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Pe. Vitor pede ‘sinais do Ressuscitado’ e não ‘sinais de morte’

19/04/2022

Notícias

Vila Velha (ES) – Com saudades das celebrações presenciais, os fiéis devotos de Nossa Senhora da Penha estão lotando o Campinho do Convento da Penha. Não foi diferente nesta terça-feira, 19 de abril, no terceiro dia do Oitavário da 452ª edição da Festa da Virgem das Alegrias.

A Missa foi presidida pelo Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R., da Paróquia Sagrada Família, em Cariacica (ES). Os presbíteros, diáconos e seminaristas da Área Pastoral Cariacica/Viana (formada por 18 paróquias nesses municípios) concelebraram, juntamente com Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, o guardião Frei Djalmo Fuck, os frades do Convento da Penha e do Santuário Divino Espírito Santo e os frades que chegaram de São Paulo, Frei Jeâ Paulo Andrade e Frei Gabriel Dellandrea, do Serviço de Animação Vocacional (SAV).

Pe. Vitor César Zille Noronha, o pregador deste dia do Oitavário

Mais um belo dia de sol garantiu um cenário propício para subir o Morro e festejar a Mãe das Alegrias, como fez o devoto Frei Pedro Palácios há 452 anos, quando instituiu esta festividade em 1571, um pouco antes de falecer.

O tema deste ano da Festa é “Saúde dos enfermos, rogai por nós”, trecho da Ladainha de Nossa Senhora que foi escolhido por causa da pandemia que ainda está em atividade. Mas no Estado, o Governo liberou os encontros presenciais e os fiéis podem participar das celebrações sem máscara.

Uma boa parte do povo que esteve no Campinho do Morro da Penha também veio dos municípios de Cariacica e Viana, já que neste dia esta Área Pastoral ficou com a responsabilidade litúrgica da Festa.

O pregador escolhido para este terceiro dia do Oitavário foi o Pe. Vitor César Zille Noronha, do Santuário Bom Pastor de Cariacica. Segundo ele, a liturgia de hoje nos ensina que é fundamental a experiência pessoal com Jesus Ressuscitado. “Nos ensina que nosso Deus não está morto, que nosso Deus está vivo, está no meio de nós”, disse.

Pe. Vítor disse que a leitura do Evangelho (Jo 20,11-18) nos dá pistas muito preciosas para fazermos essa experiência que muda todas as coisas. “Vejam só. Observamos Maria Madalena que vai ao túmulo à procura Daquele que havia morrido. Devemos ressaltar que ela já está a passos muito à frente dos discípulos, porque é verdade que o Cristo Jesus não morreu a partir de um acidente de camelo no caminho de Jerusalém, não pegou uma doença qualquer. Jesus foi perseguido no complô terrível dos poderes religiosos, políticos, econômicos e imperial. E os subordinados a eles, os judeus e aqueles que eram seus seguidores, discípulos e discípulas, estão com muito medo depois da crucificação. Tinham perdido a esperança. Maria Madalena foi aquela mulher que se levantou, não teve medo, que correu risco de morte. Sabemos que as mulheres têm papel central na história da salvação. A salvação entrou no mundo por uma mulher, a qual dedicamos esta Festa, Maria Santíssima. A Porta Fidei não é a salvadora, mas é a porta da salvação. E a fé na encarnação entrou no mundo pelo seu sim, pelo seu fiat, pelo seu faça-se. A fé no Ressuscitado entrou no mundo por meio de outra mulher, Maria Madalena. Vejam só, ela não teve medo. Ela estava na beira do túmulo, olhando para dentro, e chorava de tristeza pelo vazio, pela crise que enfrentava. Tantas vezes o Ressuscitado está no meio de nós, mas somos tomados pelo desespero, pelo medo, pelo pavor, e não conseguimos reconhecê-Lo”, ponderou.

Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R., da Paróquia Sagrada Família, em Cariacica (ES)

Segundo Pe. Vitor, foi preciso fazer uma experiência pessoal com o Cristo Jesus, que aparece sob a forma de um jardineiro. “E para nós isso tem um significado fundamental, ao menos dois: um teológico e outro espiritual. No significado teológico, o Evangelho de João resgata a ideia do Gênesis, da criação, no qual Deus fez o Jardim do Éden e colocou o homem e a mulher para viver a justiça e a verdade”, disse, lembrando que o Papa Francisco nos ensina a sermos cuidadores da Casa Comum.

Para o celebrante, entrou no mundo o pecado, a violência e a desigualdade, e essa realidade esteve desordenada. Por isso, o evangelista João coloca o túmulo de Jesus no jardim, mostrando que ele reconstitui o paraíso original e que Cristo Jesus é o novo Adão, o novo início da humanidade.

No significado espiritual, João faz questão de ressaltar que as aparições de Jesus sempre são com pessoas e o termo que ele usa é confundido. “Confundiu-se com pessoas pobres. Vejam só. Ali era um jardineiro, mais à frente nos discípulos de Emaús será um peregrino, um viajante, um retirante. Um pouquinho depois será um fantasma. Mais ainda para frente será um mendigo que tem fome e pede, na margem do rio Tiberíades, de comer. Vejam só. Nessas pessoas, o Ressuscitado vai aparecendo, repara que confundido com eles, conjunto e misturado”, explicou.

Segundo ele, Cristo Jesus ressuscitou, já venceu o pecado e a morte e deve voltar para a Casa do Pai, mas ele permanece confundido com os pobres, com os oprimidos deste mundo. “Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, se queremos encontrar o Cristo Ressuscitado, devemos, ouvindo aquele o clamor do Papa Francisco, ser uma Igreja em saída nas Galileias deste mundo. Devemos estar, sim, com as pessoas em situação de rua, com os encarcerados, com as pessoas LGBTs, com os negros, todos aqueles que sofrem opressão, discriminação, ali a Igreja deve estar e isso tem um fundamento espiritual. Espiritual não é aquele que fica muito alienado e fora das coisas deste mundo, não. O espiritual, tal como diz Jesus, é aquele que se faz carne na carne dos últimos. É esta a espiritualidade de Jesus, que ele ensinou. Porque aquilo que não é assumido não é revivido, como ensinaram os Padres da Igreja”, observou.

Pe. Vitor lamentou tantos sinais de morte hoje. “Recentemente pudemos observar, não sei se vocês acompanharam, uma coisa triste. O Governo Federal vetou, e temos aí a Campanha da Fraternidade sobre educação, a distribuição de absorventes para as meninas pobres. Professores e professoras que estejam aqui presente não vão me deixar falar sozinho. Como que isso leva meninas faltarem às aulas, terem déficit de aprendizado. Para isso, não tem dinheiro. E em meio a Campanha da Fraternidade, tantos católicos que se calam, fecham os olhos. Não, temos que ser profetas. Enquanto isso, tem dinheiro para viagra, para prótese peniana e lubrificantes para as Forças Armadas (aplausos). Sinais de morte. Uma grande sacanagem, podemos dizer assim. Vejam só que coisa triste. Sinais de morte”, enfatizou.

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“Cristo Jesus é aquele que não pode ser retido. Seu Espírito vivificador permanece vivo no meio de nós. Ele ascendeu ao Pai, e pela primeira vez no Evangelho de João, ele nos chama de irmãos. Já havia nos chamados de amigos, já havia nos chamados de discípulos, mas irmãos, não. Por quê? Porque em Cristo Jesus somos todos irmãos. Irmãos de sangue. Não somos irmãos da boca para fora. Mesmo aquele sangue, que Cristo Jesus derramou por mim, derramou sobre cada um de vocês, de modo que a partir disso nós somos filiados Nele e Nele no Pai. Por isso, meus irmãos e irmãs, viver em paraíso que já começou agora é viver, como disse São Francisco de Assis e o Papa Francisco: Fratelli tutti. Irmãos todos! Uma só família em torno de Deus que é Pai, uma só mesa de Eucaristia onde o pão é partilhado e todos têm lugar. Pela força do Ressuscitado, um mundo de iguais, um mundo de irmãos. Escutemos o que Pedro diz: É verdade que os poderosos, os opressores deste mundo buscam nos corromper. Mas lembremos sempre que em Cristo Jesus aqueles que assassinaram, que mataram Deus, fez Senhor e Cristo. O Cristo não é um Cristo com arma na mão. O Cristo é um Cristo com toalha e bacia nas mãos. O Cristo não está por cima, dominando e explorando como os poderosos deste mundo. O Cristo está por baixo lavando os pés. Os poderosos deste mundo, como Pôncio Pilatos lavam as mãos. Jesus Cristo está a serviço lavando os pés. Este é Cristo Jesus. Por isso, irmãos e irmãs, ele não disse ‘Armai-vos uns aos outros’, não. Desde Pio XII, a Doutrina da Igreja é pelo desarmamento. O nosso Cristo disse: “Amai-vos uns aos outros” e assim é ser sinal da Ressurreição. Sejamos sinais do Ressuscitado!

MOMENTO DEVOCIONAL

O Oitavário, o momento devocional da Festa da Penha, começou às 15h30, quando o vigário paroquial do Santuário Divino Espírito Santo, José Clemente Müller, convidou o povo a conhecer um pouco o devoto da Virgem da Penha, Frei Pedro Palácios, e também abordou o tema do dia: Saúde emocional.

A imagem de Nossa Senhora da Penha foi carregada por quatro profissionais que atuam como psicólogos, médicos e enfermeiros, entre eles Osmar Sales, o criador do Terço entre as palmeiras. Na procissão de entrada, crianças vestidas de anjinhos abriram o cortejo com o hino da Festa da Penha.

O vigário paroquial do Santuário Divino Espírito Santo, José Clemente Müller

Na sua reflexão sobre o tema do dia. Frei Clemente disse que a Mãe de Deus olha especialmente a cada um de nós. “Não vamos duvidar e dar as costas para o seu filho Jesus. Ela falou aos serventes e ainda hoje fala para nós: ‘Fazei tudo o que Ele vos disser’. Foi nas bodas de Caná. A grande preocupação é que eles não tinham mais vinho, faltava amor. O vinho é símbolo do amor e as jarras estavam vazias. As jarras são símbolos do coração. O coração estava vazio. Não podemos deixar o coração do cristão se render diante das coisas mundanas e vamos olhar aquele lado espiritual. Irmãos e irmãs, subimos esta montanha ou pelo amor ou pela dor. Mas tanto pela dor ou pelo amor, nós vamos ao louvor a Deus através de sua Mãe Santíssima. Que ela abençoe a cada romeiro, a cada peregrino que aqui veio, abençoe nosso bairro e nossa família”, pediu o frade, lembrando que o evangelista Marcos vai dizer assim: “Aquelas mulheres que seguiam, serviam e subiam com Ele a Jerusalém”. São os três ‘esses’ dos peregrinos que vêm a esta montanha: seguir a Jesus, servir a Jesus e subir esta montanha. Subir para se encontrar com Deus”, ensinou.

 

Esse momento devocional faz um resgaste dos primórdios da devoção a Nossa Senhora. Hoje, recordou-se que Frei Pedro Palácios se estabeleceu em sua humilde gruta e tratou logo de pôr em prática seu espírito missionário ao preparar um pequeno oratório de Nossa Senhora das Alegrias: “Como luz resplandecente, Frei Pedro tinha sempre uma palavra de conforto e de amabilidade para todos os que dele se aproximassem, e assim podia chegar facilmente ao coração de cada habitante desta terra”, concluiu o texto deste dia.

Frei Paulo César Ferreira terminou este momento cantando a música de Pe. Zezinho “Maria de Minha Infância”.

O Oitavário continua nos próximos dias, sempre às 15h30. Amanhã, 20, a celebração contará com a participação do clero e das comunidades da Área Pastoral Benevente.


PROGRAMAÇÃO

Dia 20, quarta-feira – 4º Dia Oitavário

Tema do dia: Saúde da fé

7h, 9h, 11h – Missas (Fraternidade Franciscana), presenciais no Campinho

11h00 – Visita da Imagem da Santa a Cariacica

14h00 – Programa “Salve Mãe das Alegrias” – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet)

15h30 – Devocional Oitavário (Frades) – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho

16h00 – Missa 4º Dia Oitavário (Área Pastoral Benevente). Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho

19h30 – Apresentação da Orquestra Sinfônica do ES – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Santuário de Vila Velha


Comunicação da Província da Imaculada Conceição