Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Moema e Igor: provocações e esperança na MFJ

29/01/2020

Notícias

Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo

 Xaxim (SC) – Os jovens franciscanos não tiveram descanso na tarde desta quarta-feira, 29 de janeiro. Logo depois do almoço, às 14 horas, eles ganharam a oportunidade de ouvir as duas primeiras palestras programadas para as Missões Franciscanas da Juventude, dentro do tema e lema: “E Deus viu que tudo era muito bom” e “Guardiões das relações com Deus, com o próximo e com a casa comum”.

Primeiro, o jovem Igor Bastos, que é o coordenador no Brasil do Movimento Católico Global pelo Clima e também é da Jufra (Juventude Franciscana), falou sobre a importância de os jovens assumirem o protagonismo na evangelização, e depois a antropóloga e leiga franciscana, Moema Miranda, que participou do Sínodo para a Amazônia, abordou o tema Laudato Si’ para os nossos dias, bem como as suas consequências práticas em nossas vidas.

Os dois foram enfáticos ao falar diretamente para os 800 jovens: o futuro do Planeta depende muito deles! Igor pediu para serem promotores da esperança nesses tempos difíceis que vivemos e Moema foi convocou: “O tempo é agora!”

Os dois palestrantes se detiveram na encíclica Laudato Si’ para esta tarde de formação franciscana. Moema lembrou aos jovens que o Papa Francisco escreveu a Laudato Si’ num momento delicado quando acontecia a Conferência de Paris sobre o clima. “Essa carta encíclica é hoje o documento mais importante da Igreja Católica. E o Papa disse no Sínodo da Amazônia, no ano passado: eu quero ver como é que a encíclica Laudato Si’ acontece na realidade”, recordou Moema.

“É um tempo muito difícil porque o Planeta Terra está dizendo para a gente: tudo está interligado e do jeito que vocês estão vivendo aqui, talvez, vão destruir toda a criação. Não todos nós, mas uma grande parte da humanidade”, acrescentou Miranda.

Miranda enfatizou que o Papa alerta: “Olha, ainda tem tempo de mudar! Mas é esse tempo agora. Não dá para ficar esperando. Tem que ter urgência. E o Papa fala assim: Não deixem que roubem de nós esperança. Não deixem que roubem a esperança que o mundo pode ser um lugar bom. Que a vida pode ser boa. Que o futuro pode ser melhor. Não deixem que os poderosos digam “tem que ser assim”. Tem gente que passa fome e é assim mesmo. Tem gente que não tem direitos e é assim mesmo. Não, é possível mudar e a gente tem que se empenhar nessa mudança”, indicou.

Segundo Moema, do jeito que a gente está vivendo, estamos deixando o mundo quase sem salvação. Ela citou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pela United Nations Environment Programme (UNEP) em 1988, alertando que devido às concentrações atuais e as emissões contínuas de gases de efeito estufa, é provável que o final deste século registre um aumento de 1 a 2° C na temperatura média global acima do nível de 1990 (cerca de 1,5 a 2,5° C acima do nível pré-industrial). Os oceanos do mundo se aquecerão e o derretimento do gelo continuará. Em 2100, prevê-se que o aumento médio do nível do mar seja de 24 a 30 cm em 2065 e de 40 a 63 cm em relação ao período de 1986-2005. A maioria das consequências da mudança climática persistirá por muitos séculos, mesmo se as emissões forem interrompidas.

“Isso não é porque Deus quer assim como se diz”, lamentou Moema. “Essas mudanças climáticas não afetam todo mundo igualmente. As pessoas mais pobres, que menos contribuem para isso, sofrem mais. Na minha cidade, Teresópolis, teve uma enchente medonha, e as casas dos ricos se ergueram rápido, mas as dos pobres até hoje estão esperando”, recordou. “Nós, franciscanos e franciscanas, vocês que são jovens, têm que estar muito, muito ocupados com isso. Não digo preocupados e com medo. É possível mudar!”, encorajou.

No final, atualizou o diálogo de Francisco com Jesus na igrejinha de São Damião – “Francisco, vai e reconstrói a minha casa” – lembrando que a casa a ser reconstruída hoje é a Casa Comum, é a o nosso Planeta que está em ruínas.

Para Igor, a responsabilidade que o Papa Francisco coloca nas mãos dessa geração é muito grande. “A mensagem que gostaria de deixar nesse início das Missões é para não deixar essa alegria de estar junto acabar aqui. Que aqui seja um espaço para a gente se alimentar na amizade, na nossa própria experiência, para voltar às nossas cidades e continuar o trabalho por uma sociedade mais justa e fraterna. Para sermos promotores da globalização da esperança. São tempos difíceis que vivemos, mas que a gente não perca a esperança. Que a gente não perca a perfeita alegria!”, desejou Igor Bastos.

Muita música e dança movimentaram os jovens nos intervalos entre as atividades. Um desses momentos foi a “aula” que os xaxienses deram de como usar o lenço de gaúcho. O lenço é parte essencial da indumentária do gaúcho. Inicialmente, era utilizado na cabeça, mas a partir de revoluções políticas no Rio Grande do Sul passou para o pescoço com uma conotação mais representativa. Ainda hoje as cores mais usadas são branco e vermelho, mas sem conotação política.

Crianças do projeto do Jardim Peri de São Paulo, do Serviço Franciscano de Solidariedade – Sefras –, apresentaram uma mística aos jovens denunciando as injustiças numa cidade grande.


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