Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Merton e o tema da família entre os lançamentos da Vozes

28/10/2019

Notícias

Alegria do amor

Javier de la Torre

Este livro é um instrumento para o uso junto a famílias – pastoral familiar, catequese familiar, grupos e cursos de preparação ao matrimônio. Seu conteúdo lança luz sobre a vida concreta e caminhar da família de hoje, colocando-a próxima do coração da Igreja. Para isso o texto oferece, à luz da Exortação Amoris Laetitia – sobre o amor na família, reflexões pontuais e questões para estudo e atividades que tratam de orientação sobre o relacionamento na vida familiar.

Esta obra, composta de textos pequenos e de leitura rápida, possibilita escolher os temas ou capítulos que melhor se adequam à realidade, interesse ou necessidade de cada grupo, família para seu estudo e aprimoramento, propondo para isso uma dinâmica, e de gradualidade para o desenvolvimento da experiência familiar onde é possível sentir que Deus nasce para caminhar conosco e viver entre nós.

Javier de la Torre, licenciado em Filosofia e Teologia Moral pela Universidade Pontifícia de Comillas e doutor em Direito pela UniversidadComplutensede Madri. Diretor da cátedra de Bioética e Mestrado de Bioética, na Universidade Pontifícia de Comillas; professor na mesma universidade de Teologia Moral, História da Teologia Moral, Ética do matrimônio e da família, Ética do amor e da sexualidade, Ética do começo da vida. As principais áreas de concentração de seu estudo são: Bioética, moral sexual, ética do matrimônio e da família, anticoncepção e técnicas de reprodução humana, bioética e religiões, ética da virtude e teologia cristã da família.

 

Contemplação num mundo de ação

Thomas Merton

Thomas Merton é um dos autores mais lidos, atualmente, dentro e fora do seu país de origem, dentro e fora da Igreja. Ele foi o homem de que o cristianismo precisou na época exata, num tempo de transição iniciado com a Segunda Guerra Mundial, bem antes, portanto, do Concílio Vaticano II. Ele percebeu, muito antes da maior parte das pessoas engajadas, que na vida monástica e em quase todos os demais ambientes cristãos muita coisa haveria de mudar. E que algo haveria de ser feito para que os valores cristãos não se corrompessem.

Este livro, relançado agora, é de estilo jovial, na maneira de dizer as coisas, na força, no entusiasmo e na lucidez com que Merton fala da atualidade da vida monástica e eremítica, da renovação da vida conventual, da crise de identidade dos monges, do relacionamento do contemplativo com o mundo de ação, sobre o sentido da solidão cristã, sobre a perenidade da vida contemplativa, sobre o monge hoje e no futuro. O seu otimismo não esconde o seu realismo, nem o impede de ser às vezes cruel. Ele é sempre atual, jovem e profundo. Essencialmente profeta.

Neste período em que vivemos uma mudança de época, a busca por uma vida mais profunda, que satisfaça o que uma vida de efemeridades não consegue, é o objetivo de um número cada vez maior de pessoas que questionam o sentido de sua própria vida. Se você é uma dessas pessoas, esta obra de Merton vem ao encontro dos seus anseios. Mesmo que você não seja um monge.

Thomas Merton nasceu em 31 de janeiro de 1915 em Prades, no sul da França. Estudoue viveu, além da França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Falava fluentemente francês,inglês e italiano, além de terbons conhecimentos em espanhol e nas línguas clássicas (latim e grego). Seu itinerário espiritual passou por James Joyce, Jacques Maritain e Étienne Gilson. Tendo descoberto o Evangelho, converteu-se ao catolicismo em 1938, ingressando, em 10 de dezembro de 1941, na comunidade monástica da Abadia de Nossa Senhora do Getsêmani, da Ordem Cisterciense de Estrita Observância (Trapistas), no estado americano de Kentucky, onde recebeu o sacerdócio aos 34 anos. Sua obra, composta de mais de 50 títulos, entre livros, diários, poemas e cartas, é marcada pela profundidade de um religioso contemplativo. Morreu num acidente elétrico em Bangcoc, na Tailândia, durante um encontrocom líderes religiosos, em 10 de dezembro de 1968.

 

A invenção da África
Gnose, filosofia e a ordem do conhecimento

V.Y. Mudimbe

Nesta obra Mudimbe trata os discursos sobre sociedades, culturas e povos africanos como signos de outra coisa. Ele irá interrogar suas modalidades, significância ou estratégias como um meio de entender o tipo de conhecimento proposto. Não serão discutidas as questões clássicas da antropologia ou história africana, cujos resultados podem ou não espelhar uma realidade africana objetiva. Em vez disso, o autor olhará para além dos resultados, precisamente para aquilo que os torna possíveis, antes de aceitá-los como comentários sobre a revelação, ou restituição, de uma experiência africana.

O livro traz um panorama da filosofia africana. Num sentido estrito, a noção de filosofia africana refere-se a contribuições de africanos que praticam a filosofia no quadro definido da disciplina e sua tradição histórica. Poderíamos estender a noção de filosofia aos sistemas de pensamento tradicionais africanos apenas metaforicamente, ou, na melhor das hipóteses, numa perspectiva historicista, considerando-os como processos dinâmicos onde experiências concretas são integradas numa ordem de conceitos e discurso. Portanto, escolhi falar de gnose africana. Neste livro, esse registro mais amplo parece mais apropriado para o conjunto de problemas discutidos, todos baseados numa questão preliminar: até que ponto pode-se falar de um conhecimento africano, e em que sentido? Etimologicamente, “gnose” está relacionada a gnosko, que significa “conhecer” em grego antigo.

Especificamente, gnose significa buscar conhecer, pesquisar, métodos de conhecer, investigação e até conhecer outra pessoa. Com frequência a palavra é utilizada num sentido mais especializado de conhecimento superior ou esotérico, e assim se refere a um conhecimento estruturado, comum e convencional, mas estritamente sob controle de procedimentos específicos para seu uso e transmissão. Consequentemente, a gnose é diferente da doxa ou opinião e não pode ser confundida com episteme, entendida tanto como ciência quanto como configuração intelectual geral.

Portanto, o título é uma ferramenta metodológica: ele envolve a questão do que é e não é filosofia africana e também orienta o debate para outra direção ao enfocar as condições de possibilidade da filosofia como parte do corpo mais amplo de conhecimento sobre a África chamado de “africanismo”.

V.Y. Mudimbe nasceu em 1941 em Jadotville, no antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo. Foi seminarista durante a juventude, mas afastou-se para se dedicar ao estudo das forças que enformaram a história africana. Professor, filósofo e autor de uma vasta bibliografia sobre a história e cultura africana, Mudimbe obteve o seu doutoramento em Filosofia pela Catholic University of Louvain, em 1970. Em 1997 recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Université Paris VII Diderot e, em 2006, recebeu a mesma distinção pela Katholiene Universiteit Leuven. Foi professor nas universidades de Paris-Nanterre, Zaire, Stanford, e ainda no Haveford College. Ocupa atualmente a prestigiada posição de Newman Ivey Professor of Literature, na Duke University.

 

África Bantu
De 3500 a.C. até o presente

Catherine Cymone Fourshey, Rhonda M. Gonzales e Christine Saidi

África Bantu introduz, em cinco capítulos temáticos, os leitores a diversos métodos e abordagens de coleta e análise de dados para escrever as histórias de povos e sociedades cujo passado remoto não foi, muitas vezes, preservado em documentos escritos. Assim, a reconstrução da história antiga Bantu deve apoiar-se no uso de múltiplas metodologias e abordagens. Evidências foram retiradas da linguística, da genética, da arqueologia, das tradições orais, da história da arte e da etnografia comparada.

O objetivo desta obra é oferecer aos alunos uma compreensão da história do mundo Bantu, no longo prazo, em áreas que os leitores podem identificar como cultural, política, religiosa, econômica e social. No entanto, neste texto, raramente foram usadas essas categorias específicas, pois as epistemologias Bantu (visões de mundo) não eram divididas em categorias tão rígidas.

Os leitores de África Bantu serão introduzidos às histórias da tecnologia, da epistemologia, da educação e da cultura, e também às experiências vividas dos povos de língua Bantu, de 3500 a.C. até o presente. O livro começa em 3500 a.C., período em que os falantes da língua proto-Bantu viviam em uma região da África Ocidental adjacente às florestas entre os rios Níger e Congo. Atualmente, há cerca de quinhentos dialetos e línguas Bantu. Todos eles descendem do proto-Bantu, um subgrupo das línguas nigero-congolesas, uma família de línguas cuja história remonta a 10.000 a.C. A amplitude e a profundidade da história linguística do continente africano são extraordinárias. Na África, existem aproximadamente duas mil línguas e dialetos nativos falados. Cada idioma pertence a uma das quatro principais famílias de línguas da África. São elas: Nilo-saariana, Afro-asiática, Khoisan e Nigero-congolesa. O foco principal é o povo Bantu e as suas interações com povos de outras origens linguísticas, que moldaram a diversidade do continente.

 

Batizados
Eleitos, chamados, renascido

A transmissão da fé na família e a celebração do Sacramento do Batismo mudaram muito nas últimas décadas. Os pais levam seus filhos para batizar, com vistas a selar sacramentalmente o que eles, como família cristã, valorizam e vivem. Mas, na atualidade, a transmissão da fé de geração em geração está fragilizada, e nem sempre os pais se aproximam da comunidade para pedir o Batismo de seus filhos com plena consciência do que estão pedindo.

Considerando este contexto, esta obra é um material simples, e ao mesmo tempo didático, para as catequeses de preparação para o Batismo de crianças em nossas paróquias. Com ela se pretende ajudar párocos, catequistas e demais agentes de pastoral do Batismo e Familiar em sua tarefa de acolher e acompanhar as famílias que desejam batizar seus filhos e inseri-los na comunidade cristã.

 

 

Cartas Paulinas

Antonio Pitta

O cristianismo foi substancialmente influenciado pela literatura paulina que formula entendimentos não somente acerca de Jesus Cristo, mas também de Deus, do ser humano, do Espírito e da Igreja. As sete cartas cuja autoria é atribuída a Paulo resistiram às intempéries da Escola de Tübingen (séc. XIX), que reconheceu sua autenticidade.

Algumas dessas cartas, como 2Coríntios e Filipenses, foram divididas em mais cartas, mas nunca colocadas em discussão, uma vez que compartilham o estilo epistolar e os sistemas argumentativos típicos de Paulo.

Os escritos paulinos, que serviram de base até mesmo para os evangelhos, marcam algumas rupturas, sobretudo naquilo que diz respeito ao entendimento do homem e de Jesus Cristo. Seguindo a ordem cronológica das cartas paulinas, Pitta oferece algumas informações para o leitor, como contexto histórico e conteúdos epistolares.

Antonio Pitta é professor de Novo Testamento na Pontifícia Universidade Lateranense, sendo um dos maiores estudiosos de literatura paulina na Itália e no exterior. É membro do conselho presidencial da Associação Bíblica Italiana.

NÚMERO DE PÁGINAS: 312

 

Investigação sobre os modos de existência

Bruno Latour

Neste livro, Bruno Latour oferece respostas às questões levantadas em Jamais fomos Modernos, uma obra que interrogou as conexões entre a natureza e a cultura. Se não somos Modernos, ele pergunta, o que somos e quais valores devemos herdar?

Embora o conhecimento científico corresponda a apenas um dos muitos modos possíveis de existência que Latour descreve, uma visão irrealista da ciência tornou-se o árbitro da realidade e da verdade, nos seduzindo a julgar todos os valores por um único padrão. Latour nos convida, então, a recuperar outros modos de existência para fazer justiça à pluralidade de condições de verdade que os Modernos descobriram ao longo de sua história.

Esse esforço sistemático de construção de uma nova antropologia filosófica apresenta uma visão completamente diferente do que os Modernos têm sido, e fornece uma nova base para a abertura de encontros diplomáticos com outras sociedades no momento em que todas as sociedades enfrentam crises ecológicas.

Bruno Latour nasceu na cidade francesa de Beaune, na Borgonha, em 1947. Formado em Filosofia e Antropologia, foi entre 1982 e 2006 professor do Centre de Sociologie de l’Innovation na École Nationale Supérieure des Mines em Paris, além de professor-visitante na University of California San Diego, na London School of Economics e em Harvard. Hoje leciona na SciencesPo de Paris. Em 2013 recebeu o Holberg Prize por sua contribuição às ciências humanas.

NÚMERO DE PÁGINAS: 408

 

Livros históricos

Flavio Dalla Vecchia

A questão sobre como se pode escrever a história não é estranha à condição dos livros históricos. Estes, de fato, têm a pretensão de abrir janelas sobre o passado (não raramente recorrem neles afirmações do tipo: “Isto permanece até os dias de hoje”, ou ainda, “Naquele tempo se fazia ou se dizia assim…”) e de permitir ao leitor que se conecte com ele. Ao mesmo tempo, um dos limites em relação à consideração do seu valor historiográfico é determinado pelo fato de que, com frequência, esses textos são confrontados com a abordagem atual da ciência histórica, esquecendo que os autores antigos – assim como os historiadores modernos – atuavam em condições históricas que marcaram os seus relatos e se serviam de modelos e de quadros interpretativos determinados pelos interesses da sua época. A própria variedade de gêneros literários presente nos textos bíblicos mostra que até mesmo sobre o plano literário eles não correspondem aos cânones da historiografia moderna.

O povo hebreu também narra sua história, não no sentido historiográfico moderno, mas a partir de sua perspectiva bíblica. Os textos bíblicos, sobretudo aqueles escritos no período entre o final dos dois reinos, Israel e Judá, e o período pós-exílico, buscam construir a identidade do povo bíblico. Os livros que correspondem a Josué a 2Reis, Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester e os livros de Macabeus, além do diálogo com a cultura e a história do povo hebreu. Tal literatura não se ocupa unicamente das narrativas de um passado distante.

Através da obra bíblica, cada geração é convidada a retomar o fio da narração, não para ressuscitar o passado, mas para descobrir a própria identidade, orientar o próprio caminho e lhe dar um destino.

Flavio Dalla Vecchia é professor de Sagrada Escritura no Estudo Teológico Paulo VI do Seminário de Bréscia e de Língua e Literatura Hebraica na Universidade Católica de Milão.

NÚMERO DE PÁGINAS: 312

 

O retorno da sociedade

André Botelho

Em O retorno da sociedade, André Botelho convida o leitor a voltar os olhos para as interpretações clássicas do Brasil a fim de compreender de modo renovado as relações entre sociedade e política.

Mudanças institucionais na política não ocorrem no vazio das relações sociais. Esse é o principal ensinamento da tradição intelectual que, entre as décadas de 1920 e 1970, formula uma agenda de reflexão e pesquisa no Brasil sobre as bases sociais da vida política. De Oliveira Vianna a Maria Sylvia de Carvalho Franco, essa vertente da sociologia política, internamente diversificada, revela como os vínculos entre Estado e sociedade não são via de mão única. Formam relações múltiplas. Se analisadas da perspectiva da sociedade e na sociedade, a política e as políticas ganham densidade e complexidade nem sempre perceptíveis quando observadas apenas através da lógica institucional.

O retorno da sociedade reconstitui os argumentos dessa tradição intelectual e busca explorar não só o alcance teórico das suas formulações, como também sua capacidade de interpelação contemporânea. No Brasil de hoje, sua lição parece dramaticamente maior e ainda mais urgente. Vai-se tornando claro que as inovações democráticas das últimas décadas não anularam a sociabilidade e os valores autoritários marcantes na nossa história. De fato, é preciso deixar de lado as dicotomias simples, como antes ou depois, passado ou futuro, para podermos qualificar a dimensão de processo sempre ofuscada pelas luzes do presente.

André Botelho é professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – e pesquisador do CNPq. Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp (2002), já publicou vários livros na área da Sociologia e do Pensamento Social Brasileiro. Entre eles Essencial sociologia, em 2013, e Um enigma chamado Brasil, em 2009 (Prêmio Jabuti 2010), com Lilia Schwarcz.