frei Marcelo Badalamenti

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Confira a visita da Relíquia ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ)