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Frei Medella: “Mães, obrigado pelo empenho, pelo carinho, pela devoção de vocês”

09/05/2021

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São Paulo (SP) – Amor e gratidão foram as palavras centrais da homilia de Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial da Província da Imaculada, neste Dia das Mães e sexto Domingo da Páscoa (9/11), durante a Celebração Eucarística, às 9 horas, na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em São Paulo. Frei Raimundo de Oliveira Castro foi o concelebrante e um bom número de fiéis participou da Missa, observando as normas sanitárias.

Frei Medella iniciou sua reflexão a partir dos três direitos fundamentais de todo o ser humano, que o Papa Francisco chama os três “tês”: teto, trabalho e terra. “Todo ser humano tem direito a ter para onde ir, garantir o seu sustento, construir a sua vida, ganhar o seu pão de cada dia e onde voltar, para ter o seu descanso, seu repouso, a sua convivência no núcleo familiar”, disse o celebrante. “O lugar do descanso, onde somos nós mesmos, onde temos espaço para refazer as forças para renovar o coração”, repetiu.

“Onde o nosso coração se reabastece. Onde sentimos seguros, amparados e acolhidos. Para nós, cristãos, este lugar é o coração de Deus que Jesus Cristo abriu para nós e se conseguirmos nutrir essa proximidade com ele, é o lugar ideal para encontrarmos este repouso. Por isso, ele faz o apelo, oferece com tanta gratuidade esse espaço para cada um de nós: Permanecei em mim”, acrescentou, fazendo referência ao Evangelho de João: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”.

E Frei Medella lembra que Deus não faz acepção de pessoas, conforme diz São Pedro no discurso nos Atos dos Apóstolos. “Por mais que a pessoa seja pecadora, por mais que tenha cometido erros, ela tem o direito de encontrar em Deus um lugar de repouso e Deus jamais o negará, mas torce e reza para que seu coração se abra a esta graça infinita desejada por todos nós”, ressaltou,  ilustrando com as citações de muitas canções que falam desse arquétipo, onde a alma encontra o repouso: a música do fogão  de lenha, “que pede à mãe para acender o fogão que o filho está voltando”, a música o “rancho fundo pra lá do fim do mundo onde eu me encontro, onde eu me sinto feliz”, são maneiras poéticas, segundo Frei Medella, de expressar esse desejo, essa sede de paz que mora no coração de todo homem e de toda mulher.

“Dificuldades maiores nós passamos, meus irmãos e minhas irmãs, quando elegemos como lugar de descanso ilusões passageiras e vãs”, disse, citando o exemplo daqueles que quanto mais têm mais querem engordar sua conta bancária. “Aparentemente, dá segurança, mas em algum momento aquele vazio volta, porque é algo perecível, passageiro, é algo que não levamos juntos quando partimos deste mundo. Assim também o prazer, o prestígio, a glória humana. São todos portos seguros que não são seguros porque ilusórios. O lugar do nosso descanso é em Deus e, por isso, com muita sabedoria diz o escritor sagrado, no livro do Salmos, que ‘só em Deus minha alma tem repouso, como criança bem tranquila no regaço acolhedor de sua mãe'”, lembrou o Vigário Provincial.

“O coração materno, o colo de mãe é um modelo bastante visível, plástico e prático desse descanso que todos nós buscamos. E por isso é tão importante essa referência materna para a nossa saúde, psíquica e física, no decorrer de nossa vida. Às vezes, a criança perde a mãe quando pequena mas elege uma outra figura materna. Por isso, é muito triste, é muito desconsolador saber que há tantas crianças que já nascem ou dão seus primeiros passos sem essa referência tão clara nas instituições e orfanatos e até, às vezes, vagando pelas ruas por conta de uma série de mazelas sociais e econômicas, que vão se juntando e constroem histórias tão tristes, em desfavor de tantos filhos e filhas de Deus, como cada um de nós, porque Deus não faz acepção de pessoas”, lamentou.

Para o frade, uma comunidade que se diz cristã, também precisa ter esse compromisso do cuidado com a vida, e de fazer todo o possível de oferecer a cada um, a cada uma, independente da classe social, do credo religioso, o ambiente de paz, de justiça, de satisfação das necessidades mais básicas. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Aquele que diz que ama a Deus e não ama seu irmão não fala a verdade. É um mentiroso. Porque quem se sente acolhido, amparado, aninhado no colo materno de Deus, que não nos deixa nada faltar, também percebe o seu compromisso para com o outro”, exortou Frei Medella.

O frade pediu a bênção de Deus a todas as mães e reservou uma palavra carinhosa para as mães que, por ventura, tenham vivido a dura experiência de perder um filho para a violência, para a doença ou para a pandemia. “O coração apertado dessas mães também encontra em Deus o consolo de que tanto precisam. E a todas as mães, sem exceção: mães biológicas e mães do coração. As mães adotivas, as tias e avós que trabalharam e atuaram como mães, muito, muito obrigado. Obrigado pelo empenho, pelo carinho, pela devoção de vocês. Cada mulher que exerce a sua maternidade com o espírito de responsabilidade, de compromisso, de amor, torna o mundo inteiro um lugar melhor para se viver. Deus abençoe todas as mães e que nós não nos iludamos, mas busquemos sempre o nosso descanso, a nossa paz, a nossa alegria completa, conforme diz Jesus no Evangelho, no coração de Deus. Permanecei no meu amor”, completou.

Nas intenções da Santa Missa, todas as mães foram lembradas, e Frei Medella falou especialmente das mães que estão sofrendo a perda de seus filhos pela pandemia e as que estão hospitalizadas, como a sua mãe, Célia Regina, que está se recuperando bem. Ele também rezou para a mãe de Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso, um jovem frade de 33 anos, que está intubado há três semanas.

No final da celebração, Frei Medella disse que se fossem outros tempos, ele teria chamado todas mães junto dele no altar para dar a bênção final, mas chamou uma mãe, Flávia, com seus quatro filhos, para representar essa homenagem a todas as mães.


Moacir Beggo