Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Convento São Francisco tem nova Capela do Batismo

08/03/2022

Notícias

O Batismo é o sacramento pelo qual se inaugura a iniciação cristã da pessoa. Mergulhado no mistério pascal de Cristo, cada um é sepultado com ele na morte, a fim de ressurgir para uma vida nova. Assim, a partir do Batismo, cada um é chamado a se tornar imagem do Cristo Morto-Ressuscitado.

Dada a importância dessa celebração na vida da pessoa e de toda a Igreja, a Fraternidade do Santuário São Francisco readequou a Capela do terceiro andar do Convento, que por muitos anos foi a capela interna da Fraternidade, para as celebrações do Batismo. Ali, onde por muitos anos os frades celebravam a Liturgia das Horas, e que recentemente foi designada para os batizados, agora é um espaço pensado a partir da teologia do Batismo, a fim de que ele não sirva apenas na sua funcionalidade, mas seja um espaço que fale e comunique o mistério celebrado.

O elemento central desse espaço é a pia batismal. Ela é aquela pia que ficava ao lado da igreja do Convento, onde hoje está a imagem do Sagrado Coração de Jesus. Feita de pedra, é uma clara alusão ao sepulcro de Cristo, donde ele saiu vitorioso da morte. A pedra, aparentemente sem vida, acolhe na esperança aquele que foi ressuscitado pelo Pai e que devolveu a vida ao mundo inteiro. Nesse sentido, ao ser batizado e mergulhado no mistério de Jesus Cristo, a pessoa ressurge com ele para uma vida nova, guiada pelo espírito do Evangelho.

Sinal eloquente do Ressuscitado é o Círio Pascal. Colocado ao lado da pia batismal, a luz de Cristo diz que o sepulcro está vazio e que a morte e a escuridão não têm a última palavra, mas que o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição ilumina o mundo inteiro. Assim, ao ser batizada, cada pessoa é iluminada por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, é chamada a ser luz do mundo, a fim de continuar a sua missão e dissipar as trevas do erro, da injustiça e da morte, antecipando, o Reino definitivo do Senhor.

Na parede central da capela fica o ícone do Batismo do Senhor. O ícone, por sua natureza, não é uma reprodução artística (por isso, não é assinado), mas é a Palavra de Deus proclamada em imagem. O centro do ícone é o Cristo mergulhado no rio Jordão, por sobre quem está a mão de João Batista. Ao iniciar o seu ministério na Galileia, Jesus, sobre quem desce o Espírito Santo, é apresentado ao mundo como o Filho Amado. A voz do Pai atesta que ele é o Messias, em quem todas as pessoas reencontram a dignidade de filhos e filhas de Deus. Embora o batismo no Jordão não constitua o mistério central da vida de Jesus, suas mãos sobre o peito em forma de cruz apontam para o mistério de sua Páscoa, indicando que o caminho de todos os filhos e filhas de Deus é a doação da própria vida, assim como ele o fez. É esse rio de vida e amor, que brota da cruz, que traz vida ao mundo, assim como um rio traz vida por onde passa. A oliveira, da qual se extrai o óleo do Batismo, à margem desse rio é expressão da vida nova em Cristo, em quem todos são ungidos como reis, profetas e sacerdotes do Reino, pessoas iluminadas e chamadas a viver na vigilância (por isso as lâmpadas acesas), até que Cristo volte e instaure definitivamente o Reino de Deus.

Extensão da oliveira é a caixa onde ficam os vasos com os santos óleos. Sinal do cumprimento da promessa de Deus ao enviar ao mundo o seu Ungido, Jesus Cristo, o óleo representa também a força do Senhor que penetra no peito e na vida da pessoa, ao mesmo tempo que perfuma a sua cabeça, tal como nas unções reais no Antigo Testamento, de modo que cada batizado é chamado a expandir o bom odor de Cristo no mundo e a testemunhar seu Evangelho.

   Entre a pia batismal e o espaço da assembleia está o ícone da Mãe de Deus. Trazendo nos braços o Salvador do mundo, o colo da Virgem Maria se converte no trono do Filho de Deus. Assim, como imagem da Igreja, Povo de Deus, a Virgem Maria é aquela que suplica aos renascidos na água e no Espírito: “Fazei tudo o que ele vos disser!”. Modelo de discipulado e Estrela da Evangelização, a Mãe de Deus é sinal da Igreja reunida e redimida pelo mistério pascal de Cristo, ensinando os filhos de Deus a levarem Cristo ao mundo através da caridade e do amor fraterno. Desse modo, ao apresentar a ela os neobatizados, pede-se à Mãe de Deus que eles vivam na fidelidade àquilo que receberam na fonte batismal.

O Batismo não fecha a pessoa numa sociedade secreta, mas a envia pelo mundo como missionária de Cristo e do Evangelho. Por isso, as imagens de São Francisco e Santa Clara, que sintetizam o modo de viver franciscano,  ladeiam a porta da capela, por onde se entra para rezar e celebrar, mas também por onde se sai para viver e anunciar a Boa Nova.i 

 

“Aqui nasce um povo de nobre estirpe destinado ao Céu,

que o Espírito gera nas águas fecundas.

A Mãe Igreja dá à luz na água, com um parto virginal,

os que concebeu por obra do Espírito divino.

Esperai o Reino dos céus, os renascidos nesta fonte:

a vida feliz não acolhe os nascidos uma só vez.

Aqui está a fonte da vida, que lava toda a terra,

que tem o seu princípio nas chagas de Cristo.

Submerge-te, pecador, nesta fonte sagrada e purificadora,

cujas ondas, a quem recebem envelhecido, devolverão renovado.

Se quiseres ser inocente, lava-te nestas águas,

tanto se te oprime o pecado herdado como o próprio.

Nada separa os que já renasceram, feitos um

por uma só fonte batismal, um só Espírito, uma só fé.

A ninguém aterrorize o número ou a gravidade dos seus pecados:

o que nasceu desta água viva será santo.”

 (Inscrição do Batistério Laternanense – séc. V)


Frei Alberto Eckel Junior 

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