Frei Galvão: um franciscano que viveu pelo povo e pela vida
25/10/2018
Érika Augusto
São Paulo (SP) – Nesta quinta-feira, 25/10, os fiéis do Santuário e Convento São Francisco, no centro de São Paulo, celebraram a festa de um dos santos mais queridos dos brasileiros: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. No Santuário, o carinho é grande devido à proximidade com o santo, que viveu mais de metade de sua vida no local – 60 de seus 83 anos. Foi dali que ele conduziu as obras do Mosteiro da Luz, sua obra prima, conforme recordou Frei Alvaci Mendes da Luz, reitor e pároco do Santuário, que presidiu a celebração do meio-dia. Nesta semana, os devotos celebraram o tríduo dedicado ao religioso. No dia de hoje, festa de Frei Galvão, foram celebradas 4 missas, com distribuição da pílula, bênção e venda do bolo.
A missa do meio-dia contou com a presença da Pastoral Filhas de Frei Galvão, grupo local que ajuda a manter viva a devoção ao santo paulista. São elas que, semanalmente, produzem as pílulas de Frei Galvão e animam as missas celebradas no dia 25 de cada mês, em honra do santo franciscano.
Em sua homilia, Frei Alvaci recordou que Frei Galvão era “o homem da paz e da caridade”, título dado pelo Papa São João Paulo II na beatificação do religioso. O reitor lembrou que em sua vida, Frei Galvão enfrentou muitas intrigas, sobretudo com o poder. Por duas vezes, o religioso foi expulso de São Paulo pelo governador, pois Frei Galvão defendia o povo contra as injustiças. E foi este mesmo povo que pressionou as autoridades para que o frade permanecesse em São Paulo. “Como bom franciscano, ele foi um homem que viveu pelo povo e pela vida”, afirmou Frei Alvaci.
Frei Antônio de Sant’Ana Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá (SP). Aos 13 anos, foi enviado para estudar com os jesuítas. Aos 21 anos, decidiu ingressar na Ordem Franciscana. Recebeu o hábito franciscano no Noviciado de Macacu (RJ), pertencente à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Em 24 de julho de 1762, foi transferido para o Convento São Francisco, em São Paulo, para continuar os estudos de Filosofia e Teologia. Em 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do Convento. Em fevereiro de 1774, fundou, com ajuda de Irmã Helena Maria do Espírito Santo, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência. Em 1802, conclui as obras do Mosteiro da Luz, que foi sua última residência. Morreu em 23 de dezembro de 1822, já com fama de santidade. Seus restos mortais estão neste mesmo mosteiro, que fundou e construiu. Em 25 de outubro de 1998 foi beatificado pelo Papa São João Paulo II. Em 11 de maio de 2007, durante sua viagem ao Brasil, o Papa Bento XVI canonizou Frei Galvão, tornando-se assim o primeiro santo nascido em solo brasileiro.
Na homilia, Frei Alvaci ponderou que a atual situação do Brasil causa preocupação, sobretudo pela divisão e pelo ódio nas relações por causa de divergências políticas. “Divisão nas famílias, na Igreja. Vemos brasileiros contra brasileiros, sul contra o norte”, lamentou Frei Alvaci.
“Precisamos muito da intercessão deste homem, brasileiro, como nós, que está junto de Deus, que foi o homem da paz e da caridade no seu tempo, que foi um reconciliador, para que ele olhe por nosso país”, concluiu o frade, pedindo a intercessão de Frei Galvão nesta semana de eleições.
Em seguida, Frei Alvaci abençoou as fitas, que foram distribuídas para as Filhas de Frei Galvão como sinal de agradecimento e um símbolo forte para marcar este dia festivo. No final da missa, os presentes receberam as pílulas de Frei Galvão, um sacramental, como recordou o reitor, que deve ser tomado com muita fé.