Dois novos missionários partem para a Missão
11/04/2017
Érika Augusto
São Paulo (SP) – Partir em missão com o espírito do lava-pés. Esta é a principal motivação de Frei Fabio José Gomes e Frei Roger Strapazzon, que seguem, às 18 horas desta terça-feira, 11 de abril, para Angola. A viagem no meio da Semana Santa não foi escolhida intencionalmente, mas parece providencial para o início deste tempo de missão.
Os dois jovens frades vivem momentos distintos na sua formação religiosa. Frei Fabio concluiu os estudos de Teologia no final do ano passado e Frei Roger faz o segundo Ano Missionário, um tempo da etapa formativa antes de iniciar os estudos de Teologia. Frei Fábio, no entanto, viaja pela segunda vez como missionário. “Coloquei-me à disposição da Província e escolheram me enviar para a Missão de Angola. Fiquei feliz, pois já estive lá por dois anos e gostei muito”, adiantou. Para ele, este espírito de missão, de Igreja ‘em saída’, foi um pedido ressaltado no Capítulo Provincial de 2016. Ele destaca também o encontro como uma das características mais fortes deste tempo. “Acredito que a própria experiência de Francisco de Assis nos ajuda, ao ser conduzido pelo Senhor a ‘fazer misericórdia com eles’, como revela no seu Testamento. E, estando com eles, dar as mãos”, observou, apontando ainda o aspecto missionário da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho).
Já Frei Roger fez o primeiro Ano Missionário no Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) em 2016. Durante a experiência, sentiu um forte apelo para a Missão e amadureceu a ideia. Pediu, então, ao Governo Provincial mais um ano antes de continuar os estudos de Teologia, mas para que pudesse viver esse tempo em Angola. E foi aceito.
Para ele, este é o momento de se abrir para acolher o que Deus oferece. “A maior dificuldade para nós, religiosos, é trabalhar com expectativas. Nós estamos sendo sempre enviados, impelidos, desafiados a buscar novas realidades, sair do conforto. E acredito que as expectativas para este ano, no fundo, partiram desta primícia de se abandonar nas mãos de Deus”, afirma o frade, que partilha um ensinamento que ouviu de um dependente químico em tratamento sobre a confiança em Deus. Ela é como um voo de asa delta, onde o praticante não vê o vento, mas precisa dele. “Muitas coisas a gente não enxerga, acaba apenas percebendo a manifestação de Deus nas pessoas, nos fatos, nos tempos. Este ano de missão é esta experiência de se lançar e deixar Deus nos sustentar e se revelar de maneiras diferentes”, acredita Frei Roger.
Ele também prefere não idealizar este novo tempo de missão, mas confessa que fica difícil não se encantar com os testemunhos dos missionários que lá estiveram. “Isso é muito bonito, mas se torna uma grande dificuldade deixar esta idealização de lado. De qualquer forma, é uma oportunidade de praticar a humildade, deixar Deus se revelar de outra maneira. As realidades são diferentes, a Igreja é diferente, a condição social, política e econômica são diferentes, e é preciso ter espírito aberto para perceber outras expressões da presença de Deus. Uma grande virtude, que ensina São Francisco de Assis, e que acaba sendo talvez fundamental para os missionários, é ter a humildade de sentir, de encontrar, de perceber Deus nas condições que são próprias daquele tempo e daquela realidade”, completou.
Em 2015, a Fundação Franciscana Imaculada Mãe de Deus de Angola celebrou 25 anos de criação e missão. Neste ano, a Fundação terá, além de Frei Roger e Frei Fábio, o missionário Frei Hugo Câmara dos Santos, que viajou antes e também vive a experiência do Ano Missionário.