Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Na presença do Altíssimo e Bom Senhor: um belo gesto de amor sem limites

07/09/2019

Notícias

Por ocasião de uma profissão religiosa

♦ Frades da Imaculada fazem profissão definitiva na Ordem nas mãos do Ministro Provincial Frei César Külkamp. Dois são de Angola e três outros do Brasil. Membros definitivos de nossa casa que é a Ordem, a Fundação e a Província. Os frades todos somos possuídos de alegria e desejos de paz e perseverança. Jovens, bastante jovens, poderão atingir o centenário quando nossos corpos serão transformados em luminosidade diante de Deus, mais rapidamente os que somos octogenários. Se Deus assim permitir. Como será esse amanhã de nosso existir? E do existir dos professandos?

♦ Lá estão eles, prostrados no chão, na terra mãe, húmus, humildade. Sem nada. Um hábito cobrindo-lhes o corpo, promessa de fidelidade, de ser de Deus, de fazer de suas vidas um serviço para o advento do mundo novo que Jesus chama de Reino. Desejam viver uma vida plena, de gente, de gente de verdade, sem querer passar pela vida ao sabor da moda de cada instante. Ladainha de todos os santos, vela acesa, óculos embaçados de emoção, olhares furtivos para os parentes presentes. “Na presença do Deus…prometo”.

♦ Promessa… adotar agora um propósito que perdura no tempo. Um decisão livre fecundada pelo orvalho de Deus. Lançar-se nas mãos do Senhor aceitando com alegria os desafios da vida, da história, das transformações em nosso gênero de vida, na Igreja e nesse mundo tão belo e tão louco. Como Abraão, o pai da fé. Caminhar para uma terra que o Senhor vai nos mostrar. Fidelidade criativa e não teimosa. Joan Chittister, escritora beneditina: “Para entender o que a vida pretende nos ensinar, precisamos aprender a não fugir da vida quando as coisas ficam difíceis, quando a vida finalmente começa a exigir alguma coisa de nós, quando enfim começa a nos pedir mais do que esperávamos poder dar. Fidelidade é o forno de olaria da vida em que submetidos ao calor e às chamas, somos moldados em formas e aparências jamais imaginadas”.

♦ Nunca como em nossos tempos se tornou importante fazer densas experiências de Deus. Afinal ele é o sol de nossa vida. Silêncio, viagem ao centro de nós mesmos, ver o rosto de Deus naqueles que ele inventos como semelhança e imagem dele. A fornalha de amor que é a Trindade vai tomando conta de nós pela aproximação do Ressuscitado a nos dizer: “Vem e segue-me!” Ele nos leva para o insondável abismo de amor. Respondemos com Francisco: “É isso que eu quero, isso busco de todo o meu coração”. Conviver com Ressuscitado na leitura orante dos evangelhos, mormente no Sermão da Montanha e das parábolas. Vivemos juntos. Alegramo-nos juntos. Choramos juntos. Rezamos juntos. De verdade. Não apenas morando juntos no mesmo endereço. Frades e fraternidade, ad intra e ad extra. Respeito atencioso. Vejo muitos frades jovens carinhosos com idosos e com gente de fora que vive dramas. E missão num mundo ao qual Jesu Cristo precisa ser apresentado pela primeira vez. Será fundamental uma pastoral humana, gostar das pessoas, levá-las à sua verdade, acolhimento e empatia, procurar ser João Batista, ou seja, abrir os caminhos para que o Senhor nelas opere maravilhas. Frades bons. O Amor precisa ser amado.

♦ Gostaria de terminar estas poucas linhas com um pensamento de José Tolentino Mendonça: “Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efêmero. Na verdade, a velocidade com que vivemos, impede-nos de viver. Uma alternativa será resgatar nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos passos. Ora, isso não acontece sem um abrandamento interno. Precisamente porque a pressão de decidir é enorme, necessitamos de um lentidão que nos proteja da precipitações mecânicas, dos gestos cegamente compulsivos, das palavras repetidas e banais. Precisamente porque nos temos de desdobrar e multiplicar, necessitamos reaprender o inteiro, o intacto, o concentrado, o atento e o uno”.

♦ Procurem inventar o novo, um novo que não seja um novidadoso fugaz. Esperamos que vocês tornem bonita e santa nossa Província. Vocês vão atravessar o século XXI. Coragem, ternura e paixão.

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Confrade