Fraternidade e Paróquia do Sagrado celebram seu Padroeiro
28/06/2019
Frei Augusto Luiz Gabriel
Petrópolis (RJ) – A Fraternidade e a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) fizeram uma grande Festa em homenagem ao seu Padroeiro. Uma tradição na Cidade Imperial que já dura mais de 123 anos de presença franciscana. Frei Jorge Paulo Schiavini, 18º pároco da centenária Paróquia do Sagrado, presidiu pela 1ª vez como pároco a Missa Solene das 18 horas desta sexta-feira (26/06). Na acolhida falou da alegria de celebrar como Paróquia e Fraternidade Franciscana a grande Festa do Sagrado.
O grande dia da Solenidade do Sagrado Coração, contudo, começou antes com as celebrações do Tríduo nas Missas das 18 horas. As orações matutinas e vespertinas, realizadas por toda a Fraternidade e pelo povo, também merece destaque pela participação e fidelidade.
Nesta sexta, às 7 horas, Frei Marcos Antônio de Andrade presidiu a primeira Celebração Eucarística do dia. Depois, o tradicional bolo do Sagrado Coração de Jesus começou a ser vendido.
“O CORAÇÃO DE JESUS É O CORAÇÃO DO PASTOR”
Além dos fiéis e devotos do Sagrado, a presença de um grande grupo do Apostolado da Oração, que veio da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem da Rocinha (RJ), lotou a Igreja para a Santa Missa das 15 horas, presidida por Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira. Eles vieram acompanhados de Frei Felipe Medeiros Carretta, que faz seu Ano Missionário junto ‘aquela porção do povo de Deus na Rocinha’. Uniram-se a eles a Pastoral do Apostolado da Paróquia do Sagrado. As fitas vermelhas usadas pelos membros do Apostolado deram a tonalidade e a espiritualidade da celebração que brota do próprio Sagrado Coração de Jesus e que simboliza o amor de Cristo.
Na procissão de entrada, além do celebrante, dos ministros e frades, algumas rosas vermelhas trazidas pelos zeladores do Apostolado do Sagrado foram ofertadas e depositadas aos pés da imagem do Padroeiro.
Na acolhida, Frei Jean disse que o Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis abre as portas e também o coração para abraçar e acolher a todos. No Ato Penitencial, o celebrante conduziu a recitação da Ladainha do Sagrado Coração.
Frei Jean começou sua homilia contando que desde quando era criança a imagem que mais lhe chamava atenção era a do Sagrado Coração de Jesus. Disse que quando tinha apenas 11 anos passou a fazer parte dos zeladores e que frequentava os encontros com assiduidade e fidelidade. Segundo ele, foi uma experiência marcante e especial. “Até hoje tenho a fita do Apostolado”, revelou.
E continuou perguntando qual é o real significado da fita do Sagrado Coração de Jesus. Para ele, é ser um sinal do amor de Deus. “É dizer publicamente que o amor de Deus está vivo no meio de nós. Usarmos uma fita só vai ter mais valor quando colocarmos os sentimentos desse Coração de Jesus exposto no nosso coração escondido, quando conformarmos o nosso coração ao Coração de Jesus. O coração de Jesus é o coração do Pastor, é aquele que cuida, é como um coração de Mãe que nutre e alimenta, é repleto de amor”, destacou.
Segundo o frade, celebrar o Coração de Jesus é celebrar o amor de Deus. “Este amor de Deus deve encher o nosso coração para que, ardendo de amor, possamos estabelecer o Reino de Deus em nosso meio”, ensinou.
Frei Jean disse que na fita do Apostolado consta a seguinte afirmação: “Venha a nós o vosso reino”. Para ele, o Reino de Deus é o Reino do bom Pastor, daquele que cuida e nutre o irmão. “Por isso, nesta festa, coloquemos em nosso Apostolado da Oração, e na vida de cada um de nós, um amor renovado por Deus e pelo Coração de Jesus. O Senhor, certamente, irá devolver e retribuir este mesmo amor que inflama o seu Sagrado Coração. Vamos colocar no nosso coração sentimentos do Coração de Cristo”, concluiu o frade que fez uma emocionante celebração.
No final, Frei Jean convidou os zeladores das duas comunidades para que se aproximassem da imagem do Sagrado que fica no presbitério da Igreja. Ali fez um momento devocional e abençoou as rosas que foram entregues ao Apostolado da Oração da Rocinha, como sinal de gratuidade pela fraterna visita e participação.
DEUS É O BOM PASTOR
A Santa Missa das 18 horas foi solene e contou, mais uma vez, com a Igreja lotada, o que não é raro de se ver no Sagrado. O liturgista Frei José Ariovaldo da Silva concelebrou e Frei Jorge presidiu a Celebração Eucarística. Os frades estudantes serviram como turiferário, naveteiro, cruciferário e acólitos, além da entoação dos cantos de toda liturgia própria do dia.
No comentário inicial, Frei Jorge Henrique Lisot destacou a Solenidade do Sagrado como a celebração do amor que Ele mesmo quis manifestar a todos nós. “Hoje, celebramos o nosso Padroeiro. Imagem do amor de Deus por nós. Deus quis nos amar com um coração humano, com um coração de homem, com um coração que transborda de amor e de misericórdia para com todos nós”, introduziu o frade estudante do segundo ano de Teologia.
Na homilia, Frei Jorge que se inspirou em reflexões dos padres Dehonianos, frisando que a liturgia do dia utiliza a figura do Pastor para dizer que Deus é o Pastor que, com amor, cuida do seu rebanho.
“O tema fundamental da 1ª Leitura é, portanto, a apresentação de Deus como um Bom Pastor, que cuida com amor do rebanho que é o seu Povo. O texto começa por apresentar a iniciativa de Deus, que em pessoa vem ao encontro do Povo escravizado e que, apesar do pecado do Povo, Deus não abandonou o seu rebanho: até no Exílio os membros do Povo continuam a ser, para Deus, as minhas ovelhas”, refletiu.
Para o frade, dizer que Deus é o Bom Pastor implica falar de um Deus com o coração cheio de amor, que em todos os instantes está presente nos caminhos da história humana e aponta horizontes de esperança àqueles que andam perdidos, cuida de todos aqueles que a vida magoou e feriu, oferece a todos a vida e a salvação.
“Neste dia do Sagrado Coração de Jesus, somos convidados a contemplar o amor e a ternura do Pastor que se derrama sobre todos os homens e, de forma especial, sobre os pobres, os oprimidos, os excluídos. Há também um convite implícito a todos aqueles que têm responsabilidades na sociedade, na Igreja, na comunidade: que o serviço da autoridade seja exercido com amor, não para servirmos a nós próprios, mas para servirmos os irmãos que Deus nos confiou”, questionou.
Refletindo sobre a 2ª Leitura, o frade ressaltou que o cristão não é escravo de fórmulas e de ritos, mas é, fundamentalmente, alguém a quem Deus ama. “Nunca será demais insistir: Deus nos ama”, revelou.
Para ele, o texto do Evangelho, apresenta Jesus com uma catequese que revela o amor e a misericórdia do Pai. “Para percebermos o que está em causa, é importante termos em conta o contexto em que a parábola nos aparece. Tudo começa com uma observação dos escribas e fariseus que, vendo como os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para ouvi-Lo e comentaram: ‘Este homem acolhe os pecadores e come com eles’. Para os fariseus, era absolutamente escandaloso manter contatos com um pecador público”, disse.
Segundo Frei Jorge, a Parábola do Pastor que abandona noventa e nove ovelhas no deserto para ir à procura de uma que se perdeu e que, chegando em casa, convoca os amigos e vizinhos para celebrar o encontro da ovelha perdida, é uma parábola estranha, se for observada com critérios de coerência e de lógica.
“Faz sentido abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma?”, perguntou. “E faz sentido esse espalhafato diante dos amigos e dos vizinhos por causa de um fato tão banal de reencontrar uma ovelha que se extraviou do grupo? Ora, são precisamente nesses exageros e nessas reações desproporcionadas que transparece a mensagem essencial da parábola. Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus em contato com gente marginalizada, apontada a dedo pela sociedade, como os cobradores de impostos e as mulheres de má vida”, emendou.
Para ele, Jesus é o amor de Deus que se faz pessoa e que vem ao encontro dos pobres para libertá-los da sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projeto do Reino. A solicitude de Jesus para com os pecadores mostra-lhes que Deus os ama, que Deus não os rejeita, que Deus os convida a fazer parte da sua família e a integrar a comunidade do Reino.
“A parábola da ovelha perdida pretende, precisamente, dar conta desta realidade. A atitude desproporcionada de ‘deixar as noventa e nove ovelhas no deserto para ir ao encontro da que estava perdida’ sublinha a imensa preocupação de Deus por cada homem que se afasta da comunidade. O ‘pôr a ovelha aos ombros’ significa o cuidado e a solicitude de Deus, que trata com amor e com cuidados de Pai os filhos feridos e magoados; a alegria desmesurada do ‘pastor” significa a felicidade imensa de Deus sempre que o homem retorna ao caminho da felicidade e da vida plena”, sublinhou.
E concluiu: “Que nos abramos ao amor de Deus que mais uma vez se renova na celebração de hoje e busquemos entrar na dinâmica do amor do Coração de Jesus. Que nossas palavras e atos sejam um reflexo desse amor, de modo especial para com os mais necessitados!”.
Em seguida teve início o rito da comunhão. No final, uma grande salvas de palmas com vivas ao “Sagrado” encerrou a noite solene do Sagrado Coração de Jesus na Fraternidade e na Paróquia.