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O novo livro de Frei Clarêncio sobre Santo Antônio

06/06/2017

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“Santo Antônio, filho apaixonado de Maria, servo da imaculada, teólogo da Santíssima Trindade, obra da Santíssima Trindade, homem santo, missionário, apóstolo do Reino de Deus, pregador, doutor, sal da terra, mestre da oração”. Esses são alguns dos temas que Frei Clarêncio Neotti desenvolve no seu mais novo livro sobre o querido santo franciscano, intitulado “Santo Antônio: simpatia de Deus e do povo”, uma publicação da Editora Santuário (Aparecida) com 198 páginas. Este lançamento oferece, a uma semana da festa de Santo Antônio, os sermões feitos por ocasião de Trezenas e festas de Santo Antônio. E ninguém melhor do que Frei Clarêncio para falar de Antônio. Ele é também autor de “Santo Antônio, Mestre da Vida”, “Orar 15 dias com Santo Antônio”, “Santo Antônio: simpatia de Deus e simpatia dos homens”, “Santo Antônio, Luz do Mundo” (os 9 sermões do Padre Vieira sobre Santo Antônio, comentados) e também participou da reedição do livro de Frei Basílio Röwer sobre “O Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro”.

 Nesta entrevista, Frei Clarêncio fala sobre o fascínio que este santo exerce na piedade popular e conta que sua vocação religiosa franciscana teve a inspiração do santo. “E foi com ele que, ao longo da vida, aprendi a unidade alegre e harmoniosa das duas vocações: a consagrada e a sacerdotal, e aprendi que as duas se necessitam como o parafuso e a porca”, revelou o frade, que reside, desde 2012, em Vila Velha (ES), onde é Vigário Paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo. 

 Frei Clarêncio, que ingressou na Ordem Franciscana em 23 de dezembro de 1954, é também autor dos livros “Ministério da Palavra” (3 volumes), “Orar 15 dias com Frei Galvão”, “Comunicação e Igreja no Brasil”, “Imaculada Conceição de Maria”, “Frei Aurélio Stulzer, Pai, Irmão, Amigo”, “Animais no altar – um estudo de Iconografia e Simbologia”, “Frei Bruno Linden, tudo para todos” (biografia) e “São Benedito, homem de Deus e do povo”.

 Mas no campo da comunicação católica, Frei Clarêncio é um dos pioneiros. Foi professor de Comunicação e Teologia Pastoral em Petrópolis (1970-1986), um dos fundadores da União Cristã Brasileira de Comunicação Social, foi presidente por três períodos consecutivos da União Católica Latino-americana de Imprensa e vice-presidente da União Católica Internacional de Imprensa, da qual hoje é membro de honra. Foi também fundador da União dos Editores Franciscanos e fundou junto à Cúria Geral em Roma, o Departamento de Comunicação e Informação da Ordem.

 O LIVRO DE FREI CLARÊNCIO PODE SER ADQUIRIDO NA LIVRARIA ON LINE (CLIQUE AQUI)  DA EDITORA SANTUÁRIO

Acompanhe a entrevista

 Por que esse fascínio que exerce Santo Antônio no povo?

Frei Clarêncio – Esta pergunta me fiz muitas vezes. Porque, de fato, Santo Antônio é um fenômeno. E fenômeno é muito complicado para se explicar. Fenômeno para os intelectuais, a ponto de estar à raiz de toda a Escolástica e hoje ser um dos doutores da Igreja. Fenômeno para o povo semianalfabeto, a ponto de ser em vários países o santo mais popular, ganhando, como é o caso do Brasil, da própria Mãe de Deus. Fenômeno de vida religiosa, a ponto de, embebido de espiritualidade agostiniana (de longe Santo Agostinho é o autor mais citado por ele), viver a pobreza e a simplicidade franciscana, sem nunca citar São Francisco. Fenômeno entre estudantes de teologia, sendo deles o padroeiro oficial, mas amadíssimo pelas moças que nada querem saber de teorias teológicas, mas andam à procura de um homem em carne e osso. O fenômeno não se explica. O fenômeno é. É o caso de Santo Antônio

É visível a sua admiração por Santo Antônio em seus livros. Como se deu esse “enamoramento”?

Frei Clarêncio – Sei exatamente quando começou. Conto isso nas minhas memórias, cujo primeiro volume deve sair ainda este ano. Foi no dia de minha Primeira Comunhão, domingo de Cristo Rei, naquele tempo o domingo depois da festa de Todos os Santos. Faltavam ainda quase dois meses para eu completar quatro anos. A Irmã Maria Giosoli, que nos prepararava, nos disse que, recebida a Santa Comunhão, fechássemos os olhos e prestássemos atenção ao que Jesus nos ia dizer. Eu estava muito curioso para ouvir a voz de Jesus. Fechei rápido meus olhos. E escutei a voz que mandava abrir. E ao abrir vi na minha frente, no altar lateral a imagem de Santo Antônio, vestido de marrom. Eu nunca tinha visto um franciscano vivo. Meu pároco era diocesano e sempre vestia batina preta. Eu também não sabia nem imaginava o que fosse vocação pra isso ou pra aquilo. Naquele momento nasceu clara para mim a vocação franciscana e meu apego carinhoso a Santo Antônio. E foi com ele que, ao longo da vida, aprendi a unidade alegre e harmoniosa das duas vocações: a consagrada e a sacerdotal, e aprendi que as duas se necessitam como o parafuso e a porca.

Todos os títulos cabem bem a Santo Antônio. Como explicar essa abrangência de sua espiritualidade e vida evangélica?

Frei Clarêncio – A meu ver, o título que melhor lhe cabe é o de ‘evangélico’. Da vivência sincera dos valores evangélicos, lhe nascem todos os outros possíveis títulos. Mas se você puser sobre a mesa todos os títulos que ele tem, verá que todos nascem do preceito maior: da caridade gratuita pregada por Jesus na Última Ceia, tendo como modelo seguro o próprio Jesus. O que é ‘evangélico’ não tem limites. Francisco foi claro na norma: “A Regra e a Vida do Frade menor é esta: viver o Santo Evangelho”. Para quem vive o Evangelho, tudo é sagrado, tudo é manto do Senhor, tudo é escada para Deus.

São Francisco ou Santo Antônio?

Frei Clarêncio – Que Santo Antônio viveu o Evangelho, se alimentou do Evangelho, se santificou através do Evangelho, não há dúvida. Mas isso não significa que ele repetiu Francisco. Os dois tiveram Cristo como Caminho. Mas o caminho dos dois é bastante diferente. Antônio não é Francisco. Antônio é franciscano. Nem eu sou Francisco nem sou Antônio. Mas ao longo do meu caminho franciscano me encontro com Francisco, com Antônio, com Bruno, com os duzentos Confrades de minha Província, de quem escrevi o necrológio, e conversamos, na expressão de Frei Constantino “da coisa com Deus”.

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