Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Muticom termina no Convento da Penha

24/07/2015

Notícias

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Cláudio Santos, OFS

O Convento da Penha foi palco do encerramento do  9º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), que teve como tema central “Ética nas comunicações”. Para uma sociedade rápida e veloz, urge que a comunicação social seja pautada e pensada a partir de valores e princípios que valorizem outros elementos, tais como respeito pelos humanos, valorização do bem, da solidariedade e da defesa da vida.

A Província Eclesiástica do Espírito Santo acolheu em Vitória, de 15 a 19 de julho, os participantes de todo o Brasil para mais um encontro e intercâmbio entre os profissionais de comunicação comprometidos com a ética e empenhados na transformação social.

O Mutirão é um projeto da Comissão de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o objetivo de colocar em comum experiências, conhecimentos e ideias no campo da comunicação e acontece a cada dois anos. O evento tem como marca a diversidade de sua programação. Estão previstas palestras com especialistas, debates, grupos de trabalho, apresentação de modelos de comunicação que estão dando certo e avaliação de publicações, sites e outras mídias produzidas por grupos comprometidos e igrejas, além de atividades culturais.

O Regional Sudeste 2,  da Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), esteve representada no encontro com a presença do casal Cláudio Santos e Aline Milani. Ambos são membros da Pastoral da Comunicação Catedral Santo Antônio, Diocese de Duque de Caxias, Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, além de desenvolverem atividades na área de educação e comunicação.

Para esta edição, foram convidados o sacerdote salesiano Gildásio Mendes, escritor e doutor em comunicação; Dom Gebhard Fürst, presidente da Comissão de Comunicação da Conferência Episcopal Alemã (Adveniat), Maria Elizabeth Barros de Barros, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar da Diocese de Caxias do Sul (RS), Elson Faxina, jornalista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Caco Barcellos, jornalista e apresentador do Programa TV Repórter, da Rede Globo de Televisão.

Aproveitando este grande evento, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criou o programa de relacionamento pastoral ‘Conexão Pascom’. O lançamento do programa enriqueceu  muito mais o Muticom, pois visa atender a necessidade de uma maior integração de nossos planos de pastoral no campo da comunicação e responder o apelo de ampla capilaridade na divulgação das informações produzidas pela Igreja. O programa também visa facilitar a mobilização dos agentes de pastoral da Comunicação em todo o país.

Dom Darci Nicioli, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, destacou que o lançamento do ‘Conexão Pascom’ no Muticom mobilizará todos os envolvidos em comunicação nas paróquias do Brasil. De acordo com a organização, a intenção é montar um cadastro nacional dos agentes de pastoral da Pascom de todas as dioceses do Brasil. O Conexão Pascom será uma newsletter que levará informações que nos estão reservados na caminhada da Igreja.

Na última Missa, durante o evento, no Centro de Convenções de Vitória, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação e Bispo auxiliar de Aparecida (SP), Dom Darci José Niccioli (foto principal), anunciou que o próximo Muticom será em Florianópolis (SC), Diocese de Joinville, entre os dias 16 e 20 de agosto de 2017, sob o tema “Educar para a Comunicação”. Segundo o Assessor Diocesano de Comunicação de Joinville, Pe. Ivanor Macieski, “este Muticom será especial, pois é um momento celebrativo de 10 anos”.

A Missa de Encerramento do 9º Muticom foi realizada, no último domingo, dia 19 de julho, às 15h no Convento da Penha, de Vila Velha (ES), presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela e concelebrada pelos demais bispos e sacerdotes das várias diocese do país.

07Homilia de encerramento

Queridos comunicadores de todo o Brasil reunidos aqui no Convento da Penha para encerrar o 9º Mutirão de Comunicação, Jesus, o Comunicador do Pai, veio tornar-nos próximos! Os que estavam longe e aos que estavam próximos, como diz São Paulo aos Efésios (cf. Ef 2, 17). Jesus, a Palavra de Deus, é, não só o Comunicador do Pai, mas a própria Comunicação da Vida de Deus para a humanidade. Humanidade rompida com o Criador pelo pecado e por isso, distante, impossibilitada de comunicar-se!

Tenho para mim que, concluindo este Encontro Nacional de Comunicação e de comunicadores não podemos perder de vista a razão profunda deste esforço eclesial de realizar um “mutirão nacional de comunicadores”.

Por que nós damos tanto valor à comunicação? Para quê nós gastamos tempo e energia em favor da comunicação?

A própria expressão “mutirão de comunicação” evoca um desejo profundo de encontro de pessoas, de intercomunicação. Nascemos para o encontro e não para o desencontro! Nascemos para a Comunhão! É só no Encontro que somos plenos!

Recordo-me da ternura comunicadora do Papa Francisco. Quando passou pelo Rio de Janeiro por ocasião da jornada da juventude ele recomendou a todos, bispos e jovens, que trabalhássemos por uma cultura do encontro.

O sumo Pontífice convoca a Igreja para a cultura do encontro. A Igreja de Jesus Cristo, Esposa e Corpo de Cristo, foi gerada para a comunicação, para ser comunicadora de Jesus Cristo, aquele que nos veio trazer a paz. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16, 35).

Precisamos fazer memória da nossa origem e renovar o nosso desejo de Comunhão. E qual é a nossa origem se não a comunhão das três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, na qual Jesus, a Palavra Criadora e Redentora é o Comunicador e a Comunicação? Precisamos avaliar os caminhos, os passos de comunicadores. Precisamos dar mais vigor ao compromisso do cultivo da cultura do encontro.

Porém, temos consciência que vivemos num mundo plural onde testemunhamos e anunciamos o Evangelho. “Vivemos uma época de transformações profundas. Não se trata apenas de uma época de mudanças, mas uma ‘mudança de época’”, assim afirma o Documento de Aparecida no número 44. Este mesmo documento aponta riscos e consequências de uma mudança de época. E, porque eles existem, o tema deste Mutirão faz todo o sentido: Ética nas Comunicações. O que é comunicação, o que comunicar e como comunicar? É aqui que entra a ética.

Temos consciência de que devemos fazer diferença no mundo da comunicação. Não podemos darmo-nos por satisfeitos com uma boa técnica ou entrar no jogo do mundo, cujo objetivo é o lucro, custe o que custar. Vemos como ‘certo tipo de comunicação’ torna-se um meio vil e perverso, pondo em evidência contra-valores nos diversos ambientes que deveriam ser lugares do cultivo de uma cultura do encontro, como a família e a Escola.

O sistema político econômico e social atual é ideologicamente dominado pela conquista do poder pelo poder e do lucro pelo lucro.

Esta mentalidade faz uso da comunicação sem compromisso com a verdade, pouco ou quase nada preocupada com a justiça social, gerando, provocando e aumentando a violência. A imprensa, a mídia em geral acaba não tendo auto-censura ou uma auto-crítica espalhando, assim, na sociedade uma verdadeira crise de valores.

O que vale numa sociedade consumista como a nossa? Não são as pessoas, mas o lucro e o poder. O Bem Comum é desconhecido porque implica em partilha e intercâmbio, em justiça social.

Nós sabemos qual a nossa origem e qual o nosso destino. Por isso, a utilização de toda a técnica moderna de comunicação no novo mundo virtual e da informática, deve ser do nosso conhecimento e instrumental para o anúncio da Boa Nova, concorrendo com os que apenas desejam o lucro e o poder, sem preocupação com a ética.

Parece-me urgente que em nosso meio eclesial e nos ambientes abertos e de boa vontade o ensinamento social da Igreja seja, não só mais divulgado, mas também sistematicamente estudado. Nossas emissoras de rádio e TV, o mundo virtual e toda a forma de comunicação precisam priorizar este ensinamento e valores para nossa sociedade que, aparentemente, parece indiferente, porém, profundamente carente e desejosa de beber da mesma Fonte que nós bebemos e anunciamos.

A humanidade deseja e tem sede de encontro. A Igreja tem a sua proposta porque, “perita em humanidade”, como afirmava o Beato Paulo VI. Ela conhece o caminho do encontro, cultiva o caminho do encontro e convoca para a cultura do encontro.

O Evangelho mostra-nos esta verdade de busca: “Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”. (cf. Mc 6,33-34).

Há muita gente sedenta esperando, em busca do sentido de vida e de encontrar sua origem e descobrir seu destino.

Há muita gente que se declara agnóstica, mas que pelo caminho do ensinamento social da Igreja, através dos meios de comunicação social e do mundo virtual, poderão passar a somar conosco por um mundo mais humano, justo e fraterno.

Os comunicadores cristãos são os novos pastores, arautos da Boa Notícia que gera a paz. Tenho para mim que, mais que em outros tempos, uma multidão sedenta espera o nosso pastoreio neste novo jeito de comunicar e de promover a cultura do encontro.

Aproveito-me deste momento para agradecer a todos que nos deram a honra de participar deste Nono Mutirão de Comunicação em Vitória do Espírito Santo. Agradeço toda a Equipe Coordenadora, presidida por Dom Wladimir Lopes Dias: pe. Anderson, Maria da Luz, Alessandro, Gilliard, Marcus Tullius, Gisseli e Liandra que enfrentaram a difícil e árdua empreitada de promover um encontro desta envergadura. Agradeço à Presidência da CNBB por escolher a nossa Arquidiocese e Sub-Regional através da querida Irmã Élide e não menos querido Padre Clovis e desejo a Dom Darci e padre Rafael as bênçãos de Deus para conduzir a Comissão de Comunicação.

Que nunca percamos a consciência de nossa origem comunicadora Fonte e Destino da comunicação da Igreja de Cristo, a Santíssima Trindade. E, com São Paulo o grande Comunicador, termino “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam perto.” (cf. Ef 2, 17)

Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc
Arcebispo Metropolitano de Vitória