Bênçãos do Brasil para a América Latina
26/10/2018
Frei Gustavo Medella
Neste dia 25 de outubro, em que a Igreja celebra Santo Antônio de Santana Galvão, a Conferência Brasileira da Ordem dos Frades Menores ficou encarregado de conduzir os momentos celebrativos do Congresso. Na celebração da Missa, presidida pelo Definidor Geral, Frei Valmir Ramos, foram recordadas as virtudes de Frei Galvão, descrito por São João Paulo II como o “Homem da Paz e da Caridade”. Ao fim da celebração, recordando a devoção do santo à Imaculada Conceição de Maria, todos os congressistas foram convidados a pedir a bênção de Deus por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
CONFERÊNCIA ABORDA PROPOSTA DE ESTILO DE VIDA A PARTIR DOS VALORES FRANCISCANOS
Frei Juan Rendón, da Província de São Paulo, da Colômbia, apresentou alguns aspectos que devem pautar o estilo de vida marcado pela espiritualidade franciscana. Em primeiro lugar, acenou para a importância de que se estabeleçam na missão evangelizadora relações de igualdade entre pastores, leigos e religiosos. A promoção de um diálogo amplo em diversos níveis também foi apontada como postura fundamental. Convidando os participantes a uma profunda revisão de vida, Frei Juan Rendón: “Precisamos fazer uma reavaliação de nossa própria compreensão do que hoje significa ser cristão e franciscano”. Também listou como atitudes fundamentais o cultivo da proximidade com as pessoas, a valorização do testemunho que confirma a palavra e a transformação das estruturas.
Ao abordar a temática do Cuidado com a Criação, o frade recordou que o cuidado faz parte do núcleo de franciscanismo. Segundo ele, a manifestação do cuidado passa por uma relação amorosa, pela inquietude e a preocupação com o outro, pelo relacionamento próximo entre necessidade, vontade e predisposição e por uma atitude de prevenção cuidadosa.
Sobre a mobilidade humana, Frei Juan destacou que os franciscanos são itinerantes por vocação. “O caminho é lugar de encontro com o Senhor. Temos o compromisso de, conforme nos recordou o Papa Francisco, de recuperar a ‘mundanidade’ de nossos conventos”, disse, fazendo referência ao trecho do texto Sacrum Commercium, no qual Francisco declara que seu claustro é o mundo.
No que diz respeito à cultura de paz, explicou que, sob a aparente normalidade do cotidiano, subjazem tensões, conflitos e contradições. Diante deste quadro, o compromisso Franciscano deve sempre passar pela busca de conciliação, que não se confunde com uma postura passiva, mas de profundo envolvimento com a transformação da realidade.
JPIC E O ESPÍRITO DE COLABORAÇÃO
Frei Jaime Campos, do Chile, Animador de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Ordem, chamou a atenção para que a Ordem se abra ao espírito de colaboração e proximidade com aqueles que trabalham pela transformação da realidade. “Não podemos nos fechar apenas em nossa reação frente aos problemas, mas devemos estar juntos, ao lado, com aqueles que os enfrentam”. Frei Jaime apresentou ainda uma série de desafios que acompanham as diversas crises que estão instaladas na sociedade. Partilhou também uma série de iniciativas em que os frades estão envolvidos ao redor do mundo.
A CORAGEM DE LAS PADRONAS
Na parte da tarde de quarta-feira, houve a partilha de mais duas experiências evangelizadoras. O projeto Las Patronas, do México, que reúne mulheres no trabalho em defesa dos migrantes que passam no trem de carga na Região de Vera Cruz, em direção ao México. O trabalho foi fundado por Norma Romero Vásquez, habitante da região que se comoveu com o drama daquelas pessoas que se expunham a um sério risco de vida em busca de uma vida melhor. O trem cargueiro, conhecido como La Bestia, passa na região repleto de migrantes pendurados. O trabalho destas mulheres é entregar comida e água aos migrantes com o trem em alta velocidade, colocando-se em risco.
SEFRAS GANHA DESTAQUE NO CONGRESSO
A segunda experiência partilhada foi a do Serviço Franciscano de Solidariedade, Sefras, da Província da Imaculada, do Brasil. Frei José Francisco e a coordenadora do Serviço, Rosângela Pezoti fizeram a apresentação do trabalho que tem o reconhecimento da Ordem como uma experiência evangelizadora organizada, eficiente e inovadora.