No sexto dia do Oitavário, um clamor pelo cuidado da Casa Comum
22/04/2022
Vila Velha (ES) – Tendo como inspiração São Francisco de Assis, a Virgem da Penha e o Papa Francisco, o sexto dia do Oitavário da 452ª Festa da Penha, nesta sexta-feira (22/4), uniu numa só voz as reflexões em torno do tema do dia “Saúde do Planeta”. A começar pelo Frei Mário Aparecido, agostiniano, que fez a homilia da Santa Missa, e Frei Jeâ Paulo Anddrade, que fez a reflexão do Momento Devocional.
Hoje foi o dia da Área Pastoral da Capital capixaba se responsabilizar pela liturgia da Celebração Eucarística, que foi presidida pelo pároco Pe. Robson Lemos, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, de Jucutuquara. Os franciscanos do Convento da Penha e da Província da Imaculada acolheram os sacerdotes e religiosos desta região pastoral e o povo que lotou o Campinho, num dia de calor e sol forte.
O tema deste ano da Festa é “Saúde dos enfermos, rogai por nós”, trecho da Ladainha de Nossa Senhora que foi escolhido devido ao momento pandêmico que ainda vivemos. “Durante o Oitavário da Páscoa do Senhor, nós escutamos, todos os dias, os relatos evangélicos sobre as aparições de Jesus Ressuscitado. Acabamos de ouvir uma parte do apêndice do Evangelho de João sobre a aparição do Ressuscitado na beira do Mar Tiberíades, o Mar da Galileia. O Evangelho termina dizendo que esta foi a terceira vez que Jesus se manifestou aos discípulos após ter Ressuscitado dentre os mortos”, recordou Frei Mário.
“De fato, a ressurreição de Jesus inaugurou nova era na história da humanidade. Ela restaurou a criação e criou uma nova sociedade. No começo, a ressurreição, criou um certo alvoroço na comunidade judaica, conforme escutamos na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos. Mas os discípulos de Jesus estavam convictos dessa nova realidade. Por isso, Pedro exclama: ‘Não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos. Esse nome é Jesus Cristo, o filho de Maria’. Portanto, com o seu sim ao projeto de Deus, a Mãe de Jesus colaborou enormemente com a nossa salvação. Por isso, Maria, essa mulher universal, com tantos títulos e nomes. Ela é a Virgem da Penha, ela é a Saúde dos Enfermos. A etimologia da palavra saúde, na língua latina, significa saúde em sentido amplo, mas também significa salvação, conservação da vida”, explicou, ressaltando: É o que realizou Deus-Pai com ressurreição de seu Filho Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus Cristo restaurou a obra da criação.
Frei Mário lembrou que desde 1986, a Campanha da Fraternidade vem trazendo um apelo para que cuidemos do Planeta Terra, com o lema ‘Terra de Deus e terra de irmãos’. A partir de então, o cuidado com a terra foi tema de várias Campanhas da Fraternidade: ‘Por uma terra sem males’ (2002), ‘A água fonte da vida’ (2004), ‘A Fraternidade e a Amazônia’ (2007), ‘Fraternidade e vida do planeta’ (2011); ‘A casa Comum nossa responsabilidade’ (2016), e ‘Biomas brasileiros e defesa da vida (2017).
“Em 2015, o Papa Francisco chamou a atenção do mundo inteiro com a encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado da Terra como nossa Casa Comum. Assim começa o Papa: ‘Louvado sejas, meu Senhor, cantava São Francisco de Assis. Nesse gracioso cântico, recordava-nos que nossa casa comum ora se pode comparar a uma irmã, que partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços’. Mas já em seu início, o Papa denuncia os males que causamos à Terra dizendo: ‘Esta irmã clama contra o mal que provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência está no coração humano, ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados da nossa Terra, oprimida e devastada, que geme e sofre as dores do parto, esquecemos que nós mesmos somos terra'”, citou.
O nosso corpo é constituído pelos elementos do Planeta, disse o Papa. O seu ar permite nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. “Portanto, queridos irmãos e irmãs, o cuidado com o Planeta Terra é de nossa responsabilidade. Todo mal que fazemos contra a obra da criação, constitui um pecado. Peçamos, nesta tarde, a intercessão de Maria, Saúde dos Enfermos, para que sejamos curados desse pecado e aprendamos a cuidar do Planta Terra, nossa casa, e como Maria, em tudo fazer a vontade de Deus. Desde essa montanha, onde foi construída essa casa de Maria, o Convento da Penha, podemos contemplar as maravilhas da obra da criação: As plantas, as águas, as montanhas e as pessoas. Tudo isso é reflexo da beleza e da bondade de Deus e como São Francisco de Assis, podemos dizer: Louvado sejas, meu Senhor!”, concluiu.
ROMARIA DOS MILITARES NO OITAVÁRIO
O Momento Devocional Franciscano, que antecede a Santa Missa, marcou o testemunho e a homenagem dos Militares a Nossa Senhora da Penha. Às 14h00, a procissão, reunindo cerca de 100 militares, subiu a ladeira do Convento da Penha e chegou ao Campinho. A imagem de Nossa Senhora foi trazida num andor por um representante do Exército, da Marinha, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O guardião do Convento, Frei Djalmo Fuck, fez a acolhida e pediu que rezassem pelos “responsáveis por nossa segurança”.
Pe. Adelson Soares da Silva, que é Capelão da Marinha, fez uma oferta a Nossa Senhora da Penha da Escola de Aprendizes de Marinheiros. Foram ofertados dois símbolos da Marinha: um quepe, que funciona como uma cobertura, pedindo que Nossa Senhora continue cobrindo e protegendo os militares e um apito marinheiro, que é utilizado para as manobras de navio e para marcar presenças importantes para a Marinha. “Que Nossa Senhora continue no comando das nossas manobras e que seja sempre uma presença ilustre na nossa vida e na vida dos nossos marinheiros”, disse.
Frei Jeâ Paulo Andrade, do Serviço de Animação Vocacional da Província, fez a reflexão sobre o tema do dia da Festa da Penha: ‘Saúde do Planeta’. Teve como base o texto do Gênesis (2,15): “Javé Deus colocou o homem no Jardim do Éden, para que o cultivasse e o guardasse”.
“Neste Oitavário, estamos pensando em Maria como a Mãe Protetora, a Mãe que nos ama, que cuida da saúde de todos nós. A leitura do Gênesis nos coloca a cada um de nós como cuidadores deste grande jardim. Precisamos cultivar e guardar como se fosse a nossa própria casa. Há alguns séculos, Frei Pedro Palácios buscou uma ermida para que pudesse ter uma casa para Nossa Senhora. E encontrou esse refúgio, justamente nesta rocha, nessa penha, que ele construiu esse santuário”, disse Frei Jeâ.
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Segundo o frade, a gente pode pensar em lugares onde encontramos descanso, onde nos refugiamos quando estamos cansados, tristes e estressados. “E no meio dessa mata, aqui no alto dessa montanha, Frei Pedro Palácios construiu essa casa de oração. Um lugar para nos aproximarmos de Deus. É um lugar de paz, porque é um lugar bem cuidado”, acrescentou o frade.
Ele, então, pediu para olharem para imagem de Nossa Senhora da Penha e observassem que ela está carregando o Menino Jesus e ele carrega em suas mãos um globo. “Este símbolo representando nossa casa, nos diz que Jesus é quem sustenta o mundo e quem o mantém. A cruz sobre esse globo terrestre nos fala que foi através dela que Jesus salvou a humanidade. Quando pensamos no cuidado da nossa casa, da nossa terra, precisamos conceber a cada um de nós como jardineiro, cuidador dessa grande obra. Quando nós cuidamos, limpamos, fazemos tudo para que nossa casa fique apresentável. Esse globo que Jesus carrega é a casa de todos nós. Precisa ser cuidada, precisa acolhida”.
Frei Jeâ lembrou que São Francisco de Assis, há oitocentos anos, clamava a Deus pela natureza toda, por todas as suas criaturas, quando ele cantava:
“Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção.
Somente a ti, ó Altíssimo, eles convém,
e homem algum é digno de mencionar-te.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.
“Queremos, cada dia mais, servir em nosso coração o desejo de cuidar, de amar a todas as criaturas. Porque é cuidando do nosso Planeta que estaremos também saudáveis. Nós, muitas vezes, podemos nos comportar como esse vírus que quer destruir a nossa casa, mas precisamos saber que quando nós mesmos cuidamos, estamos sendo antídotos para esse vírus. Que Maria nos ajude a preservar a nossa Casa Comum!”, concluiu.
No final, os profissionais que defendem o Meio Ambiente ofertaram mudas de plantas, dois bombeiros ofertaram seus capacetes, usados em combate de incêndio, crianças se enfeitarm de sol, lua, flores, bichos e se juntaram aos profissionais perto da imagem, enquanto se cantou o “Cântico das Criaturas”.
PROGRAMAÇÃO
Dia 23, sábado – 7º dia do Oitavário
Tema do dia: Maria, caminho de saúde e salvação
7h00 – Missa (Comunidade Franciscana), presenciais no Campinho
8h00 – Romaria das pessoas com deficiência e missa, Igreja do Rosário na Prainha
8h00 – Remaria, Concentração Praia da Costa
9h00 – Missa com a Romaria da Diocese de São Mateus – Transmissão ao vivo (Tvs, rádios, internet), presencial no Campinho
10h00 – Translado da imagem de N. Sra da Penha pela Baía de Vitória – saída da EAMES
10 às 22h00 – Coletivo Criativo Prainha na Festa da Penha, Praça Otávio Araújo, atrás da Igreja do Rosário
10h00 – Romaria dos Adolescentes – Concentração Portão do Convento
11h00 – Missa com os adolescentes, presencial no Campinho
14h00 – Programa Salve Mãe das Alegrias – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet)
15h30 – Devocional Oitavário (Comunidade Franciscana) – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho
16h00 – Missa 7º Dia Oitavário – Romaria da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim – Transmissão ao vivo (TVs, rádios, internet), presencial no Campinho
18h00 – Missa de Envio da Romaria dos Homens, Catedral de Vitória
23h00 – Missa de encerramento da Romaria dos Homens, no Parque da Prainha Vila Velha
Comunicação da Província da Imaculada Conceição