Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ordem Franciscana reforça presença na Amazônia

02/05/2016

Notícias

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Movidos pelo Espírito Santo, no contexto do Jubileu da Misericórdia e a comemoração dos 800 anos do Perdão de Assis, os irmãos franciscanos, Ministros provinciais e Custódios da América Latina e do Caribe, se reuniram, de 25 a 29 de abril, em Santa Cruz de la Sierra (Amazônia Boliviana), onde foram generosamente acolhidos pela Província Missionária Santo Antônio da Bolívia e pela Conferência Bolivariana para a realização da XXIV Assembleia Geral das Conferências Latino-americanas Franciscanas da Ordem dos Frades Menores (UCLAF). “Nos reunimos para contemplar, meditar e celebrar nossa vida e missão nos lugares onde o Senhor nos colocou e relançar-nos criativamente ‘às periferias, com a alegria do Evangelho’, informou a mensagem com o lema.

A XXIV Assembleia contou com a presença e animação do Ministro Geral, Frei Michael Anthony Perry, dos irmãos Definidores Gerais, Frei Ignacio Ceja e Frei Valmir Ramos, e do Secretário Geral para as Missões e Evangelização, Frei Luís Gallardo, que durante todos os dias, estiveram atentos e disponíveis para escutar os representantes de cada província e custódia, e também para fazer presente as decisões (mandatos) do Capítulo Geral de 2015 e as diretrizes de animação 2016-2017. Reuniram-se no Centro Franciscano da Província de Santo Antônio: 20 ministros, 4 custódios, 2 vigários provinciais e o presidente da fundação do Haiti.

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Michael, o primeiro à direita, e Frei Valmir, o segundo.

A Província da Imaculada Conceição foi representada pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que apesar do frio nesses dias na cidade boliviana, destacou o espírito de fraternidade, a troca de experiências e sonhos neste Continente Franciscano.

A PROPOSTA DO MINISTRO GERAL

No segundo dia da Assembleia, depois de tomar conhecimento da situação das Conferências, o Ministro Geral dirigiu uma mensagem aos presentes, na qual manifestou sua alegria e a dos irmãos vindos da Cúria Geral de participar deste encontro fraterno. Recordou-lhes que encontros como este são uma bela oportunidade de unir esforços para buscar formas concretas de aprofundar a identidade franciscana, fortalecer o sentido de pertença à Fraternidade universal e ampliar os horizontes das próprias fronteiras. “O Definitório Geral e eu estamos absolutamente convencidos que é urgente mudar a concepção tradicional de Província ou Custódia chegando a ser mais permeáveis, de modo que nasçam novas possibilidades para uma colaboração inter-entidades como consequência natural da vivência da Regra e Vida dos Frades Menores”, disse.

Os convidou ainda a estarem atentos às mudanças aceleradas que se dão no mundo, na Igreja e na Ordem, e a encontrar ou criar novos horizontes de modo a oferecer novas alternativas que nos permitam reconhecer, celebrar e compartilhar a presença e a obra de Deus com todos aqueles que nos rodeiam. “Além disso, ‘somos missão para o mundo’, como o Papa Francisco assinalou em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium”.

Falou também da situação difícil por que atravessam os Vicariatos da região confiados à Ordem. Insistiu na necessidade de ir mais além das práticas atuais que enfatizam o trabalho pastoral e social em detrimento da identidade franciscana e de fazer um estudo, diálogo e planejamento muito sérios que levem, talvez, a uma estratégia central, um plano comum franciscano, que permita apoiar melhor os vicariatos.

Tratou também de temas como a falta de fé, esperança e amor em nossas fraternidades, a inculturação, a pobreza e a simplicidade de vida, e os novos desafios que enfrenta a Ordem na Europa. Com base nos ensinamentos do Papa Francisco, desenvolveu uma bela reflexão sobre “Ver o mundo a partir da periferia: uma nova hermenêutica para a vida franciscana no mundo de hoje”.

MENSAGEM FINAL

A mensagem final do encontro destacou:

“Reafirmamos nosso compromisso de apoiar as presenças franciscanas na vasta Pan-Amazônia, especialmente a fraternidade constituída pelos confrades das nossas Conferências (Amazônia peruana); esta nova presença entre os mais pobres, numa Igreja debilitada, desafia-nos a recuperar os traços originais da vida e missão, a nós trazidos por Francisco e Clara de Assis e hoje expressos no documento “Ite Nuntiate”.

uclaf_temaTambém reiteramos nosso apoio ao Master em Evangelizacão (Petrópolis, Brasil), espaço valioso para fortalecer a nossa identidade franciscana, fraterna, minorítica e evangelizadora, integrando ciência, experiência e espiritualidade. E ainda reforçamos a missão evangelizadora da Pastoral Educativa (colégios e estudos superiores), tão importante e presente na América Latina e no Caribe.

Num clima de diálogo, de mútuo apoio, de abertura e compromisso de corresponsabilidade fraterna, ouvimos com profunda atenção o novo desafio apresentado pelo Ministro Geral, pedindo para fortalecer a presença franciscana em Cuba, enviando frades experimentados e qualificados.

Nestes dias sentimos fortemente a presença, a partir da casa do Pai, dos nossos confrades Frei Rodolfo Hernández (Presidente da UCLAF) e Frei Antônio Moser (grande animador e professor do Master de Petrópolis), recentemente falecidos. Também, desde o início do encontro, estivemos muito unidos à dor dos nossos irmãos do Equador, orando pelas vítimas do lamentável terremoto e juntos buscando formas efetivas de ação solidária.

A celebração das Bodas de Ouro (1967-2018) da UCLAF nos anima a seguir caminhando como irmãos e menores, em comunhão com a Igreja, a serviço do Povo de Deus, da humanidade e no cuidado com toda criação, a nossa casa comum.

Depositamos toda a nossa confiança no Pai, rico em misericórdia, para seguir com ânimo renovado a Cristo pobre e crucificado, como fez nosso pai Francisco, guiados pelo Espírito Santo. Que Maria, mãe e rainha da Ordem franciscana, nos acompanhe no nosso peregrinar!

VISITA

Frei Michael e Frei Valmir, no entanto, chegaram à Bolívia no dia 19 de abril. Neste período que antecedeu a Assembleia, eles visitaram a Fraternidade Provincial da Província Missionária de Santo Antônio da Bolívia. Eles foram acolhidos pelo Ministro Provincial Frei Orlando Cabrera. De 18 a 24 de abril, eles conheceram os 121 frades que fazem parte da Província boliviana, fundada em 1985.

No encontro com os frades desta Província, Frei Michael deu um panorama da Ordem Franciscana hoje e fez alguns questionamentos. “Um dos aspectos mais preocupantes da vida religiosa hoje, e da vida franciscana em particular, é que temos gastado muito tempo respondendo a perguntas que as pessoas desta geração e da futura, não fazem mais. Gastamos demasiado tempo, discutindo liturgia,  estrutura da Igreja e de como manter a sua forma original. Discutimos como manter a velha máquina que governa a organização de nossas atividades pastorais e franciscanas que, de algum modo, se mantêm para sobreviver no presente mas que não oferecem as mesmas possibilidades e a mesma efetividade do passado”, disse Frei Michael.

“Ao que devemos realmente ter medo não são as mudanças mas a ausência de mudanças num processo natural inscrito em toda natureza, em toda a história humana. Devemos temer a instabilidade em buscar sempre o Reino de Deus como ponto de partida”, ensinou.

Frei Michael terminou deixando oito pontos para a renovação da vida franciscana:
1. Primazia de uma vida de oração e escuta atenta à Palavra de Deus;
2. Cuidado por uma autêntica e profunda relação fraterna que irradie um testemunho que ilumine de vigor a vida fraterna;
3. Um estilo de vida simples e sóbrio, dando testemunho de minoridade, trabalho manual, e proximidade à vida dos pobres e marginalizados;
4. Forte sentido de hospitalidade e convivência na vida daqueles que vêm às nossas casas, abrindo nossas fraternidades a todas as pessoas, e especialmente aos pobres e marginalizados;
5. Forte espírito de evangelização missionária com especial ênfase em uma presença “inter gentes”, testemunhnando uma vida itinerante, indo às periferias onde ninguém quer ir, e buscando criar novas formas de evangelização que toquem profundamente as necessidades da gente de hoje;
6. Esforço para promover um forte sentido de comunhão com a Igreja local por meio de um testemunho de fraternidade, minoridade e a promoção do plano de pastoral da diocese local mas à maneira franciscana;
7. Disponibilidade para trabalhar em colaboração ativa e séria com os leigos, com a família franciscana, reconhecendo a inerente dignidade batismal e a responsabilidade missionária dos leigos;
8. Comprometer nossas energias no estudo e implementação prática da Doutrina Social da Igreja, no espírito do trabalho da Ordem por Justiça, Paz e Integridade da Criação, aprofundando no compromisso de lutar por uma nova “ecologia”, como aponta o Papa Francisco em sua Encílica “Laudato Sí”.