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Frei Olavo faz 101 anos: “Ele é nossa inspiração viva”, diz Ministro Provincial

04/08/2020

Notícias

Bragança Paulista (SP) – Um dia de Ação de Graças para Frei Olavo Seifert. Neste 4 de agosto, o sênior da Província da Imaculada Conceição começou cedo celebrando o Dia do Padre e o seu aniversário: 101 anos de vida. Devido à pandemia, a Fraternidade Acolhedora de Bragança Paulista, onde residem os frades mais idosos da Província, convidou o Ministro Provincial, Frei César Külkmap, para presidir a Celebração Eucarística, às 7h30. Ao contrário do ano passado, quando uma grande celebração marcou os 100 anos de Frei Olavo, desta vez a festa se limitou aos frades e funcionários, zelando com isso pela saúde dos moradores desta casa.

“Do alto dos seus 101 anos de vida, 79 anos de franciscano e 74 de sacerdote, Frei Olavo só tem a agradecer a Deus. E nós também agradecemos e rendemos muitas graças, junto com ele”, celebrou Frei César.

O Ministro Provincial lembrou que neste dia, na liturgia, a Igreja festeja a memória de São João Maria Vianey, santo que viveu nos séculos XVIII e XIX, e enfrentou muitas dificuldades para alcançar o sacerdócio. “Era considerado um camponês rude e de pouca inteligência para o estudo das ciências filosóficas e teológicas. Mas, foi aceito devido à sua profunda fé e devoção. No entanto, a princípio não pôde exercer plenamente o ministério, pois não era considerado capaz de administrar e guiar consciências. Importante, do seu testemunho é que ele não fez do estudo e do conhecimento inimigos. Ao contrário, empenhou todas as forças para vencer obstáculos e buscou instrutores que o ajudaram a crescer e melhor servir como sacerdote. E, assim, foi feito pároco e confessor em Ars, na França. Por seu empenho, mas muito mais por alcançar a sabedoria da santidade que o conduzia à palavra mais certa, milhares de fiéis de toda a Europa acorriam a ele. Ele chegava a ficar 15 horas por dia no confessionário e as pessoas ainda esperavam vários dias para esta confissão. Por uma vida de humildade, fervor, serviço aos fiéis e aos pobres, foi proclamado Padroeiro dos Párocos e curas de almas em 1929 pelo Papa Pio XI”, explicou Frei César.

Segundo ele, Frei Olavo, neste tempo, já contava com seus 10 anos e, segundo seus próprios relatos, já desejava também ser sacerdote, como um sinal de Deus presente em seu coração. “Demorou para encontrar o melhor lugar para viver esta vocação, mas aos 13 anos chegou aos frades do Largo São Francisco e depois foi para Rio Negro, aos 15 anos. Ele mesmo diz que se apaixonou por este ideal franciscano e, desde que chegou em Rio Negro, sentia-se um frade. Destaca o valor da fraternidade como a nossa marca registrada de frades menores. E foi com a vivência da humildade franciscana, do fazer bem e com fidelidade todas as coisas, deixando a centralidade para a vida de oração, que Frei Olavo viveu a sua vida e a sua missão franciscana”, recordou o Ministro Provincial.

Para o Ministro Provincial, Frei Olavo é “o nosso sênior e, por todos os seus valores, tornou-se para todos nós uma inspiração viva. Ele é um testemunho da sabedoria que vem da santidade, como para o Santo Cura d’Ars, aliada à humildade, à fidelidade, ao serviço incansável e a uma profunda sensibilidade aos que estão ao nosso redor e que mais precisam de nós. Estas atitudes levam a uma vivência muito mais lúcida do que o tradicionalismo e o ritualismo cegos que Jesus condena no Evangelho. Estes não são fecundos, não produzem frutos. Repetem apenas as fórmulas e preceitos sem encantamento. Frei Olavo, celebramos hoje com toda a Província mais um ano em sua vida centenária e repleta de sabedoria”, destacou.

Frei César também ressaltou que hoje era um dia para render graças a Deus pela vida dos sacerdotes presentes na celebração. “Por toda a energia já gasta no serviço aos fiéis e aos mais necessitados. Queremos lembrar também os tantos frades que também acolheram o ministério sacerdotal na Igreja e hoje estão presentes nos mais diferentes campos de missão. Deus esteja com eles e eles também possam sentir a nossa proximidade fraterna e de pedidos a Deus por força, coragem e santidade nesta missão a serviço do povo santo de Deus! São Francisco mesmo dá as indicações para este serviço exercido com máxima devoção às Palavras, à Eucaristia e aos irmãos”, frisou.

“Parabéns, querido Frei Olavo e irmãos sacerdotes! Muito obrigado por partilharem suas vidas e seu ministério conosco em fraternidade! Paz e Bem!”, completou.

Frei Olavo, bastante lúcido, agradeceu ao Ministro Provincial pela celebração. “Quando fiz 100 anos, foi num dia de chuva e muito frio. Agora, nos 101 anos, estamos num ano de pandemia do coronavírus. Obrigado por ter enfrentado essas dificuldades. Obrigado pelo carinho, pela caridade que têm comigo. Cem anos fiz no ano passado e o Senhor me concedeu mais um ano de vida e de bênçãos. Quero agradecer ao Senhor, de modo especial pela lucidez que me consagra em todos esses anos. Sou frade mais antigo da Província e espero no ano que vem mais frades centenários: Frei Abel, em Rodeio fará 100 anos no dia 19 de julho; e Frei Cássio, em Curitiba. Agradeço a Nosso Senhor tudo o que me fez”, agradeceu Frei Olavo.

NESTE ANO, MAIS UM JUBILEU: 80 ANOS DE VIDA FRANCISCANA

Natural de Curitiba, onde nasceu no dia 4 de agosto de 1919, Ervino René Seifert, filho do relojoeiro Gustavo e D. Maria. Quando ingressou na Ordem dos Frades Menores, passou-se a chamar Frei Olavo. Ele teve uma irmã, cinco anos mais nova, que faleceu em Curitiba aos 88 anos. Hoje, sua família são três sobrinhos, que sempre o visitam em Bragança Paulista, onde reside.

Um ano depois do seu nascimento, seus pais se transferiram para São Paulo, onde a princípio residiram no centro da cidade, mudando-se, em 1924, para o bairro de Santana. Com apenas três anos e meio, Ervino frequentou o jardim de infância na Escola de Santo Alberto, dirigida por irmãs. Foi nesse período que o pai passou a fazer os consertos e manutenção do relógio da torre do Mosteiro São Bento, no centro de São Paulo. “Naquela época só havia relógios de bolso e parede”, recorda o frade.

Na Paróquia dos Padres Saletinos de Santana fez a primeira comunhão e serviu por longos anos como coroinha nas funções litúrgicas. Segundo Frei Olavo, desde pequeno já sabia o que queria: “Eu nunca tive dificuldade na vocação desde bem cedo”. Mas só quando já contava com 7 anos de idade, tomou coragem para dizer à mãe que pretendia estudar para ser padre.

Quando tinha 13 anos, o convite de São Francisco para me tornar franciscano veio até mim na forma de um prospecto do Seminário Seráfico São Luís de Tolosa de Rio Negro (PR)”, revelou Frei Olavo. Segundo ele, seus tios residiam no Paraná e tinham quatro filhos. “Minha tia rezava para que um se tornasse padre e com eles veio esse prospecto até São Paulo. Não tive dúvida que ali era o local que queria estar, embora não conhecesse São Francisco de Assis, a não ser o frade que me batizou em Curitiba, Frei Pascoal Reuss, um santo frade”, ressaltou.

Escolha feita, a mãe foi em busca da orientação vocacional, primeiro no Convento Santo Antônio do Pari, mas ali indicaram o Convento São Francisco, no Largo de mesmo nome. Atendidos por Frei Celso Dreiling, o garoto Ervino pôde finalmente ingressar no seminário e, em 1940, no Noviciado, quando recebeu o hábito franciscano e fez a profissão dos votos temporários no dia 22 de dezembro de 1941. Portanto, neste ano estará comemorando 80 anos de vida franciscana.

Segundo Frei Olavo, com dois anos de Teologia, foi ordenado padre porque havia carência de sacerdotes para dar atendimento às irmãs. “Padre simples de teologia. Depois continuei os estudos mais dois anos”, contou, explicando que isso não era um privilégio, pois o “padre simples não podia fazer nada, nem pregar. Só batizar e consagrar’. Segundo ele, só a sua turma, com mais quatro frades, pôde se ordenar antes.

Concluído o curso de Teologia em 48, no ano seguinte, foi transferido para o Convento São Francisco, como coadjutor naquele tempo (vigário paroquial hoje). Em 56, Frei Olavo foi também escolhido pelo Ministro Provincial Frei Heliodoro para ser seu secretário e arquivista da Província.

Como arquivista, Frei Olavo ficou 21 anos e faz questão de frisar que foi um trabalho prazeroso. Segundo Frei Regis Daher, foi a primeira grande organização do arquivo da Província. E tudo feito com a máquina de escrever.

“Não sinto a idade. Não sei como cheguei a tanto. Sempre tive boa saúde, fora a cirurgia no coração”, garantiu Frei Olavo, em entrevista quando fez 100 anos. Ele veio para Bragança Paulista em 2015.


Moacir Beggo (texto) e Frei Thiago Hayakawa (fotos)