Júbilo no encontro de duas gerações de frades
06/12/2019
Frei Roger Strapazzon e Moacir Beggo
Petrópolis (RJ) – A centenária Igreja do Sagrado, em Petrópolis (RJ), reuniu nesta sexta-feira (6/12) duas gerações de frades da Província da Imaculada Conceição durante a Eucaristia de Ação de Graças, às 10 horas. De um lado, os frades que celebram seus jubileus de vida religiosa e sacerdotal. Alguns fazem o primeiro jubileu de 25 anos e outros já têm uma longa caminhada com mais de 60 anos. A outra geração de jovens frades renovou os votos como professos temporários no tempo da Teologia.
Júbilo foi a palavra mais empregada pelo Ministro Provincial, Frei César Küllkamp, que presidiu a Eucaristia tendo como concelebrantes o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e o guardião Frei Jorge Paulo Schiavini. Esta celebração encerrou o encontro dos jubilandos, que começou no dia 4 com os frades presentes de vida religiosa de 65, 60, 50 e 25 anos e frades de 60, 50 e 25 anos no sacerdócio. Uma Celebração especial está marcada para esta segunda-feira, 9 de dezembro, na Fraternidade São Francisco de Assis de Bragança Paulista (SP) para frades mais idosos. Outros frades idosos, enfermos e que moram distantes não puderam estar presentes em Petrópolis e celebrarão com suas comunidades.
Segundo o Ministro Provincial, a palavra júbilo vem hebraico yovel e sua primeira referência é ao chifre de carneiro que servia como instrumento sonoro para anunciar o início de um tempo especial, tempo de alegria. “Jubilar-se é alegrar-se em Deus, louvando-O com entusiasmo e gratidão”, disse.
A alegria jubilar brota, segundo o Ministro Provincial, de uma autêntica proximidade com o Senhor em quem, conforme nos garante o profeta Isaías, “os humildes aumentarão sua alegria e os mais pobres dos homens se rejubilarão” (Is 29,19). “Humildade e pobreza: eis aqui duas virtudes que se complementam como fundamento da autêntica alegria”, acrescentou.
“A primeira é caminho que Francisco se dispõe a percorrer quando se descobre um pecador infinitamente amado por Deus. É a consciência que adquire em torno da centralidade do Sumo Bem em sua vida. É a graça de encontrar no despojamento da Encarnação do Filho um gesto de proximidade e doação da parte do Pai. E, por isso, o Seráfico Pai não cessa de exaltá-lo, como o faz no texto dos Louvores a Deus Altíssimo: ‘Vós sois a Humildade'”, explicou.
Jubileus de vida religiosa franciscana: Frei Paulo, Frei Pedro, Frei Ludovico, Frei Almir, Frei Geraldo, Frei Ary, Frei José Ariovaldo, Frei Luiz e Frei Fábio (da dir. para esq.)
Jubileus de vida sacerdotal: Frei Walter, Frei Marcos, Frei Geraldo e Frei Estêvão (esq. para dir.)
Segundo o celebrante, graças a esta humildade sublime, os dois cegos de quem o Evangelho de hoje fala tiveram a ousadia de se aproximar de Jesus com seu grito de socorro: “Tem piedade de nós, Filho de Davi!” (Cf. Mt 9, 27b). “Sabiam que jamais seriam ignorados e, pela fé, tinham a certeza de que poderiam contar com a compaixão do Senhor”, acrescentou.
“Estimados irmãos, também nós podemos ser ousados para nos aproximar de Jesus. A humildade de Deus é para nós segurança de que Ele está disposto a nos livrar de todas as cegueiras que podem nos acometer, desde o desencantamento e o desânimo, passando pelo orgulho, pelo egoísmo e pela prepotência. Por outro lado, livres destes condicionamentos, ao abraçarmos com entusiasmo a humildade que o Senhor nos ensina, seremos também fonte de confiança e inspiração para aqueles que de nós se aproximam pedindo um abraço, uma palavra amiga, um minuto de atenção, uma ajuda material. A medida de nossa verdadeira humildade será a medida da confiança e da credibilidade que o Povo de Deus depositará em nós”, destacou.
Renovação dos votos temporários: Frei Crisóstomo, Frei Gabriel, Frei Honorato, Frei Marcos, Frei Tiago, Frei Leandro, Frei Herbeti, Frei David e Frei Augusto (da esq. para dir.)
A segunda virtude, a pobreza, foi abraçada por Francisco como caminho da vida evangélica. “A instrução que Jesus apresenta aos apóstolos, que não levassem nada pelo caminho e que vivessem do necessário, Francisco abraça para si e depois prescreve para seus frades como modo mais inteligente e viável de viver na fidelidade o seguimento a Jesus Cristo. Contemplando na Oração o Filho de Deus que se fez pobre e sua Mãe pobrezinha, o Pobre de Assis não teve dúvidas de que esta era a via que devia assumir como seu ‘casamento dos sonhos’: a coragem de desposar a ‘Dama Pobreza'”, recordou Frei César.
“De Francisco, estimados irmãos, devemos herdar este propósito fundante de nossa forma de vida. Não se trata de romantizar a miséria e a carência que são causadas pela ganância humana e pela acumulação de muito nas mãos de poucos. Ao contrário: significa adotar um estilo de vida sóbrio, simples e solidário que possua eloquência profética contra toda idolatria aos bens e os rastros de morte e sofrimento que esta idolatria tem produzido. Na qualidade de penitentes, precisamos também reconhecer a força de sedução que os bens exercem em nossa sociedade e o quanto também nós podemos ser seduzidos por estas ilusões efêmeras. Para vencê-las, o caminho deve ser o da fidelidade criativa aos bens que decidimos abraçar e que Francisco nos apresenta como tesouro valoroso a ser protegido, conforme aparece na Regra não Bulada: ‘Guardemos a pobreza, a humildade e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo’ (Cf. RnB 12,3)”, comentou.
Segundo Frei César, alegria, ousadia, confiança e gratidão são os sentimentos que hoje ‘pela graça de Deus’, os confrades jubilandos e os que renovam os votos despertam em seus irmãos da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e de todos os que fazem parte das suas histórias. “Muito obrigado pelo seu ‘Sim’ generoso!”, enfatizou.
“Que o Sumo Bem por quem Francisco doou a sua vida os mantenha perseverantes no caminho da humildade e da pobreza e que o testemunho de vocês seja o Evangelho vivo a tocar os corações daqueles que o Senhor os confiar. Jamais deixem de agradecer ao Altíssimo pelos bens que diariamente Ele realiza em suas vidas e, com toda confiança, façam seus os desejos expressos pelo Salmo proclamado na liturgia de hoje: ‘Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isso que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e contemplá-lo no seu templo’. (Sl 26). Deus os abençoe!”, completou.
Frei Gustavo Medella explicou o significado dos jubileus na Celebração. Logo depois da homilia, Frei César começou o rito da renovação dos votos como religiosos franciscanos dizendo: “Vocês, em espírito de alegria e agradecimento, celebram hoje 25, 50 e 60 e até mais anos de vida consagrada a Deus. Ele tem sido generoso para com vocês. É graça sobre graça que vocês recebem. Por isso, com alegria renovada, são chamados a bendizer o Deus da misericórdia que fez de vocês seus eleitos e consagrados e lhes deu da abundância de seu coração. E para que suas vidas sejam cada vez mais incorporadas à vida Daquele que foi e é a razão de nossos passos, convido-os a depositarem-se a si próprios nas mãos Daquele em quem sempre confiaram, e a renovarem, assim, os seus votos, com o apoio de nossas orações e nosso amor fraterno”. Todos responderam pedindo a Deus a graça da perseverança até o fim e dos irmãos a ajuda necessária para acolher com alegria. O compromisso sacerdotal foi pedido para ser renovado por Frei César na disposição de fidelidade e de entrega. Os frades responderam: “Senhor, na alegria do sacerdócio, quero prometer de novo, com o mesmo ardor de todos os dias, imbuir-me do espírito do vosso amor e da vossa bondade”.
Frei Geraldo Hagedorn é o ‘sênior’ dessa turma e celebrou aqui 65 anos de vida religiosa e 60 de sacerdócio. Nos 60 anos de profissão, renderam graças a Deus pela vocação Frei Almir Guimarães, Frei Ludovico Garmus, Frei Ary Pintarelli e Frei José Ariovaldo da Silva. Nos 50 anos, Frei Luiz Iakovacs e fazendo o primeiro jubileu: Frei Fábio César Gomes e Frei Paulo César Borges. Nos jubileus de sacerdócio, Frei Estêvão Ottenbreit veio de Roma para celebrar com seu confrade de turma, Frei Marcos Hollmann, 50 anos de serviço ministerial e Frei Walter Ferreira Jr. renovou seu compromisso de vida sacerdotal depois de 25 anos.
Frei César, em seguida, acolheu a renovação dos votos de nove frades professos temporários do tempo de Teologia e rendeu graças a Deus pelo encerramento das atividades acadêmicas no ano. O mestre dos frades estudantes de Teologia, Frei Marcos Andrade, chamou a cada um pelo nome – Frei Augusto Luiz Gabriel; Frei Crisóstomo Pinto Ngala (FIMDA); Frei David Belinelli; Frei Douglas da Silva; Frei Heberti Senra Inácio; Frei Honorato Salvador Gaspar Gabriel (FIMDA); Frei Leandro Ferreira Silva; Frei Tiago Gomes Elias e Frei Marcos Schwengber – para se aproximarem do altar diante do Ministro Provincial e renovarem os votos de pobreza, obediência e castidade.
No final, Frei César agradeceu a Fraternidade do Sagrado, que “sempre acolhe muito bem a todos”, aos fiéis que vieram da Baixada Fluminense, aos religiosos e religiosas presentes e à Ordem Franciscana Secular.
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