Comunicadores refletem sobre o ódio e a intolerância nas redes sociais
15/03/2019
Érika Augusto
São Paulo (SP) – Nesta quinta-feira (14/03), os colaboradores da Frente de Evangelização da Comunicação reuniram-se para o 2º encontro de Formação Permanente da Frente. O tema trabalhado foi o ódio e a intolerância nas redes sociais. Estiveram presentes os frades e colaboradores da Rede Celinauta, de Pato Branco (PR); Fundação Frei Rogério, de Curitibanos (SC); Grupo Educacional Bom Jesus, de Curitiba (PR); Editora Vozes, de Petrópolis (RJ); Convento da Penha, de Vila Velha (ES) e Sede Provincial, em São Paulo (SP).
O encontro, que acontece via videoconferência, contou ainda com a presença de Dom Edgar Xavier Ertl, bispo de Palmas e Francisco Beltrão (PR), que estava de passagem pela Rede Celinauta. Em sua fala, Dom Edgar parabenizou a Província pela iniciativa da Formação Permanente. “Congratulo-vos pelo método de trabalho, de formação continuada com todos aqueles que colaboram nos meios de comunicação da Província, ocupando este espaço tão nobre nas redes sociais”, acentuou. O bispo agradeceu pelo trabalho realizado em Pato Branco e região, através da TV Sudoeste.
A formação ficou sob responsabilidade de Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial. Em sua fala, ele afirmou que o ódio é um sentimento humano e que, por isso, está presente em todos os ambientes em que o homem estiver. Apesar de muitos fatores positivos, a internet expõe o sentimento ruim existente nas pessoas. Alguns fatores como a velocidade, ilusão do anonimato, distorção entre público e privado, criação de uma bolha virtual entre pensamentos iguais e pouca disposição para repensar opiniões, potencializam as reações intolerantes no ambiente virtual. O frade também destacou que deve haver um limite entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio, mas na internet estes conceitos são confundidos. “A liberdade de expressão termina quando alguém é ofendido”, explicou Frei Gustavo. Em seguida, ele apontou as características do discurso de ódio: ele insulta, intimida, assedia, baseando-se numa postura de superioridade, com apelo à violência e à intolerância.
Em seguida, os participantes partilharam as experiências de cada lugar. Em Pato Branco, a TV Sudoeste trabalha para desconstruir estas relações de ódio, promovendo uma comunicação que conscientiza e forma cidadãos melhores e mais conscientes, diferente da lógica que prevalece no mercado, de uma comunicação instantânea e midiática, que dá audiência e repercussão, mas é superficial e vazia de sentido. “Infelizmente o maior espetáculo da Terra continua sendo o ser humano, creio que isso nunca vá mudar. É um trabalho de construção diária”, afirmou o jornalista Betto Rossatti.
O recente caso da escola Raul Brasil, em Suzano (SP), foi abordado pelos participantes, destacando a influência que as redes sociais tiveram nos jovens que promoveram o ataque. Juliano Franco Zemuner, do Grupo Educacional Bom Jesus, falou da preocupação das escolas em trabalhar estas questões que se espalham na internet e influenciam negativamente as pessoas, como o caso do jogo baleia azul, que vitimou centenas de jovens em todo o mundo. “A escola se coloca no dilema entre onde vai a responsabilidade da escola em relação ao aluno e onde começa a responsabilidade dos pais em relação a presença da criança nas redes sociais”, alertou. “Se a criança tiver uma formação humanizada, quando ela estiver na idade de formar opinião, ela terá autonomia de identificar o que é ruim e bom, saberá que tem responsabilidade legal e moral nas redes sociais” acrescentou.
Da Fundação Frei Rogério, em Curitibanos (SC), Claiton Bohnenberger manifestou preocupação com a propagação de ódio contra as mídias tradicionais no Brasil. “Muita gente prefere acreditar nas notícias que são colocadas na internet por qualquer pessoa, sem responsabilidade de apurar os fatos. É um problema que tem crescido cada vez mais na comunicação”, ponderou.
No Convento da Penha (ES), a resposta às manifestações de ódio é dada através de uma postura pacífica. “Quando há possibilidade de debatermos, mesmo com a diferença de opiniões, conseguimos fazer um bom trabalho. Não temos a obrigação de pensar igual o outro, mas tenho a obrigação de respeitar o pensamento do outro”, afirmou Cristian Oliveira, assessor de imprensa do Convento.
Em Petrópolis, as colaboradoras da Editora Vozes sugeriram dois títulos do editorial que ajudam a trabalhar o tema. “A era da pós-verdade“, de Ralph Keyes e “A oração da serenidade“, de Jonathan Morris, além dos livros do monge Anselm Grün.
O próximo encontro de Formação Permanente acontecerá no dia 10 de abril e tratará sobre o Sínodo da Amazônia.