São Paulo (SP) – Há 108 anos, o dia 13 de junho amanhece diferente no bairro do Pari, região central de São Paulo. Apesar das inúmeras mudanças no bairro, que atualmente se tornou um grande centro comercial a céu aberto, uma coisa não mudou: a fé do povo em seu Padroeiro.

Mas este 13 de junho, um dia em que o frio sempre marca presença devido à proximidade do inverno, foi diferente. Depois de 2 anos de pandemia, sem a tradicional festa, o povo pôde se reunir aos pés do querido santo franciscano para agradecer e pedir bênçãos. É dia do santo mais querido no Brasil e no mundo, aquele que tem altares em quase todas a igrejas, casas e palácios, vilas e cidades. E por toda a cristandade, quase não há igreja nem ermida onde ele não disponha de um altar para atender os seus devotos.

Esse movimento começou com a primeira Missa, às 6 horas, e terminou com a procissão do Padroeiro às 20h30. Ao longo de todo o dia foram celebradas 10 Missas, com grande participação de fiéis. As filas logo começaram a se formar para para adquirir um pedaço do Bolo de Santo Antônio, fila para conseguir o Pãozinho de Santo Antônio, fila para receber a bênção dos frades.

O grande movimento do dia aconteceu entre 11 e 14 horas, quando as pessoas aproveitaram os horários de almoço para pedir graças e demonstrar confiança e fé no Santo Intercessor, e no final da jornada de trabalho, quando a aglomeração no largo Padre Bento atingiu o máximo, com as últimas celebrações do dia.

Às 19h30, o Definidor Provincial e ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, presidiu a Missa Solene, concelebrada pelo pároco Wilson Simão; pelo guardião da Fraternidade, Frei José Francisco de Cássia; os frades da nova Fraternidade do Jardim Peri Alto, Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa e Frei João Lopes da Silva., além dos frades da casa, Frei Aloísio dos Santos, Frei Vagner Sassi e Franklin Matheus da Costa.

Na sua homilia, Frei Fidêncio destacou o tema da festa, que chegou à 108ª edição: “Santo Antônio, grande educador na fé cristã”, em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Educação”, com base no lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.

Antes, contudo, Frei Fidêncio, em nome do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, agradeceu com carinho seus confrades da Fraternidade do Pari, dos trabalhos do Sefras e da nova Fraternidade do Jardim Peri Alto. Saudou todos os leigos e leigas, paroquianos e paroquianas devotos de Santo Antônio.

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“Estamos vivendo em tempo de Sínodo, em tempos de uma Igreja que quer ser sinodal, uma Ireja que dialoga, uma Igreja deseja caminhar junto. Nesta noite queremos pedir, especialmente a Santo Antônio, para que ele, como no seu tempo, nos ensine a caminhar com sabedoria os caminhos de Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse o celebrante.

Santo Antônio, como educador da fé cristã, foi um arauto, peregrino, andarilho do próprio Deus, explicou Frei Fidêncio. “E o próprio Deus veio ao mundo para falar com sabedoria e ensinar com amor”, acrescentou.

“Queridos irmãos e irmãs, vamos olhar para o nosso Padroeiro, Santo Antõnio, o homem que no seu tempo procurou edificar a Igreja, educar os cristãos para a fé e para Santo Antônio educar para a fé significava procurar a inspiração na Sagrada Escritura. Quando lemos as homilias de Santo Antônio, as pregações que ele fazia, nós podemos perceber o quanto Santo Antônio, com muita sabedoria, se serve da Palavra divina para falar das coisas de Deus, mas também das nossas necessidades, dos nossos relacionamentos humanos, da necessidade que todos nós temos em construir um mundo mais fraterno, um mundo mais justo”, assinalou Frei Fidêncio.

“Ouvimos hoje na primeira leitura, o maravilhoso texto do livro da Sabedoria. A sabedoria é o tesouro inesgotável, nos diz a Sagrada Escritura. E Santo Antônio, mais do que ninguém, procurou mergulhar nesse tesouro inesgotável que é o próprio mistério, a própria luz de Deus que se faz presente na Palavra.  A sabedoria, nos diz a Sagrada Escritura, tem um encanto. A sabedoria tem o seu valor, a sabedoria tem seu brilho, a sabedoria tem a sua luz. A luz que não se extingue e não se apaga. A sabedoria é a mãe de todas as coisas boas. E foi esta sabedoria que Santo Antônio procurou ao longo de sua vida. A procurou no próprio mistério de vida”, disse o frade.

Todos nós temos consciência de que vivemos tempos tenebrosos, tempos difíceis, tempo de muita fome, tempo de desemprego, tempo de desorientação, tempo de muitas palavras. E neste tempo, mais do que nunca, necessitamos invocar o nosso Santo Antônio para que, com ele, encontremos essa sabedoria divina que deve irradiar a partir do nosso coração, da nossa vida. Assim como a sabedoria de Deus trouxe ao mundo a luz. Essa sabedoria divina vem sempre a nós através do seu Filho Jesus Cristo. São Francisco chega a dizer que Deus habita numa luz inacessível, mas essa luz inacessível, essa sabedoria divina chega a nós através de seu Filho Jesus Cristo. E Santo Antônio fica encantando diante do Mistério do Natal”, observou Frei Fidêncio.

Essa sabedoria, essa luz inacessível, se torna visível. Ela chega a nós para iluminar o coração daqueles e daquelas que se encontram em situação de trevas.  Santo Antônio fala com sabedoria e, ao falar com sabedoria, ao mesmo tempo ensina com amor. E ensinar com amor significa ter o referencial da própria Palavra de Deus, a Palavra encarnada no Deus que é amor. O próprio Deus em Jesus Cristo que se faz amor por todos nós. E quando buscamos esta sabedoria, tudo passa ter outro sabor, tudo passa ter outro sentido na nossa vida. Quando a gente tem a sabedoria de Deus no coração, nós também sabemos reagir diante das falsas sabedorias e falsas sabedorias são as tentações, as vanglórias”, explicou.

Segundo Frei Fidêncio, essa sabedoria não foi privilégio de Santo Antônio. “Na segunda leitura ouvimos que a cada um de nós é dada a graça segundo o dom de Jesus Cristo. E você pai, mãe, confrade, jovem, criança, todos nós somos agraciados por Deus segundo o dom de Jesus Cristo. Se fomos agraciados em nossa vida é para buscarmos o aperfeiçoamento da nossa santidade. Foi o que nosso Santo Antônio fez”, indicou o celebrante.

“Olhando para Santo Antônio, vemos nele um homem perfeito, embora tivesse vivido como nós a sua própria humanidade, ele buscou esta santidade. E chegou, assim, àquilo que São Paulo nos lembra na segunda leitura: à idade madura da plenitude de Jesus Cristo”, ressaltou.

“Santo Antônio nos ensina o caminho reto, justo e verdadeiro. Por isso vem a provocação do Evangelho para todos nós: ‘Ide e pregai o Evangelho’. Foi o que desinstalou Santo Antônio da comunidade monástica em que se encontrava quando viu os frades sendo martirizados no Marrocos. Ele se inquietou e não ficou parado. Queria também buscar o martírio, o grau supremo da perfeição cristã. E ele não pensa duas vezes. Vai para Marrocos, mas o destino o leva para a Itália e ali ele se encontra com São Francisco, com os irmãos menores, com a fraternidade. E a partir daquele momento, Santo Antônio passa a entender a forma de vida segundo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Abraça com Francisco a missão evangelizadora. E tal foi a sua presença no meio da fraternidade que Francisco, encantado com sua sabedoria, o faz professor da fraternidade, professor dos irmãos. E aí volta de novo o tema de hoje, o educador da fé cristã, o homem que fala com sabedoria e ensina com amor. Francisco pede a ele que gostaria muito que ensinasse a Sagrada Teologia aos irmãos. Ensinar a sagrada Teologia significa ensinar a Sagrada Escritura com sabedoria, para que nós, irmãos menores, nunca desviemos do caminho reto, do caminho do Santo Evangelho”, recordou.

“Foi uma das missões e é, sem dúvida alguma, uma das grandes missões da nossa comunidade, da nossa realidade. Foi educador, foi formador, o cuidador, o zelador das nossas almas. Oxalá meus irmãos, oxalá minhas irmãs, que busquemos em Santo Antônio cada vez mais a Palavra de Deus e que ela nos dê sempre essa sabedoria para nunca pronunciarmos palavras frias, palavras infrutíferas e palavras que não levam ao crescimento de ninguém. Santo Antônio, mestre e educador, olhe para este povo, olhe para nossa fraternidade. Olhe para este povo de Deus que necessita também de mestres que ensinam com sabedoria e educam com amor e para o amor.

A Santa Missa terminou com a bênção da Relíquia de Santo Antônio. Em seguida teve início a procissão pelas ruas do bairro, encerrando a Festa de Santo Antônio 2022, depois de dois longos anos de pandemia sem vida presencial nas celebrações.

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Comunicação da Província da Imaculada Conceição