Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Gustavo Medella pede fim dos ‘claustros’

04/10/2013

Notícias

 

Moacir Beggo

São Paulo (SP) – A Igreja São Francisco de Assis, na Vila Clementino, tornou-se o referencial, em São Paulo, das pessoas que trazem seus animais de estimação para serem abençoados  no dia deste santo protetor dos animais e patrono da Ecologia. Nesta sexta-feira (4/10), a chuva deu uma trégua logo cedo e a temperatura agradável garantiu uma homenagem mais bonita ainda ao Padroeiro.

Durante todo o dia, o que se viu na Vila Clementino foi uma movimentação intensa de devotos e animais. E, além da bênção dos animais, com muita água benta, os devotos puderam participar das celebrações com seus animais sem que ninguém se incomodasse. Na Missa Ecológica, então, ao meio-dia, o povo ficou ainda mais à vontade.

Neste ano, Frei Gustavo Medella presidiu a celebração eucarística do meio-dia e o pároco Frei Djalmo Fuck, que criou a Missa Ecológica, presidiu a Missa Solene de encerramento às 20 horas.

Frei Gustavo iniciou a celebração pedindo perdão pela destruição da natureza e pela falta de cuidado com os animais. E depois começou a sua homilia cantando a “Canção da Floresta: “Use as mãos, mude uma planta/ Regue o chão, faça um pomar/ Ouça a voz do passarinho/ A floresta quer chorar/ A natureza está pedindo pra ninguém lhe assassinar”, repetiu.

Mas a grande mensagem de Frei Gustavo nesta Missa Ecológica foi um convite para sairmos de nossos “claustros”, como fez São Francisco de Assis, para quem o claustro era o mundo. “Com alegria, hoje, recordamos a vida e a história em que Deus operou na humanidade através do Irmão Universal, o Arauto do Grande Rei, São Francisco de Assis e do mundo inteiro”, disse.

Segundo Frei Medella, na Idade Média, a vida religiosa se dava no claustro, um lugar fechado. “Havia a concepção de que a pessoa precisava se isolar do mundo porque o mundo não era bom e só a realidade espiritual era boa”, explicou.

Para Frei Medella, todo lugar é lugar de amar e servir a Deus e viver religiosamente. “É este o espírito e a lição que São Francisco de Assis quer nos ensinar no dia de hoje. Ele abre a perspectiva e mostra que todo o bem da criação, tudo, fala do amor de Deus e, por isso, quer ser o Irmão Universal”.

Frei Djalmo abençoa o bolo dos animais

Frei Djalmo abençoa o bolo dos animais

Frei Gustavo, contudo, lamentou que, hoje, nossa sociedade e “nós todos, também”, influenciados por essa mentalidade, temos a tendência de fazer o movimento inverso de São Francisco. “Não para fazer como na Idade Média, mas hoje  temos uma forte tendência de levar o nosso claustro para o mundo”, disse.

Ele exemplificou: “A Av. 23 de Maio está cheia de claustros neste momento. Todos sobre quatro rodas, onde cada pessoa isoladamente tem a sua temperatura ambiente escolhida, o ar condicionado, escuta a música do seu gosto e pensa nos seus próprios problemas. Nos ônibus, cada um leva o seu claustro, que vem acoplado no ouvido e não quer saber quem está do lado. Só se vive nessa perspectiva enclausurada”, criticou.

Para o frade, temos que aprender com São Francisco de Assis a ter e a cultivar a cultura do encontro. “Que nossa Igreja não seja uma Igreja enclausurada em si mesma. Que ela saia de si como pede o Papa Francisco e que tenhamos olhos para olhar uns nos olhos dos outros, sem medo, não pensando que o outro é um estranho, mas que é um irmão”, pediu. “Na lógica da competitividade, o outro é um oponente, um concorrente. Na lógica da fraternidade, o outro é um irmão.  O outro é alguém que deve gozar do meu amor, meu carinho e consideração”, acrescentou.

Ainda disse que na lógica da competição, “tenho que fazer melhor do que o outro, mas na lógica da colaboração tenho que trabalhar em conjunto para, com o outro, construir o melhor que podemos”.

No final, Frei Gustavo pediu que São Francisco nos ensine essas lições. “Que nós saibamos ir para além dos nossos claustros pessoais, porque esse claustro é sufocante, é opressor. Ele nos tira a alegria de viver e nos subtrai o entusiasmo. Deus quer que sejamos irmãos uns dos outros. E Francisco nos chama a sermos irmãos até mesmo das criaturas”, concluiu.

Fotos Moacir Beggo

Norberto com a Cindy

O BOLO DOS ANIMAIS

O Bolo de São Francisco para os animais, criado no ano passado por Frei Djalmo, foi esperado com ansiedade pelos donos e por seus bichinhos de estimação. Frei Djalmo benzeu o primeiro bolo, de 20 quilos, no formato de um osso gigante, às 13 horas. Não faltou o canto de “parabéns a você” e até velinhas acesas. Muitos cãezinhos tiveram que ser controlados diante de uma oferta tão generosa e saborosa. Afinal, segundo a receita da Paróquia, o bolo tinha ração, cenoura raspada, mel puro e coco ralado. Todos ingredientes naturais.

Além do bolo, fez muito sucesso a distribuição de 25 mil saquinhos de ração abençoada para cães, gatos e passarinhos.

Norberto Costa trouxe a Cindy para a bênção dos animais. “Minha filha está trabalhando e queria muito que ela recebesse a bênção hoje”, disse Norberto, que reside no Jardim da Saúde, bairro próximo da Vila Clementino.

Vivian Mauro é paroquiana da Vila Clementino. Todo ano, traz a Melrose, a Raika, a Miski e Vivi Júnior para receberem a bênção do Santo protetor dos animais. e todos participaram comportadamente da Missa Ecológica.

Mas os devotos também puderam experimentar o tradicional Bolo de São Francisco e conhecer a Feirinha de Adoção de Animais.