Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Um só rosto franciscano

01/10/2019

Notícias

Moacir Beggo

 São Paulo (SP) – “Hoje queremos ser uma só voz em prece e um só rosto franciscano”. Esta convocação, feita pelo Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, marcou a Celebração Eucarística que reuniu os ramos masculinos do franciscanismo – os Franciscanos Menores (OFM), os Franciscanos Capuchinhos (OFMCap), os Franciscanos Conventuais (OFMConv) e a Ordem Terceira Regular (TOR) – no sétimo dia da Novena do Padroeiro do Convento São Francisco, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Hoje, terça-feira, 1º de outubro, tem início também o Tríduo a São Francisco de Assis, o fundador da Ordem Franciscana que será celebrado solenemente no próximo dia 4 de outubro.

O Provincial da Tor, Agostinho Odorizzi, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes Frei César Külkamp, provincial dos Menores; Frei Aloísio de Oliveira, provincial dos Conventuais; e Frei Alonso Pires, representando os Capuchinhos. Presente também Frei João Alberto Bunga, que chegou hoje de Angola, onde é mestre dos professos temporários no tempo da Filosofia da Fundação Imaculada Mãe de Deus.

O guardião e pároco do Convento São Francisco, Frei Mário Tagliari, acolheu a todos e lembrou que apenas a cor do hábito diferencia os frades, mas a Regra de Vida é a mesma para as quatro obediências.

O anfitrião Frei César recordou que já virou uma tradição esta celebração, pois vem acontecendo há vários anos. “É uma pequena resposta à pergunta que o Papa Francisco fez aos nossos ministros gerais, em Assis, em 2015: ‘Por que vocês ainda não estão unidos?'”, lembrou, ressalvando que as Ordens têm buscado caminhos de convivência maior, assinado documentos em conjunto, constituído algumas fraternidades interobedienciais. “Quem sabe, assim, podemos superar os 500 anos de caminhada separados”, desejou o Ministro Provincial dos Menores.

Esse encontro celebrativo, segundo Frei César, era a resposta de fraternidade ao mundo que sofre com tantas divisões. “Assim como Santa Teresinha, também Francisco viveu e propôs um caminho contemplativo em missão. Mas, outro diferencial é que este caminho é vivido em fraternidade. Nunca sozinho. Por isso, nossas Ordens e congregações são fraternidades. Nossas presenças evangelizadoras são fraternidades em missão. Isto é vital para a nossa vocação. Nossas fontes afirmam que a fraternidade é o primeiro lugar no qual o Evangelho deve ser vivido e anunciado. E, a partir da qualidade evangélica da nossa vida fraterna, somos impulsionados a formar fraternidade com todos os homens e mulheres do nosso tempo e com toda a criação”, explicou Frei César. “Nós, frades menores, somos homens de relação fraterna. E a partir desta silenciosa proclamação do Reino de Deus, como peregrinos e forasteiros, enviados a formar fraternidade, podemos perceber a profundidade e a universalidade do Evangelho. Esta forma de viver, sendo irmãos na missão, faz de nós pessoas que se pertencem umas às outras”, acrescentou, citando o tema da novena: “Francisco e o encontro com os irmãos e as irmãs”.

Segundo o pregador, o mundo de hoje privilegia o individualismo, o fechamento, as iniciativas pessoais e o sucesso pessoal. “Porém, tudo isso leva a diferentes formas de sofrimento, de indiferença, de depressão e de abandono. E nosso tempo carece de relações verdadeiras e profundas”, previu. Para Frei César, o desenvolvimento tecnológico criou formas de contato entre pessoas muito distantes, “mas permanece a carência de um aperto de mão, de um abraço sincero e de um olhar profundo e acolhedor para quem está ao nosso lado. Quanta solidão existe no interior de nossas famílias!”, lamentou.

“Viver juntos, em relação, traz também conflitos, tensões, discordâncias. Parece mais fácil cada um ficar na sua autossuficiência. Mas, isto resulta em injustiça, abandono e destruição. É o que vemos acontecendo nos nossos dias com os irmãos e irmãs mais pobres, com os povos ameaçados, como os indígenas, e com a criação de Deus. A ganância do preocupar-se somente consigo leva aos tristes crimes humanitários e ambientais que estamos assistindo. Leva à discriminação do que é diferente dos nossos padrões”, denunciou Frei César, ilustrando com o encontro, no último sábado, dos franciscanos e franciscanas com os irmãos muçulmanos na Mesquita da Misericórdia, em Santo Amaro. “Também ali encontramos uma amável hospitalidade, um sonho de paz e de fraternidade. Assinamos juntos um compromisso pelo respeito, pela convivência pacífica e por continuarmos trilhando caminhos de convivência e proximidade, como convém aos filhos do mesmo Deus”, rejubilou.

“Percebemos neste dia o quanto é importante sermos pessoas de relação”, ressaltou. “Como família franciscana, pedimos hoje a Deus, que nos tornemos cada dia mais, pessoas fraternas, pessoas que escolhem entrar em relação entre nós, cristãos e franciscanos, pessoas capazes de pôr em jogo nossa fé e nossa vocação na convivência com os outros. Exprimindo nossas ações em comunhão, solidariedade, corresponsabilidade, reciprocidade, generosidade, na partilha de nossos bens, no cuidado e no amor uns para com os outros”, enfatizou.

“Esta é a profecia que o mundo precisa! Isto é o Reino de Deus presente entre nós! Precisamos renovar nossa fé num Deus que nos chama a viver a santidade em relação. Assim a fraternidade se torna um sacramento fecundo, gerador de vida!”, completou Frei César. Como em todas as terças-feiras, as igrejas franciscanas lembram Santo Antônio. Hoje foi dia da bênção de Santo Antônio e dos pães abençoados.

No final da celebração, todos os frades deram a bênção de São Francisco.


VEJA MAIS IMAGENS DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA