“Distribuidor do mistério do amor de Deus”.
17/03/2018
Vila Velha (ES) – Tendo recebido a graça de exercer o apostolado da Evangelização no Santuário do Divino Espírito Santo em sua primeira transferência, Frei Leandro Costa foi ordenado diácono na tarde deste sábado, 17 de março, por Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo Metropolitano de Vitória. Além dos paroquianos, também fizeram parte da assembleia os confrades das Fraternidades do Regional, colegas de turma e familiares de Frei Leandro, especialmente seus pais, Francisca e Francisco Moisés dos Santos, que vieram de São Paulo para participar deste importante momento da vida vocacional do filho.
Representando o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o Definidor e Guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, pediu a Dom Luiz que ordenasse diácono o jovem confrade a atestou a idoneidade do candidato.
Segundo Dom Luiz, na espiritualidade diaconal, de certa maneira a espiritualidade de todos nós, não podemos nos entender cristãos se não formos servos uns dos outros. “Faz parte da nossa identidade cristã ser servo e serva do Senhor. Lembremos da Mãe de Jesus e nossa Mãe querida, quando ela, depois de um diálogo consciente com o Senhor, percebendo qual era a vontade do Senhor, ela se identificou: ‘Eu sou a serva do Senhor, faça em mim segundo a vossa Palavra’. Eis aí o ponto de partida de todos os cristãos. Ela é a primeira cristã, a primeira evangelizadora, a primeira evangelizada, que nos ensina que somos todos servos, que somos convocados a exercer a diaconia, a serviçalidade entre nós. Pais, filhos, comunidades, igreja, servos, servidores, num só coração, numa só alma”, enfatizou o Arcebispo de Vitória.
“Mas alguém pode perguntar: mas o que significa isso então se o jovem Leandro se encontra aqui e acaba de ser escolhido para ser diácono?”, perguntou o Arcebispo. “Tem mais ainda meus irmãos! Leandro, antes de chegar aqui neste momento, batizado como todos nós, ele sentiu chamado a entregar seu coração, toda a sua pessoa ao Senhor, numa família consagrada, para viver de maneira radical essa serviçalidade, que é a Família Franciscana”, explicou. “Ele descobriu que ser cristão é fundamental na vida dele e percebeu o chamado mais profundo em ser cristão parecido com aquele irmão que se fez menor e, se fazendo menor, nós olhamos para ele como grande: São Francisco de Assis. Todos conhecem aqui a vida de São Francisco de Assis. Viveu no despojamento. Esse é o caminho que esse jovem escolheu. Ouvindo e percebendo o apelo de Deus, na simplicidade, na serviçalidade, fez parte de uma família que nós chamamos de franciscanos, para dar testemunho desse despojamento, apontando para aquele que se fez servo de todos e, como servo, nos libertou, nos arrancou do poder da morte, nos arrancou da miséria, Nosso Senhor Jesus Cristo”, acrescentou D. Luiz.
“Jesus se fez simples. No dizer de São Paulo, assumiu as consequências do pecado sobre si e abriu as portas do céu para nós. São Francisco percebeu esse mistério da pessoa de Cristo e despojou-se totalmente, dando testemunho. E muitos irmãos do mundo inteiro foram se juntando a ele e surgiu a Família Franciscana”, lembrou o Arcebispo.
“Leandro está sendo chamado pela Igreja para exercer de maneira oficial um serviço de diácono, um serviço especial da Palavra de Deus. Como é isso? Ele é chamado e missionado pela Igreja para distribuir a Palavra, interiorizando a Palavra a Deus, não como verniz por fora, mas deixando que a Palavra o transforme e ajude os irmãos batizados, as comunidades, a crescerem em santidade. Ele recebe a missão de servo da Palavra, a missão de servo no altar. O que é altar? É a Palavra que se faz alimento para esse povo e para todos nós. Sem a Eucaristia, nós ficamos fracos, não conseguimos caminhar. É a Palavra que nos educa, nos alimenta, nos sustenta, nos cura. Ele é chamado a ser servidor do altar, onde o mistério do Calvário acontece, atualiza-se por obra, por força do Divino Espírito Santo”, detalhou o ministério da diaconia.
“Então, diácono é alguém que assimilou todo esse mistério divino e vai ajudar, em nome da Igreja, para que todos sejamos caridosos, para que todos sejamos unidos, para que todos nos deixemos nos transformar pelo amor que vem do alto. Essa é a missão do diácono. Servidor, homem da caridade. Para ser homem da caridade é preciso justamente essa intimidade profunda com Jesus Cristo. Você procura conformar-se a ele, parecendo-se com ele, sendo simples como São Francisco, sendo bondoso como São Francisco, sendo alguém da unidade, da simplicidade, que ajude o irmão, a irmã a serem santos. Para você ajudar a todos a serem santos, você deve ser o exemplo de que busca com seriedade na diaconia”, pediu o Arcebispo.
“Então, meu querido Leandro, é o que eu desejo a você. Na sua família Franciscana, o carisma da sua Ordem vai ajudar muito na sua missão como diácono, e futuramente como presbítero. Não se pode separar uma coisa da outra. Você como diácono terá a força do espírito franciscano porque ele nos ensina e ensina a você a ser o homem da Palavra da Deus, o homem da liturgia do altar, o homem da caridade. Onde você estiver, jamais sua presença poderá ser de divisão. A sua presença será uma convocação para a concórdia, será uma convocação para a paz, será uma convocação para o amor. Essa é a diaconia que Deus espera de você, espera de mim, especialmente este pobre coitado aqui. Nós temos essa missão sagrada. Que responsabilidade ser distribuidor do mistério do amor de Deus. Mas por outro lado, que beleza de vocação! Que Deus seja louvado. Que você nunca se engrandeça, nunca se orgulhe, que você seja sempre simples como o seu irmão Francisco e que você, neste serviço, tenha coragem de proclamar bem forte como Nossa Senhora: ‘Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra’. Isso você vai ter que dizer não nos momentos fáceis, mas nos momentos de crise, nos momentos de incompreensão, nos momentos de chateação e de solidão. Que Deus o abençoe, abençoe a seus pais, os parentes”, completou Dom Luiz, pedindo aos pais que continuem a ajudar o filho na oração para que ele seja fiel na sua vocação. “Que Deus o abençoe essa família, a família franciscana, a Igreja, amém!”, encerrou.
Depois de transcorrido o rito de imposição das mãos, momento central da celebração, Frei Leandro foi revestido com a estola e a dalmática, vestes próprias do diácono trazidas até o altar por seus pais. O pároco e guardião Frei Djalmo Fuck do Santuário ajudou o neodiácono a se paramentar. Em seguida, recebeu das mãos do bispo o Evangeliário, manifestando seu compromisso com a proclamação e a Palavra de Deus. Concluído o rito de ordenação, Frei Leandro se postou ao lado de Dom Luiz e já assumiu a função litúrgica própria do diácono.
A Paróquia homenageou o neodiácono com um violino. Nos seus agradecimentos, não conteve a emoção quando falou de seus confrades e quando falou de sua família. “De modo especial, louvo a Deus por meus pais, Francisco e Francisca. Quero com a mesma vontade dos meus pais, prestar um serviço aos irmãos em Cristo”.
Em preparação à ordenação diaconal, houve um tríduo missionário organizado pelo Serviço de Animação Vocacional e que contou com o apoio dedicado do Santuário Divino Espírito Santo. Filho de Francisca e Francisco Moisés dos Santos, Frei Leandro nasceu na capital paulista e é o terceiro dos seis filhos. Ingressou no Seminário de Agudos em 2005 e vestiu o hábito franciscano em 2009. Cursou em seguida Filosofia e Teologia e, no ano passado, passou a residir na Fraternidade Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES).