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Frei Diego pede compromisso: pipoca ou piruá?

21/07/2019

Notícias

 

Rio de Janeiro (RJ) – Frei Diego Melo, animador vocacional da Província da Imaculada Conceição e coordenador das Missões, emocionou-se várias vezes no encerramento das Missões na praia de São Conrado. Com a sensação e leveza do dever cumprido, com a certeza de ter feito o melhor evento com os jovens da Província da Imaculada, mesmo enfrentando resistência por parte de algumas pessoas que não viam o Rio de Janeiro com a segurança suficiente para um evento deste porte, Frei Diego manteve o desafio de trazer os jovens para conhecerem um povo “sofrido mas valente; sofrido, mas alegre; sofrido, mas de braços abertos para acolher quem chega como o Cristo Redentor”, como disse Frei Gustavo Medella, e experimentarem novas realidades em suas vidas.

“Vocês conheceram várias realidades aqui no Rio de Janeiro: Estiveram na Serra, na Baixada, aqui no Rio e em Niterói. Enfim, em todas as nove paróquias que acolheram vocês. Agora, a partir desse momento que pisaram, conheceram, experimentaram, partilharam e ouviram as histórias é importante que a cabeça comece a refletir a partir desta realidade. E por que estou dizendo isso? Para que a gente não reproduza discursos que, às vezes, maculam, mancham, a imagem desse povo tão querido, que, sem dúvida, fica triste de ser reduzido, quem sabe, a um ‘Estado de violência, de marginalidade e de tráfico'”, disse.

Frei Diego pediu: “Repliquem e reproduzam nas redes sociais onde vocês estiveram e falem para suas famílias e amigos: ‘Eu conheci o Rio de Janeiro! O Rio de Janeiro é maravilhoso! O Rio de Janeiro é um lugar bom para se viver. O Rio de Janeiro está cheio de gente querida e acolhedora. Então, é importante que a gente dê um outro passo agora. Um passo de consciência mais crítica. Nós vivemos num tempo em que falar de paz e amor está fora de moda. Estão falando de arma, de ódio e de violência. E se você apoia esse tipo de discurso, esse tipo de posicionamento, lembre-se: você está apoiando o extermínio desse povo que você conheceu e o colocou dentro da casa dele”, provocou.

O frade conclamou os jovens a aderirem “à causa do amor, da paz, do diálogo, do respeito, sejam quais forem as diferenças. Então, essa tem que ser uma mensagem para ser espalhada. Nós acreditamos no valor dessas pequenas iniciativas e que podem transformar o todo”, insistiu.

Frei Diego lembrou de uma crônica de Rubem Alves, onde fala da pipoca. Segundo o autor de “Pipoca”, o milho deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

“Imaginem, vocês são todos como milhos de pipoca. E vocês, jovens, têm um valor, um potencial muito grande. Quando você é colocado no fogo, quando é colocado à prova, quando é desafiado a dar um pouquinho mais, a gente tem uma escolha: ou ser como aquele milho de pipoca que estoura e de repente descobre que pode passar de um milho duro para uma pipoca macia e gostosa que alimenta ou pode ser aquele ‘milhozinho’ (piruá) fechado lá no fundo da panela. Vocês, jovens, são como esse milho. Tem um potencial, uma criatividade muito grande. Foram vocês que fizeram essa missão”, elogiou. “Ontem, uma senhora me disse: ‘Frei, diga para aqueles jovens o quanto eles têm capacidade de transmitir Deus, o quanto eles nos evangelizaram’. Vocês têm esse dom. Portanto, não fiquem fechados no medo, na incerteza, no egoísmo, no preconceito. Se abram e se tornem pipocas e alimentem as pessoas que têm fome de Deus, de solidariedade, fome de abraço, fome de paz e bem. Portanto, juventudes, não percam o valor e grandiosidade que vocês têm!”, exortou.

Nos agradecimentos, a lista foi longa. “Tudo isso aconteceu por obra de Deus. Todo esforço não só da equipe, mas de vocês, que conseguiram dinheiro e se esforçaram para estar aqui. Olhem para o céu. E Deus foi tão generoso que deu esse céu tão lindo para nós!”, comemorou Frei Diego.

Depois, agradeceu equipes que trabalharam incansavelmente, as Paróquias e o Convento Santo Antônio, que “nos ajudaram muito”. “O nosso muito obrigado à Catedral e ao pároco Cláudio Santos, assim como a Arquidiocese, que nos acolheram aqui. Agradeço a nossa Província da Imaculada, que investe e acredita em vocês, na pessoa do Vigário Provincial Frei Gustavo Medella. Queremos agradecer à Família Franciscana, a todos indistintamente. Obrigado pelos jovens que vieram da Bahia. Queremos agradecer aos jovens de Minas Gerais, aos jovens da Província de São Francisco (RS) e aos da Custódia do Sagrado Coração de Jesus (SP)”, detalhou, citando os apoios da Editora Vozes e a Associação Bom Jesus, assim como outras empresas e cooperativas que deram suporte. Por último, os protagonistas deste evento: os jovens.

No final pediu para Frei Gustavo dar a bênção final, mas foi surpreendido com uma homenagem justa. “Antes de dar a bênção, eu vou propor que todos possamos dar a bênção a uma figura que sintetiza toda beleza, todo empenho dessas nossas Missões. Frei Diego, eu vou pedir que você se coloque de joelhos diante desses a quem você serve com tanto empenho diante de nossa Fraternidade. Eu convido a todos, confrades, juventudes, irmãos e irmãs das Paróquias que estendamos nossas mãos sobre ele. No silêncio, cada um coloque a sua prece. Pelo Frei Diego, pela evangelização dos jovens, pela construção da paz”, pediu, dando em seguida a a bênção de São Francisco.

DEPOIMENTOS

Durante a Celebração Eucarística deste domingo, Frei Diego pediu que três jovens fizessem depoimentos para representar a todos. Mas pediu que os jovens enviem depoimentos para o acervo das Missões.

O jovem Ari, de Vila Velha, falou da experiência marcante que foi na Casa da Solidariedade com os moradores em situação de rua. Falou da força que pode significar um abraço para uma pessoa que perdeu tudo. Já João, da cidade de Agudos, e Lucas, da cidade de Duque de Caxias, encarnaram a parábola do bom samaritano nas vielas da Rocinha, quando ajudaram um homem que não conseguia sequer se levantar tal o estado em que se encontrava depois de muitas doses de álcool. João se emocionou muito ao falar do estado deste homem e lamentou que a sociedade se acomoda diante desses casos. Esse senhor agradeceu aos jovens pela boa ação, dizendo: “Vocês são meus filhos! Eu amo vocês!”

Por último, Rafaela fez uma poesia para a Rocinha, que neste trecho diz:

 “Encontramos paz em barracos e pelas ruas espalhamos o bem,

Mas o que a Rocinha fez por 65 jovens, não será esquecido por ninguém.

É do luto para luta, da semente para a fruta, do choro para alegria,

e de todos que se tornaram família.

E de um gesto simples que jamais vamos nos esquecer:

Precisamos viver simplesmente para que simplesmente todos possam viver”.

Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo



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