Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A Pastoral da Saúde na Paróquia São Francisco

20/03/2019

Notícias

Moacir Beggo

A Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, tem uma particularidade que a difere da grande maioria: está rodeada por grandes hospitais, como o Servidor, o São Paulo (Universidade Federal de Medicina), a AACD, o Graac, o Hospital do Rim, o Dante Pazzanese, o Paulista, o Amparo Maternal, etc. Tanto que é muito comum ver na igreja visitantes que são enfermos, familiares ou acompanhantes. Também têm uma participação efetiva nas missas diárias na comunidade os médicos, enfermeiros, estudantes de Medicina e muitos colaboradores dos hospitais. Esses fiéis também lotam a igreja durante a Missa mensal de Unção dos Doentes, com a entrega das pílulas de Frei Galvão.

Em nenhuma outra Paróquia, a Pastoral da Saúde se faz tão necessária e urgente. Segundo o pároco, Frei Valdecir Schwambach, é a vocação primeira da Paróquia. “São Francisco, inspirado em Jesus Cristo, tinha um amor incondicional por toda a criação, e o ser humano é a primeira criatura que deve ser cuidada, pois o ser humano é o único de quem se diz que foi ‘criado à imagem e semelhança de Deus’ Gn 1,26). O humano deve ser cuidado para saber cuidar das demais criaturas”, explica Frei Valdecir, que, com Frei Carlos Lúcio Corrêa, dão assistência espiritual.

Esta ação, segundo Frei Valdecir, se dá de modo especial na presença junto aos hospitais, por meio dos freis da Paróquia, mas também, de um modo muito especial, por diversos leigos dedicados a este serviço. “Os agentes da Pastoral devem sempre passar por uma formação e depois podem integrar a Pastoral. Além dos hospitais, de modo especial, o Hospital São Paulo, visitam-se os enfermos em suas casas, levando o sacramento da comunhão, em alguns casos a confissão. Destaco aqui o que julgamos muito importante: tudo isso simboliza a presença da comunidade de fé junto a essas pessoas. A solidão do enfermo pode, muitas vezes, ser mais cruel que a própria enfermidade propriamente dita. A Pastoral da Saúde é a presença carinhosa da comunidade de fé”, explica o pároco, informando que a Paróquia está criando equipes missionárias para que possam visitar mais as casas dos paroquianos, e assim, chegar a mais enfermos, idosos, pessoas que muitas vezes fazem a difícil experiência da solidão. “Essas equipes serão, sem dúvida, um reforço para a Pastoral da Saúde”, acredita.

Segundo a coordenadora da Pastoral, Sandra Maria Esteves, atualmente fazem parte dessa Pastoral treze agentes. “Éramos mais, contudo alguns idosos estão aos poucos se afastando por motivo de saúde. Em cada Missa participam em torno de dez agentes e mais o sacerdote”, explica. Cuidado e atenção não faltam aos integrantes da Pastoral que, aos domingos, estão na capela do Hospital São Paulo. Antes da Missa, o grupo visita os enfermos e aqueles que querem participar são conduzidos pelos agentes até à capela do hospital. “O papel fundamental da Pastoral da Saúde de nossa Paróquia é a presença solidária junto aos leitos dos enfermos, seja nos hospitais ou nas casas das pessoas. É uma presença sacramental, que cura, fortalece e alegra não somente o enfermo, mas apresenta a fé e a esperança para os familiares do enfermo. É uma pastoral da caridade, pois visitar um enfermo, alguém que não pode lhe retribuir, é um grande sinal de fé e de amor. O Cristo sofre em cada pessoa que sofre: “Estava enfermo e fostes me visitar (Mt 25,36)”, resume o pároco.

Frei Carlos, com sua alegria e espontaneidade, está sempre presente com os agentes da Pastoral nos hospitais. Para ele, o momento da enfermidade é algo muito delicado ao enfermo e à sua família. “Todos sofrem. A família toda deve se ajudar. O ser humano sempre teve dificuldade de lidar com a enfermidade e, principalmente, a morte. A morte é realidade que vem para todos. A missão da Pastoral Hospitalar é tentar dar a quem sofre uma pontinha de esperança e de fé. Ficamos sem palavras quando um enfermo falece. É nesses momentos que sentimos toda a experiência da vida que está em cada um de nós. A limitação humana da morte sempre será algo misterioso, por mais que façamos belos discursos sobre ela. Nossa evangelização deve sempre partir do Evangelho, do Deus que nos cura de todo o mal; e de Francisco de Assis, que chamava a morte de ‘nossa irmã’ e abraçava o leproso que sofria. A Pastoral da Saúde é fortificada por essas luzes em sua evangelização”, explica Frei Carlinhos, como é conhecido.

Frei Carlos lembra que a presença dos franciscanos na Vila Clementino começou desde o início do Hospital São Paulo, quando os frades vinham do Largo São Francisco para atender a capelania do Hospital. “Muitos paroquianos que participam diariamente de nossa Paróquia estão nesse grande campo do trabalho hospitalar. Todo o trabalho hospitalar aqui se torna algo precioso e ajuda a Igreja a ser ‘em saída’. Sentimo-nos gratos e felizes quando os enfermos e familiares se sentem agradecidos com todo o trabalho realizado”, observa o frade. Além do Hospital São Paulo, os frades também fazem visitas ao Hospital do Rim e ao Hospital GRAAC. O Hospital Amparo Maternal, com a presença das Irmãs de Santa Catarina, recebe a presença do frei para a celebração da Missa, além das crianças cadeirantes da AACD, do Lar São Francisco, que são acompanhadas com o sacramento do Batismo e da Eucaristia.

Outras atividades da Pastoral são o terço da Divina Misericórdia, às 15 horas, toda as sextas-feiras, no Hospital São Paulo. “Nem sempre tem uma pessoa para acompanhar e rezar o terço”, observa Sandra. Às quartas-feiras, o terço é puxado pelo Dr. Cícero e, às sextas, pela ministra extraordinária da Eucaristia, Helena.

COMO SER AGENTE PASTORAL

Não basta ter boa vontade para fazer parte da Pastoral da Saúde, mas é necessário ter formação. “Em primeiro lugar, deve ser uma pessoa católica, que se preocupe em fazer o bem a outras pessoas, pelo simples prazer de se doar ao próximo”, lembra a coordenadora Sandra. A Arquidiocese de São Paulo, através das regiões diocesanas, oferece cursos de preparação para agentes pastorais da Saúde.

“É necessário ter disponibilidade e tempo, bom equilíbrio emocional para poder lidar com o doente sem se envolver demais com a doença, isto é, sem adoecer também. O nosso caso específico consiste em visitar as enfermarias e UTIs para identificar e convidar aqueles pacientes que estão em condições de sair de seus leitos e participar da Santa Missa, que é celebrada todo domingo no Hospital São Paulo. O agente, então, entra em contato com o Posto de Enfermagem daquela unidade e se informa com os responsáveis por aquele doente para saber se ele pode sair de seu leito para ir até a capela. Em caso afirmativo, o agente conduz até o elevador e daí para a capela. No final da Missa, o agente ajudará o paciente a retornar para o seu leito. Para os pacientes que não podem sair de seus leitos, é oferecida a comunhão, levada pelos ministros extraordinários da Sagrada Escritura e a Unção dos Enfermos, ministrada pelo sacerdote”, explica Sandra, enfatizando:

“É necessário, como já disse, que estejamos bem emocionalmente. Devemos evitar o doente quando se está triste ou chateado. Às vezes, se acontecer de virem as lágrimas, tudo bem. Elas não são sinal de fraqueza, mas uma expressão biológica da sensibilidade humana”, explica Sandra, que é dentista e mãe de dois filhos.

Segundo ela, o agente deve conversar em voz baixa assuntos relacionados ao doente. “Em tudo devemos ter discrição e bom senso, transmitindo alegria e confiança. Devemos ter sensibilidade em perceber quando o doente está cansado e necessitado de repouso. Devemos ser breves sem ser afobados e apressados. Melhor mesmo é deixar o doente falar. Só ouvir”, ensina Sandra, que passou a frequentar esta Pastoral através de um convite feito em uma celebração na Paróquia São Francisco de Sales, para o Curso que seria ministrado na Faculdade São Camilo, pelos padres camilianos.

“Ao final do curso, recebemos certificados e estávamos aptos para levar comunhão para doentes. A partir daí, me indicaram a Pastoral da Saúde da Paróquia São Francisco de Assis, cujo o trabalho é realizado aos domingos de manhã. Aceitei o convite porque senti necessidade de fazer alguma coisa para o próximo e não ficar só na fé sem obras. Senti que ajudando os doentes estava ajudando a mim mesma”, conta Sandra, que passava por momentos difíceis na família e viu esse trabalho como uma forma de superação. “Já são 17 anos de participação nas atividades da Pastoral, sendo que nos últimos 5 anos estive atuando como coordenadora, juntamente com a antiga coordenação, os membros mais experientes, e com duas auxiliares: a Rita Sameitat e a Anna Machico Mori, sempre seguindo as diretrizes da Paróquia São Francisco de Assis”.

No âmbito da Igreja, há um despertar de iniciativas e trabalhos organizados para promover a humanização dos serviços de saúde, das estruturas e das instituições hospitalares e educativas, fomentando a formação, a capacitação e a atualização dos profissionais da saúde em nível humano, ético e bioético. “Sentimo-nos gratos e felizes quando os enfermos e familiares se sentem agradecidos com todo o trabalho realizado”, conclui Frei Carlos.

Quem quiser doar um pouco do seu tempo neste trabalho evangelizador, pode procurar a Secretaria Paroquial: (11) 5576-7970.