No contexto das celebrações do VIII Centenário da morte de São Francisco (1226-2026), durante o ano comemorativo dos Estigmas (2024), no domingo, 20 de outubro, o Papa Francisco proclamará santos oito frades menores da Custódia da Terra Santa, mártires da fé em Damasco em 1860. Os três bem-aventurados irmãos Massabki, leigos maronitas, também compartilham do martírio e da glória.

Em julho de 1860, a perseguição contra cristãos promovida pelos drusos xiitas no Líbano se estendeu à Síria. Em 9 de julho, o bairro cristão de Damasco foi incendiado, e cristãos de diferentes confissões e ritos sofreram atrocidades. Naquela noite, o convento franciscano de São Paulo foi atacado. Os oito religiosos que ali residiam — sete espanhóis e um austríaco —, junto com três colaboradores leigos maronitas que buscaram refúgio no convento, foram assassinados por se recusarem a renunciar à fé cristã e abraçar o Islã. Os corpos dos mártires, recuperados alguns dias após o massacre, foram sepultados em uma vala comum. Quando a igreja do convento foi reconstruída e consagrada em 1866, o local tornou-se destino de peregrinação dos cristãos de Damasco.

Novos santos da Ordem dos Frades Menores e da Igreja Católica Maronita:

Manuel Ruiz López – Superior do convento, nascido em 1804 em San Martín de las Ollas, Burgos, Espanha. Ingressou nos Frades Menores em 1825 e foi ordenado sacerdote em 1830. Enviado à Terra Santa em 1831, desenvolveu um importante apostolado após aprender as línguas locais. Retornou à Europa em 1847 por motivos de saúde, mas regressou à Terra Santa em 1858. Durante o massacre, foi morto aos pés do altar ao tentar consumir as espécies eucarísticas para evitar sua profanação.

Carmelo Bolta Bañuls – Pároco, nascido em 1803 em Real de Gandía, Valência, Espanha. Ingressou nos Frades Menores em 1825 e foi ordenado sacerdote em 1829. Enviado à Terra Santa em 1831, viveu em conventos de Jaffa, Damasco e Ain Karem. Em 1851, assumiu o cargo de pároco e professor de árabe em Damasco.

Engelbert Kolland – Vigário paroquial, nascido em 1827 em Ramsau, Salzburgo, Áustria. Ingressou nos Frades Menores em 1847 e foi ordenado sacerdote em 1851. Chegou à Terra Santa em 1855 e atuou no Santo Sepulcro antes de ser transferido para Damasco, onde conquistou a estima da população.

Nicanor Ascanio Soria –Nascido em 1814 em Villarejo de Salvanés, Madrid, Espanha. Ingressou na ordem em 1830 e foi ordenado sacerdote durante a supressão religiosa. Em 1858, voltou aos Frades Menores e chegou à Terra Santa em 1859, com uma espiritualidade marcada pela disposição ao martírio.

Nicolás María Alberca Torres – Nascido em 1830 em Aguilar de la Frontera, Córdoba, Espanha. Religioso dos Irmãos do Hospital Jesús Nazareno de Córdoba antes de ingressar nos Frades Menores em 1856 e ser ordenado sacerdote em 1858. Chegou à Terra Santa em 1859 e foi enviado ao convento de Damasco.

Pedro Nolasco Soler Méndez – Nascido em 1827 em Lorca, Múrcia, Espanha. Ingressou nos Frades Menores em 1856 e foi ordenado sacerdote em 1857. Em 1859, foi designado ao convento de São Paulo em Damasco.

Francisco Pinazo Peñalver – Nascido em 1802 em El Chopo de Alpuente, Valência, Espanha. Ingressou nos Frades Menores em 1831 como irmão leigo e serviu como sacristão e cozinheiro. Atuou na Terra Santa por 17 anos, incluindo o período do martírio em Damasco.

Juan Jacob Fernández – Nascido em 1808 em Moire, Ourense, Espanha. Entrou nos Frades Menores como irmão leigo em 1831. Após uma interrupção causada pela supressão religiosa, juntou-se à Custódia da Terra Santa em 1858 e serviu como cozinheiro em Damasco.

Os Bem-Aventurados Irmãos Massabki, Mártires Maronitas:

Francis Massabki – Comerciante de seda e pai de oito filhos, era muito estimado em Damasco por sua generosidade. Atuava como procurador dos franciscanos e foi martirizado no convento junto com seus irmãos.

Mooti Massabki – Casado e pai de cinco filhos, era catequista na escola do convento e frequentava diariamente a igreja. Ofereceu sua vida em nome da fé, junto com seus irmãos.

Raffaele Massabki –Irmão mais novo de Francis e Mooti, era muito devoto e ajudava os frades. Foi martirizado com seus irmãos na noite de 9 para 10 de julho de 1860.

A Ordem dos Frades Menores iniciou o processo de beatificação dos oito frades em 1872. A cerimônia foi celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 10 de outubro de 1926.

O renascimento da causa ocorreu devido à crescente fama do martírio dos onze mártires de Damasco e à propagação de sua devoção, especialmente na Igreja Maronita. A canonização foi considerada uma mensagem de diálogo, paz e unidade para o Oriente Médio, frequentemente afetado por conflitos. Em 2022, o Santo Sínodo dos Bispos Maronitas solicitou ao Papa Francisco a canonização dos irmãos Massabki, enfatizando sua santidade como leigos maronitas. O Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores e o Custódio da Terra Santa uniram-se ao pedido em homenagem ao VIII Centenário de São Francisco.

Em 1º de julho de 2024, o Papa Francisco anunciou a canonização dos mártires, marcada para o Dia Mundial das Missões, em 20 de outubro de 2024, próximo domingo, na Praça de São Pedro.

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Fonte: https://www.ofm.org/canonizzazione-dei-beati-martiri-di-damasco.html