Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Vivam este amor seráfico!”, pede Frei Fidêncio às Irmãs Franciscanas Seráficas no encerramento do Jubileu de 100 anos

19/10/2021

Notícias

                                                                                                                                                  Imagem: Reprodução da transmissão TV Aparecida

O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, presidiu no domingo (17/10), no Santuário Nacional de Aparecida,  a Celebração Eucarística de encerramento do 1º Centenário da presença das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica no Brasil. “Queremos agradecer e depositar o nosso ‘pequeno rebanho’ sob o manto da Mãe Aparecida”, pediram as Irmãs. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, representou a Província Franciscana da Imaculada Conceição e foi convidado por Dom Orlando a fazer a homilia.

Frei Fidêncio saudou Dom Orlando, sacerdotes, confrades e as Irmãs Seráficas, que “neste dia, aqui na Casa da Mãe de Deus, vieram para agradecer, louvar e renovar o compromisso que há 100 anos fizeram a convite dos nossos Irmãos Redentoristas. Junto à Mãe de Deus, elas partiram em missão para o interior do de Goiás”, lembrou, saudando a todos presentes na celebração e aqueles que acompanhavam através das mídias sociais.

Disse que a liturgia da Palavra deste 29º Domingo do Tempo Comum provoca-nos, como discípulos e missionários, a darmos a nossa resposta à própria Palavra de Deus que acabamos de ouvir. “Inclusive proclamamos o Salmo de Meditação: ‘Reta é a Palavra do Senhor e tudo o que ela faz merece fé’. E na primeira leitura, nos foi apresentada a figura do servo de Deus. Fala-nos do servo como aquele que oferece a sua própria vida para fazer acontecer em si e nos outros a vontade de Deus. É o que nossa Mãe Maria fez quando ela se apresentou diante do Senhor como serva. Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”, disse.

Para Frei Fidêncio, Francisco diz que fazer a vontade de Deus é em primeiro lugar, amar Deus, de todo coração, de toda a alma, de todo entendimento, buscando acima de tudo a honra de Deus e não a nossa. “Mas ele diz mais que fazer a vontade de Deus é amar o próximo como a nós mesmos. E amar o próximo significa amá-lo para querer bem essa pessoa para Deus”, explicou, acrescentando: “Amar a todos é nos colocarmos sempre de novo na grande proposta do Papa Francisco: Fratelli tutti. Todos irmãos e irmãs, porque fomos revestidos à imagem e semelhança do nosso próprio Deus”.

O Ministro Provincial lembrou que este servo que faz a vontade de Deus, que faz acontecer a vontade de Deus, concretizou-se de uma forma plena na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, o servo que se compadece das nossas fraquezas. “O Sumo Sacerdote, nos diz São Francisco, que reina a partir do lenho da Cruz. Que a partir do lenho da Cruz se compadece da nossa fragilidade, da nossa pequenez, que nos perdoa sempre e nos ampara constantemente”, observou.

“Somos convidados a contemplar este trono da graça. E este trono da graça é, sem dúvida alguma, o mistério da Cruz, para conseguirmos, como diz o apóstolo, alcançar misericórdia e graça de um auxílio oportuno. É a confiança do servo, a confiança do próprio Cristo”, disse. Frei Fidêncio contou que quando as Irmãs Franciscanas Seráficas chegaram aqui no Brasil, conforme relatos nas crônicas, uma das irmãs, diante de toda a provação – imaginem o Brasil há cem anos? -, depois de sair da Alemanha e chegar ao Porto de Santos, passando aqui por Aparecida e se embrenhando no interior de Goiás, chegou a esta constatação: “A coragem deve crescer com as dificuldades. É o que elas trouxeram em procissão hoje. Para o bom Deus, continua ela, nenhum sacrifício é grande demais. Maravilhoso isso! É a provocação que elas assumiram para a celebração desse centenário, mas uma provocação também a todos nós, cristãos e cristãs, batizados e batizadas. A coragem deve crescer com as dificuldades e para o bom Deus nenhum sacrifício é grande demais”, ressaltou.

Referindo-se ao Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum, Jesus diz que o caminho que conduz a Jerusalém, o caminho que conduz ao trono da graça, passa por outros horizontes, não do poder, não da vanglória. “Mas Jesus diz que o caminho que conduz a Jerusalém passa pela contradição, passa pela traição, pelo sofrimento, pela cruz, passa pela morte, mas passa necessariamente pela ressurreição. E talvez a última palavra, ressurreição, em relação à morte e ao sofrimento, os discípulos não entenderam. Portanto, os discípulos não haviam entendido o caminho de Jerusalém. Jerusalém não significa caminho que levava a apropriação do templo. O caminho de Jerusalém não significa ir armado a Jerusalém para combater Pilatos ou Herodes. O caminho do servo de Deus passa necessariamente pelo serviço. Não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida para a salvação de todos”, ensinou.

“Queridos irmãos e irmãs, importa que estejamos sempre no caminho da cruz. E as Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica têm como tema ‘O amor Seráfico’. É o amor ao Cristo Crucificado. A cruz das Irmãs Franciscanas Seráficas é uma cruz em chamas, não para se transformar em cinzas, mas é a chama que leva a criatura humana a contemplar Deus. É a chama que as fortalecem no amor fraterno, é a chama que também deve arder no serviço aos mais pobres, aos mais excluídos, como elas fazem nas diferentes frentes de missão. Não temais pequeno rebanho! São poucas irmãs, mas a missão de vocês é grandiosa. Não temais! Vivam este amor seráfico! E convido também a todos os cristãos a colocarem no coração uma cruz ardente, que não se transforma em cinzas, mas um amor que contempla Deus, um amor que significa vivência fraterna em profundidade, um amor que se transforma em serviço, em doação de amor”, concluiu o Ministro Provincial.

No encerramento, Dom Orlando pediu mais vocações femininas para a Igreja e pediu a bênção para o Sínodo que se iniciou neste domingo, com o tema da Sinodalidade. “Que este Sínodo pode reconstruir a Igreja, como dizia São Francisco”, disse, pedindo para repetir com ele: “Vai Francisco, e reforma a minha Igreja. Restaura a minha Igreja!”.

Desde 2013, numa parceria com a Província da Imaculada, as Irmãs Seráficas assumiram o Convento das Graças em Guaratinguetá. Na celebração de posse, Frei Fidêncio reforçou o compromisso dos Frades Menores na colaboração com a comunidade das Irmãs no atendimento dos fiéis e celebração da Eucaristia, exortando-as a serem novas “Anas” para o povo.

Um pouco de história

A Congregação das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica foi fundada no dia 2 de maio de 1854. Foi neste dia que partiram do Convento das Irmãs Franciscanas na cidade de Dillingen, na Alemanha, quatro Irmãs – Maria Ludovika Wille, Maria Adelheid Dollinger, Maria Pia Spar e Maria Hedwig Bader -, com destino a Au am Inn, na Baviera, Alemanha, a fim de fundarem a nova Congregação e uma escola de educação para meninas.

Depois de escalarem altas montanhas, em meio a orações e medo, foram recebidas carinhosamente pelo pároco da pequena Cidade de Au, Monsenhor Joseph Rödle e diversas autoridades religiosas e civis, inclusive o representante do Rei Ludoviko, dando início à Congregação das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica. Neste início, elas tiveram como residência o antigo Convento dos Agostinianos, que devido à guerra estava fechado por mais de 50 anos. A Congressão cresceu e, em 1921, enviava ao Brasil as primeiras missionárias: Ir. Benedicta Tafelmeier, Ir. Bonifatia Vordermayer, Ir. Ludmilla Schropp e Ir. Willibalda Mayer. A Congregação tem sede em  Pindamonhangaba (SP) e estão presentes no Estado de São Paulo e no Nordeste. O atual Conselho Provincial é formado por: 1ª Vigária Provincial: Irmã Maria Sebastiana Santiago; 1ª conselheira: irmã Benedita de Fátima Oliveira; 2ª Conselheira: Irmã Roseana Maria da Silva; e 3ª Conselheira: Irmã Vera Maria de Campos.


Moacir Beggo