A maior beatificação coletiva da Igreja
15/10/2013
No dia 13 de outubro, domingo, foi celebrada uma das beatificações mais numerosas da história da Igreja. No ato religioso, realizado em Tarragona, na Espanha, foram elevados à gloria dos altares 522 mártires da perseguição religiosa ocorrida na Espanha nos anos 30 do século XX.
Papa Francisco participou, via satélite, desta maior beatificação coletiva da história da Igreja. Cerca de trinta mil pessoas participaram na celebração. O Santo Padre iniciou a sua mensagem com o tradicional ‘bom dia’ e continuou no seu estilo:
“Quem são os mártires? São cristãos conquistados por Cristo, discípulos que aprenderam bem o sentido do ‘amar até ao extremo’, que levou Jesus à Cruz. Não existe ‘amor às prestações’, ‘amor aos bocadinhos’. Quando se ama, ama-se até o fim”, concretizou o Santo Padre.
Na sua mensagem, o Papa Francisco refletiu sobre o ‘sentido’ de ser mártir dizendo que “é preciso sempre morrer um pouco para sairmos de nós mesmos, do nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas e abrirmo-nos a Deus, aos outros e especialmente aos que mais necessitam de nós”.
“Dizem os Santos Padres, imitemos os mártires. Imploremos a intercessão dos mártires para sermos cristãos concretos, cristãos de obras e não de palavras; para não sermos cristãos medíocres, cristãos ‘envernizados’ de cristianismo, mas sem substância. Peçamos aos mártires ajuda para mantermos sólida a nossa fé a fim de que, no meio das dificuldades, sejam fermento de esperança e artífices de fraternidade e solidariedade” – concluiu o Papa Francisco.
É histórico o fato de que, com a Guerra Civil espanhola, a repressão tornou-se mais grave, mas, a perseguição aos católicos já havia começado anos antes. Padre Vicente Ortí, um dos poucos que tiveram acesso aos documentos da época, nos Arquivos Secretos do Vaticano, assegura que foi uma das perseguições mais cruentas que os católicos sofreram em toda sua história:
“Desde de 1931 havia começado uma perseguição: foram proibidos jornais católicos, perseguição para que não fossem realizados enterros pelas ruas e fossem ocultados os símbolos religiosos. Com certeza, em dados numéricos, foi a maior perseguição de toda a Europa Ocidental desde os tempos do Império Romano”.
Como se sabe, foi em 1987 que tiveram início as primeiras beatificações destes mártires. João Paulo II, comovido pelas histórias de perseguição, martírio, perdão e reconciliação, foi um de seus impulsionadores.
“Contou-me um Cardeal –diz o Padre Vicente– que o Papa João Paulo II foi levado a mover estas causas de beatificação pelo fato de terem sido assassinadas mulheres. Para o Papa isto era incompreensível. Ele disse: ‘Está claríssimo que são mártires da Fé'”.
Calcula-se que nesse período mais de 10 mil católicos tenham sido assassinados por causa de sua Fé. Com a beatificação do próximo dia 13, o número de mártires da Guerra Civil da Espanha, reconhecidos como tal pela Igreja Católica, cresce e chega a 1.523.