Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

D. Gregório: “Sejamos capazes de amar não apenas aqueles que partiram, mas aqueles que estão aqui”

02/11/2020

Notícias

Frei Augusto Luiz Gabriel

Petrópolis (RJ) – Os frades da Fraternidade Franciscana do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) aderiram ao pedido da Igreja do Brasil e plantaram uma árvore neste dia 2 de novembro em memória das mais de 160 mil vítimas da Covid-19 e em prol do cuidado pela Casa Comum.

Reunidos em frente ao mausoléu interno do convento, o dia começou às 8 horas com a oração do ofício das Laudes. Com velas acesas, os frades fizeram memória e rezaram por inúmeros frades, familiares e conhecidos que faleceram nestes últimos tempos. Além disso, a celebração recordou os frades que na Fraternidade do Sagrado residiram e estão sepultados no cemitério interno da casa, como o Frei Constantino Koser, Frei Fábio Panini, Frei Antônio Moser, Frei Alberto Beckhäuser, Frei Joel Sgarbossa, Frei Luís Reinke e muitos outros. Já há muito tempo uma das missões dos religiosos na Paróquia do Sagrado é fazer a celebração diária das exéquias.

Já no morro do convento, ao lado da quadra de esportes, os religiosos plantaram um ipê amarelo, planta característica da região. Frei Ivo Müller, Vigário Paroquial, conduziu este momento e ressaltou a importância do gesto e do cuidado da Criação. Segundo ele, este ipê representa o compromisso com a Casa Comum e a fé manifestada no Deus da vida. Outras duas mudas de ipê rosa e ipê roxo foram plantadas no terreno do convento.

SEJAMOS CAPAZES DE AMAR

O Bispo da Diocese de Petrópolis (RJ), Dom Gregório Paixão, OSB, escolheu a Igreja do Sagrado Coração de Jesus para celebrar o Dia de Finados. A Santa Missa, às 10 horas, contou com os fiéis obedecendo as normas sanitárias e o coral dos frades estudantes, sob regência do mestre do Tempo da Teologia, Frei Marcos Antônio de Andrade. O pároco Frei Jorge Paulo Schiavini concelebrou a Santa Missa. Tradicionalmente, esta celebração se realiza no Cemitério Municipal, mas neste ano foi cancelada para evitar aglomerações.

“Hoje nosso coração se recorda daqueles irmãos e irmãs que partiram para a eternidade. Desejamos nos colocar diante do Senhor agradecendo por tantos irmãos e irmãs que caminharam conosco. Ao mesmo tempo, queremos colocar ao altar do Senhor as 160 mil vítimas do coronavírus no Brasil, como também do mundo inteiro. Fazemos memória nesta manhã das intenções que cada um traz no seu coração, de modo especial, nossos parentes, amigos e benfeitores”, disse Dom Gregório no início da celebração.

Em sua reflexão, o bispo diocesano dirigiu palavras de esperança aos presentes. Para ele, quem já experimentou a partida de um ente querido, sabe que cada despedida gera sentimentos distintos. Explicou que a partida de uma mãe é diferente da partida de um amigo ou de um conhecido, e que são as experiências de luto que preparam para um dia todos fazerem a passagem para a vida eterna.

“Ora, a experiência da morte não é apenas uma experiência vivida por nós. Ela foi vivida também por Jesus Cristo. E Ele chorou porque sabia que iria para o Pai, mas também chorou pela saudade daqueles homens e mulheres que Ele amou de coração e paixão”, disse, acrescentando: “Quem é capaz de amar de verdade é capaz também de chorar de verdade”.

Segundo Dom Gregório, quando experimentamos a morte na vida do outro, estamos aprendendo a sabedoria da vida. Para ele, tudo é passageiro e a vida é curta em comparação com a outra vida “que nós denominamos de eternidade”.

Refletindo sobre o Evangelho do dia (Jo 12, 23-28), Dom Gregório disse que Jesus apresenta uma proposta nova. Segundo ele, Cristo nos prepara para a beleza da existência futura, transformado esta realidade em vista da outra, sabendo que nada nos separará do amor de Cristo. “Deus sempre espera de nós uma resposta nova dentro desta vida tão limitada”, lembrou.

“Caros irmãos e irmãs, nós deveríamos celebrar o dia de hoje com uma profunda alegria, com uma profunda esperança, embora com um coração saudoso, porque Deus nos deu o prêmio da eternidade. A esperança deve ser sempre a última resposta dada à humanidade e foi essa resposta que Jesus Cristo nos deu! Assim, recordemos dos irmãos que partiram, daqueles que amaram a cada um de nós, daqueles que fizeram o bem, ou daqueles que não conseguiram compreender o projeto de Deus para a sua existência. Cabe ao Senhor o julgamento, cabe a Deus a última resposta e inegavelmente cabe a nós perceber o quão frágil somos e quão limitada é a nossa vida, mas quão grandiosa é a história de Deus na nossa própria existência, nos abrindo as portas do paraíso para que, com Ele, vivamos definitivamente”, acentuou.

Por fim, o celebrante lembrou que a vida é passagem. “É um eterno caminhar e uma alegria perene para aqueles que foram capazes de entender Deus na sua existência terrena, para poder decifrar, na eternidade, o enigma que eternamente se abrirá para nós numa alegria definitiva”, garantiu. “Vivamos com profunda fé nossa vida. Olhemos para Jesus como uma porta para o caminho de felicidade definitiva. E enquanto não estamos lá, transformemos a nossa realidade que está em nosso entorno”, pediu. Ele lembrou a recente Carta Encíclica do Papa Francisco que tem como título “Somos todos irmãos”. “O que Deus nos pede é isso: sejamos capazes de amar não apenas aqueles que partiram, mas aqueles que estão aqui”.

“Olhar para os que partiram é olhar para nós! A nossa vida é frágil, porém, nós não podemos nos limitar a essa fragilidade, mas, na possibilidade de anteciparmos aqui na terra o paraíso que Deus nos deu e que nos pertence. E nós devemos realizá-lo desde já, enquanto caminhamos para o outro lado. Que a esperança seja a pedra de toque de nossa vida e de toda existência humana e que nós continuemos a nossa jornada, não mais com a limitação, mas com a vida que é definitiva para aqueles que buscaram e agora se encontram plenamente no Deus da vida”, concluiu.

Após a comunhão, Frei Jorge agradeceu a presença de todos, especialmente de Dom Gregório. “O senhor nos ajudou a vivermos com profundidade o dia de hoje”, frisou. Dom Gregório também agradeceu. “A vocês franciscanos o meu muito obrigado, principalmente pelo ‘Apostolado da Esperança’, que diariamente realizam junto aos que partem para a vida eterna.  Ao falar da vida e ressurreição vocês geram no coração daqueles que choram a saudade de seus entes queridos a esperança”, disse, encerrando a Celebração Eucarística com a solene bênção final.


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