Os dois primeiros dias das Missões Franciscanas da Juventude terão o apoio incondicional da Catedral São Sebastião do Rio de Janeiro e do Convento Santo Antônio, a residência dos frades da Província da Imaculada Conceição do Brasil que completou neste ano 411 anos de fundação. Foi graças à generosidade do pároco Pe. Cláudio Santos que o evento se tornou realidade, segundo Frei Diego Atalino de Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província da Imaculada e das Missões, tendo em vista o grande espaço da Catedral para acolher 600 jovens. E olha que o pároco Pe. Cláudio nem poderá estar presente durante o evento. Ele deixou Frei Diego à vontade, como se estivesse em sua casa.

Para Pe. Cláudio, a Catedral “é mãe” e “a hospitalidade é algo que deve ser a marca da vida de um cristão”. Aos 48 anos de idade, Pe. Cláudio completou no ano passado 20 anos de ordenação presbiteral e foi nomeado pároco pelo Cardeal D. Orani Tempesta em janeiro de 2017. Carioca do Méier, foi na Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Cachambi, que iniciou sua formação cristã e realizou seus trabalhos pastorais, principalmente junto à iniciação cristã de jovens e adultos e no grupo Jovem AMA. Técnico em Química, ao sentir o chamado de Deus, deixou seu emprego numa indústria e ingressou no Seminário São José, formando-se em Filosofia e Teologia. Após terminar os estudos, foi ordenado sacerdote com 27 anos, pelo Cardeal Dom Eugênio Salles.

Conheça um pouco mais Pe. Cláudio nesta entrevista a Moacir Beggo

Site Franciscanos – Como o sr. acolheu a proposta de abrir as portas da Catedral para este evento franciscano com os jovens?
Pe. Cláudio – A Catedral é a “Igreja-mãe e, como mãe, deve acolher a todos. Eu fiquei sabendo da iniciativa das Missões Franciscanas pelo nosso Regional Leste 1 e achei por bem, então, que pudéssemos fazer parte desse momento de evangelização. Por isso, abrimos as portas da Catedral São Sebastião. E realizar esse acolhimento é cumprir a vontade de Deus e esse também é o desejo de nosso Cardeal Dom Orani. Ele tem como lema episcopal: ‘Para que todos sejam um’. Então, nós devemos lutar para que, cada vez mais, esse sentido da unidade, nessa obra de evangelização, aconteça no meio de nós.

Site Franciscanos – Soubemos que, no início do seu processo vocacional, o sr. pensou em ser franciscano. Conte-nos como foi e o que significa acolher esses jovens franciscanos nesses dias?
Pe. Cláudio – Quanto eu senti o chamado de Deus, no primeiro momento, desejei ser franciscano. Eu penso que o exemplo de São Francisco de Assis contagia a tantas pessoas que desejam realmente poder abraçar essa vocação, abraçar o chamado de Deus nessa dedicação. Mas o Senhor me encaminhou para a vida diocesana e nem por isso nós devemos e podemos deixar de olhar e ver o Cristo que sofre na pessoa do pobre. É esse Cristo que sofre e que deve ser realmente acolhido por cada um de nós. Esse Cristo que deve ter, nessas noites de frio como temos visto nesta cidade, um cobertor para se agasalhar. Então, essa ação evangelizadora fazemos acontecer. Hoje, a Catedral atende cerca de mil pessoas que vivem em situação de rua em nossa cidade. Todos os domingos recebem o café da manhã, temos um trabalho de retirada de muitas dessas pessoas das ruas porque foram vitimadas pelas drogas e querem deixar o vício. Tudo isso é uma forma de fazer acontecer essa obra de Deus, que mostra para nós que o nosso próximo é aquele necessita, principalmente aquele que sofre e não pode passar aos nossos olhos de forma desapercebida, de forma invisível e nem nós não podemos nos tornarmos invisíveis a essas pessoas. Então, é o amor que, com certeza, nos une a todos para que possamos fazer acontecer essa obra do Senhor no coração de cada irmão, cada irmã, que passa ao nosso lado.

Site Franciscanos – Falando em acolhida, como o sr. define hospitalidade, por coincidência o tema da liturgia deste domingo?
Pe. Cláudio – Acredito que todos nós somos chamados realmente a poder, com a nossa vida, estarmos prontos para acolher todas as pessoas. A hospitalidade é algo que deve ser a marca da vida de um cristão. Onde quer que estejamos, devemos realmente nos sentir em casa. Se estamos aqui ou em outro lugar, em outro país, é sinal dessa fraternidade, dessa irmandade, que nos une a todos. O Senhor nos chama realmente a acolhê-Lo na figura do estrangeiro. “Eu era estrangeiro e me acolheste em tua casa”. E assim fazemos acontecer essa obra de Deus.

Site Franciscanos – Como o sr. vê o Pontificado do Papa Francisco?
Pe. Cláudio – O Pontificado do Papa Francisco é algo que nos chama a atenção cada vez mais que nos colocamos ao lado de todas as pessoas. De nos alegrarmos com aqueles que se alegram, de chorar com aqueles que choram. Particularmente, para a vida dos padres, o Papa Francisco tem nos dado exemplo de como pastores devemos realmente nos envolver com nossas ovelhas. Ter cheiro de ovelhas. Então, é importante da nossa parte nos dedicarmos integralmente para que, cada vez mais, essa experiência que nós vivenciamos com o Cristo, não seja guardada no nosso coração, apenas no interior de nossa vida, mas que possamos fazer com que tantos outros possam experimentá-Lo. Esse com certeza que o Papa Francisco tem chamado a vivenciar, porque ele também se coloca ao lado de todos.

Site Franciscanos – Com essa acolhida, que mensagem o sr. deixa para os jovens?
Pe. Cláudio – Espero que esses dias, cada jovem na missão franciscana possa de fato manifestar essa presença do amor de Deus que, tento experimentado, também possa revelá-lo com suas palavras, seus gestos, a tantas pessoas. Então, que possamos realmente viver essa experiência do amor de Deus fazendo acontecer esse Reino tão maravilhoso como o Senhor nos chama. Deus é jovem e necessitamos, cada vez mais, da juventude para que tantos outros jovens estejam contagiados e queiram realmente viver essa grande experiência do amor de Deus.