A primeira Festa da Penha de Dom Dario e Frei César
21/04/2019
Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Neste domingo de Páscoa, 21 de abril, começou pela 448ª vez a Festa da Penha, uma grande homenagem à Mãe de Deus como queria o franciscano Frei Pedro Palácios em 1571, um pouco antes de morrer. Este primeiro dia das festividades para a Padroeira do Estado, no alto do Morro da Penha, marcou pelas mudanças na hierarquia da Igreja local e nos franciscanos. Dom Dario Campos celebrou a primeira Missa na Festa da Penha como Arcebispo de Vitória e Frei César Külkamp como Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil.
Dom Dario tomou posse na Arquidiocese de Vitória no dia 5 de janeiro e Frei César foi eleito Ministro Provincial no dia 17 de novembro do ano passado.
Um pouco antes das 15 horas, a imagem de Nossa Senhora da Penha chegou ao Campinho em procissão. Às 15 horas, teve início a Santa Missa, concelebrada pelos sacerdotes da área pastoral de Vila Velha, entre eles os frades do Santuário do Divino Espírito Santo, frades do Convento da Penha e da Província da Imaculada.
Dom Dario enfatizou que, neste domingo de Páscoa, era um dia de alegria pela ressurreição do Senhor. “Dia em que somos convidados, a exemplo de Maria Madalena, Pedro e o Discípulo amado, a nos dirigirmos ao túmulo e constatar que, de fato, ele ressuscitou”, ressaltou, alertando que não era permitido ter o mesmo sentimento que Maria Madalena teve quando chegou ao túmulo: o sentimento de que o corpo havia sido roubado. “Esse sentimento é o de quem ainda está com as imagens da Sexta-feira da Paixão na cabeça e no coração: o sentimento da morte, da perda, do vazio, do fracasso, enfim, da decepção pelo ocorrido que impede de vislumbrar outra possibilidade que não seja a da morte propriamente dita”, observou.
Segundo o Arcebispo, uma boa parte do nosso povo (para não dizer a maioria) participa mais da Sexta-feira da Paixão do que da noite da ressurreição ou da Vigília Pascal. “Ah seu bispo, o sr. quer puxar a orelha da gente. Não. Sabe o que acontece? Esse povo, por várias razões, ainda não identificaram a alegria da ressurreição. Eles ainda estão participando do sofrimento e da dor no seu coração com a morte de Jesus”, disse.
Segundo o bispo, o evangelho de João é bastante simbólico e traz muitos elementos que ajudam a enriquecer o evento da ressurreição. “Vejamos alguns destes símbolos. Primeiro, a madrugada, que significa um tempo ainda escuro, sem muita clareza. É madrugada na vida de Maria Madalena e dos demais discípulos. Tudo está envolto numa espessa névoa que recobre seus corações, causada pela dor vivida na paixão. O acontecimento foi trágico demais para ser dissipado de imediato. É preciso um tempo para assimilar e elaborar todo o ocorrido. Por esse motivo, a primeira impressão não passa do sentimento de que alguém havia tirado o corpo dali. No entanto, madrugada tem também outro significado: é o da aurora de um novo dia, que não tardará a despontar. Se o momento ainda é de escuridão, no horizonte começam a despontar os primeiros sinais da aurora, do amanhecer de um novo dia, pedra removida, lençol mortuário dobrado ao lado, faixas de linho no chão, enroladas num lugar à parte”, explicou o Dom Dario.
Para o Arcebispo, se o primeiro momento é de espanto, o segundo é de alegria pela ressurreição. “No primeiro momento, Maria Madalena ainda estava presa ao corpo que foi dilacerado. No segundo momento, ela sai correndo para contar a Simão Pedro. É primeiro anúncio feito por uma mulher. Era o anúncio que algo estranho havia acontecido. Eles saíram correndo ao encontro do Senhor. Saíram correndo juntos, diz o texto bíblico, porém o Discípulo amado chegou primeiro. Será por que chegou primeiro? Era jovem e tinha mais forças nas pernas? Não, quem ama chega primeiro. Quem ama, sempre chega primeiro. Quem ama, estende a mão para a pessoa amada. Chegou primeiro, mas não entrou. É um gesto de confiança e paciência, de quem verdadeiramente ama e crê. Pedro chegou depois e entrou. Pedro, talvez, tivesse ainda ardendo no seu coração aquele arrependimento por ter, dias antes, negado Jesus por três vezes. Ele tinha ânsia de conferir o que Maria Madalena havia dito. Já o outro discípulo só entrou depois. Ele entrou, certificou-se do ocorrido e acreditou. Ele, o Discípulo amado, acreditou primeiro. Quem ama acredita, mesmo que não tenha provas palpáveis”, enfatizou Dom Dario.
“A ressurreição nem sempre nos é apresentada com provas que podemos tocar. É um dado de fé. É a essência da nossa fé. São Paulo diz: se não acreditamos, vã é a nossa fé. Nós seremos os piores dos mortais. É o que o Discípulo amado ensina com esse gesto de chegar primeiro, de entrar por último e de acreditar antes de todos. Depois que ele acreditou, os demais também acreditaram na ressurreição de Cristo. Ao acreditarem, saíram para anunciar aos outros sobre esse dado. Não guardaram somente para si”, recordou o Arcebispo.
Quem encontra com Jesus, disse Dom Dario, sai para anunciá-Lo. Não fica guardando no seu coração só para si. Maria recebeu Jesus e O entregou para a humanidade, para cada um de nós. “Vocês já imaginaram se Maria tivesse esse pensamento egoísta? O evangelho de hoje encerra destacando que a resistência, num primeiro momento se deu pelo fato de não terem ainda compreendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. A compreensão da Escritura suscita a verdadeira fé no Ressuscitado. Ao compreender a Escritura, eles assumem verdadeiramente a missão de propagadores da Boa Notícia”, exortou, completando: “Queridos irmãos e irmãs, que a Festa de hoje leve a cada um de nós a ser esse servo e serva do Senhor. A se colocar à disposição do Senhor. Vamos fazer desse momento, desta semana, um momento de encontro com o Senhor e levar aos irmãos e irmãs, que perderam a alegria de viver, a ter esperança de voltar à Casa do Pai”. Dom Dario se referia ao tema da Festa deste ano: “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38).
Dom Dario pediu para o povo rezar pelas vítimas do sangrento atentado no Sri Lanka, onde 290 pessoas foram mortas, muitas em três igrejas, uma delas a de Santo Antônio, assistida pelos frades franciscanos.
O guardião Frei Paulo Pereira presidiu o Oitavário, às 15h00, ao lado do Ministro Provincial, Frei César, que foi apresentado ao povo pelo guardião. “Já estive aqui várias vezes, mas não neste momento de Festa em que já podemos sentir o calor e a fé. Não só o calor do nosso tempo, mas o calor que vem da fé, da emoção desse povo querido. Estaremos juntos todos os dias até o término desta Festa”, prometeu Frei César. O Momento Devocional que antecede a Santa Missa foi celebrado com cantos a Nossa Senhora; súplicas pelos mistérios realizados a Maria, Mãe de Jesus na devoção que Frei Pedro Palácios trazia consigo; ladainha de Nossa Senhora, orações e bênção. A animação dos cantos teve à frente Frei Paulo César Ferreira e Frei Felipe Medeiros Carretta.
Grande movimentação no feriado
O ponto turístico mais visitado do Estado é o Convento da Penha, um dos ícones do Espírito Santo. Neste feriado, principalmente neste Domingo de Páscoa, o movimento foi intenso no caminho para o Campinho e nas escadarias que levam à capela do Convento. O santuário foi construído em 1558, em cima de um grande rochedo. Junto com a igreja Nossa Senhora do Rosário, formam os dois mais antigos monumentos do Estado do Espírito Santo.
É considerado o principal ponto de peregrinação religiosa do Estado e símbolo de devoção à Padroeira da Penha. Conta-se que o quadro de Nossa Senhora das Alegrias teria sumido da Gruta onde o Frei Pedro Palácios morava, indicando o lugar onde deveria ser construído uma igreja a ela, no alto de um morro de 154 metros. A “Ermida das Palmeiras” foi erguida por volta de 1560.
Nesta segunda-feira, 22 de abril, o 2º Dia do Oitavário será da Área Pastoral Serrana e, às 19h30, no Campinho, Noite de Oração com participação do Movimento das Mães que Oram pelos Filhos.
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