Trezena de Santo Antônio celebra 375 anos do Convento
01/06/2015
O reitor do Santuário do Valongo, Frei André Becker, abriu neste domingo (31/5) os festejos em honra ao padroeiro Santo Antônio, desta vez num momento especial, já que o Convento completa neste ano 375 anos. A tradicional Trezena, contudo, começa nesta segunda-feira, 1º de junho, com o tema “Santo Antônio e as virtudes franciscanas”. Este é o 15º ano jubilar do Santuário Santo Antônio do Valongo. O ano jubilar é comemorado a cada 25 anos e considerado um tempo de graças.
Nesta segunda, o Santuário Santo Antonio do Valongo e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário Catedral, serão responsáveis pela liturgia. Já a programação cultural será feita em área coberta, com a tradicional quermesse, sempre a partir das 18h30. No dia do Padroeiro, 13 de junho, um sábado, haverá missas às 7, 8, 10, 12, 14 e 16 horas. Já às 18 horas, acontece a tradicional procissão pelas ruas do Centro, sendo seguida de missa campal às 19 horas.
Tradição no Valongo
A geografia da Ilha de São Vicente se confunde com a geografia das cidades que a ocupam: São Vicente e Santos. Embora São Vicente seja mais antiga – é a primeira Vila do Brasil -, Santos a superou em termos de população e atividade econômica.
É nessa pequena Vila de Santos, fundada por Brás Cubas em 1543, que mais tarde vai nascer um dos conventos mais antigos do Brasil em atividade: Santo Antônio do Valongo.
Neste ano, esse marco da presença franciscana celebra 375 anos. A sua bela e barroca igreja viu gerações e gerações de brasileiros que se fixaram na cidade por causa do maior porto da América do Sul.
A história do Convento se confunde com a história do Valongo. Segundo Frei Basílio Röwer, no livro “Páginas de história franciscana no Brasil”, a escolha do Valongo, um núcleo da Vila de Santos habitado por famílias portuguesas, foi feita pelo Custódio Frei Manuel de Santa Maria, que recebeu o pedido da Câmara e do povo de Santos na sua viagem ao Rio de Janeiro em 1638 (a Custódia Franciscana tinha como sede Recife e foi fundada em 13 de março de 1584).
Os santistas não tiveram de esperar muito, pois em 1639 o governo custodial, reunido em assembleia, aceitou a fundação do Convento. Frei Manoel cuidou de logo obter as devidas licenças civis e religiosas e embarcou com os companheiros fundadores – quatro sacerdotes e três irmãos leigos – para a Vila de Santos. No dia 25 de janeiro de 1640 fundaram oficialmente o convento de Santo Antônio do Valongo.
“A casa construída pelos Irmãos Leigos já estava em condições de ser habitada depois de quatro meses e para ela mudaram-se os frades no dia 12 de junho, véspera de Santo Antônio. O Custódio voltou para o Norte”, conta Frei Basílio. Provisoriamente, a casa funcionou na capela de Nossa Senhora do Desterro, próximo ao local onde seria construído o convento. Quando os frades desocuparam esta capela, ela foi doada aos beneditinos que tomaram posse em 1650 e ao lado construíram o Mosteiro de São Bento, que hoje abriga o Museu de Arte Sacra de Santos.
O lançamento da pedra fundamental foi feito em cerimônia no dia 1º de julho de 1641, tendo como presidente Frei Manuel. No mesmo ano, aos 20 de outubro, fundou-se a Ordem Terceira de São Francisco e sua capela foi erguida em 1689, com arco aberto para igreja conventual. No século XVIII o Convento de Santo Antônio do Valongo foi considerado “um dos maiores da Província”; seu frontão, um dos mais lindos da época.
Terra da Caridade e da Liberdade, Santos teve a primeira Santa Casa de Misericórdia da América. É berço de figuras de renome, como os irmãos Bartolomeu e Alexandre de Gusmão e os irmãos Andradas, dentre os quais se projetou José Bonifácio de Andrada e Silva, personagem maior da Proclamação da Independência.