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Nomeação histórica de Ir. Mary Melone para a PUA

08/07/2014

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melonePela primeira vez na história, uma mulher está à frente de uma Universidade católica. Com a aprovação do Papa Francisco, a Congregação para a Educação Católica emitiu decreto nomeando a irmã franciscana, Irmã Mary Melone, S.F.A., como reitora da Pontifícia Universidade Antonianum (PUA), em Roma, no triênio 2014-2017. Como decana da Faculdade de Teologia da Universidade da Ordem dos Frades Menores, a nova reitora é licenciada em pedagogia, tem doutorado em Teologia Dogmática e é autora de diversos artigos e ensaios.

O Chanceler do PUA, Frei Anthony Michael Perry, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, agradeceu profundamente a Congregação pela designação. Manifestou a sua gratidão igualmente a Frei Carbajo Martín Núñez, OFM, pelos serviços nos últimos meses como Reitor e expressou as suas mais sinceras felicitações a Irmã Maria, compartilhando sua fé de que a “novidade ousada desta nomeação abre novos horizontes para a vida e as atividades acadêmicas do Instituto Franciscano de estudo e pesquisa”.

O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que fez o curso de Mestrado em Espiritualidade na PUA nos anos 1988-1990, vê a nomeação de Irmã Mary Melone como o protagonismo natural da mulher franciscana na vida da Igreja. “Quem de nós não se recorda das palavras espontâneas do Papa Francisco, na sua viagem de regresso a Roma, após a Jornada Mundial da Juventude: ‘Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria’.  E, ‘o papel da mulher na Igreja não é somente a maternidade e a família. É mais forte’. E isso ele reafirma na Exortação apostólica Evangelii Gaudium: ‘Vejo, com muito prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais (…) e prestam novas contribuições para a reflexão teológica'”, observou Frei Fidêncio.

Segundo o Ministro Provincial, talvez para muitas pessoas a indicação da Ir. Mary Melone como Reitora da PUA possa soar estranho. “É que na fantasia de muitas pessoas persiste a ideia de que nas Pontifícias Universidades apenas estudam homens. O que não é verdade!   São muitas as religiosas que ali estudam e se especializam academicamente para exercerem com qualidade a missão evangelizadora na Igreja”, lembrou Frei Fidêncio.

“Existe só a Teologia”

Nascida em La Spezia, perto de Gênova, nordeste da Itália, em 16 de agosto de 1964, a Irmã Melone pertence ao Instituto religioso das Irmãs Franciscanas Angelinas. Ela presidiu o Instituto Superior de Ciências Religiosas “Redemptor Honoris” da PUA no ano acadêmica de 2001-2002, 2007-2008, e no dia 2 de março de 2011 foi nomeada professora extraordinária na Faculdade de Teologia da mesma Universidade. Atualmente preside a Sociedade Italiana para a Pesquisa Teológica.

(veja o perfil de Irmã Mary no site da Universidade)

Entrevistada em 2011 pelo “L’Osservatore Romano” por ocasião da sua eleição como decana de Teologia, a Irmã Melone disse que existe um novo espaço na Igreja e que ele é real.

“E também creio que é irreversível, no sentido de que não é uma concessão, mas um sinal dos tempos, e não há marcha atrás. Creio que isto depende muito de nós, mulheres. Somos nós que devemos começar. A mulher não pode medir o espaço que tem na Igreja em relação ao espaço do homem: temos o nosso espaço, que não é nem menor nem maior que o dos homens. É nosso espaço. Enquanto continuarmos a pensar que devemos obter o que os homens têm, não funcionará”, advertiu.  Irmã Melone acrescentou que não são necessárias “cotas, mas colaboração”: “E é desejável que a colaboração aumente”, afirmou.

Irmã Melone também evita falar de “teologia do feminino”: “Falar de teologia no feminino não corresponde à minha visão: existe só a teologia. A teologia como busca, como olhar dirigido para o mistério, como reflexão sobre o mistério. Mas justamente como tal deve fazer-se com diferentes sensibilidades, isto sim. A forma de aproximar-se do mistério, a forma com que uma mulher reflete sobre este mistério que se dá, que se revela, é seguramente diferente da de um homem. Mas não por contraposição. Eu creio na teologia e creio que a teologia feita por uma mulher é própria de uma mulher. Diferente, mas sem reivindicações”, concluiu.