“Cultivem a fé e se dediquem à conversão do coração”, pede Frei César aos neoprofessos
08/09/2019
Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
Petrópolis (RJ) – “Caros confrades, só peço, da parte de Deus, que vocês sejam homens que cultivem a fé e se dediquem diariamente à conversão do coração”. Foi com este pedido que o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, acolheu definitivamente na Ordem dos Frades Menores os jovens Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara dos Santos, Frei Roger Strapazzon, Frei Canga Manuel Mazoa e Frei Santana Sebastião Cafunda.
Esse momento histórico, neste domingo, 8 de setembro, foi testemunhado durante Celebração Eucarística, às 10 horas, na histórica Igreja do Convento Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ). Ao lado de Frei César estavam como concelebrantes Frei Antônio Zovo Baza, presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), e Frei Jorge Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, que acolheu a todos com alegria. Confrades de toda a Província, entre eles o Definidor Frei Daniel Dellandrea, irmão do professando Frei Gabriel, juntaram-se a familiares, amigos e fiéis para renderem graças a Deus por esta “esta festa da Profissão Solene”, como disse Frei César. O rito desta celebração, sempre carregado de emoção, ganhou em beleza e solenidade com o Coral dos Canarinhos, do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis.
Segundo o comentarista Frei Marcos Schwengber, o ‘sim’ de cada frade é o desejo de viver plenamente sem nada de próprio, em castidade, em obediência, observando o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis. Esse momento específico da celebração começou após da leitura do Evangelho. O mestre para o tempo de Teologia, Frei Marcos Andrade, chamou a cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. O mestre, então, fez um resumo biográfico de cada professando. Depois, juntos, eles fizeram o seguinte pedido: “Pedimos que, professando a Regra e a vida na Ordem dos Frades Menores, possamos seguir a doutrina e os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, perseverando no serviço do Senhor”.
Terminado o pedido, Frei César lembrou que esta Profissão Solene era celebrada dentro da liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum e dentro deste mês dedicado à Palavra. “Ela não é só escrita, mas portadora da presença do próprio Deus. Traz a força de sua presença a cada um de nós”, exortou.
Frei César, citando o Evangelho deste domingo, lembrou que Cristo faz um convite hoje a cada um de nós, em especial aos professandos: “Sejam meus discípulos!”. Ele, contudo, ressaltou que esta entrega total passa por três exigências: desapegar-se, carregar a sua cruz e renunciar a tudo o que se tem. “Além das exigências do discipulado, podem dizer que o fundamental é a fé a conversão”, acrescentou Frei César.
“Caros irmãos, na fórmula da Profissão Religiosa, vocês irão professar a Deus Pai Onipotente na ousadia da fé. E isto depois de um bom tempo de discernimento numa caminhada formativa que não termina agora. A conversão iniciada precisa continuar para levar a bom termo o que vocês vão professar: ‘Para louvar e glória da Santíssima Trindade, tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo (..) entrego-me de todo o coração a esta fraternidade”, citou.
Segundo o Ministro Provincial, fé e conversão consistem em permanecer disponível ao chamado de Deus, ao Espírito do Senhor. “É escutar, buscá-Lo, deixar-se amar e modelar por Ele. E o projeto evangélico de São Francisco tem a sua base justamente na fé e na conversão. Uma fé que acredita que Deus é amor e que esta entrega a ele não aprisiona, mas liberta o ser humano”, acrescentou.
“Liberta de não reconhecer o Criador e das escolhas de morte que o homem faz para a sua espécie e para toda a criação. Coisas que estamos assistindo com tristeza nestes dias. Na sua ganância, os homens acham que podem destruir e queimar a tão preciosa Amazônia”, lamentou o celebrante.
“Francisco converteu-se a Deus. O essencial de sua vida e de seu projeto é a experiência de Deus que ele conquistou com longo e ardoroso esforço de conversão. E ele se dirige a todos os homens dizendo: ‘Perseveremos todos na verdadeira fé e na conversão’ (RnB 23,7). Esta descoberta e acolhimento da realidade de Deus, livremente aceita, é o fundamento sólido sobre o qual podemos construir uma vida de oração, de castidade consagrada, de fraternidade, de pobreza e de serviço”, ensinou o Ministro Provincial.
“Caros confrades professandos, vocês escolheram como lema ‘Nada mais temos a fazer a não ser seguir a Vontade do Senhor’. Um pensamento que exprime a busca da vida inteira do Santo de Assis. A vontade do Senhor é o seu Evangelho. E ele se consagrada a isto que compreendeu ser sua santíssima vontade. Vontade que se antecipa, que cativa e chama. ‘Foi assim que o Senhor concedeu a mim…’, recorda São Francisco no seu Testamento. Francisco foi sendo cativado por Deus de tal maneira que o Altíssimo passou a ocupar todo o espaço de seu tempo, de seus trabalhos, de suas preocupações. Nada nos impeça, nada nos separe, nada se interponha entre nós” (RnB 23). É o atendimento às condições de discipulado, dadas pelo Cristo no Evangelho de hoje”, ressaltou.
Em nome de todos os irmãos da Província, Frei César agradeceu pela entrega de vida dos professandos. “Numa sociedade de cultura passageira, é muito significativo ver jovens que querem assumir compromissos que exigem toda a vida. Isto nos convida a celebrar a fidelidade de Deus, que apesar dos nossos limites e pecados, não deixa de confiar, de crer e de apostar em nós, e convida-nos a fazer o mesmo com nossos irmãos e irmãs”, completou.
Depois da homilia, os pais dos professandos acenderam suas velas no Círio Pascal e entregaram a seus filhos para recordar a vocação batismal que neles se desabrocha como vocação religiosa franciscana. Depois, Frei César perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, ele pediu a intercessão de todos os Santos para os novos irmãos, que prostraram no chão em sinal de despojamento.
Terminada a Ladainha de todos os Santos, os professandos se ajoelharam diante do Ministro Provincial e, nas mãos de Frei César, fizeram os votos perpétuos. Canonicamente, os professandos assinaram dois documentos: um no qual confirmaram os votos emitidos e outro em que renunciaram à posse de todo e qualquer bem temporal. O rito terminou com o abraço caloroso dos confrades.
AGRADECIMENTOS
Frei Antônio, em nome da FIMDA, falou da alegria desse momento tão importante na vida dos irmãos. Agradeceu à Província, em nome de Frei César, pelo cuidado com a Fundação Imaculada Conceição de Angola. “Só Deus saberá recompensá-los”. Depois falou para os neoprofessos: “É importante sabermos que a profissão solene não é o fim da caminhada, o momento de estagnarmos, mas sim é começo da grande batalha”. Também agradeceu “o santo povo de Deus do Brasil” por tudo aquilo que tem feito pelas obras missionárias. “Esperamos que o Senhor vos conceda a graça que tanto precisam na vossa caminhada espiritual”, completou.
Em nome dos neoprofessos, Frei Gabriel partiu do samba “Timoneiro”, de Paulinho da Viola, para fazer os agradecimentos, tomando como base a frase: “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar!”.
“Assim podemos entender esta profissão: não somos somente nós que professamos, mas quem nos professa é esse grande mar do amor de Deus e da Igreja. Nós cinco, na verdade, sozinhos, somente por nossas forças, não chegaríamos até aqui, pois tudo vem Daquele a quem é o nosso grande agradecimento: Deus!”, reconheceu.
Segundo o neoprofesso, é Deus que os ensinou a “nadar de braçada” nesse mar da Igreja, que começou nas famílias, lugar de encontro, onde aprenderam a amar e serem amados. “Hoje só nos cabe agradecer a esse dom: como é bom ter a nossa família! Obrigado por tudo!”, enfatizou. Nesse mar, lembrou dos amigos, de perto e de longe, e especialmente a sua família franciscana, em nome de Frei César e Frei Antônio: “Queremos ser para sempre de vocês, pois vocês nos abraçaram com tão grande amor!”
No final, Frei Gabriel perguntou como agradeceriam essa graça de navegar no mar do amor de Deus e da Igreja. “A resposta é mergulharmos ainda mais fundo e deixarmos esse mar nos navegar ainda mais, como o fez tão bem até aqui, pois como está no nosso convite de profissão: ‘Nada mais temos a fazer a não ser seguir a vontade do Senhor’!”, explicou Frei Gabriel, pedindo orações.
No final, de joelhos, os neoprofessos receberam a bênção solene e Frei Jorge convidou todos os presentes para uma confraternização no salão ao lado da Igreja.
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